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sábado, 5 de maio de 2012

Ministro alemão intimida o Presidente(?) da França!

O governo alemão vai permitir ao candidato à Presidência francesa François Hollande "salvar a face", mas espera que ele mantenha os compromissos assumidos em nome da França, nomeadamente o tratado orçamental, disse o ministro das Finanças germânico.
As declarações de Wolfgang Schaeuble são o sinal mais claro, até agora, de que a Alemanha, cujo Governo apoia oficialmente o candidato Nicolas Sarkozy, está a antecipar uma vitória de Hollande nas eleições de domingo.
"Dissemos ao senhor Hollande que o pacto orçamental foi assinado e que a Europa funciona na base do 'pacta sunt servanda'", ou seja, os compromissos são para serem cumpridos, independentemente do governo que os assina, disse Schauble num discurso, na sexta-feira.
Pensávamos nós que era a Sra. Merkel que apoiava Sarkozy, mas pelos vistos é o governo (todo?) da Alemanha que apoia oficialmente o (re)candidato francês.
Perante a realidade de uma vitória pré-anunciada de Hollande, eis que alguém, que é um “simples” ministro das finanças, ameaça o futuro Presidente de uma Nação, independente e soberana, em nome da chanceler, em nome do governo, ou em seu próprio nome, passando por um mero moço de recados, atitude reveladora do receio de que alguém ponha em dúvida as suas teorias dogmáticas e dê origem a uma nova Reforma, na área económica e financeira.
Se assim não fosse, estariam naturalmente calados…
Mas disfarçando a ameaça, condescendente até e como se quem avisa…, o governo alemão VAI PERMITIR ao candidato à Presidência francesa "salvar a face", contradizendo-se, para que mantenha os compromissos assumidos em nome da França (ou de Merkozy?), nomeadamente o tratado orçamental, que limita a soberania dos países-membros.
E quem disse tal disparate, sublinhando que os compromissos são para serem cumpridos, independentemente do governo que os assina? O ministro das Finanças germânico, Wolfgang Schaeuble, o mesmo que sussurrou a Vítor Gaspar que nos arranjaria uns trocos, logo que despachassem os gregos!
Donde que, estas e outras declarações de Wolfgang Schaeuble são o sinal mais claro de que afinal quem manda nas políticas da Alemanha e da UE, não é a Sra. Merkel (que nos desculpe), mas ele, Ministro das Finanças, tal como cá e onde é possível, que os primeiros-ministros se deixem subalternizar. Se não, manda um tecnocrata do Golden Sachs para primeiro-ministro, depondo o eleito e pronto!
Convém é que os tecnocratas sejam todos um bocadinho para o frio, se forem gelados de sentimentos, tanto melhor, para nos congelarem tudo o que seja possível congelar, até que as coisas aqueçam…

Reflexão do Relvas… 5 maio

Miguel Relvas comentava o debate eleitoral na França entre os dois candidatos sobre a agenda de crescimento europeu. “Uma eleição é sempre uma eleição, mais importante por ser um país da dimensão da França. Mas as preocupações do crescimento não têm a ver com a eleição francesa”, disse sobre o impacto na Europa de uma eventual vitória de Hollande, como sugerem as sondagens. “A preocupação do crescimento tem sido bem evidente nas atitudes, no discurso e nas medidas que os governos na Europa têm lançado”, sublinha.
Para Relvas, “muitos dos que agora falam no crescimento foram os que colocaram a Europa na situação em que se encontra”. “Bons exemplos: o português e o espanhol. Somos hoje vítimas de políticas expansionistas, de políticas de investimento público, de políticas que não tiveram em atenção o défice e a dimensão da dívida que conduziram à circunstância em que hoje estamos”, disse.
O ministro afirmou que a Europa “tem o seu tempo na forma como aborda as reformas e as mudanças” mas insistiu que o crescimento e a visão social do espaço europeu “não marca a diferença entre o Governo A ou B”, já que, disse, é a “principal preocupação de qualquer governante” conseguir que “a economia cresça, combater o desemprego, um problema preocupante em toda a Europa mas particularmente em Portugal e Espanha”. “Mas o desemprego só se combate com o crescimento da economia e com a competitiva das nossas empresas”, disse.
“Quem gere a riqueza não são os Estados. No limite devem saber distribuí-la. Quem gere a riqueza são as pessoas e as empresas e essa preocupação tem que estar sempre permanente na nossa atitude diária”, afirmou.

Contramaré… 5 maio

O partido Trabalhista foi o grande vencedor das eleições locais de quinta-feira em detrimento dos 2 partidos da coligação no poder. Terminada a contagem nacional dos votos, o "Labour" elegeu 2.158 representantes, mais 823 do que em 2008, o partido Conservador conquistou 1.005 assentos, perdendo 405 face aos resultados de há 4 anos e aos Liberais Democratas restam 431 eleitos, menos 336 do que em 2008.

É indiscutível que Merkel nunca seria eleita (democraticamente) presidente da UE pelos europeus!

