(per)Seguidores

sábado, 20 de agosto de 2011

Contramarés sem contrapé… 20 Ago.

1.500.000 portugueses não tem médico de família nos centros de saúde. O problema é mais grave no Algarve e em Lisboa e Vale do Tejo, onde 1 em cada 4 utentes (25%) não tem médico. Estes dados não incluem os que optam por não ter médico de família e contrariam os números avançados, em Janeiro, pela ex-ministra da Saúde Ana Jorge, que não admitia haver mais do que 500.000 portugueses sem médico atribuído.

A China entende a Lusofonia, para Portugal é chinês!

A China quer aumentar o volume das transacções económicas com os países de língua oficial portuguesa. A aposta passa pela formação de quadros e a abertura do mercado. Macau serve mais uma vez de ponte.
Decorreu ontem a sessão de encerramento do Colóquio sobre a Facilitação do Comércio para os Países de Língua Portuguesa, organizado pelo Ministério do Comércio da China, com o apoio do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que trouxe ao Continente 22 representantes de 5 países de língua oficial portuguesa e durante 21 dias visitaram várias instituições e empresas em Pequim, Shenzhen e Macau.
A China mostrou-se disponível para alargar a cooperação comercial com os países lusófonos, dando especial atenção à formação de quadros. A China já formou mais de 130.000 funcionários dos países em desenvolvimento, sendo que cerca de 1.000 eram oriundos de 7 países de língua oficial portuguesa.
Chang Hexi, secretário-geral do Fórum Macau, destacou que “o colóquio teve um significado muito real”, permitindo um maior conhecimento sobre a importância da facilitação comercial na cooperação económica internacional. Neste sentido, sublinhou que é preciso manter a união entre os países para combater o impacto profundo da crise financeira mundial – ainda muito presente e sem fim à vista – e proporcionar um desenvolvimento sustentável das empresas em expansão.
O papel de Macau
A lusofonia e a plataforma chamada Macau desenham assim caminhos para a promoção e divulgação de empresas junto dos mercados africanos de língua portuguesa.
O secretário-geral dos países de língua portuguesa defendeu a necessidade da criação de medidas com vista à facilitação do comércio entre a China e a Lusofonia para fazer face à crise mundial.
O vice-presidente da Academia do Ministério do Comércio chinês em Macau, Zhu Liugui, considerou que a China deve simplificar os seus procedimentos alfandegários para facilitar e incrementar as trocas comerciais com os países da Língua Portuguesa, salientando que isto se deve ao aumento das trocas comerciais entre a China e os países lusófonos, que nos primeiros 5 meses de 2011, teve um aumento de 31,19% face ao mesmo período do ano passado, para um total de 29,76 mil milhões de euros.
Se a China quer aumentar o comércio com os PLOP e sabendo-se que não é um país virado para a filantropia, quer dizer que esse alargamento é mesmo um negócio da China, que tinha todo o sentido que fosse um negócio de Portugal.
Claro que sustentar 22 representantes de 5 países, durante 21 dias, para promoção dos nossos produtos, talvez precisasse de estar no Memorando da troika e a levar para diante, era capaz de por em perigo a nossa “recuperação”, muito mais se tivéssemos que formar funcionários de países emergentes, mesmo que fossem da China, ou dos PLOP.
A China vê o assunto numa perspetiva de médio prazo, vai acumulando conhecimento sobre a facilitação comercial, sobre a união e a cooperação económica internacional para ajudar a combater o impacto da crise financeira mundial. Nós é que estamos mal e eles é que procuram os caminhos para a crise, que não tem…
E em sequência, o próprio secretário-geral dos PLOP reconhece a necessidade de medidas que facilitem o comércio entre a China e a Lusofonia, a começar pela simplificação dos procedimentos alfandegários na China, para facilitar e incrementar as trocas comerciais, que vão crescendo e beneficiando as partes, enquanto nós...
Entretanto, a plataforma de Macau desenhada para tirar proveito da comunidade lusófona continua imparável na promoção e divulgação de empresas junto dos mercados africanos de língua portuguesa, enquanto nós chegamos ao Algarve e já cansados, deitamo-nos ao sol…
Não se percebe a inépcia dos nossos governantes no que à Lusofonia e ao comércio diz respeito, deixando por mãos alheias o amanho da terra que pertence aos lusofalantes e a uma cultura com raízes muito próprias…
Mas eles é que sabem(?), ou pensam que sabem, porque falam, falam, falam e nem dão um passo, nem dão a mão...

