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sábado, 2 de junho de 2012

O “coiso” explicado aos “coisos” pelos “coisos”…

Daqui
A Comissão Europeia reconheceu que os dados divulgados sobre a subida do desemprego na União Europeia "confirmam a urgência da situação", que, segundo Bruxelas, exige intensificação de esforços a nível nacional e europeu.
O executivo comunitário reagia aos dados divulgados pelo Eurostat, que revelam que a taxa de desemprego atingiu em abril os 11% na zona euro e os 10,3% no conjunto da UE, tendo subido para os 15,2% em Portugal, onde o desemprego jovem atingiu novo máximo, de 36,3%.
Portugal pode hoje “dizer” que está “muito próximo do caminho do crescimento”, assegurou Pedro Passos Coelho. Mas para alcançar o percurso em falta, é necessário acelerar as reformas que estão a ser implementadas.
Ao empreender as referidas reformas, está a preparar-se o País para o crescimento e para a “expansão das possibilidades da vida para todos”, declarou o líder do Executivo.
Aos empresários presentes na conferência, Passos Coelho apelidou-os de “agentes decisivos da recuperação e da transformação”, dizendo que é através de empresas “cidadãs” que se criam postos de trabalho ou se expandem fronteiras.
Vítor Gaspar, ministro das Finanças, justifica o aumento do desemprego com um problema estrutural da economia e recusa que a causa para a perda de postos de trabalho se deva às políticas do Governo e à austeridade da troika.
E o que é o desemprego estrutural? São os postos de trabalho que a economia não consegue manter, mesmo quando está em crescimento. O ministro das Finanças avaliou dados das últimas décadas para concluir que a economia portuguesa é geradora de desemprego, mesmo que esteja a crescer. E o desemprego estrutural combate-se com reformas na economia, que o executivo está a querer implementar no país.
Até a equipa do Zemanel anda sem dormir com a subida das taxas do “coiso” e reconhece que é urgente intensificar os esforços (para quê?), quer nos países, quer na Europa (Zona euro e UE).
Cabe mais uma vez perguntarmo-nos por que é que o “coiso” é maior na Zona Euro do que na União dos 27, mas ninguém se lembra deste pormenor…
Vai daí, o nosso Primeiro, aceitando os conselhos dos funcionários de 5ª (da troika), aconselhada pela equipa do Zemanel, veio logo dizer que já estamos muito perto do crescimento, mas não disse de quê, mas só se pode pensar que se referia ao crescimento do “coiso”… E para aumentar o “coiso”, nada melhor do que acelerar as reformas, o que quer dizer acelerar o crescimento do “coiso” e se necessário fazer mais confiscos, até chegarmos à Grécia, que é a prova provada de que estes “coisos” vão de mal a pior.
Entretanto o Gaspar, substituindo o Relvas (que está de quarentena e tinha explicação para o “coiso”) veio aceleradamente anunciar o tamanho do “coiso” e fazer suas as últimas previsões da OCDE do desemprego para Portugal em 2013. Mas atenção! O crescimento do “coiso” não tem nada a ver com as políticas que ele implementa (ele não se engana, a realidade é que nos engana) e que a troika lhe sussurra, porque há o “coiso” propriamente dito e o “coiso estrutural”, que é o “coiso” andar às arrecuas quando a economia está a crescer, tipo coisa da 5ª dimensão… Perceberam? E acrescenta na sua explicação “à Pilatos”, que a solução para resolver a coisa do “coiso” passa por reformas na economia que o executivo está a querer implementar no país, mas que ainda não implementou, por não querer…
Na 2ª feira, o mesmo Gaspar vai dar conta da avaliação da troika (que já conhece antecipadamente e nós também) para fazer eco destas idiotices e dizer-nos, como se fossemos idiotas, que tudo vai bem, melhor do que eles esperavam, mas para nós pior do que imaginávamos…
O deleite maquiavélico com que tratam os seus concidadãos e os insultos à nossa inteligência ultrapassam o humor negro com que qualquer “palhaço rico” goza com os “palhaços pobres” de qualquer circo barato…
Vão-se “coisar”!

Ecos da blogosfera - 2 jun.

Para apagar o "fogo posto" por pirómanos "amigos"…

Cerca de 160 personalidades de todos os quadrantes da sociedade portuguesa uniram-se no Movimento Sociedade Civil Solidária, uma iniciativa que pretende ajudar “as pessoas e famílias mais duramente atingidas pela crise”.
Este movimento irá recolher e canalizar todos os recursos para o Fundo Social Solidário (FSS) gerido pela Cáritas Portuguesa, uma obra que presta apoio a milhares de pessoas carenciadas.
“Nós pedimos a várias pessoas com uma grande credibilidade moral e cívica que se juntassem a nós e dissessem também acreditamos”, disse Manuela Eanes, uma das promotoras da iniciativa.
Várias personalidades responderam ao apelo: desde reitores, escritores, representantes da Igreja Católica, da comunidade hindu, da comunidade islâmica, da Rede Aga Khan, embaixadores, médicos, economistas, entre muitos outros.
O movimento, “exclusivamente da sociedade civil”, nasceu de “um pequeno grupo, que foi crescendo, e que se pretende que seja um movimento a nível nacional”, disse a também presidente do Instituto de Apoio à Criança, comentando: “Eu acho que vai acontecer mais um milagre português”.
Alfredo Bruto da Costa, da Comissão Nacional Justiça e Paz e também promotor da iniciativa, frisou que “Portugal está numa situação extremamente grave e que os problemas do país não se resolvem apenas com pachos quentes”. “Há necessidade de transformações e mudanças profundas, só que estas transformações e mudanças profundas não têm resultados imediatos, são resultados a médio e longo prazo”, adiantou. Entretanto, “há pessoas que caíram de um momento para o outro na pobreza devido à evolução da economia e das políticas que têm sido adotadas”.
Bruto da Costa disse que várias instituições e organizações têm tentado acorrer aos problemas dessas pessoas, mas ainda há um espaço na sociedade civil em que as pessoas podem “exercer solidariedade”. “Nós pretendemos utilizar um pouco desse espaço, que implica dar uma oportunidade às empresas, às instituições, às organizações e, sobretudo, aos indivíduos que, com muitos ou poucos recursos gostariam de expressar a sua solidariedade e muitas vezes ficam inibidos de o fazer”, disse.
Para o presidente da Cáritas, “os contributos que podem advir do dinamismo deste movimento são uma mais-valia para o fundo solidário”, que foi criado para responder às consequências da crise e que se tem destinado, principalmente, a resolver os problemas de habitação. “Se não fosse este fundo, muitas famílias já tinham entregado as suas casas”, frisou, adiantando que, apesar do FSS, se destinar a todas as pessoas, é a classe média que mais tem beneficiado.
O Fundo também já tem criado alguns postos de trabalho, mas “poucos relativamente àquilo que desejaríamos, mas também não estamos no tempo mais favorável para que isso aconteça”, sublinhou.
Entre as várias personalidades que aderiram ao movimento, encontram-se Adriano Moreira, Laborinho Lúcio, Artur Santos Silva, Bagão Félix, Daniel Sampaio, Guilherme Oliveira Martins, D. Januário Torgal Ferreira, João Lobo Antunes, Manuela Ferreira Leite, Maria Barroso, Miguel Sousa Tavares, Vasco Graça Moura e Vítor Melícias.
As contribuições poderão ser efetuadas através do NIB: 003603249910000923653 do Montepio Geral, do nome da conta: Sociedade Civil Solidária, do site: www.scsolidaria.org e de chamadas de valor acrescentado para o n.º 760 105 010.
Esperemos que alguns dos pirómanos contribuam, para debelar as cinzas que espalharam…

Contramaré… 2 jun.