França, Grécia, Holanda, Alemanha: os 5 escrutínios que se vão realizar na Europa são muito diferentes. Mas todos eles poderão implicar um veredicto sobre a política de Angela Merkel face à crise. E a chanceler alemã talvez venha a ficar em má posição.
Os 5 próximos atos eleitorais vão transformar profundamente o país. Para começar, as 2 eleições regionais no Norte e no Oeste da República Federal [no Schleswig-Holstein, dia 6, e na Renânia do Norte-Vestfália, dia 13] irão dizer se Angela Merkel, que hoje é o dirigente alemão mais apreciado e o dirigente europeu mais poderoso, tem hipóteses de conservar as rédeas do poder.
As eleições de domingo na Grécia tem, pelo menos, igual importância para a Alemanha. Houve um grande investimento de energia política e um investimento ainda maior de dinheiro para que a Grécia pudesse pegar, por si mesma, o touro pelos cornos. Se os gregos elegerem um parlamento que se oponha à cura de austeridade e ao saneamento das finanças do país, o acordo concluído entre a Europa e a Grécia poderá ir por água abaixo. Um tal fracasso talvez fosse superável, no plano económico, mas prejudicaria consideravelmente a legitimidade dos futuros planos de salvamento de outros países europeus.
Crítica à política de austeridade alemã
Mas não é apenas na Grécia que a política europeia de Angela Merkel será sujeita ao veredicto das urnas. Sê-lo-á também em França. Ao longo da sua campanha eleitoral, Nicolas Sarkozy afastou-se bastante daquilo que tinha sido combinado com a chanceler, nos tempos áureos da osmose franco-alemã (há alguns meses). A menos que se trate apenas de meros efeitos de prestidigitação. É preciso esperar.
Do lado de François Hollande, adversário de Sarkozy nas presidenciais e favorito no escrutínio, o truque de ilusionismo é menos provável, em especial porque Hollande foi muito mais longe na sua crítica à política de austeridade alemã. Mesmo que este não se tenha apercebido de que metade daquilo que admitiu, em promessas onerosas, bastaria para desencadear algumas ondas capazes de abalar fortemente a frágil armadura europeia. Acontece que alguns intervenientes nos mercados só estão à espera dessas vagas.
O 5º escrutínio que terá grande incidência sobre a política alemã e a política europeia decorrerá igualmente naquilo a que se chama "estrangeiro" – na Holanda, onde a coligação cristã-liberal, durante algum tempo tolerada pelo populista Geert Wilders, acabou por cair sob a pressão dos imperativos de redução da dívida. As próximas eleições, que se realizarão no fim das férias de verão, decidirão também o destino político do chefe do Governo, Mark Rutte, o homem que se revelou um dos parceiros mais fiáveis e mais eficazes da chanceler alemã nas questões da política europeia.
Localmente, o que está em jogo tem ainda maior amplitude. Até agora, Geert Wilders tem orientado a sua política de ódio contra os muçulmanos. Mas, neste momento, está a reorientá-la para uma linha antieuropeia. Se a manobra resultar, essa mudança de rumo poderá favorecer a progressão dos populistas eurofóbicos em todo o continente. Tanto mais que, estabelecendo a ligação com a França, Marine Le Pen parece ter um objetivo preciso, em caso de derrota de Nicolas Sarkozy: dividir a UMP e absorver a sua ala direita. O que envolve o risco de colocar a dinâmica antieuropeia no centro do xadrez político.
Repercussões para além das fronteiras
É difícil saber se as eleições em França e na Holanda acabarão igualmente por conduzir à criação de um novo partido de direita na Alemanha. Até agora, este país tem conseguido com algum sucesso sufocar à nascença quaisquer veleidades dessa ordem. Resta saber o que irá acontecer, se a direita sair vitoriosa nas eleições nos nossos vizinhos ocidentais.
Em vésperas destes 5 atos eleitorais, uma coisa é certa: os escrutínios que se realizam na Europa, e mais especialmente nos países vizinhos mais próximos, são hoje pelo menos tão importantes como as eleições num Land alemão – mesmo que seja o maior deles. Tendo em conta a amplitude das repercussões desses escrutínios para além das fronteiras, poder-se-ia, teoricamente, perguntar por que motivo os eleitores alemães não estariam autorizados a participar – nem que fosse em pequena escala, à razão de um voto em cada cinco, por exemplo – nos atos eleitorais holandês e francês. E vice-versa, evidentemente.
Há ainda outra anomalia que salta aos olhos: apesar de parecer ser a mulher forte da Europa, é indiscutível que Angela Merkel não seria eleita presidente da UE pelos europeus. Se fosse eleita diretamente pelo povo alemão, obteria a maioria dos sufrágios. Por causa dos imperativos específicos que prevalecem na Alemanha em resultado da coligação existente, Angela Merkel poderia, apesar da sua popularidade e dos acasos da vida política, ver-se despojada do poder que detém. Por outras palavras: Angela Merkel pilota uma Europa que não pode votar contra ela e poderia ser involuntariamente afastada do poder por alemães que, no fundo, não desejam vê-la partir.
Do ponto de vista da legitimidade democrática, tudo isto é, no mínimo, insólito, para já não dizer completamente absurdo. Mas nem por isso deixa de ser apaixonante.

Ecos da blogosfera - 4 maio

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Publicidade e Hipocrisia, Poder e Poderio. É fartar…