Ecos da blogosfera – 20 Ago.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Contramarés sem contrapé… 19 Ago.

Um homem de 31 anos condenado à morte pela violação e homicídio de uma mulher de 88 anos em 2001, foi executado por injeção letal no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, na noite de quinta-feira.
A execução decorreu sem a presença de familiares da vítima e sem que o condenado tenha pedido para proferir as últimas palavras.

Um olhar consistente e límpido sobre a pobreza

A quantidade de água que existe hoje é a mesma que existia quando a Terra se formou. O que está a acontecer é que a distribuição da água está a mudar com as alterações climáticas.

O canadiano William Cosgrove foi vice-presidente do Banco Mundial e presidente do Conselho Mundial da Água, sendo considerado um dos maiores especialistas mundiais nas questões relacionadas com este recurso natural.
William Cosgrove é atualmente presidente da empresa Ecoconsult Inc. e consultor para a elaboração do 4º Relatório das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Mundial da Água. No dia 15 de junho deu uma conferência na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, sobre "Cenários da Água para um Desenvolvimento Sustentável", no âmbito dos trabalhos do "Think Tank Gulbenkian sobre a Água e o Futuro da Humanidade", uma organização dedicada à reflexão sobre as políticas e os problemas que envolvem este recurso.
Defende que a redução da pobreza no mundo está relacionada com a água. Porquê?
Jimmy Carter, Prémio Nobel da Paz, disse um dia que a fonte da maior parte dos problemas do mundo era a grande diferença entre ricos e pobres. Para ajudar os pobres a sair da pobreza a ONU concebeu os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio até 2015, mas quando olhamos para eles concluímos que não é possível alcançá-los sem água. A água é a chave para um desenvolvimento sustentável equitativo.
Como quantificamos essa pobreza?
Há o conceito de pobreza extrema, onde cada pessoa vive com menos de 1,25 dólares (0,90 euros) por dia. Na África Subsariana isso corresponde a 40% da população e no Sudeste Asiático e Pacífico a 25%. Mas se formos um pouco mais longe e falarmos das pessoas que vivem com apenas dois dólares por dia (1,5 euros), estamos a falar em 75% da população de África Subsariana e do Sul da Ásia e em 50% da população do Sudeste Asiático e Pacífico. É muita gente a viver na pobreza e para acabar com ela é necessária muita água. Para se alcançar o primeiro objetivo da ONU - aumentar os rendimentos de modo a que metade das pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza saia dela - uma das primeiras medidas é aumentar a produtividade da agricultura, o que só pode ser feito com mais água.
O mesmo se passa quanto aos outros Objetivos de Desenvolvimento do Milénio?
Sim. Mas reduzir o número de pessoas com fome de 1.000 milhões para 700 milhões - que mesmo assim ainda é muita gente - é um longo caminho, devido ao recente aumento dos preços dos alimentos. Quanto a outros objetivos da ONU, como melhorar o nível de saúde e reduzir as doenças, promover a igualdade do género, proteger o ambiente, todos eles envolvem o uso de mais água.
A água implica problemas de gestão complexos?
Há problemas de gestão e de governação. A água é usada a nível local, mas quando falamos de águas transfronteiriças (rios, lagos, lençóis freáticos), 40% da população mundial vive em bacias hidrográficas que pertencem a mais do que um país. Portanto tem de haver cooperação internacional nestas bacias para se gerir este recurso. O problema é que as fronteiras políticas e administrativas, mesmo dentro de cada país, não coincidem com as fronteiras naturais que controlam a água. As populações percebem muito bem quais são as fronteiras políticas e administrativas a nível local, regional ou nacional, mas a maior parte das pessoas não sabe quais são as fronteiras naturais da água.
Uma questão global que precisa de políticas globais
A água é então essencial para o desenvolvimento sustentável, tanto nos países ricos como nos pobres?

Ecos da blogosfera – 19 Ago.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Contramarés sem contrapé… 18 Ago.