O partido de Alexis Tsipras aumenta, assim, a distância para os conservadores da Nova Democracia, que alcançam 25,5% das intenções de voto. Recorde-se que nas eleições de 6 de Maio, o Syriza obteve 16,8% dos votos e a Nova Democracia 18,9%. 
Duas outras sondagens, uma publicada pelo "Ta Nea" e outra pelo "Eleftheros Typos", dão uma ligeira vantagem ao Nova Democracia.
Se vencer as eleições legislativas de 17 de Junho, o partido compromete-se ainda em manter as empresas estratégica sob o controlo do Estado, congelar os cortes de pensões e salários exigidos pela troika. Tsipras descreveu o programa do seu partido como um "programa de dignidade e esperança".

Uma razão contra a loucura da ideologia de mercado?

Nas eleições gregas de 17 de junho, o eleitorado deverá rejeitar os partidos políticos demasiado próximos dos tecnocratas e das instituições financeiras que pregam a austeridade e que, como muitos temem, está a superar a democracia. É por isso que devemos apoiá-los, argumenta o filósofo Slavoj Žižek.
Imagine uma cena de um filme que retrata uma sociedade repressiva e policial num futuro próximo. Patrulhas de guardas uniformizados circulam por ruas quase vazias da Baixa, à noite, em busca de imigrantes, criminosos e vagabundos. Espancam todos os que encontram. O que parece ser um guião fantasioso de Hollywood é hoje realidade na Grécia. À noite, justiceiros de camisa negra, do movimento neofascista Amanhecer de Ouro, patrulham as ruas e atacam todos os imigrantes que encontram: afegãos, paquistaneses, argelinos. É assim que a Europa é defendida na primavera de 2012, por vingadores que negam a existência do Holocausto, que obtiveram 7% dos votos nas últimas eleições e que, dizem, contam com o apoio de 50% da polícia ateniense.
O problema de defender a civilização europeia contra a ameaça dos imigrantes é que a ferocidade da defesa é mais ameaçadora para a "civilização" do que uma grande vaga de muçulmanos. Com defensores amigáveis como estes, a Europa não precisa de inimigos. Há 100 anos, G.K. Chesterton definiu o impasse em que os críticos da religião se encontravam: "Os homens que começam a lutar contra a igreja em nome da liberdade e da humanidade acabam por mandar a liberdade e a humanidade às urtigas, se só lutarem contra a igreja… Os secularistas não destruíram coisas divinas; mas destruíram coisas temporais, se é que isso lhes serve de consolo”.
Muitos guerreiros liberais estão tão ansiosos por combater o fundamentalismo antidemocrático que acabam por dispensar a liberdade e a democracia, para só eles poderem lutar contra o terror. Se os “terroristas” estão dispostos a destruir este mundo pelo amor do outro, os nossos guerreiros contra o terror estão dispostos a destruir a democracia pelo ódio ao outro muçulmano. Alguns amam tanto a dignidade humana que estão dispostos a legalizar a tortura para defendê-la. É uma inversão do processo pelo qual os fanáticos defensores da religião começam por atacar a cultura secular contemporânea e acabam sacrificando as suas próprias recomendações religiosas na ânsia de erradicar os aspetos do secularismo que odeiam.
Mas os protetores anti-imigrantes da Grécia não são o principal perigo: são apenas um produto secundário da verdadeira ameaça, a política de austeridade que causou a situação insustentável na Grécia. A próxima ronda de eleições gregas terá lugar em 17 de junho. As instituições europeias advertem que são cruciais: está em jogo não só o destino da Grécia, mas talvez o destino de toda a Europa. Um dos resultados – o caminho certo, segundo eles – permitiria que o doloroso, mas necessário, processo de recuperação através da austeridade continuasse. A alternativa – se o partido de "extrema-esquerda" Syriza ganhar – é votar no caos e no fim do mundo (europeu) como o conhecemos.
Escolha errada significa caos, pobreza e violência
Os profetas da desgraça têm razão, mas não como pretendem. Os críticos dos nossos atuais mecanismos democráticos queixam-se de que as eleições em geral não proporcionam uma verdadeira alternativa: o que nos é apresentado é uma escolha entre um partido de centro-direita e outro de centro-esquerda, cujos programas são quase impossíveis de distinguir. Em 17 de junho, haverá uma escolha efetiva: de um lado, o poder institucional (Nova Democracia e PASOK); do outro, o Syriza. E, como é geralmente o caso quando se coloca uma escolha real, o poder institucional fica em pânico: seguir-se-á caos, pobreza e violência, dizem eles, se for feita a escolha errada.
A mera possibilidade de uma vitória do Syriza parece ter enviado ondas de terror para os mercados globais. A prosopopeia ideológica no seu melhor: falar dos mercados como se fossem pessoas, expressando a sua "preocupação" com o que vai acontecer se as eleições não produzirem um governo com um mandato que dê seguimento ao programa de austeridade fiscal e reformas estruturais da UE-FMI. Os cidadãos da Grécia não têm tempo para se preocupar com essas perspetivas: o quotidiano ocupa-os o suficiente, pois estão a empobrecer a um grau que não se via na Europa há décadas.
Tais previsões são expectáveis, causando o pânico e assim convidando às eventualidades contra as quais advertem. Se o Syriza ganhar, o poder estabelecido na Europa espera que as pessoas aprendam da maneira mais dura o que acontece quando é feita uma tentativa de interromper o ciclo vicioso de cumplicidade mútua entre a tecnocracia de Bruxelas e o populismo anti-imigração. Por isso Alexis Tsipras, dirigente do Syriza, deixou claro numa entrevista recente que a sua primeira prioridade, se o Syriza vencer, será neutralizar o pânico: "As pessoas vão vencer o medo. Não vão sucumbir, não vão aceitar ser chantageadas".
O Syriza enfrenta uma tarefa quase impossível. Não é a voz da "loucura" da extrema-esquerda, mas da razão a falar contra a loucura da ideologia de mercado. Na sua disposição para enfrentar a mudança, baniu o medo da esquerda em tomar o poder, revelando coragem para limpar a porcaria feita por outros. Vai ter de exercer uma formidável combinação de princípios e pragmatismo, de compromisso democrático e de prontidão para ação rápida e decisiva, quando necessário. Para ter realmente uma possibilidade mínima de sucesso, vai precisar de uma manifestação de solidariedade de toda a Europa: não só um tratamento digno por parte de todos os outros países europeus, mas também ideias mais criativas, como a promoção do turismo de solidariedade, neste verão.
A tecnocracia despolitizada
Nas suas Notas para uma Definição de Cultura [Editora Perspetiva, disponível na Internet], T.S. Eliot comentou que há momentos em que a única escolha é entre heresia e não-crença – ou seja, em que a única maneira de manter uma religião viva é realizar uma divisão sectária. Esta é a situação da Europa de hoje. Apenas uma nova “heresia” – representada neste momento pelo Syriza – pode salvar o que vale a pena do legado europeu: a democracia, a confiança nas pessoas, a solidariedade igualitária, etc. A Europa que teremos se o Syriza for manietado é uma Europa “com valores asiáticos” – o que, evidentemente, nada tem a ver com a Ásia, mas tudo com a tendência do capitalismo contemporâneo para suspender a democracia.
Eis o paradoxo que sustenta o "voto livre" nas sociedades democráticas: cada um é livre de escolher, desde que siga a escolha certa. Quando é feita a escolha errada (como quando a Irlanda rejeitou a Constituição da UE), é tratada como um engano e o poder estabelecido exige imediatamente que o processo "democrático" seja repetido, a fim de que o engano possa ser corrigido. Quando George Papandreu, então primeiro-ministro grego, propôs um referendo sobre o acordo de recuperação da zona euro, no final do ano passado, o próprio referendo foi rejeitado como uma falsa escolha.
Há duas histórias principais sobre a crise grega na Comunicação Social: a história germano-europeia (os gregos são irresponsáveis, preguiçosos, perdulários, esquivos aos impostos, etc., e têm que ser mantidos sob controlo e aprender disciplina financeira); e a história dos gregos (a nossa soberania nacional está ameaçada pela tecnocracia neoliberal imposta por Bruxelas). Quando se tornou impossível ignorar o sofrimento do povo grego, surgiu uma terceira história: os gregos são agora apresentados como vítimas humanitárias que precisam de ajuda, como se uma guerra ou catástrofe natural tivesse atingido o país. Embora as três histórias sejam falsas, a terceira é, sem dúvida, a mais repugnante. Os gregos não são vítimas passivas: estão em guerra contra o poder económico europeu instituído, e precisam é de solidariedade na sua luta, porque é também a nossa luta.
A Grécia não é uma exceção. É um dos principais laboratórios de teste de um modelo socioeconómico de aplicação potencialmente ilimitada: a tecnocracia despolitizada, em que os banqueiros e outros especialistas têm autorização para demolir a democracia. Ao salvar a Grécia dos seus chamados salvadores, estaremos também a salvar a própria Europa.