1. Finalmente travou-se uma discussão ideológica em Portugal. Num país dominado - no plano económico, social e informativo - pelo FMI, pela crise, pelo memorando de entendimento e austeridade, mais austeridade, mais austeridade, que refrescante foi esta celeuma provocada pelo desconto de 50% do Pingo Doce! Há muito tempo que não constatávamos tamanha divergência de pensamento entre a esquerda e a direita. No que respeita às finanças públicas, à economia, ao emprego, ao futuro dos jovens portugueses, a esquerda anti-democrática tem sido incompetente apática; a direita tem-se acomodado, impotente, esperando para ver o que resulta da aplicação cega da receita do FMI. Mas quanto ao Pingo Doce... opá! Fazer-se um desconto de 50% no dia 1 de Maio? O mundo está louco? Não pode ser, dizem os sacerdotes da esquerda e os prosélitos da direita: os primeiros, foram logo pesquisar, ler atentamente, memorizar o "Manifesto Partido Comunista" de Karl Marx e de Engels para apurar qual seria a opinião do ilustre pensador (ámen!) sobre o desconto chocante do Pingo Doce; os segundos (da direita) passaram logo a citar o "Caminho para a Servidão" de Friedrich Hayek para defender que a liberdade de iniciativa económica do Pingo Doce é ilimitada e que o mercado é tão generoso para os portugueses! Ah, que bom! Está encontrada a nova questão fracturante da sociedade portuguesa: os descontos do Pingo Doce. O Partido Comunista até parece que vai alterar o seu discurso e a sua filosofia: o novo materialismo dialéctico é entre o povo português, explorado pelo Pingo Doce porque faz promoções indecentes, e o "porco capitalista" do Pingo Doce que quer vender e ter lucro (ah, que chocante, meu Deus...ou, na linguagem comunista, meu marxinho!)
2. Dito isto, convém ressalvar que deste episódio do Pingo Doce só relevam três aspectos (tudo o resto é folclore político e foguetes mediáticos):
a) Os portugueses vivem grandes dificuldades e qualquer ajuda, no presente contexto, é um bálsamo para as suas almas e... para as suas carteiras. Os impostos aumentam ciclicamente, já ultrapassando (em muito!) os limites do razoável (e apesar de as taxas de imposto aumentarem, o défice do Estado está constantemente a agravar-se, o que denota bem a competência dos nossos políticos); os salários diminuem; o poder de compra é cada vez menor; os bancos não emprestam dinheiro; o desemprego aumenta...a possibilidade de adquirir o dobro pelo mesmo dinheiro é muito apelativo para os portugueses. E ajuda os portugueses a ter uma folga no orçamento familiar - é que para além do défice do orçamento do Estado, há milhões de orçamentos deficitários que correspondem às finanças das famílias portuguesas. Logo, a prepotência intelectual dos que acusaram os portugueses que aproveitaram a promoção em causa de ser "bimbos", "imbecis", "idiotas" e outros qualificativos afins deve ser veementemente repudiada - quem vive dificuldades em concreto, no dia-a-dia e experimenta o lado duro da vida, não quer saber se o Pingo Doce ou o Pingo Amargo pratica ou não dumping. Quer é, isso sim, garantir que tem comida em casa e recursos para sustentar a sua família. Eu gostaria muito que estes "bimbos", "imbecis" e "idiotas" que tanto criticam os portugueses por aproveitar uma promoção comercial se revoltassem tanto, tão ferozmente, quando o Estado aumenta impostos de forma brutal, sobretudo para os trabalhadores honestos! Então, o Estado seria qualificado como? Como "ladrão", "gatuno" e "mentiroso"? Além disso, vejamos, ainda, o argumento legal: a ASAE está a investigar se a promoção viola ou não as regras da concorrência, consubstanciando uma prática de dumping. Pois bem, creio que a violação da legalidade deve ser investigada e reprimida - tenho pena que as autoridades reguladoras não mostrem tanto zelo quando as gasolineiras concertam os aumentos de preços da gasolina para valores injustificáveis! Quer dizer: quando é para onerar os portugueses, aumentando os preços, tudo é feito dentro dos parâmetros legais; quando os preços descem, aí já estamos perante uma perversidade legal...
b) Em segundo lugar, analisemos o aspecto político desta questão. Em primeiro lugar, trata-se de uma acção de marketing da Jerónimo Martins para recuperar a sua credibilidade juntos dos portugueses, após o episódio da fuga de capitais para a Holanda para escapar à tributação portuguesa! Pretende-se dar o sinal de que, afinal, o Pingo Doce percebe e é solidário com as dificuldades dos portugueses. EM segundo lugar, os comunistas e os bloquistas criticaram apenas por uma razão: é que, no fundo, o PCP e BE têm ciúmes do Pingo Doce - este supermercado, propriedade de um "porco capitalista", fez aquilo que os comunistas fariam se fossem governo. Subsidiar os produtos básicos ou fixar um preço máximo para os portugueses adquirirem em maior quantidade - só que, neste caso, foi o mercado (um empresário privado) que cobra metade do preço das compras dos portugueses. Objectivos altruístas? Claro que não: o Pingo Doce visa maximizar o lucro. Mas desde quando é que o comunismo visou assegurar o interesse geral? A História já condenou os comunistas, não carece a minha afirmação de mais explicações. Reparem que o que Hugo Chavez faz na Venezuela, como prática reiterada e institucionalizada, não é muito diferente - só que, em vez de ser o Pingo Doce, é o Estado. O Pingo Doce virou socialista de mercado. E esta, hein?
c) Em terceiro lugar, o governo e a direita deveriam estar radiantes. A questão da promoção do Pingo Doce preencheu a agenda informativa, desviando as atenções do essencial (actuação governativa na gestão e superação da crise nacional); tratou-se de uma forma de os portugueses aliviarem o seu orçamento, sem ser necessária a intervenção do Estado; por último, a direita deveria estar radiante, pois, em Portugal, é um dos escassos exemplos demonstrativos do funcionamento do mercado e dos seus benefícios para os consumidores. Parece até que já há outro supermercado que fala em descontos de 75%...
Em suma, não adiro à hipocrisia nacional de condenar os descontos do Pingo Doce ou do Pingo Amargo. Eu, português, com dificuldades de tesouraria privada, com o cinto mais apertado do que nunca, só não fui na terça-feira aproveitar a promoção pois dela não tive conhecimento antecipada. Para a próxima, por favor, avisem. Estou a precisar. Obrigado.
João Lemos Esteves

Reflexão do Relvas… 4 maio

O ministro caracterizou a imprensa portuguesa como agressiva e repetitiva, contudo, esclareceu que não pode inferir desta análise que o poder político receia a imprensa.
Numa entrevista à TSF, que passa na íntegra esta quinta-feira às 15:00, Miguel Relvas considerou que a “transmissão de factos” que decorre da Liberdade de Imprensa “não acontece muitas vezes”. “Sabemos que há muitas vezes a interpretação truncada e uma certa tentação pelo lado mais espetacular e o apelo ao título”, acrescentou.
Para este governante, “nem sempre a notícia que lemos, ouvimos ou vemos corresponde à forma como é apresentada”, sendo que há uma “certa tentação de fixar o ouvinte, o telespectador e o leitor”.
“Acho que o poder político tem de olhar para o poder dos media com o distanciamento natural de quem está em cada uma das partes a cumprir a sua missão”, sublinhou.
Miguel Relvas mostrou-se ainda “defensor de uma visão ética em que a autoregulação tem de se impor à regulação”, concluiu.

Contramaré… 4 maio

De acordo com o Instituto Nacional de Estadística y Censos, o índice de pobreza na Argentina caiu de 9,9% para 6,5% no 2º semestre de 2011, em relação ao mesmo período de 2010. Além disso, 1,7% da população está em situação de indigência, contra os 2,5% em 2010. Em 2003, o índice de pobreza atingia 54% da população, sendo 27,7% indigentes.
Neste período, a economia cresceu 8,9%, e o desemprego caiu para 6,7%, taxa que estava em 7,1% em 2010. 