O governo de José Sócrates comprometeu-se a financiar com vários milhões de euros um projecto ibérico de combate a incêndios, que envolve a compra de 150.000 cabras colocadas em terrenos baldios na região Duero-Douro, num investimento total de 88 milhões.
O executivo mudou e a empresa quer agora uma audiência no Ministério da Agricultura, de Assunção Cristas.

Viver mais, ou menos, não é viver “mais ou menos”…

Pesquisadores de Taiwan divulgaram um estudo, publicado na revista The Lancet, que trás boas notícias para quem já tem o hábito de praticar exercícios físicos com certa frequência.
De acordo com os resultados obtidos pelos cientistas fazer 15 minutos de atividade física por dia pode garantir até 3 anos de vida a mais. Caso a pessoa decida dedicar 90 minutos da semana como um todo à prática do exercício, a mesma expectativa pode ser atingida.
Para chegar aos resultados do trabalho, os pesquisadores contaram com 400.000 voluntários, em que foi possível perceber que esse tempo dedicado ao exercício físico é suficiente para pessoas de todas as idades, inclusive adultos nas variadas faixas etárias, mesmo para os que sofrem de doenças cardíacas.
Outro ponto levantado pela pesquisa é que não há necessidade de se dirigir a um centro especializado, um ginásio, ou qualquer outro local específico para exercícios e que essa atividade física pode ser de nível moderado, o que inclui as caminhadas.
Ao mesmo tempo, outra pesquisa divulgada pelo British Journal of Sports Medicine, realizada na Austrália, mostra que as pessoas que levam uma vida sedentária, com 6 horas em frente à televisão, podem perder até 5 anos de vida.
As duas pesquisas mostram que a atividade física é essencial para aumentar a expectativa de vida.
Cada estudo/pesquisa vale o que vale, até aparecer outro que o desdiga.
No caso do tempo dedicado à TV, parece que os conteúdos não têm interferência nos resultados, porque nada é dito, o que não parece razoável e donde se pode concluir que, o que faz mal é estar sentado 6 horas. Pela mesma ordem de ideias, estar as mesmas 6 horas sentado ao computador, ou a ler terá o mesmo resultado e levando o mesmo raciocínio ao extremo, trabalhar 6 horas sentado terá o mesmo efeito, apesar de se dizer que trabalhar faz bem…
Assim sendo, quem trabalha 6 horas sentado, fica 6 horas no computador quando chega a casa e ainda vê 6 horas de TV, perde logo 15 anos de vida. No entanto, se arranjar 15 minutos por dia para se mexer, desconta 3 aninhos e só morre 12 anos antes do “previsto”… Mas assim sendo, com é que antes de haver TV a esperança de vida era menor?
Por um lado, para a sustentabilidade da Segurança Social, talvez fosse uma boa medida o ministério respetivo oferecer uma TV (ou um portátil) a cada pensionista, que ficava a ganhar com o investimento. Por outro lado, espertos como somos, começávamos a andar na rua a ver a TV no telelé, ou a jogar no computador e lá tramávamos o ministério e as conclusões dos estudos…
Para não se esquecer da técnica, porque entretanto a memória (humana) se vai esvanecendo, continue a mexer-se para a carregar, mas leve sempre a morada no bolso, no caso de se desorientar e perder… E para isso, mais um estudo para os mais experientes…
Um novo estudo da Universidade do Colorado, em Boulder, nos Estados Unidos, mostra que fazer uma pequena quantidade de exercícios físicos regularmente pode proteger os idosos de perdas de memória que acontecem subitamente após uma infecção, doença ou lesão na velhice.
Como ter uma velhice sem problemas de memória?


"Governo económico" NUNCA! “Eurobonds” JÁ!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Contramarés sem contrapé… 17 Ago.

A BP baixou um cêntimo em todos os produtos naquela que é a terceira descida consecutiva.
A Galp baixou o preço de referência do litro de gasolina em 4 cêntimos.
Na Cepsa houve uma redução de 3,4 cêntimos na gasolina e 2,8 cêntimos no gasóleo.
A Repsol fez descer o preço de referência de ambos os combustíveis em 3 cêntimos.
Os preços do petróleo continuam hoje a cair nos mercados internacionais.