Ecos da blogosfera - 1 jun.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Andam a dar-nos música com cassetes piratas!

O professor de Economia e investigador do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, José Maria Castro Caldas, disse que o dinheiro emprestado pela troika a Portugal “não foi para pagar salários e pensões”, mas para pagar a credores.
“É falso que sem aquela ajuda não havia dinheiro para pagar pensões e salários aos funcionários públicos até final do ano” de 2011, sublinhou. Portugal não tinha dinheiro para “amortizar a dívida pública que vencia nessa altura e a ajuda da troika veio para pagar aos credores, exceto 13 mil milhões de euros” destinados a “recapitalizar a banca” portuguesa, sustentou o economista, num debate promovido pela Auditoria Cidadã à Dívida Pública Portuguesa.
“Existem ideias feitas sobre a dívida” de Portugal que “não correspondem à realidade”, frisou Castro Caldas, considerando que “a maioria das pessoas acredita que os 78 mil milhões de euros da troika eram para pensões e salários”.
Discordando de alguns participantes no debate, que defenderam que a dívida pública portuguesa não deve ser paga, Castro Caldas disse que “há uma parte da dívida” que deve ser paga, designadamente, ao Fundo de Segurança Social, aos pequenos aforradores que investiram em Certificados de Aforro e à banca portuguesa. Uma parte da dívida não deve ser paga, como a que resulta de “contratos ilegítimos” e “a outra parte deve ser renegociada”, advogou.
Olinda Lousã, sindicalista e membro da IAC, considera, igualmente, que Portugal deve apenas “renegociar a parte legítima da dívida”, mas antes, advertiu, é necessário saber qual é essa parte e apurar a dívida ilegítima. “O futuro não se resolve com esta austeridade cega”, salientou.
O músico Manuel Rocha também entende que a dívida pública deve ser renegociada e de forma a permitir que o país “possa ter desenvolvimento económico”, investindo nas pequenas e médias empresas e na exportação e “tributando os bolsos onde há dinheiro”.
Pronto! Admitamos que a legitimidade dos sindicalistas (que defendem os direitos dos trabalhadores) está na mó de baixo, fruto de golpes contínuos e orquestrados pelos representantes dos empresários (que acham que, eles sim, tem legitimidade de representação e de defesa dos seus interesses), acobertados pelo governo e pelos partidos da coligação e vamos deixar de lado a opinião da sindicalista, sem lhe retirar a capacidade de pensar e tirar conclusões da leitura que faz da realidade…
Pronto! Admitamos que um músico, por muito criativo e performativo que seja não percebe nada de economia, mas também não lhe vamos retirar a capacidade de pensar e tirar conclusões da leitura que faz da realidade…
Pronto! Dos 3 argumentadores, 2 podem ser excluídos da defesa da tese, mas ainda sobra um, que por ser especialista na matéria, sem ter que defender o mundo do trabalho, nem pretender dar-nos música, deve ser levado mais a sério, por não lhe podermos retirar as competências para tirar conclusões da leitura que faz da realidade, à luz da história da economia, das teorias económicas e das práticas com resultados conhecidos e avaliados.
É oportuno perguntar por que os economistas da Universidade de Coimbra, que contradiz as teorias económicas dos situacionistas, de antes e de agora, não são convidados tantas vezes quanto os outros comentadores para as TVs, que só reproduzem cassetes piratas?
Eu próprio, impreparado, já disse várias vezes que o corolário “não havia dinheiro para pagar pensões e salários aos funcionários públicos” era o papão para nos aplicarem a “teoria do choque “ e sustentarem a ideia da INEVITABILIDADE. E mais convencido fiquei de que assim era, quando vi o que se passou na última ajuda à Grécia, em que dos 130.000 milhões de euros disponibilizados, 52.000 milhões foram para os Credores estrangeiros, 29.900 milhões para a Banca grega, 23.400 milhões para o BCE e APENAS 24.700 milhões para o Governo da Grécia, não restam dúvidas de que a pistola apontada ao caloteiro era de plástico. E ficamos mais convencidos com esta tese, quando ouvimos o líder grego (de esquerda e não situacionista), Tsipras, dizer que se a Grécia perder financiamento europeu deixará de cumprir as obrigações com os seus credores, mas ficará com dinheiro para pagar aos trabalhadores e reformados.
Quando agora, alguém com trunfos na manga, vem dizer claramente que o “não havia dinheiro para pagar pensões e salários aos funcionários públicos” é mentira, mais me convenço de que não passa de uma falácia manipuladora para nos meterem a mão aos bolsos…
Quando há pouco no Parlamento se debatia a urgência da renegociação da dívida pública portuguesa e foi afirmado por deputados da oposição, que no fim de um ano de “ajuda” da troika o montante da dívida seria maior do que há um ano atrás (quando era INEVITÁVEL pedir dinheiro para pagar aos Funcionários Públicos e Reformados) e tendo havido confisco e abaixamento de salários aos funcionários Públicos e Reformados, somos obrigados a perguntar-mos para onde ou para quem foi então o dinheiro?
Não há dúvidas de que nos andam a dar música e porque o CD está deteriorado, adormecemos com a cadência do ruído infernal…