Os ricos ingleses nunca foram tão ricos, apesar de…

É oficial: o país está em recessão. Outrora aliciante e generosa, Londres, que elege o seu presidente da Câmara a 3 de maio, tornou-se desigual e cínica, escreve o jornal La Repubblica. Porque, apesar do número recorde de milionários, os anos prósperos da era Tony Blair parecem muito longínquos.
The Shard, na City
Os ricos de Inglaterra nunca foram tão ricos: os que constam da lista anual do Sunday Times representam uma fortuna global de 414 mil milhões de libras [cerca de 509 mil milhões de euros], ainda mais do que o recorde anterior, que data de 2008. Mas a mais longa depressão deste século atirou todos os outros para baixo.
O homem que, há dias, se barricou em Tottenham Court Road, no escritório de um revendedor de veículos utilitários, ameaçando fazer-se explodir porque “não tinha mais nada a perder”, não é apenas um louco, é também um desempregado. O seu gesto foi lido como o termómetro de um desespero que se vai amplificando.
Não é, de maneira nenhuma, uma coincidência tais factos terem ocorrido no dia seguinte ao anúncio da recessão que atinge uma vez mais o Reino Unido. O tão temido “duplo mergulho” – 2 recessões consecutivas – aconteceu mesmo. Desde 1975 que não acontecia tal coisa. De repente, neste ano de 2012, o ano do Jubileu de Diamante da Rainha e dos Jogos Olímpicos (em julho e agosto próximos), a capital está ferida, atormentada pelas dúvidas e pelo medo enquanto reaparece o espetro do “grande descontentamento” dos anos de 1970.
Durante os anos de Tony Blair e da sua "Cool Britannia" a bolsa subia rapidamente, o preço das casas aumentava e toda a gente enriquecia. Pelo menos aparentemente. Hoje, o setor financeiro, que representa 29% do PIB britânico foi o que maior quebra sofreu durante os 2 últimos trimestres. Os bancos não contratam, o setor dos serviços está em marcha lenta, a construção estagnou.
A City, uma nova Babilónia?
No aeroporto de Heathrow, no controlo de passaportes, as filas não param de aumentar por causa da redução de pessoal imposta pelos cortes orçamentais. Avolumam-se os presságios sombrios: Rowan Williams, arcebispo de Cantuária, denuncia. Porquê? Ele próprio o explica num artigo da Prospect, onde condena duramente a avidez do capitalismo voraz de Londres: “É a Bíblia que nos avisa, hoje a City faz comércio com as nossas almas”.
Para dizer a verdade, o Antigo Testamento não faz referência à Square Mile [“Milha Quadrada”] mais rica da Terra, mas sim a uma “City” do passado, a antiga babilónia. “Londres é uma Babilónia moderna onde o comércio e o lucro dominam sobre qualquer outra consideração. Tudo está à venda, incluindo as consciências.”

Ecos da blogosfera - 3 maio

quinta-feira, 3 de maio de 2012

“Ano europeu do voluntariado para cada um”. Assinei!

A crise que atinge o Velho Continente, atinge sobretudo os jovens, muitos deles licenciados. É a esta geração que é feito o apelo por uma Europa dos cidadãos, lançado pelo eurodeputado Daniel Cohn-Bendit e pelo sociólogo Ulrich Beck. O documento, publicado em Die ZeitLe Monde e El País La Repubblica, foi subscrito por 60 intelectuais, dirigentes políticos e artistas europeus, entre os quais o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, Jacques Delors, os Prémio Nobel da Literatura, Imre Kertesz e Herta Müller, e por Adam Michnik e Joschka Fischer.
Parafraseando John Kennedy, os signatários do manifesto pedem
à Comissão Europeia e aos governos nacionais, ao Parlamento Europeu e aos parlamentos nacionais que criem uma Europa "de cidadãos ativamente empregados", e também que criem condições financeiras e jurídicas para o estabelecimento de um "Ano europeu do voluntariado para cada um", como reação ao modelo "top-down" que prevalece atualmente na Europa, uma Europa de elites e tecnocratas. O objetivo é democratizar as democracias nacionais a fim de se reconstruir uma Europa com base neste toque a reunir: "Não perguntem o que a Europa pode fazer por nós, mas o que podemos nós fazer pela Europa – Façamos a Europa!"
Incentivando “a concentração de vulgares cidadãos europeus por iniciativa própria”, os promotores deste documento transformaram o seu projeto “num ato de autocriação graças ao qual a Europa será dotada de uma nova constituição 'pela base'".
Eu já assinei! Se quiser fazer o mesmo, basta clicar em qualquer dos links do artigo, onde encontrará o Manifesto completo.

Reflexão do Relvas… 3 maio

Miguel Relvas, mostrou-se hoje preocupado com a taxa de desemprego de 15,3% registada em março em Portugal, especialmente entre os jovens, a 3ª mais elevada da UE e que representa uma subida de 0,3% em relação a fevereiro e disse que em 2014 esse número estará reduzido. "São números preocupantes. O desemprego tira-nos o sono e é muito motivador para o trabalho que estamos todos os dias a desenvolver", disse o ministro.
"Temos que trabalhar para que nos próximos anos possamos ultrapassar esta situação, em particular o desemprego jovem. Penaliza-nos saber que há hoje uma geração de portugueses que estão muito bem preparados e que não têm emprego", disse Miguel Relvas. "Por isso, este caminho de reformas que estamos a seguir é um caminho que nos vai poder permitir que em 2013 e 2014 seja possível reduzir, numa primeira fase ainda de uma forma mais tímida, mas numa segunda fase de forma mais acelerada, o desemprego", acrescentou.
O ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares sublinhou que as reformas que o Governo está a levar a cabo são para "pôr a economia a crescer - e a economia, começando a crescer, reduz o desemprego".

Contramaré… 3 maio

Mais paleio de chacha para “justificar” os saques!

