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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Corta-se na Saúde! Uns chazitos não resultam?

“Auto-retrato, com a orelha cortada” – Vincent Van Gogh
Os dias de baixa por doença são a principal razão de perda de capital humano para a economia de um país, segundo um estudo conduzido pelos investigadores do Grupo de Investigação em Serviços Sanitários do Instituto de Investigação Hospital del Mar (IMIM), de Barcelona.
O estudo foi conduzido em 24 países dos cinco continentes, incluindo Portugal, e faz parte da Pesquisa Mundial de Saúde Mental da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“É o primeiro estudo da história da epidemiologia onde o instrumento de medida utilizado foi o mesmo, adaptado culturalmente aos diferentes países, e deu-nos uma imagem de qual é a prevalência dos transtornos no mundo”, disse Jordi Alonso, coordenador do Grupo de Investigação em Serviços Sanitários do IMIM e autor principal do estudo.
O trabalho detectou que os problemas de saúde que mais afectam a produtividade de um país são os associados à dor, como artroses, dores cervicais e dores de costas. Estas doenças são as que mais incapacitam o indivíduo de trabalhar, representando 21,5% de todos os dias de baixa completa, seguidas de enxaquecas, dores de cabeça graves, doenças cardiovasculares e depressão.
Através de um questionário validado, o Composite International Diagnostic Interview (CIDI), foram realizadas entrevistas a 62.971 adultos, em que os investigadores avaliaram o número de dias, no último mês, durante os quais os participantes foram totalmente incapazes de trabalhar ou realizar as actividades diárias normais por problemas relacionados com a saúde mental ou física.
Uma de cada sete pessoas entrevistadas (12,8%) respondeu que tinha sofrido pelo menos um dia completo de incapacidade no mês anterior. Também foi estudada a duração da incapacidade entre as doenças investigadas - 10 físicas e 9 mentais -, sendo que os transtornos neurológicos foram os que comportaram uma maior quantidade de dias de incapacidade.
“Os transtornos neurológicos, como epilepsia, doença de Parkinson, esclerose múltipla ou acidentes cerebrovasculares, foram as doenças que comportaram uma maior quantidade de dias de incapacidade, com 17,4 dias adicionais perdidos cada ano. O transtorno bipolar [é responsável por] 17,3 dias e o transtorno de stress pós-traumático [por] 15,2 dias”, explicou Jordi Alonso.
Os transtornos mentais são os mais incapacitantes para aqueles que os sofrem. Porém, por não serem tão frequentes, não provocam tanta perda de produtividade social.
“A bipolaridade é dos transtornos mentais que mais incapacidade provoca, mas é pouco frequente. Por sua vez, a depressão major é mais frequente e incapacita o indivíduo de trabalhar e, por isso, é uma causa importante de perda de produtividade social”, exemplificou Jordi Alonso.
O estudo detectou também a tendência de um indivíduo sofrer mais do que um transtorno crónico e a importância de estes serem tratados em conjunto para se obter mais eficácia no tratamento.
Na sua opinião, isto deveria ter implicações na hora de desenhar estratégias de intervenção para reduzir a incapacidade a nível populacional.
Em Portugal, o estudo foi conduzido pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e revelou que 22,9% dos 3.849 portugueses entrevistados sofrem de perturbações psiquiátricas.
Em comparação com os dados de outros países europeus que integram o projecto, Portugal é o que tem a prevalência mais alta, com números que se aproximam dos Estados Unidos, o país com mais prevalência de perturbações psiquiátricas no mundo, com 26,3%.
Dando o valor que o estudo nos deve merecer, também devemos considerá-lo como base de trabalho, que traga consequências/soluções para o aumento de capital humano para a economia de um país. Se assim não fosse, seria apenas curiosidade académica, inconsequente, como tudo que é académico.
Pois bem, falando cá do burgo, parece que tivemos azar na data de apresentação destes resultados, caso contrário o OE apresentado e aprovado por este Governo, não teria cortado na Saúde, porque está a cortar na Produtividade e logicamente na recuperação económica. Foi mesmo azar!
Curioso e no que respeita a Portugal, podiam ter eito a extrapolação dos que sofrem de perturbações psiquiátricas, caso contrário até ficamos a pensar que somos 22,9%. Mas como isto anda, se calhar até é verdade. E vai daí, corta-se na comparticipação do Estado nos medicamentos que minoram esses problemas, porque sim…
Também curioso (e honroso), é o facto de nos compararem aos EUA (o país com mais prevalência de perturbações psiquiátricas no mundo), embora lá seja por causa da tradição guerreira e cá pela tradicional pasmaceira.
E ainda andam uns inteligentes a defenderem o aumento da idade da Reforma, justificando-se no aumento da esperança de vida, o que este estudo vem, muito natural e basicamente contrariar.
Não seria bom fazerem o mesmo inquérito e consequente estudo, a todos os governantes mundiais, ou também estão incluídos? Ia ser bonito e o povo até pagava (claro)…

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