A ser tudo verdade, há muita mentira e muita omissão!

1. Passo Coelho tem algumas qualidades como político: a sua serenidade, o seu timbre e uma respeitabilidade que era tida por intocável. Até ontem: Passos Coelho prescindiu da sua credibilidade e dos seus princípios (que alegava ter) para apoiar o seu amigo Miguel Relvas e os seus "compatriotas" da Ongoing (liderados por essa personagem execrável chamada Jorge Silva Carvalho). Se novos dados vierem à baila - e há uma probabilidade que venham - sobre o envolvimento de Miguel Relvas nesta novela das secretas, então, o primeiro responsável será o Primeiro-Ministro, Passos Coelho. E terão de se produzir consequências políticas desta opção de Passos Coelho: eu - nem nenhum português ciente e zeloso dos seus direitos, liberdades e garantias - admito ser governado por alguém que protege gente cujo passado é uma nebulosa e que, nos tempos livres, ameaça jornalistas (como Miguel Relvas) e fica indiferente (até aplaude se for preciso!) perante pessoas que brincam com a vida de portugueses respeitáveis e sérios; que utilizam os serviços do Estado português para subir na vida chantageando e ameaçando pessoas com os dados que guardam no Blackberry (como é o caso do "sacana com lei" - como apelidou um leitor em mail que recebi - Jorge Silva Carvalho). Passos Coelho sabe tão bem como nós que este episódio das secretas é uma telenovela que mancha a democracia portuguesa - e sabe que Miguel Relvas aproveitou-se de esquemas muito parecidos para alimentar e reforçar a sua ligação com a comunicação social. Já assisti a vários casos em que Miguel Relvas aborda os jornalistas que estão a fazer a reportagem sobre iniciativas do Governo e do PSD para lhes questionar sobre a sua vida ou como está o seu ambiente na redacção! Passos Coelho sabe de tudo isto - e mesmo assim garantiu apoiar e manter a sua confiança em Miguel Relvas. E porquê? Fácil. Vejamos.
2. Quem é que convidou Passos Coelho a candidatar-se à liderança do PSD? Miguel Relvas com o apoio financeiro de Ângelo Correia e Mira Amaral. Quem é que destruiu a liderança de Manuela Ferreira Leite? Miguel Relvas. Quem é que virou a máquina do partido a favor de Passos Coelho? Miguel Relvas. Quem é que, a poucos dias da eleição interna no PSD, telefonou a gritar com dirigentes distritais do PSD que ameaçavam não apoiar Passos Coelho ou que foram dissidentes (conheço um caso flagrante)? Miguel Relvas. Quem é que tem segurado a comunicação social, evitando notícias muito negativas para o Governo? Miguel Relvas. Quem é que arranjou os assessores (a grande maioria, pelo menos) que compõem o gabinete de Passos Coelho? Ora bem, Miguel Relvas! Conclusão: Passos Coelho não tem alternativa. Passos Coelho não tem coragem para demitir Miguel Relvas, nem tão pouco criticá-lo publicamente. Passos Coelho está dependente, num colete-de-forças: não se pode mexer sem a anuência, sem a concordância de Miguel Relvas. A vida política de Passos coelho depende de Miguel Relvas. Quando Miguel Relvas cair, cai Passos Coelho. Assim: rápido e cirúrgico. Sem dores prolongadas. Automaticamente. Passos Coelho vive enquanto Miguel Relvas viver. Todos os escândalos de Miguel Relvas são escândalos de Passos Coelho.
3. Não é, pois, surpresa que Miguel Relvas tenha concertado com Passos Coelho previamente o discurso que iria apresentar ao Parlamento ontem. Palavra por palavra. Passos Coelho ainda não está morto politicamente: mas este episódio, made by Miguel Relvas, começa já a moer. Infelizmente para Portugal. Nós precisávamos de ter alguém a governar o nosso país que estivesse acima de qualquer suspeita. Que fosse patriota e apresentasse sentido de Estado. Mas não: somos governados - talvez! - pela pior geração de políticos de sempre. Comparado com o maquiavelismo discreto de Miguel Relvas, as manobras de José Sócrates eram para meninos de coiro. Precisamos de um Primeiro-Ministro forte. Se Passos Coelho for corajoso, só tem um caminho possível: demitir - imediatamente! - Miguel Relvas. E se este tiver a mínima decência - já não digo como membro do governo - como cidadão, deve abandonar pelo seu próprio pé o Governo. A bem de Portugal. A dupla Passos/Relvas envergonha o PSD.
João Lemos Esteves

Contramaré… 1 jun.

A presidente do Conselho de Finanças Públicas, Teodora Cardoso, considera um erro que a ‘troika’ preconize o corte de salários, defendendo que a competitividade não se obtém com baixos salários, mas com a estrutura da produção portuguesa e a qualificação dos trabalhadores. Portugal não pode continuar a competir com países mais pobres, porque isso significa que Portugal está a “candidatar-se a passar para o terceiro mundo, senão para o quarto”.

O Zémanel e sus muchachos não acertam c’o caminho!