“A Europa prepara-se para consolidar um primeiro conjunto de regras destinadas a tornar os bancos mais sólidos”, relata o jornal Le Figaro. Os ministros das Finanças dos 27 reúnem-se neste 2 de maio para transpor para o direito comunitário as regras internacionais ditas de "Basileia III", elaboradas para solidificar o setor bancário. Este diário acrescenta:
A diretiva limita drasticamente a definição de capitais próprios dos bancos e aumenta pesadamente o nível exigido desses capitais, de forma que cada estabelecimento passa a dispor de um nível de fundos que lhe permite absorver choques violentos. Segundo a Autoridade Bancária Europeia, se tivessem de cumprir já as regras de Basileia III, os cem maiores bancos europeus teriam em falta, nas condições atuais, cerca de 485 mil milhões de euros de capitais.
O projeto prevê que cada banco disponha de 7% de capitais em fundos próprios. O Reino Unido pretende aumentar essa exigência, para solidificar os seus bancos de depósito. Por seu turno, a França quer que os fundos aplicados nas filiais do ramo segurador possam ser excluídos. Na verdade, comenta o Figaro,
é de prever que o debate seja aceso e venha a levar ao adiamento da aprovação do texto para 15 de maio. Contudo, o fracasso parece estar fora de questão, visto que a Europa precisa hoje de provar que está a avançar no sentido do reforço do seu sistema bancário.
Na semana passada, Le Monde revelou que o Comissário Europeu para o Mercado Interno, Michel Barnier, desejava perguntar aos bancos como tinham utilizado o bilião de euros injetado pelo Banco Central Europeu para evitar a contração do volume de crédito.
Embora já fartos de cantigas e artimanhas e mesmo que cansados de sabermos quem nos anda a roubar e ainda a gozar com retórica e baboseiras, aqui vai mais uma explicaçãozinha sobre os “bancos ladrões”…
Mark Blyth: A austeridade é uma ideia perigosa

Ecos da blogosfera - 2 maio

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Quem diz que PPC não fala verdade? Metade já chega!

O país deve estar preparado para enfrentar "pelo menos 2 ou 3 anos com um desemprego" a que não estava habituado. O aviso foi deixado pelo primeiro-ministro e também presidente do PSD durante o encontro que manteve este 1.º de Maio com os Trabalhadores Sociais-Democratas (TSD), reunião em que avançou com a possibilidade de alterar os contratos bancários de financiamento à compra de casa, tendo em vista a mobilidade laboral.
Passos quer mexer no crédito à habitação
O chefe do Governo (e também presidente do PSD) apontou a necessidade de "mexer" nas condições dos contratos de crédito à habitação para evitar o aumento de 'spreads' sempre que é pedida autorização ao banco para arrendar a casa. “Temos de mexer nestas condições. Terá que se trabalhar bem para ver como é que isto se faz, em respeito, evidentemente por quem emprestou dinheiro, pela propriedade, com certeza que sim, mas há coisas que têm mesmo de mudar na maneira como nós funcionamos”, ameaçou Passos Coelho. Ficou a promessa de que “o Governo, a seu tempo, intervirá no processo e não deixará participar nessa matéria”.
Bancos não ajudam à mobilidade dos trabalhadores
Um dos exemplos apontados pelo primeiro-ministro foi o entrave que o empréstimo de habitação pode provocar a alguém [desempregado] a quem é oferecido um lugar longe do sítio onde mora.
Passos lamenta que em muitos casos de pessoas a pedir autorização ao banco para arrendar a casa se confrontam com a decisão da instituição de "aproveitar esta oportunidade para subir os 'spreads' dos juros. Acham que há uma modificação do contrato, paga mais. Não ajuda, nós queremos que as pessoas se possam mover em direção às oportunidades e depois há barreiras que nos prendem, que não deixam".
1. A história que se segue é pura verdade e qualquer semelhança com a ficção não é pura coincidência.
Era uma vez, na vigorosa e célebre Nação Portuguesa, um rapaz de seu nome, Pedro Passos Coelho, que manobrando com especial mestria a máquina do seu partido político (o PSD, social-democrata, que ele converteu em "liberal à portuguesa") chegou a Primeiro-Ministro. Hoje, consta que ainda governa, em parceria com o seu séquito Miguel Relvas, este país tutelado pelo FMI e pela Comissão Europeia.
O traço distintivo da sua governação tem sido a austeridade à exaustão, onerando os portugueses com obrigações fiscais de valores que já não são comportáveis, ficando impávido e sereno enquanto o desemprego aumenta galopantemente, sobretudo entre os mais jovens.
Mas Passos Coelho é um profeta: ontem, em pleno feriado do 1.º de Maio, o nosso Primeiro-Ministro lá faz uma das suas promessas em tom de confissão. Não é que Passos Coelho, comemorando o Dia do Trabalhador, resolveu partilhar com os trabalhadores sociais-democratas que o ilustre Pedro Pinto, vice da bancada do PSD, lhe sugeriu que poderia mexer no crédito à habitação para facilitar o arrendamento de casas? Ah! Este Passos é um maroto: até diz publicamente que anda a "matutar" no assunto e quer avançar com as novas condições para o crédito à habitação! É que temos de manter o nosso total respeitinho pelos senhores que nos emprestam o dinheiro (Passos Coelho dixit), mas, senhores banqueiros, coitadinhos dos pobrezinhos que não podem comprar, nem arrendar casa! Tenham lá um pouco de caridade, de compreensão pelo próximo! Caro leitor, pergunta certamente: mas como é que o Governo vai facilitar o crédito à habitação? Que novas condições são essas? Abrange a renovação dos contratos em vigor, poder-se-á rever os contratos em vigor ou só se aplicará aos contratos a celebrar no futuro? Pois, você não sabe, caro leitor. Eu confesso que não faço a mínima ideia. Porém, não se preocupe, não há problema: Passos Coelho também não lhe sabe responder a tais questões. Ele próprio ainda não pensou muito bem no problema - embora já o tenha divulgado na praça pública.
2. Eis a estratégia comunicacional do Governo Passos Coelho no seu melhor: lançar vários foguetes para o ar com o intuito de distrair, de entreter os portugueses - ao mesmo tempo que se desvia as atenções da crise financeira e dos insucessos do executivo. Fácil: é a cara de Miguel Relvas, o guru da comunicação deste Governo. O problema é que estas mentes brilhantes ainda não perceberam que esta estratégia de vender ilusões aos portugueses - ou falar genericamente de soluções mal concebidas ou ainda muito incipientes - só tem um efeito prático: o desgaste sucessivo do Governo.
De facto, ao primeiro anúncio de medidas que um dos ministros sonhou na noite anterior, os portugueses ainda ficam surpreendidos e têm um ténue esperança na capacidade reformadora do Governo. Já à segunda tentativa, os portugueses já desconfiam e não ligam aos anúncios folclóricos de Relvas e Companhia, ilimitada incompetência. A partir da terceira vez, os portugueses já percebem que o Governo não está de boa fé e tudo se limita a declarações de intenção, sem um pensamento estratégico, sem um verdadeiro programa transformador do nosso país. O Governo diz agora para fazer muito, muito depois. Ou, então - mais provável! - para fazer nunca!
A solução para convencer os portugueses do mérito das políticas governamentais, não é lançar ideias sem substrato prático já pensado, delineado e prazos de execução. Não: é mostrar aos portugueses que há um projecto a ser executado. E que esse projecto é complexo, impõe sacrifícios, mas será recompensador. Até agora, as medidas estruturais prometidas pelo Governo ainda se encontram todas na gaveta. O Ministro da Economia, sôr Álvaro, anda desaparecido em combate com o desemprego a aumentar a cada dia que passa; a pobre Assunção Cristas anda perdida; Pedro Mota Soares não sabe muito bem o que afirmar sobre o actual estado da nossa Segurança Social... Enfim, temos um Governo em bolandas.
3. Para concluir, peço apenas um desejo básico e elementar: Passos Coelho, por favor, da próxima vez, não se fique pelas confissões: apresente uma medida clara e já estudada. Senão, fique calado e reflicta consigo mesmo. O Senhor promete, promete, promete... mas, para já, só aplica o memorando da troika. E aí - dizem! - o Senhor Primeiro-Ministro é de uma eficiência louvável... pelo menos, quando toca de afectar os mais fracos.
João Lemos Esteves