Enquanto não se privatiza(?) escreve-se o responso…

Coordenado pelo economista João Duque, o grupo de trabalho que irá definir o conceito de SERVIÇO PÚBLICO de Comunicação Social é formado por jornalistas, críticos de televisão e investigadores universitários na área da comunicação. António Ribeiro Cristóvão, Eduardo Cintra Torres, Felisbela Lopes, Francisco Sarsfield Cabral, João do Amaral, José Manuel Fernandes, Manuel José Damásio, Manuel Villaverde Cabral e Manuela Franco e têm 60 dias para apresentar um relatório com as suas conclusões sobre o serviço público prestado pelo Grupo RTP e pela agência Lusa.
Seguramente que a empreitada a levar a cabo terá, seguramente, algo a ver com a privatização da RTP e a LUSA, empresas públicas e por isso nossas e em que nem a troika se quis meter, por ter consciência, naturalmente, que tal produto tem um forte cariz político/ideológico (partidário), para além de questões muito técnicas.
O Grupo RTP engloba a RTP 1 (a apetecida), a RTP 2, a RTP Madeira, a RTP Açores, a RTP Internacional, a RTP África, a RTP N, e a RTP Memória, para além das estruturas logísticas para a comunicação e por isso, o Governo açoriano "estranha" não inclusão de representante da região em grupo para definir serviço público de comunicação social, pela complexidade, diversidade e especificidade dos objetivos de cada estação, que tem que ter em conta como ponto de partida. Também a Comissão de Trabalhadores da RTP quer acompanhar plano de reestruturação da empresa.
Não sendo especialista na matéria, nem grande estudioso do assunto e apenas com a perceção que me ilumina, começo por estranhar que se queira definir o conceito de SERVIÇO PÚBLICO de Comunicação Social, quando ele já está definido e muito estudado e quando muito seria REDEFINIR tal conceito, operacionalizando-o. Estranho também, é que seja um economista que esteja à frente do grupo, o que dá a entender que de economia se tratará…
Fica no entanto a novidade de haver jornalistas, críticos de televisão(?) e investigadores universitários, mas estranha-se que não haja, pelo que apurei, nenhum elemento da ERC, que estaria mais do que por dentro da matéria…
 Entretanto, é bom começar a pensar na criação de outros grupos de trabalho para a redefinição dos outros SERVIÇOS PÚBLICOS...
Não vamos opinar mais do que isto, ficando à espera de que o grupo de trabalho, mais do que produzir um trabalho teórico, desenhe um projeto operativo, para não se perder tempo a implementar um verdadeiro Serviço Público, para o público que deve servir e não um testamento para os eventuais herdeiros do nosso acervo…
Atualizado em 18-08-2011
O Sindicato dos Jornalistas questionou esta quarta-feira a independência do grupo de trabalho para a definição do serviço público na comunicação social e teme que a sua nomeação conduza à privatização da Lusa e da RTP.
O conceito de Serviço Público
Existem vários autores que procuraram dar uma definição do conceito de "Serviço Público". De uma forma geral, entende-se Serviço Público como aquele que a Administração Pública presta à comunidade porque se reconhece como essencial para a sobrevivência do grupo social e do próprio Estado. Dentre os principais autores que exploram a natureza de Serviço Público destacam-se os conceitos:

  • a) De Hely Lopes Meireles: Serviço Público é todo aquele que é prestado pela Administração ou seus delegados sob normas e controlos estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniência do estado;
  • b) De Cretella jr.: Serviço Público é toda atividade que o Estado exerce, direta ou indiretamente, para satisfação das necessidades públicas mediante procedimento típico do Direito Público;
  • c) De Diogo de Figueiredo Moreira Neto: Serviço Público é uma atividade de Administração que tem por fim assegurar, de modo permanente, contínuo e geral, a satisfação de necessidades essenciais ou secundárias da sociedade, assim por lei considerados, e sob as condições impostas unilateralmente pela própria Administração;
  • d) De Celso Antônio Bandeira de Mello: Serviço Público é toda a atividade de oferecimento de utilidade ou de comodidade material fruível diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado ou por quem lhe faça às vezes, sob um regime de Direito público – portanto consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições especiais – Instituído pelo Estado em favor dos interesses que houver definido como próprios no sistema normativo;
  • e) De Di Pietro: Toda atividade material que a Lei atribui ao Estado para que exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente as necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público.
Do texto da intervenção proferida por Estrela Serrano (Vogal do Conselho Regulador da ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social) no III Encontro de Reguladores Ibéricos da Comunicação Social realizado no Porto em 29/3/10.

CONCLUSÃO

Ecos da blogosfera – 17 Ago.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Contramarés sem contrapé… 16 Ago.

O preenchimento de cargos de direção superior deixará de ser efetuado unicamente por critério de escolha ministerial e passará a ser precedido de concurso aberto a cidadãos, com ou sem vínculo à Administração Pública e cabe ao membro do Governo definir o respetivo perfil, experiência profissional, competências de gestão e formação exigíveis aos candidatos.

Quem não consente, não se cala!

Devíamos estar todos doidos quando deixámos a Alemanha controlar o euro.
Pedro Passos Coelho, por via do sol ou dos churrascos a mais na Manta Rota, apareceu ontem na festa do PSD do Pontal com um discurso alienígena. Em plena crise do euro, com o ministro das Finanças alemão a boicotar qualquer hipótese de títulos de dívida pública europeia, com George Soros a dizer que a única saída que Portugal tem é abandonar o euro, Passos Coelho faz um discurso de "bom aluno" da troika - mas que na altura em que a Europa se encontra, é uma conversa típica de "nerd".
É espantoso como Pedro Passos Coelho conseguiu isolar a crise portuguesa como se não estivesse englobada na crise do euro. O que ontem Passos Coelho repetiu foi uma espécie de discurso do "orgulhosamente sós" versão dívida. Sim, é bom culpar Sócrates que, aliás é culpado de muita coisa, incluindo de gastos inconcebíveis para propaganda eleitoral. Mas é difícil de perceber como é que um primeiro-ministro tem da crise do euro uma versão tão tosca.
As coisas agravaram-se para a zona euro desde que Sócrates saiu do poder. A situação portuguesa pode estar melhor em termos de juros da dívida - pagamos menos juros que há quatro meses atrás - mas está pior porque de um momento para o outro, tudo pode implodir. E, assim de um momento para o outro, os nossos empréstimos negociados nos velhos tempos de juros inexistentes de repente podem ser convertidos no bom e velho escudo, levando à catástrofe económica e financeira. A ameaça que paira sobre as economias italiana, espanhola e francesa, sem que a Alemanha dê mostras de qualquer cedência é insustentável. A reunião de amanhã entre um já muito acossado Sarkozy e Angela Merkel pode não servir para nada. A entrevista do ministro alemão das Finanças ao Spiegel foi já a antecâmara dessa conclusão: da esquerda à direita, já todos concluíram que a única maneira de resolver a crise do euro é mais federalismo com a emissão dos famosos Eurobonds, títulos de dívida pública europeia. Mas a Alemanha não vai deixar.
Devíamos estar todos doidos (incluindo os tais grandes líderes europeus que já não existem, como Jacques Delors) quando deixámos a Alemanha controlar o euro: ou seja, quando aceitámos passivamente que a moeda única fosse uma cópia do marco alemão e o BCE um émulo do Deutsche Bank. Um país miserável como o nosso, com uma fraquíssima estrutura produtiva que ainda foi mais prejudicada com as das negociações das quotas agrícolas e de pesca, passou a viver com uma moeda equivalente ao marco alemão, para felicidade de todos. Isto é insustentável, mas neste momento a bem-amada União Europeia também parece insustentável. Que nada disto pareça interessar ao alienígena do Pontal, que volta candidamente a anunciar que vai cortar nas despesas mas não diz como, e que acha que "a salvação portuguesa" depende exclusivamente de "nós próprios" é deveras impressionante. Que Pedro Passos Coelho não perceba que este tipo de conversa de "nerd" se vai virar contra si na próxima esquina é muito estranho. E entre tantos especialistas contratados, não há ninguém que lhe explique isto?
Editorial do “i”, por Ana Sá Lopes
Dispensamo-nos de qualquer comentário…
Nerd é um termo que descreve, de forma estereotipada, muitas vezes com conotação depreciativa, uma pessoa que exerce intensas actividades intelectuais, que são consideradas inadequadas para a sua idade, em detrimento de outras atividades mais populares. Por essa razão, um nerd muitas vezes não participa de atividades físicas e é considerado um solitário pelas pessoas. Pode descrever uma pessoa que tenha dificuldades de integração social e seja atrapalhada, mas que nutre grande fascínio por conhecimento ou tecnologia.

Ecos da blogosfera – 16 Ago.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Contramarés sem contrapé… 15 Ago.

A tensão já é óbvia na jovem coligação. Braga de Macedo na AICEP e Santana Lopes na Santa Casa "cercam" o CDS.
Como cereja no topo do bolo das intenções do PSD em relação ao CDS, Passos Coelho deixou Paulo Portas de fora do Conselho de Estado e colocou na lista três ex-líderes do PSD, Luís Filipe Menezes, Marques Mendes e Francisco Pinto Balsemão.

Para todos os POVEIROS na diáspora…

A Ladainha das lanchas
Georges! anda ver meu país de Marinheiros,
O meu país das naus, de esquadras e de frotas!
Oh as lanchas dos poveiros
A saírem a barra, entre ondas de gaivotas!
Que estranho é!
Fincam o remo na água, até que o remo torça,
À espera de maré,
Que não tarda aí, avista-se lá fora!
E quando a onda vem, fincando-a com toda a forca,
Clamam todas à urra: «Agora! agora! agora!»
E, a pouco e pouco, as lanchas vão saindo
(Às vezes, sabe Deus, para não mais entrar...)
Que vista admirável! Que lindo! Que lindo!
Içam a vela, quando já têm mar:
Dá-lhes o Vento e todas, à porfia,
Lá vão soberbas, sob um céu sem manchas,
Rosário de velas, que o vento desfia,
A rezar, a rezar a Ladainha das Lanchas:
Senhora Nagonia!
Olha acolá!
Que linda vai com seu erro de ortografia...
Quem me dera ir lá!
Senhora Daguarda!
(Ao leme vai o Mestre Zé da Leonor)
Parece uma gaivota: aponta-lhe a espingarda
O caçador!
Senhora d'ajuda!
Ora pro nobis!
Caluda!
Semos probes!
Senhor dos ramos
Istrela do mar!
Cá bamos!
Parecem Nossa Senhora, a andar.
Senhora da Luz!
Parece o Farol...
Maim de Jesus!
É tal e qual ela, se lhe dá o sol!
Senhor dos Passos!
Sinhora da Ora!
Águias a voar, pelo mar dentro dos espaços
Parecem ermidas caiadas por fora...
Senhor dos Navegantes!
Senhor de Matusinhos!
Os mestres ainda são os mesmos dantes -
Lá vai o Bernardo da Silva do Mar,
A mailos quatro filhinhos,
Vasco da Gama, que andam a ensaiar...
Senhora dos aflitos!
Mártir São Sebastião!
Ouvi os nossos gritos!
Deus nos leve pela mão!
Bamos em paz!
Oh lanchas, Deus vos leve pela mão!
Ide em paz!
Ainda lá vejo o Zé da Clara, os Remelgados,
O Jeques, o Pardal, na Nam te perdes,
E das vagas, aos ritmos cadenciados,
As lanchas vão traçando, à flor das águas verdes,
«As armas e os varões assinalados...»
Lá sai a derradeira!
Ainda agarra as que vão na dianteira,..
Como ela corre! com que força o Vento a impele:
Bamos com Deus!
Lanchas, ide com Deus! ide e voltai com Ele
Por esse mar de Cristo...
Adeus! adeus! adeus!
António Nobre, in 'Só'

Ecos da blogosfera – 15 Ago.

domingo, 14 de agosto de 2011

Contramarés sem contrapé… 14 Ago.

Aguarda-se com expectativa o que irá dizer o líder do PSD e primeiro ministro, numa semana marcada pelo diagnóstico da troika sobre a economia portuguesa e o anúncio de mais impostos.
O Ministro das Finanças defendeu que a subida do IVA na eletricidade e no gás e o imposto extraordinário “resolvem metade do desvio” e questionado sobres se o governo prevê novo aumento de impostos para 2012, admitiu que irá acontecer.

Por "o carro à frente dos boys”

O interesse da empresa chinesa China Power na privatização da EDP tinha já sido noticiado o que a “chairman” da companhia oficializou. A imprensa tem avançado que a China Power pretende comprar 5% no capital da empresa. O Governo pretende vender a posição de 20% que detém na EDP até ao final do ano, cumprindo o compromisso assumido com a troika.
A privatização pode contudo ser ensombrada pela forte queda que a eléctrica está a registar na bolsa de Lisboa. Os 20% que o Estado deverá vender desvalorizaram-se 94 milhões de euros, valendo agora 1.531 milhões.
Nas últimas semanas têm surgido notícias do interesse da brasileira Electrobrás e da alemã RWE.
Líder de missão do FMI, Poul Thomsen, considera que as privatizações que Portugal vai fazer terão de ter em conta as condições de mercado, admitindo que algumas possam não ocorrer no curto prazo.
“Acho que é um bom programa” de privatizações mas “não podemos esquecer que algumas empresas estão a ter prejuízos” e, nestes casos não se pode esperar um grande negócio, acrescentou. Das principais empresas que estão na lista das privatizações só a TAP apresentou resultados negativos.
Quanto à privatização da RTP, Poul Thomsen escusou-se a comentar, afirmando que “o Governo é que toma decisões sobre que empresas privatizar.”
Para cumprir os fretes que a troika nos impôs, o governo vai privatizar empresas públicas e vender cotas que detém em empresas estratégicas até ao final do ano, se não chumbará no exame final...
No caso da EDP, em que 20% nos pertencem, não faltam candidatos, da China, do Brasil e (claro!) da Alemanha. E apesar de a EDP ser um “monopólio” e ter altos lucros garantidos, o valor em bolsa tem vindo a descer (vá-se lá saber por quê) a ponto de, só em Agosto, o Estado ver desvalorizada a sua parte em 94 milhões de euros, valendo agora 1.531 milhões.
Das outras empresas a leiloar, parece que só a TAP deu prejuízo.
Perante este quadro, qualquer “inteligente” concluiria que prazos e preços tem uma relação indissociável e que os tempos impostos tem que ser estrategicamente datados… Mas foi preciso vir um Sr. FMI dizer isso mesmo, concretamente que as privatizações de Portugal terão de ter em conta as condições de mercado, admitindo (obrigado, Sr. FMI) que algumas (por que não todas?) ultrapassar o curto prazo (mais prazo curto)…
Mas o Sr. FMI também dá uma no cravo e outra na ferradura, porque depois do que disse com lógica, veio dizer com outra lógica, que das empresas que dão prejuízo não se pode esperar um grande negócio. Pode-se, pode-se! Quanto mais prejuízos derem, melhor será o negócio para quem as comprar. Afinal de que lado está o FMI? É que a lógica tem mais de duas faces…
Já quanto à privatização da RTP, o Sr. FMI não quis comentar 8ele sabe que a questão é política) e condisse-se outra vez ao dizer que o Governo é que toma as decisões sobre que empresas privatizar… Então o que é que veio cá fazer, e dizer o que disse, sobre tudo o que é pura política?
Até parece que (os membros d)o governo continua(m) a por o carro à frente dos boys, por razões exclusivamente técnicas…

Há muitos processos de se estigmatizar a pobreza…

Nota prévia – Publico muitas vezes aqui artigos sobre as mais variadas áreas, de autoria de especialistas brasileiros, pela simples razão de não encontrar os mesmos temas tratados por especialistas portugueses e quando surgem, a linguagem de tão erudita, cansa qualquer curioso.Mas só dou a público o que é público na sua essência, ou seja, quando os temas/problemas são “iguais”, independentemente do território em que estão localizados e focalizados.
Neste caso, é a exclusão e a estigmatização dos pobres que se reflete na urbanização, ou em que a urbanização as acentua, tanto faz que seja em S. Paulo, como no mais recôndito local do planeta e em Portugal também e de forma bem vincada.
Para quem se interessa por este tema, ele está bem explicitado num outro artigo, muito sintético e incisivo, que publicamos há quase um ano, e que pode ler aqui: "Um neologismo com (um) sentido: “pauperofilia”
O ininterrupto crescimento da cidade de São Paulo, tanto económico como físico, produz uma perversa desigualdade social. João Ferreira, arquiteto e economista defende que transformar e tornar esse espaço mais igualitário passa por uma mudança de conduta individual, pressupondo um combate às atitudes que, mesmo de forma velada, reproduzem uma cultura de intolerância para com os pobres. Para Ferreira, aquilo o que hoje é celebrado como modernidade é a causa do padrão urbano excludente. Padrão que não se restringe à cidade de São Paulo, que é apenas o caso mais evidente e que infelizmente serve de modelo para o resto do país.
As conclusões estão contidas no artigo “São Paulo: cidade da intolerância, ou o urbanismo 'à Brasileira'”, publicado na revista Estudos Avançados (que aconselhamos a ler na totalidade).
Intolerância que Ferreira define como resultado de uma sociedade em que predomina a indiferença. Ele explica: “a exclusão dos mais pobres produz uma lógica perversa em que as classes dominantes cultivam a sensação de que a cidade funciona sozinha, ignorando que é um contingente populacional importante e pobre que a move, mas que tem que desaparecer findo o serviço”. Não é só indiferente, a cidade também é intolerante: “o desprezo, a desconsideração pelas condições de vida dos mais pobres e as suas necessidades são também motivados por políticas e ações bem determinadas, porém veladas. O que nos remete à sensação de uma espécie de apartheid”.
Políticas implementadas por um Estado que promove uma urbanização desigual, porque é ele quem define a disponibilidade dos chamados instrumentos urbanísticos. O seu papel seria o de garantir uma produção homogénea de infraestruturas públicas, evitando, assim, a exclusão das parcelas populacionais de menor rendimento. No entanto, (no Brasil) como explica o autor “confunde-se o público e o privado na defesa dos interesses das elites, e essa equação afetou dramaticamente o modelo da (nossa) urbanização”. Teria sido desenvolvida (no Brasil) uma situação de segregação socioespacial em que a população mais pobre, sem opção de moradia, se foi “exilar na periferia”.
Embora causada pelo Estado, a segregação seria legitimada pelas classes dominantes, que o coagem para que aja em benefício delas. Exerceria assim o que o autor chama de “racismo à brasileira”, ou seja, um racismo que existe mas não é confessado, e que nem por isso faz menos vítimas. Essa intolerância à pobreza é revelada em várias ações, como no caso de empreendedores de um condomínio de luxo que, incomodados com a vista para uma favela, acharam por bem ‘estimular’ a saída dos indesejados vizinhos pagando-lhes R$ 40 mil (€ 17.247,60) por família. E também uma política da Câmara de São Paulo que se encarrega da ação de ‘limpeza’, oferecendo o ‘cheque de despejo’, R$ 1,5 mil (€ 646,80) para sair das suas casas, e R$ 5 mil (€ 2.156,00) se a família fizer a ‘gentileza’ de voltar para o seu Estado de origem.
O Estado, além de não desenvolver políticas habitacionais que beneficiem os mais pobres, acaba por os impedir de viver em bairros mais ricos. Isso faria sentido pelo Estado ser patrimonialista, legitimado pelas classes mais abastadas, e em que o direito à propriedade está acima do direito à habitação. Uma realidade perversa em que a desigualdade não ocorre por falta de leis, mas pelo contrário, é legitimada por elas.
Ferreira aponta caminhos para reverter essa desigualdade, pois desde a redemocratização do país os governos comprometidos com as necessidades populares propuseram uma “reforma urbana”, conseguindo pelo menos inserir essa problemática na agenda política. Um exemplo teria sido a criação do Ministério das Cidades e do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social - embora até hoje não tenham tido quase nenhuma efetividade. Essa dificuldade em transformar estas propostas em verdadeiras ações ocorreria porque “uma das razões desse impasse está na dificuldade de transformação do próprio Estado e, em maior escala, do sistema e das práticas políticas que o legitimam. Uma máquina aperfeiçoada durante séculos para dificultar qualquer tentativa de transformação da lógica de produção do espaço urbano desigual não facilita a vida daqueles que participam de gestões com intervenções verdadeiramente públicas”.
Isabela Palhares

Ecos da blogosfera – 14 Ago.