Apesar dos indícios claros de que as suas políticas de austeridade estão a conduzir os desesperados Estados-membros para uma situação económica ainda mais aflitiva, a Comissão Europeia apresentou, no seu Relatório de Contas anual a 30 de maio, a defesa de uma estratégia que leva à bancarrota, afirma o editor de Economia do Guardian.
Com os títulos da dívida pública espanhola quase a atingir os 7%, a economia grega à beira da rutura e o futuro da moeda única cada vez mais periclitante, a ocasião não podia ter sido melhor para Bruxelas publicar o seu Boletim sobre os 27 Estados-membros da União Europeia. Era o momento ideal para a Comissão Europeia estudar a situação, avaliar eventuais políticas e anunciar um plano para solucionar a crise generalizada.
Os documentos refletem um cenário negro. Reconhece-se que a União Monetária atravessa o período mais conturbado de sempre. Admite-se – se assim podemos dizer – que as políticas atuais não estão a resultar. E há sugestões, ditadas pelo desespero, sobre possíveis reações da Europa: eurobonds, uma união bancária e a injeção direta nos bancos fragilizados de fundos retirados do fundo de financiamento permanente.
Seria o suficiente para estimular os mercados financeiros enquanto os operadores de mercado ficariam satisfeitos com o facto de Bruxelas estar talvez um pouco menos perdida do que aparentemente esteve nos últimos meses. Porém, como estratégia de resolução da crise, revelar-se-ia mais uma vez inútil. Pela simples razão de que todas as grandes ideias tidas anteriormente se depararam com o rotundo "Nein!" de Angela Merkel.
Mas a questão mais vasta é que, mesmo agora, a Comissão parece estar num estado de abjeta negação da situação de falência de uma estratégia demasiado confiante sobre austeridade fiscal. O que está a acontecer no ponto fraco da zona euro é os países estarem a ver as finanças públicas a deteriorarem-se à medida que as economias se vão debilitando com a recessão. Para alguns, como é o caso dos gregos, o problema sempre foi o excesso de dívida pública. Para outros, como é o caso de Espanha e da Irlanda, o problema começou com uma orgia de investimentos descontrolados no setor privado que levou a que o Estado tivesse de pagar quando as bolhas rebentaram.
Europa precisa de três planos
O enfraquecimento das finanças públicas foi o resultado previsível de um crescimento fraco e de bancos pouco sólidos. Foi prestada ajuda financeira aos países em maiores dificuldades, mas só na condição de cumprirem objetivos rígidos para a redução dos seus défices. Cortes na despesa e aumento de impostos conduziram a um crescimento ainda menor, a bancos ainda mais fragilizados e os anunciados objetivos de redução do défice não foram cumpridos, espetacularmente em alguns casos.
Vejamos a descrição do que aconteceu na Grécia, onde a recuperação previamente anunciada para 2013 foi agora – surpresa, surpresa – novamente adiada. "Diversos fatores dificultaram a sua concretização: instabilidade política, descontentamento social, problemas de capacidade administrativa e uma recessão muito mais grave do que se previra."
Isto resume quase tudo, mas nada garante que – mesmo agora – Bruxelas reconheça o que se passa. Fala em conseguir o devido equilíbrio entre necessidade de consolidação, reforma e crescimento, mas não reconhece que a atual combinação está completamente desajustada. A Europa precisa de 3 coisas: um plano de crescimento, um plano de recapitalização dos bancos e um plano para distribuir o fardo de uma forma mais equitativa entre o Norte, rico, e o Sul, pobre. Atualmente nada disto existe. E é por isso que a Europa luta agora pela sua sobrevivência.
UNIÃO EUROPEIA - "A Europa à beira do enfarte"
A leitura do relatório da Comissão Europeia, divulgado em 30 de maio, inspira uma conclusão grave expressa no site francês Mediapart:
A Comissão Europeia parece não se aperceber da derrocada. [...] Em suma, apesar de todos os alarmes, todos os avisos vindos de toda parte [...], a Comissão não se desvia do seu caminho: em estratégia perdedora não se mexe.
Depois de desfiar a ladainha dos problemas gregos e espanhóis, o site espanta-se com:
Em momento algum, [os especialistas] parecem colocar-se a questão, não da iniquidade da medida – demasiado afastada das suas preocupações –, mas pelo menos da sua oportunidade, num momento em que a economia está numa profunda depressão, com milhões de pessoas desempregadas.
O site recorda o guião enviado à França, composto de reformas estruturais e de advertências para os défices públicos, ilustrando o facto de, para a Comissão, "o debate sobre crescimento ficar resolvido antes mesmo de ser encetado". E conclui:
Depois de esperar por sinais políticos que não vieram, é a Finança que vai decidir o destino da Europa, no meio da maior desordem e da maior violência.

Ecos da blogosfera - 31 maio

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sadismo, indiferença, ou masoquismo?

“A crise mina a confiança dos europeus na UE”, titula El País, um dia depois da publicação do relatório do Pew Research Center no final de uma sondagem realizada em março e abril em 8 países europeus (Reino Unido, França, Itália, Alemanha, Espanha, Grécia, Polónia e República Checa). Entre as conclusões: apenas 1 em cada 3 europeus pensa que a integração económica foi positiva para a economia do seu país enquanto 37% acham que o euro não tem qualquer incidência positiva. A sondagem revela ainda que
A Alemanha e a Grécia são os dois polos da UE atual. Quanto à Alemanha e aos alemães, incluindo a chanceler [Angela Merkel], há uma larga opinião favorável (o país mais admirado, a líder mais respeitada, os mais trabalhadores, os maiores partidários da integração económica e da UE, os menos corruptos), perante uma Grécia sobre a qual ninguém tem boa opinião, a não ser os próprios gregos.
O jornal madrileno sublinha ainda que:
A Espanha, tradicionalmente adepta da ideia pró-europeia é, com a eurocética República Checa, o país mais desiludido da União Europeia. Hoje, pouco mais de metade dos espanhóis acredita que a UE foi positiva para o país. A nível europeu, o euro continua a ser apreciado pelos europeus que o veem com um mal menor: preferem mantê-lo em vez de o perderem.
É difícil entender este paradoxo de uns poucos gostarem do que e de quem só nos faz mal, outros que admitem “do mal, o menos” e um maior número de cidadãos que estão contra…
“Clubismos” à parte, é fácil entender que quem gosta do status quo são os que tiram benefícios, que quem “está por tudo” vai engolindo em seco a inevitabilidade martelada nos media e que quem está contra já sofre no corpo os malefícios resultantes dos “benefícios”…
Se tivermos presentes as “soluções” políticas propostas por alguns líderes europeus de hoje, depois das recentes alterações dos atores principais, ao lermos o resultado do inquérito acima, perguntamo-nos: de onde lhes vem a AUTORIDADE para atuarem em nome de quem não os elegeu, deteriorando o seu estatuto de vida, impunemente, quando a visão que tem deles é inversamente proporcional ao PODER que exercem?
O presidente da Comissão Europeia defendeu hoje que a ajuda que a Alemanha presta aos países do sul da Europa não é feita por caridade, mas sim porque é também do seu próprio interesse, já que os benefícios que retira do mercado único europeu são muitos.