Reflexão do Relvas… 2 maio

As declarações de interesses dos membros do Governo não apresentam qualquer incompatibilidade e estão todas “validadas politicamente e de acordo com a lei”, garantiu ao Diário Económico o coordenador do grupo de trabalho do Registo de Interesses, Sérgio Azevedo.
Nestas declarações, quem apresentou mais detalhes foram os ministros dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, e o da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco. Relvas, por exemplo, revelou que é sócio único da Integrabalance, detentor de 33% da Confeco, consultores Lda e tem funções de administrador na Finartec.
O Diário Económico corrige informação publicada na página 14 da edição impressa.
Ao contrário do referido na página 14 da edição de hoje do Diário Económico, Miguel Relvas não foi presidente da mesa da assembleia-geral de 24 sociedades, como a Impresa, Semapa ou Portucel.
Por esse facto, o Diário Económico pede desculpa ao visado e aos leitores.

Contramaré… 2 maio

Milhares de pessoas manifestaram-se em vários países neste 1º de maio para celebrar o Dia do Trabalhador ou protestar contra as políticas de austeridade realizada pelos governos.
Em Madrid, os manifestantes saíram às ruas para criticar os cortes sociais e a reforma laboral realizada pelo governo conservador espanhol.
Em Atenas e outras cidades da Grécia, um país em que o Dia do Trabalho é celebrado tradicionalmente como o Dia da Greve Geral no setor privado e no público, milhares de pessoas participaram nas manifestações
Na França, o segundo turno da eleição presidencial - que será disputado no domingo entre o presidente Nicolas Sarkozy e o socialista François Hollande - tomou conta do Dia do Trabalho com 3 manifestações distintas, numa das quais a ultradireitista Marine Le Pen anunciou que votará em branco.
Na Rússia, o presidente Vladimir Putin e o chefe de Estado Dmitri Medvedev participaram pela primeira vez numa grande manifestação de 150.000 pessoas convocadas pelos sindicatos pró-governamentais.
Na Indonésia, 9.000 pessoas saíram às ruas da capital Jacarta para reclamar aumentos de salários e a falta de segurança no emprego.
Nas Filipinas, 3.000 pessoas seguiram até ao palácio presidencial em Manila exibindo retratos do presidente Benigno Aquino em que ele aparece como um cão sob as ordens dos capitalistas estrangeiros.
Em Hong Kong, 5.000 manifestantes pediram a melhoria das reformas, a redução do tempo de trabalho semanal e aumento da hora de trabalho.
Na Tunísia, 20.000 manifestaram-se pelo emprego e unidade nacional na avenida Habib Burguiba, lugar emblemático da revolução na Tunísia.
Nos Estados Unidos, os membros do movimento "Occupy Wall Street" saíram às ruas de Nova York com a proposta de realizar uma greve geral nos Estados Unidos.
Em Cuba, o presidente Raúl Castro encabeçou o desfilo do Dia Internacional dos Trabalhadores em Hana, assistido por 1.900 convidados estrangeiros e centenas de milhares de cubanos.

A 6 de maio, ou vira na França ou racha na Grécia!

A contagem decrescente começou. No dia 6 de maio, os gregos serão chamados às urnas para eleições legislativas decisivas, segundo a decisão tomada pelo primeiro-ministro, Lucas Papademos, que lidera desde novembro de 2011 um Governo de coligação. Para To Ethnos trata-se, nem mais nem menos, das “eleições legislativas mais cruciais da história moderna grega”:
A mensagem de Lucas Papademos transmitida à nação era aguardada há várias semanas. A data 6 de maio não surpreende de forma alguma, mas o que está em causa é determinante.
Segundo as últimas sondagens, o partido de direita Nova-Democracia é dado como favorito, mas com intenções de voto entre 13 e 20%, será obrigado a aliar-se aos socialistas do PASOK ou a outros partidos mais pequenos.
O diário de Atenas Ta Nea escreve:
Resta saber se votaremos razoavelmente ou se preferiremos o caos político. Todos os institutos de sondagens são favoráveis à formação de um Governo de coligação, uma vez que nenhum partido terá maioria para governar. Os partidos populistas sobem nas sondagens tirando partido da anti-austeridade e a Europa observa-nos. Desta vez, não há espaço para promessas de campanha e a instabilidade política, que resulta da fadiga de um sistema bipartidário de 40 anos, é uma realidade.
As eleições legislativas antecipadas de 6 de maio, as primeiras depois do início da crise financeira, podem traduzir-se num voto de contestação contra a austeridade e contra os partidos que a aplicam. Um dos grandes vencedores será a extrema-direita que, aos poucos, constrói a sua legitimidade.
Talvez seja preciso recordar alguns pormenores, agora que se iniciou a contagem decrescente para as eleições legislativas. E, em particular, o livro do norte-americano Robert Paxton, O fascismo em ação [Anatomia do fascismo]. De há 50 anos a esta parte, sensivelmente, este historiador estuda o fascismo tendo por referência o regime de Vichy, em França. Conheci-o pessoalmente em 2010.
Nessa época, já a escalada dos extremismos na Grécia (que não era caso único) era percetível e tema de debate. “Em período de crise económica, a democracia é posta em perigo”, disse então. Para Robert Paxton, “os novos grupos fascistas são violentos mas, ao mesmo tempo, demasiado fracos para influenciarem a vida política”.
Face a este comentário, podemos colocar novamente esta questão em relação à Grécia. O que pode a extrema-direita esperar mais do que a entrada de um grupo violento no parlamento? Esta pergunta não se refere a um debate sociopolítico conjuntural mas à realidade. Não nos podemos esquecer que, há cerca de 2 anos, o Chryssi Avgi [Alvorada Dourada], partido de extrema-direita extraparlamentar, acusou bem alto a União Popular Ortodoxa (LAOS), partido de direita ultra conservador (com assento parlamentar desde 2007), de aceitar compromissos e de ter “vendido” os valores patrióticos. Hoje, está prestes a fazer a sua entrada no parlamento.
Água ao moinho dos neonazis
“Quando os partidos de extrema-direita alcançam reconhecimento, levam o debate político na sua direção”, acrescentou Robert Paxton. E tomando uma vez mais a França como exemplo: Nicolas Sarkozy fez suas as ideias de extrema-direita e atacou os ciganos no verão de 2010. Dois anos mais tarde, somos obrigados a reconhecer o regresso da Frente Nacional (FN) à cena política francesa, confirmado pelos resultados obtidos na primeira volta das eleições presidenciais. E a FN continua a dar que falar: as legislativas francesas vão ter lugar na sequência das presidenciais.
Em Atenas, a situação é igualmente inquietante, mas por razões distintas. O partido de centro-direita, Nova Democracia (ND) integra nas suas fileiras um dos elementos mais duros da extrema-direita, Makis Voridis, ministro dos Transportes, e conta com o seu precioso apoio. Note-se que a popularidade de Makis Voridis não se deve apenas às posições que tem tomado enquanto ministro, mas à nossa sensibilidade em relação a determinados traços da sua personalidade: somos seduzidos pela sua retórica, pelas suas maneiras, pelo seu estilo e esquecemos a noção de homem público. E aqui estamos hoje prestes a discutir a provável entrada dos neonazis no parlamento…
Por fim, uma palavra sobre a esquerda grega, com parte de responsabilidade na ascensão dos extremismos. De facto, a extrema-esquerda levou a cabo ações violentas, mas é preciso frisar esta tendência para o angelismo em relação aos imigrantes, ao passo que os habitantes dos guetos abandonados pelo Estado foram diabolizados. Tudo isto levou imensa água ao moinho dos neonazis.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Ecos da blogosfera - 1 maio (3)

No Ano Nacional do Desempregado… Celebremos!

O Dia do Trabalhador ou Dia Internacional dos Trabalhadores é celebrado anualmente no dia 1º de Maio em numerosos países do mundo, sendo feriado no Brasil, em Portugal e em muitos outros países.
Em 1886 realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América. Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação de milhares de pessoas. Nesse dia teve início uma greve geral nos EUA.
No dia 3 de Maio houve um pequeno levantamento que acabou com uma escaramuça com a polícia e com a morte de alguns manifestantes.
No dia seguinte, 4 de Maio, uma nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos polícias que começavam a dispersar os manifestantes, matando 7 agentes. A polícia abriu então fogo sobre a multidão, matando 12 pessoas e ferindo dezenas. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket.
Três anos mais tarde, a 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu, por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objetivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago.
Em 1 de Maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersada pela polícia resultando na morte de 10 manifestantes. Este novo drama serve para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama este dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.
Em 23 de Abril de 1919 o senado francês ratifica o dia de 8 horas e proclama feriado o dia 1 de Maio desse ano. Em 1920 a Rússia adota o 1º de Maio como feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos outros países.
Apesar de até hoje os estadunidenses se negarem a reconhecer essa data como sendo o Dia do Trabalhador, em 1890 a luta dos trabalhadores americanos conseguiu que o Congresso aprovasse que a jornada de trabalho fosse reduzida de 16 para 8 horas diárias.
Dia do Trabalhador em Portugal
Em Portugal, só a partir de Maio de 1974 (o ano da revolução do 25 de Abril) é que se voltou a comemorar livremente o 1º de Maio e este passou a ser feriado. Durante a ditadura do Estado Novo, a comemoração deste dia era reprimida pela polícia.
O Dia Mundial dos Trabalhadores é comemorado por todo o país, sobretudo com manifestações, comícios e festas de carácter reivindicativo, promovidas pela central sindical CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical) nas principais cidades de Lisboa e Porto, assim como pela central sindical UGT (União Geral dos Trabalhadores).
No Algarve, assim como na Madeira é costume a população fazer piqueniques e são organizadas algumas festas na região.

Contramaré… 1 maio

O Bloco de Esquerda apelou ao Tribunal Constitucional para que, no mais breve espaço possível, dê uma interpretação sobre os cortes dos subsídios decididos pelo Governo e que deverão prolongar-se por 7 anos.
Francisco Louçã, que acusou o Governo de burla política, económica e financeira, criticou ainda as palavras do ministro das Finanças sobre uma eventual devolução da totalidade dos subsídios de férias e Natal em 2018. “Claro que um Governo que promete que no último ano antes das eleições do próximo Governo, que ninguém sabe quem vai ser, serão devolvidos os dinheiros que foram subtraídos aos portugueses é evidentemente uma fantasia”, explicou.

Ecos da blogosfera - 1 maio (2)

Ecos da blogosfera - 1 maio (1)

Claro! O PIB sempre e só serviu para nos baralhar!