Um “Doutor Honoris Causa” com honra por causas…

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as medidas expansionistas da União Europeia (UE) e avaliou que o bloco deveria "gastar menos com bancos e ajudar mais os pobres", como ele diz ter feito durante suas duas gestões, entre 2003 a 2011.
Lula discursou no Fórum Ministerial de Desenvolvimento, realizado em Brasília, e assegurou que a Europa vive uma crise "mais política" que económica ou financeira.
Na sua opinião, "falta decisão política" à maioria dos líderes europeus para encarar uma crise que pode ser solucionada com mais investimentos em desenvolvimento social e medidas para incentivar o consumo interno.
O ex-mandatário afirmou que o "erro" dos políticos europeus é "cuidar dos banqueiros em vez de cuidar do povo", e por isso recomendou "gastar menos com bancos e ajudar mais os pobres".
Segundo Lula, essa foi a receita aplicada com sucesso durante as suas duas gestões, nas quais promoveu um "novo paradigma" de desenvolvimento social.
"Provamos que é possível aumentar o salário mínimo sem provocar inflação, que é possível fazer transferência de rendimento sem inflação e que é possível a combinação perfeita entre o crescimento das exportações e o crescimento do mercado interno", avaliou.
Lula insistiu que "o cuidado com que tratou os pobres impulsionou a economia brasileira" e permitiu que cerca de 40.000.000 de pessoas saíssem da pobreza para entrar na classe média.
O ex-presidente também disse que, na altura, "os críticos dos programas sociais não perceberam que o país inaugurava um novo modelo de desenvolvimento", que agora é aprofundado, na sua opinião, pela sua sucessora, Dilma Rousseff.
O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva disse que os países europeus estão “a tentar transformar uma crise política em crise económica”. Segundo ele, falta decisão política para resolver a crise, que poderia ser solucionada se os países ricos investissem no desenvolvimento social e no consumo das suas sociedades.
“É a primeira vez que temos uma crise em que fazemos os pobres serem menos pobres. [Os países da Europa devem] gastar menos dinheiro para livrar a cara dos banqueiros e ajudar os pobres. Em vez de cuidar do banco, a gente tem de cuidar do povo”, disse Lula.
Se por um lado é mais fácil ver o jogo quem está fora dele, a prática política acumulada e com sucesso, deu a Lula o reconhecimento de “Doutor Honoris Causa” em várias Universidades, inclusive portuguesas, o que lhe dá o direito de falar de cátedra.
Por outro lado, as análises feitas pelo ex-presidente, por serem tão simples e lógicas, deixam-nos perplexos com a complicação que os líderes europeus, que nos levam a aceitar a tese exposta de que por estes lados estão mesmo a tentar transformar uma crise política numa crise económica, ou aproveitar-se desta “crise económica”, montada para alterar o conceito de democracia, branqueando o processo demagogicamente.
Qualquer analfabeto percebe que a “crise” que impõe austeridade e amplia a pobreza só pode ser solucionada se os países investirem no desenvolvimento social e no consumo interno das suas sociedades, sem que o setor da exportação pudesse crescer, já que são dois vetores paralelos e independentes.
Enquanto um reduziria as privações dos seus cidadãos, o outro aumentaria a receita do Estado. Pelos vistos foi isto que Lula fez e resultou… Só que ele não estava interessado em retirar Direitos aos Trabalhadores, destruir o aparelho produtivo, reduzir os Direitos Sociais, só porque não é crente nas doutrinas neoliberais…
Mas, contra factos não há teorias, a não ser as de conspiração!

Contramaré… 31 maio

A necessidade de introduzir portagens nas antigas SCUT (vias sem custos para o utilizador) colocou o Estado numa posição negocial "mais fragilizada" que foi aproveitada pelas concessionárias e pelas entidades bancárias, tendo agravado a despesa pública em 705 milhões de euros, concluiu o Tribunal de Contas numa auditoria tornada pública.

E a Banca segue impávida (mente) a exterminar-nos…

As garantias do chefe do Governo não têm grande peso: vítima de uma grave crise bancária, em breve, Madrid será obrigado a pedir ajuda à UE. Tal como a Irlanda, terá direito a uma transfusão – e a ficar sob tutela.
Os agoirentos esfregam as mãos, convencidos de que estão prestes a ganhar a aposta. A possibilidade que fazia tremer por igual as ruas de Madrid e os gabinetes de Berlim – que um grande país da UE pedisse ajuda ao fundo de resgate – parece cada vez mais próxima.
O primeiro-ministro, Mariano Rajoy, negou, esta segunda-feira, pela enésima vez, que os bancos espanhóis venham a precisar de um resgate externo, mas o buraco do Bankia está a empurrar o país um bocadinho para mais perto do abismo.
Já antes de se saber que o Estado iria ter de injetar 19 mil milhões de euros adicionais no Bankia, vários especialistas advertiam para a necessidade de, por muito doloroso que isso pudesse ser, o Governo pedir dinheiro ao exterior para recapitalizar as suas instituições financeiras. “Já o devia ter feito há muito tempo. Mas mais vale tarde do que nunca”, garante Daniel Gros, investigador do CEPS.
“Parece provável que Espanha entre este ano num qualquer programa tutelado pela troika, como condição para receber mais apoio do BCE à sua dívida soberana ou aos seus bancos”, dizia William Buiter, economista chefe do CITI, há cerca de dois meses.
Muitas incógnitas por resolver
Nesta equação ficam muitas incógnitas por resolver. Não apenas se Espanha dará, finalmente, esse passo. Também é preocupante o sistema que se empregaria, se os depositantes se deixariam arrastar pelo pânico ou se se poderia evitar o efeito de contágio, que atingiria diretamente a Itália e, mais tarde, a França e a Bélgica.
No verão passado, os líderes da UE tomaram duas decisões que aplanaram o caminho para que o fundo de resgate temporário – oficialmente, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) – evite a falência de boa parte do setor bancário espanhol. Primeiro, a dotação do fundo foi aumentada, passando de 440 mil milhões de euros para 780 mil milhões, apesar de a capacidade efetiva de empréstimo tenha ficado em 440 mil milhões. Um mês depois, o âmbito foi ampliado: o mecanismo de ajuda também passou a poder ser usado para recapitalizar instituições financeiras através de empréstimos aos Estados.
O problema é que o dinheiro iria primeiro para o Governo, que assumiria a dívida, e este destiná-lo-ia às instituições. Isso implica condições: uma intervenção com todas as consequências, com contrapartidas como as que foram impostas à Grécia, à Irlanda e a Portugal. Nessa altura, pouco importará se se trata de um resgate light – para salvar a banca e não o Estado –, porque a Europa poderá condicionar aspetos como a política fiscal, os serviços públicos, as privatizações ou a gestão das instituições resgatadas, com a exigência de duros planos de reestruturação.
Mas talvez o mais preocupante seja a possibilidade de Espanha ser incapaz de se financiar no mercado sabe-se lá durante quanto tempo. “Pode chamar-se-lhe de muitas maneiras, mas é uma verdadeira intervenção”, conclui uma alta fonte comunitária.
O papá Estado apoia os seus bancos
Abre-se assim a porta a um cenário que, em parte, lembra a Irlanda: o papá Estado apoia os seus bancos, mas o buraco que é preciso preencher é demasiado grande e o país vê-se a braços com uma intervenção externa. “Se o dinheiro pudesse ir diretamente para os bancos [opção que esbarra com a oposição da Alemanha], seriam eles os responsáveis por o devolver”, explica o professor universitário Santiago Carbó. “A Europa devia controlar e supervisionar as instituições resgatadas, o que podia supor o princípio da união bancária. Mas não nos iludamos, isto só acontecerá quando o MEDE for ratificado”, acrescenta Guntram Wolff, do think-tank belga Bruegel.
O MEDE de que fala Wolff é o Mecanismo Europeu de Estabilidade que, a partir do próximo dia 1 de julho, se deve converter em fundo de resgate permanente, substituindo, assim, o FEEF. Não só será mais potente (com meio bilião de euros de dinheiro fresco). Será também mais flexível. Mas, para que entre em vigor, ainda precisa de ser ratificado por grande parte dos Estados-membros. Um atraso neste calendário, com Espanha a arder, seria um sinal catastrófico.
O que acontecerá se, finalmente, o Governo espanhol se vir obrigado a recorrer ao fundo de resgate? Responde o professor de Harvard Kenneth Rogoff: “Se a zona euro e o BCE não derem passos inequívocos e muito rápidos, haverá pânicos bancários em toda a periferia e uma fuga de capitais fulminante. Para o evitar há que prover de liquidez a banca. A zona euro deverá subir vários degraus em direção à união financeira, com as eurobonds. Voltaremos a ver medidas excecionais, até há pouco tempo impensáveis, como aconteceu sempre que a Europa esteve à beira do desastre”.

Ecos da blogosfera - 30 maio

quarta-feira, 30 de maio de 2012

“Take away” este projeto, mas peça apoio ao Governo!

O "bichinho" da solidariedade sempre esteve presente na vida de Joana Castella e Cristina Botton. E, em 2012, as duas amigas juntaram esforços no combate à pobreza envergonhada. Uma boa rede de contactos e um plano bem montado, com o apoio de empresas, da junta de freguesia da Pampilheira e da Câmara de Cascais foram a base do arranque do projecto "Cozinha com Alma", um "take away" solidário. Começaram em Fevereiro, num espaço provisório, e já distribuem 100 refeições diárias, das quais 20 são da bolsa social.
"Pusemos 20 pessoas a pensar neste conceito, fomos desde logo muito bem orientadas e falámos com empresas que nos ajudaram", conta Joana Castella. A co-fundadora da "Cozinha com Alma" confessa que nem tudo foi fácil. Mas "fomos à Fundação EDP e eles financiaram logo 50% do projecto, disseram que era um projecto sem espinhas, o que nos deu uma grande motivação". No entanto, dos 80.000 euros necessários para arrancar, apenas conseguiram 60.000, por isso a única alternativa "foi cortar, cortar", admitiu Cristina Botton.
Qualquer pessoa pode ter um cartão "Cozinha com Alma". O público em geral pode carregar com 50, 100 e 150 euros o cartão e com ele adquirir desde a sopa à sobremesa, pronto-a-comer ou congelado desde 3 euros até 20 euros. As receitas geradas ajudam a contribuir para a bolsa social, que permite vender refeições solidárias. Já os membros da "bolsa social pagam sempre um valor simbólico pela refeição, por uma questão de dignidade, carregam no início do mês consoante as possibilidades", explicou Joana Castella. Neste caso, as refeições por pessoa podem custar desde 0,5 até 1,5 euros, consoante o escalão. "Esta bolsa social tem a duração de 6 meses, é como se fosse um balão de oxigénio, depois é reavaliada a situação e em casos excepcionais prolongamos até um ano e depois passa para outra família", explicou Joana.
No 4º mês de actividade esperam "atingir o ‘break even’". "Para isso precisamos chegar às 180 refeições e disponibilizar 100 refeições para a bolsa social", detalhou Cristina.
Com 28 voluntários durante a semana na cozinha e 22 na loja, a "Cozinha com Alma" está aberta de segunda a sábado. Em breve na loja definitiva, Cristina e Joana esperam no final do ano começar a definir o que poderá ser o "franchising" deste projecto social.
Ainda bem que o empreendedorismo e a “inovação” podem estar ao serviço da comunidade, para fazer aquilo que o Estado tem a obrigação de fazer e não faz, ou melhor, é o próprio Estado que gera os problemas a que é preciso dar respostas imediatas e limitadas no tempo, para que a pobreza e o assistencialismo não se institucionalizem…
Ainda bem que há pessoas, que por vontade própria, dedicam o seu tempo e as suas vidas ao serviço de outras pessoas, com o mesmo direito a uma vida minimamente digna, a começar pela subsistência, mas que tem que ir para além dessa necessidade animal…
Ainda bem que o sucesso deste projeto foi a resultante da vontade, de parcerias e de missões que se cruzaram…
Mas se tudo resultou, de tal modo que se pretende “vender esta ideia” através do "franchising", não se percebe por que não é o próprio Estado a semear o processo, com outros parceiros que não sejam as Misericórdias, já que a “coisa” parece funcionar, em vez de deixar o apoio à sua implementação a certas Fundações, que nem sempre são o melhor exemplo de consciência social.
Não é a Alma que impulsiona apenas uma Cozinha solidária, é também a Alma que impulsiona (ou devia impulsionar) toda a prática política, sobretudo quando é necessário empreendedorismo e inovação, sobretudo pela parte dos governos, para taparem os buracos que eles próprios cavaram e continuarão a cavar, com “empreendedorismo” e “inovação”…
Sr. ministro da Segurança Social, aqui tem uma receita (temporária) para a “sopa dos pobres”, que é seguramente social.
COMPRE JÁ!
E por que não nomear estas pessoas para coordenarem o projeto a nível nacional?

Na Ibéria há mesmo duas culturas e uma só atitude…

O governador do Banco de Espanha, Miguel Ángel Fernández Ordóñez, vai abandonar o seu cargo no próximo dia 10 de Junho, antecipando assim num mês o fim do seu mandato, disseram fontes do Governo espanhol, que não especificaram os motivos da antecipação do fim do mandato.
O governador do Banco de Espanha comunicou a sua decisão ao presidente do Governo, Mariano Rajoy, numa reunião no palácio do Governo em Madrid. O Banco de Espanha confirma a demissão mas não adianta os motivos da mesma.
A decisão ocorre numa altura de fortes críticas ao banco central espanhol por causa da supervisão ao sector bancário espanhol, e em particular do resgate ao Bankia, que custará aos cofres do Estado mais de 23,4 mil milhões de euros.
O PP tem vindo a bloquear, tanto a nível regional como nacional, várias moções dos partidos da oposição que querem que a gestão do Bankia e das caixas de aforro seja investigada.
Afinal, a supervisão não funciona em país nenhum (como aconteceu no nosso com o BPP e BPN) onde estas trafulhices acontecem, deixando-nos a pensar em duas razões: ou os Governadores dos Bancos Centrais não cumprem a sua missão, ou a Banca tem truques muito sofisticados para ludibriar os supervisores, que se traduz na 1ª hipótese em incompetência/ineficiência dos primeiros e na 2ª hipótese em branqueamento/conluio entre os mesmos e os Banqueiros.
Diferente mesmo, é o comportamento do Governador espanhol e o anterior Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, já que o primeiro assumiu alguma culpa, demitindo-se, enquanto o segundo foi promovido a Vice presidente do BCE…
Ou não há mais lugares no BCE, ou a Ética ainda tem seguidores, mas só do outro lado da Ibéria…
Os governantes é que são clonados, porque cá como lá, NADA DE INVESTIGAÇÕES…
Pois claro(?)!

Contramaré… 30 maio

Uma juíza do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto considera que as notas de liquidação de IMI que os proprietários recebem todos os anos em casa, a reclamar o pagamento do imposto, são ilegais. Em causa está o facto de essas notas de cobrança não serem acompanhadas de informação detalhada sobre o modo como se chega ao valor de imposto a pagar.

Quando o dinheiro tem utilidade e há vontades…

Se tivesse 75 mil milhões de dólares para gastar durante os próximos 4 anos e o seu objectivo fosse melhorar o bem-estar da humanidade, em especial no mundo em desenvolvimento, como gastaria o seu dinheiro?
Bjorn Lomborg 
Esta foi a questão que eu fiz a um painel de 5 destacados economistas, incluindo 4 prémios Nobel, no projeto Consenso de Copenhaga 2012. Os membros deste painel foram escolhidos pelos seus conhecimentos especializados na definição de prioridades e pelas suas capacidades de usar os princípios económicos para comparar escolhas políticas.
Durante o último ano, mais de 50 economistas realizaram pesquisas em cerca de 40 propostas de investimento em áreas tão variadas como conflitos armados e desastres naturais, até à fome, educação e aquecimento global. As equipas que prepararam cada relatório identificaram os custos e os benefícios das formas mais inteligentes de gastar o dinheiro em cada uma das áreas. No início de Maio, muitos deles viajaram até à Dinamarca para convencer o painel de especialistas do potencial das suas propostas de investimento.
Os resultados das investigações do painel mostram que, se forem gastos de forma inteligente, os 75 mil milhões de dólares – apenas 15% dos gastos actuais em ajuda – podem ajudar a resolver muitos dos problemas mundiais.
O investimento individual mais importante, de acordo com o painel, fortaleceria a luta contra a má-nutrição. Uma nova investigação para este projeto realizada por John Hoddinott, do International Food Policy Research Institute, e Peter Orazem, da Universidade do Iowa, centrou-se num investimento anual de 3 mil milhões de dólares. Este dinheiro daria para comprar abastecimentos de micronutrientes, suplementos alimentares, tratamentos para diarreia e parasitas e programas de mudança de comportamento, que permitiriam reduzir a subnutrição crónica em 36% nos países em desenvolvimento.
No total, este investimento ajudaria mais de 100.000.000 de crianças a iniciar as suas vidas sem atrasos de crescimento ou má-nutrição. Além disso, as investigações mostram que estas intervenções são permanentes: os seus corpos e músculos cresceriam mais rápido, as capacidades cognitivas melhorariam e estariam mais atentos na escola (e ficariam durante mais tempo). Estudos mostram que em algumas décadas estas crianças seriam mais produtivas, ganhariam mais dinheiro, teriam menos filhos e começariam um círculo virtuoso de desenvolvimento espetacular. 
Oportunidades como esta surgem em destaque quando pedimos a algumas das mentes mais brilhantes do mundo para encontrarem projetos que gerem o máximo de benefícios. O abastecimento de micronutrientes é raramente celebrado, mas faz toda a diferença.
Da mesma forma, apenas 300 milhões de dólares evitariam a morte de 300.000 crianças, se este dinheiro fosse usado para reforçar o mecanismo de financiamento da malária - Global Fund’s Affordable Medicines Facility – que oferece terapias combinadas mais baratas para os países em desenvolvimento.
Em termos económicos, os benefícios são 35 vezes mais elevados do que os custos – sem ter em conta que evitaria uma futura resistência ao medicamento mais eficaz contra a malária. No final deste ano, os doadores vão decidir se renovam este programa. As conclusões do painel deveriam persuadi-los a renovar.
Pelo mesmo montante, é possível desparasitar 300.000.000 de crianças em idade escolar. Sem parasitas intestinais estas crianças ficam mais atentas, permanecem mais tempo na escola e tornam-se adultos mais produtivos – uma questão que necessita de mais atenção pública.
Outros 2 investimentos em saúde defendidos pelo painel de especialistas foi o tratamento para a tuberculose e a cobertura para a imunização infantil. Da mesma forma, um aumento de 100 milhões de dólares anuais no desenvolvimento de uma vacina contra o VIH/ SIDA poderia gerar imensos benefícios no futuro.
À medida que as pessoas nos países em desenvolvimento vivem mais, enfrentam, cada vez mais, doenças crónicas. De facto, prevê-se que metade de todas as mortes de 2012 nos países do Terceiro Mundo se deva a doenças crónicas. Neste caso, o painel concluiu que gastar apenas 122 milhões de dólares permitiria uma cobertura completa da vacina da hepatite B e evitaria 150.000 mortes anuais devido a esta doença. Oferecer medicamentos de baixo custo para ataques cardíacos agudos custaria apenas 200 milhões de dólares e evitaria 300.000 mortes.
Os resultados do painel de especialistas destacam ainda a necessidade urgente de investir cerca de 2 mil milhões de dólares por ano em pesquisa e desenvolvimento para aumentar a produção agrícola. Esta medida não só diminuiria a fome, ao aumentar a produção de alimentos e reduzir os preços, mas também protegeria a biodiversidade, já que uma maior produtividade das colheitas significa menos desflorestação. Isso, por sua vez, ajudaria a combater o aquecimento global porque as florestas armazenam carbono. 
Quando falamos de alterações climáticas os especialistas recomendam gastar um pequeno montante – cerca de 1.000 milhões de dólares – para investigar a viabilidade de arrefecer o planeta através de opções de eco engenharia. Poderíamos assim perceber melhor os riscos, custos e benefícios desta tecnologia. Além disso, a pesquisa poderia oferecer-nos um seguro eficaz e barato contra o aquecimento global. 
Outra prioridade de investimento é a criação de um sistema eficaz de alerta de desastres naturais nos países em desenvolvimento. Por menos de 1.000 milhões de dólares por ano, poderíamos diminuir os danos económicos diretos e de longo prazo, conseguindo, talvez, 35.000 milhões de dólares de benefícios.
O orçamento de 75.000 milhões de dólares, escolhido pelo projeto Consenso de Copenhaga é mais do que suficiente para fazer uma diferença real, mas devemos escolher os projetos que permitem alcançar os maiores benefícios. A lista do painel de especialistas mostra-nos que há muitas soluções inteligentes à espera de serem implementadas.