O consumo excessivo dos países ricos e o rápido crescimento populacional nos países mais pobres precisam ser controlados para que a humanidade possa viver de forma sustentável. Esta é a conclusão de um estudo de 2 anos de um grupo de especialistas coordenados pela Royal Society. O relatório será um dos referenciais para as discussões da “Rio+20”, cimeira que acontecerá na capital fluminense em junho.
Para evitar um colapso, uma das recomendações dos cientistas é oferecer a todas as mulheres o acesso a planeamento familiar. Outras indicações são: deixar de usar o PIB como um indicativo de saúde económica e reduzir o desperdício de comida.
"Este é um período de extrema importância para a população e para o planeta, com mudanças profundas na saúde humana e na natureza", disse o Prémio Nobel da Biologia, John Sulston, presidente do grupo responsável pelo relatório. "Para onde vamos, depende da vontade humana - não é algo predestinado, não é um ato de qualquer coisa fora (do controlo) da humanidade, está nas nossas mãos", reforçou o cientista.
O tamanho da população humana do planeta já esteve no cerne das discussões em tempos passados. Porém, o assunto saiu da pauta de discussões muito por conta de cientistas, que chegaram à conclusão de que a Terra seria capaz de suportar mais pessoas do que o imaginado. Também há o facto de que países em desenvolvimento passaram a considerar a questão como uma cortina de fumo criada por nações ocidentais para mascarar o problema do excesso de consumo.
Questão de gênero
O tema volta à agenda de discussões após novos estudos terem mostrado que as mulheres em países mais pobres, de uma maneira geral, desejam ter acesso ao planeamento familiar, o que traria benefícios às suas comunidades.
Segundo a projeção "média" da ONU, a população do planeta, atualmente com 7 mil milhões de pessoas, atingiria um pico de pouco mais de 10 mil milhões no final do século e depois começaria a cair. "Dos 3 mil milhões extra de pessoas que esperamos ter, a maioria virá dos países menos desenvolvidos", disse Eliya Zulu, diretora executiva do African Institute for Development Policy, em Nairóbi, no Quênia. "Só na África, a população deve aumentar em 2 mil milhões". "Temos de investir em planeamento familiar nesses países - (desta forma), damos poder às mulheres, melhoramos a saúde da criança e da mãe e damos maior oportunidade aos países mais pobres de investir em educação".
O relatório recomenda que nações desenvolvidas apoiem o acesso universal ao planeamento familiar - o que, o estudo calcula, custaria 4,5 mil milhões de euros por ano.
Se o índice de fertilidade nos países menos desenvolvidos não cair para os níveis observados no resto do mundo - alerta o documento - a população do planeta em 2100 pode chegar a 22 mil milhões, dos quais 17 mil milhões seriam africanos.
Ultrapassando fronteiras
O relatório é da opinião de que a humanidade já ultrapassou as fronteiras planetárias "seguras" em termos de perda de biodiversidade, mudança climática e ciclo do nitrogénio, sob risco de sérios impactos futuros.
Segundo a Royal Society, além do planeamento familiar e da educação universal, a prioridade deve ser também retirar da pobreza extrema 1,3 mil milhões de pessoas e se isso significa um aumento no consumo de alimentos, água e outros recursos, é isso mesmo o que deve ser feito, dizem os autores do relatório.
Neste meio tempo, os mais ricos precisam diminuir a quantidade de recursos materiais que consomem, embora isso talvez não afete o padrão de vida.
Eliminar o desperdício de comida, diminuir a queima de combustíveis fósseis e substituir economias de produtos por serviços são algumas das medidas simples que os cientistas recomendam para reduzir os gastos de recursos naturais sem diminuir a prosperidade dos seus cidadãos.
"Uma criança no mundo desenvolvido consome entre 30 e 50 vezes mais água do que as do mundo em desenvolvimento", disse Sulston. "A produção de gás carbónico, um indicador do uso de energia, também pode ser 50 vezes maior". "Não podemos conceber um mundo que continue sendo tão desigual, ou que se torne ainda mais desigual".
Os países em desenvolvimento, assim como as nações de rendimento médio, começam a sentir o impacto do excesso de consumo observado no Ocidente. Um dos sintomas disso é a obesidade.
PIB
A Royal Society diz que é fundamental abandonar o uso do PIB como único indicador da saúde de uma economia. No seu lugar, os países precisam adotar um medidor que avalie o "capital natural", ou seja, os produtos e serviços que a natureza oferece gratuitamente. "Temos que ir além do PIB. Ou fazemos isso voluntariamente ou pressionados por um planeta finito", diz Jules Pretty, professor de meio ambiente e sociedade na universidade de Essex. "O meio ambiente é de certa forma a economia... e você pode discutir a gestão económica para melhorar a vida das pessoas que não prejudique o capital natural, mas sim o melhore", completa.
“Rio+20”
O encontro do “Rio+20”, em junho, deve gerar um acordo com uma série de "metas de desenvolvimento sustentável", para substituir os atuais Objetivos do Milénio, que vem ajudando na redução da pobreza e melhoria da saúde e educação em países em desenvolvimento.
Não está claro se as novas metas vão pedir o compromisso de que os países ricos diminuam os seus níveis de consumo. Os governos podem ainda concordar durante o encontro no Rio a usar outros indicadores económicos além do PIB.
Só por causa de os ricos dos países ricos e dos países pobres consumirem mais do que necessitam e por causa do rápido aumento populacional nas classes mais pobres dos países ricos e dos países pobres, se fala na sustentabilidade da vida dos humanos…
Não vou contrariar o estudo, mas há distorções notórias, só porque não se entra com a prática política e na base ideológica do problema.
Por exemplo:
É melhor fazer planeamento familiar do que matar crianças…
É melhor reduzir a natalidade do que dar condições dignas aos pais dos nascituros…
É melhor combater o prazer dos pobres do que educar a gula dos ricos…
É melhor criar serviços nos países frágeis do que contrariar a produção nos países fortes…
É melhor preservar o ambiente nos países atrasados do que interditar a poluição nos países industrializados…
Só tem uma verdade que sempre me baralhou e que era e é a arma que os “técnicos” disparam sempre que se fala de coisas da economia, que é o maldito PIB, que mata qualquer raciocínio básico de quem é básico a raciocinar.
Finalmente vem alguém dizer (a Royal Society) que é fundamental abandonar o uso do PIB como único indicador da saúde de uma economia.
Irra, que eu tinha razão… Ora leia: