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sábado, 14 de janeiro de 2012

Anúncio (des)Classificado

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Nota - Os administradores já estão incluídos em qualquer dos pacotes…
Gabriel o Pensador - Até quando? 

Contramaré… 14 jan.

"Como director, considero que o meu direito ao bónus deveria reflectir a evolução do banco, e também as dificuldades financeiras que muita gente está a atravessar. Reconheço também que a minha ausência teve um impacto dentro e fora do banco, incluindo junto dos accionistas. Por isso, decidi pedir ao conselho de administração que não me entregue o bónus pelo trabalho de 2011", disse Horta Osório, para explicar a sua decisão.

O humor faz o sábio, ou só o sábio é que faz humor?

O senso de humor é uma das qualidades mais admiradas numa pessoa, desde que seja natural e sincero, autêntico, como uma marca registada talvez. Tudo se transfigura quando existe alguém bem-humorado no ambiente. O bom humor e uma brincadeira agradável são suficientes para quebrar o gelo de um ambiente frio e sem graça. A pessoa bem-humorada é uma força da natureza que entretém e irradia de alegria quem quer que seja, onde esteja.
Não se trata de estar a rir à toa fingindo simpatia ou fazendo a política de boa vizinhança, mas viver naturalmente essa experiência de humor, de modo que seja uma sinergia entre você e todos à sua volta. Quando isso acontece, a sua presença enche de luz todo o ambiente e contagia todos. E verdade seja dita: É insuportável tolerar um ambiente sem humor, sem graça, sem risos e boas gargalhadas, sem vida.
Dizendo isto, como não lembrar o pensamento de Charles Chaplin: “Um dia sem riso é um dia perdido”. Não foi essa incrível sensação de humor que contagiou o Apóstolo Paulo na Prisão?! O Apóstolo, no meio de um caldeirão de adversidade por que passava, fruto da terrível perseguição que o Império Romano impôs aos cristãos, agradece a Deus pela diversão e recreação que recebeu de Onesíforo na prisão: “O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me recreou e não se envergonhou das minhas cadeias” (2Tm 1.16).
Vejam a realidade: a indignação pelo clima de impunidade que se espalha na política (brasileira); a indisposição de grande parte dos políticos, senão todos, em fazer valer a justiça social e coletiva; os ambientes públicos carregados de injustiças, perseguições políticas e corrupção; relações pessoais que não se acertam; casamentos cheios de problemas que se arrastam sem diálogo; amizades frias com inúmeros interesses; empregos rígidos e burocráticos; lideranças cansadas; chefes chatos; problemas económicos; dívidas; problemas de saúde; a rotina; baixos salários; desemprego... 
O que seria de nós sem um pouco de humor? Vinícius de Morais, numa de suas canções, diz-nos afirmativamente: “Ponha um pouco de humor na sua vida!”. E continua: “É melhor ser alegre que ser triste. A alegria é a melhor coisa que existe”. O bom humor é uma das saídas sábias da vida, além de que acrescenta leveza em vez de rigidez; alegria em vez de seriedade demais; graça em vez de ignorância; paz em vez de truculência.
Nada melhor do que uma boa dosagem de humor no nosso dia a dia. Fico a pensar o que seria de nós sem uma pitada de bom humor no trabalho, em casa ou até mesmo entre os amigos. Estaríamos todos fadados à burocracia da vida. Sim, a vida também, assim como o trabalho, pode ser levada com muita burocracia, chegando a ser insuportável às vezes, mas com muito humor o que é pesado torna-se leve, o que dá enfado torna-se agradável. O humor traz de volta o encanto e a beleza que os infortúnios da vida fizeram questão de sucumbir. Por mais difíceis que sejam as circunstâncias do momento, não há nada que justifique a ausência de bom humor para contornar ou superar todas elas.
Um filósofo clássico que viveu por volta do Séc. IV a.C. expressou a sua indignação pelo riso. O senso de humor é a marca registada desse filósofo, pois admitia que o riso torna o homem sábio. Conta a tradição que ria de tudo e dava grandes gargalhadas, o que não diminuía em nada a importância das suas pesquisas filosóficas a ponto de desafiar o próprio Platão. Tenho a impressão de que Demócrito com o seu bom humor nos tenha levado à sabedoria, mas os seus estudos da sensação levou-nos a Aristóteles.
Prof. Jackislandy M. de M. Silva
Cartoon recebido por mail

Ecos da blogosfera - 13 jan.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

“Com nomeações e bolos se enganam os tolos!”

Pois não, mas é imoral (só?) designar militantes partidários, sem preparação técnica, para lugares eminentemente técnicos, por serem militantes partidários de renome e com serviços prestados aos respetivos partidos. E só por isso nasceram as polémicas…
Sobre a EDP, até leva à confissão de que o "Governo não interferiu nas escolhas dos accionistas da EDP".
Por sua vez, em contramão com posições diferentes de um passado recente e virando o tema da conversa, diz Luís Filipe Menezes: "Eu gostava de ganhar o ordenado de Catroga" e quem não gostava, se o problema fosse só esse. E quando ouvimos que Ricardo Salgado elogia escolha de Catroga, então é que ficamos com a pulga atrás da orelha, porque este senhor ainda não entrou com um tostão seu para a dívida do país, quando toda a banca é o Alfa e Omega deste purgatório, retirando-lhe credibilidade e acrescentando desconfiança…
Já sobre as nomeações para as Águas de Portugal, o Governo sai em defesa da nova gestão da Águas de Portugal, embora com uma argumentação falaciosa e hipócrita, quando tenta menorizar e esconder a estratégia, ao dizer que Passos Coelho sente-se “confortável” com nomeações na AdP.
No entanto, às primeiras perguntas sobre o assunto, a super responsável Assunção Cristas não comenta nomeações para a AdP, mas depois de o seu chefe e “empregador” (educado pelo Jesuítas) dizer qualquer coisa, Paulo Portas defende nomeação de Álvaro Castello-Branco para AdP, a super ministra encontra uma super justificação: Ministra diz nova equipa da AdP tem experiência autárquica.
Mas para se entender todo este imbróglio, pondo de lado os argumentos “sérios”, talvez os mais sérios sejam estes:
Tenho esta teoria: alguém confundiu as novas nomeações para o Conselho de Supervisão da EDP com a lista de convidados para a festa de anos de Pedro Passos Coelho. É verdade que o primeiro-ministro só faz anos em Julho, mas os chineses regem-se por outro calendário e têm dificuldades com o português.
Passos Coelho entregou a Cao Guangjing um convite para passar por Massamá daqui a cinco meses e ele achou que a lista de convidados era uma sugestão para enfiar os melhores amigos do primeiro-ministro na empresa que tinha acabado de comprar. Essa é a única explicação para que Eduardo Catroga, Braga de Macedo, Paulo Teixeira Pinto, Ilídio Pinho ou Celeste Cardona acabem com os seus belos rabiosques sentados em cadeiras que valem no mínimo 5.000 (45.000) euros por mês, em part-time.
Nenhuma outra teoria é possível. Ninguém me vai convencer de que o Estado privatizou a EDP, disse que não queria ter mais nada a ver com aquilo, louvou o funcionamento do mercado, homenageou o pensamento liberal, e depois sentou no Conselho de Supervisão, por onde passam todas as orientações estratégicas da empresa, precisamente aquelas pessoas que lhe andaram a dar uma ajudinha nos últimos meses, incluindo o seu velho patrão (Pinho) e a inefável Cardona, que o CDS deposita em todas as prateleiras douradas da pátria. E, sobretudo, ninguém me convence de que os chineses chegaram a Portugal ao volante de vários camiões TIR de notas de euro para deixarem a EDP cheiinha de amigalhaços do poder estatal. Ou… Espera! Não me digam… Será possível que… os chineses tenham percebido tão depressa exactamente como este país funciona?
João Miguel Tavares
Para não ficarem dúvidas sobre a argumentação profunda e variada, ainda se pode acrescentar a “tese” de João Semedo do BE: "Todos os administradores e economistas competentes do País são do PSD e do CDS"!
Mas o que está verdadeiramente em questão nesta novela, aparte os atores e a sua seleção, é a análise do guião (as PRIVATIZAÇÕES em geral e em particular a PRIVATIZAÇÃO das ÁGUAS DE PORTUGAL), a referenciação dos “bons” e dos “maus” e o FINAL (IN)FELIZ…
E toda a gente entrou na tática traçada, neste caso e no da promiscuidade entre o PODER, o ESTADO e as EMPRESAS, discutindo-se a MAÇONARIA, em vez de se julgar todos os trafulhas que circulam impavidamente na nossa sociedade, em proveito próprio e com (ir)responsabilidades individuais, de ordem criminal e do foro da Justiça.
Andamos todos distraídos?

Contramaré… 13 jan.

As refeições de milhares de alunos estão em risco de ser suspensas porque as autarquias estão sem dinheiro para pagar aos fornecedores, que, nalguns casos, não recebem há um ano, alertou a ANMP. O seu vice-presidente, António José Ganhão, acusa o Ministério da Educação e Ciência pela situação "irresponsável" em que estão os municípios, que poderão de um dia para o outro ver o serviço de refeições "suspenso".

Políticos “lusitanos” são uma fraude e já fedem!

"Nós precisamos de "despartidarizar" a nossa a administração" - gritava então o Dom Sebastião de Massamá, corria o bonito dia 12 de Maio de 2011. Com os ventos de mudança a soprarem a favor, tudo o que saía daquela boca parecia ser sincero, habituados a ser aldrabados todo o santo dia - de há seis anos aquela parte - era sopinha no mel.
Outra pérola do senhor Primeiro Ministro, na altura ainda candidato ao cargo e em data que não me recordo, rezava assim: "eu não quero ser primeiro ministro para dar empregos ao PSD" e  "não vamos andar a nomear os boys do PSD". Pois não, o senhor só quis ser primeiro ministro para poder morar finalmente na capital, farto que estava de viver nos arredores e ter de andar a apanhar secas no IC19. Deixe-se de tretas Dr. Pedro Coelho, porque a começar nas nomeações para a administração da CGD, unidades de saúde e afins, passando pelo trono de luzinhas chinesas onde o "velhote" Catroga, que será certamente para sempre recordado como um dos coveiros dos tempos modernos, se sentará contemplando um ordenado obsceno, a acabar nas recentes nomeações para a empresa Águas de Portugal, o senhor mais não fez do que desfazer tudo que prometeu e dar emprego a quem o andou a "empurrar" para o cargo que hoje ocupa.
E neste momento mais não faz do que demonstrar que faltou à verdade, que mentiu. Lamento, mas é o que penso de si neste momento. E não sou o único. O senhor é um bluff, uma desilusão, muita parra e pouca uva.
E sobre estas ultimas nomeações, as contratações de inverno das Águas de Portugal, só tenho a dizer-lhe o seguinte: nojo. Asco. Completo e rotundo vómito. Se José Sócrates metia água todas as semanas o senhor é uma barragem que ultrapassou o limite máximo do cinismo e hipocrisia e se encontra prestes a explodir com tudo o que de mau isso pode trazer. Nomear dois "artistas" sem qualquer espécie de critério (um do PSD e outro do CDS-PP - ora aqui está o critério) sendo que o primeiro, Manuel Frexes, é o presidente da Câmara do Fundão que tem, imagine-se, um processo de muitos milhões contra uma empresa que indiretamente este vai controlar, através da Empresa Águas de Portugal é não só indecoroso como patético. Frexes ia acabar o mandato e depois provavelmente ia tocar bombo para o Rancho Folclórico de Silvares (eu arranjava-lhe este tacho se ele quisesse). Assim está melhor - está garantido.
Esta mama que não tem fim à vista. A partidarização de tudo o que é empresa e entidade publica. Uma eterna dança de cadeiras a que assistimos a cada mudança de cor política no governo é a prova de que Portugal é um país de tachos, de políticos sem vergonha ou carácter, sem objectivos que ultrapassem o do agradar aos padrinhos e agradecer a correligionários, aos cúmplices e amigos de lutas partidárias, e que nada têm a ver com o espírito de entrega e serviço público que deveriam demonstrar.
A política portuguesa é uma fraude e fede. Estes políticos não querem ser metidos todos no mesmo saco, mas nasceram todos da mesma ninhada.
Tiago Mesquita
Ultimamente pouco tenho comentado os desvarios incompreensíveis de quem nos governa governando-se, não só porque há sempre alguém que o faz melhor do que eu e cada vez mais, como é o caso.
E cada vez mais nos deparamos com mais desvarios, quase diários, numa atitude provocatória dos políticos, em part time ou na reforma, à moral, à ética política e à lógica, o que torna fácil condenar, adjetivando, mas difícil de contrariar dialeticamente, exatamente por não haver lógica que estruture qualquer análise e conclusão, pelas premissa viciadas que nos são enunciadas, manipuladoras e falaciosas.
Mas continuaremos a desnudar, pornograficamente as figuras, os factos e as ideias dos “reizinhos” do nosso descontentamento…

Ecos da blogosfera - 12 jan.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

De Julho para cá não há estatísticas. Falta de verbas?

A lista de doentes à espera de cirurgia aumentou em alguns milhares, no último ano.
Entre Dezembro de 2010 para Junho de 2011, houve mais 13.000 pessoas que esperaram por uma operação.
O relatório do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), relativo ao primeiro semestre de 2011, aponta para uma inversão da tendência registada ao longo dos últimos anos de redução da lista de espera para cirurgia, em que o número de doentes passou de 161.000 para 174.000, embora a média do tempo de espera ainda se mantenha nos 3 meses, conforme explicou o coordenador do SIGIC, que admite o tempo médio de espera possa vir a aumentar, face à diminuição, nos últimos meses, da actividade cirúrgica nos hospitais públicos.
De acordo com os dados Administração Central dos Sistemas de Saúde, entre Novembro e Setembro de 2011 houve menos 42.000 operações em comparação com igual período de 2010.
Já deixa de ser coincidência e muito menos inocência, que os relatórios analíticos ao desempenho governamental terminem em Junho do ano passado, quase sempre depreciativos e nada se diga sobre o desempenho do novo governo de lá para cá, que tem piorado exponencialmente. Não quero por em causa a honestidade dos analistas, mas aumenta a desconfiança e a credibilidade dos resultados e de quem os faz.
Repare-se nos dados que esta notícia (e a de outros jornais) veicula, em que durante o primeiro semestre de 2011, houve mais 13.000 pessoas que esperaram por uma operação (embora a média do tempo de espera ainda se mantenha nos 3 meses), quando a seguir se diz, que só entre Novembro e Setembro de 2011 (3 meses) houve menos 42.000 operações. E de Julho a Setembro? Percebe-se, sem fazer contas, que a coisa piorou e de que maneira!
Há muita areia atirada aos olhos dos leitores…
Pensem, façam contas! Não se calem! Não se colem!
Os cortes que estão a ser efectuados no sector da Saúde fazem com que tenha havido uma redução de 40.000 cirurgias nos hospitais públicos em 3 meses e que os tempos de espera tenham aumentado 20 dias, denúncia foi feita pelo secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) no Parlamento. Houve uma “diminuição significativa” da produção hospitalar, com destaque para uma diminuição de 20% da actividade cirúrgica e a tendência será para “agravar” nos próximos tempos.
E voltando aos 3 meses (faltam mais 3 para se poder comparar) de atuação deste governo, confirma-se, que houve menos 40.000 cirurgias e acrescenta-se que o tempo de espera aumentou 20 dias, com uma diminuição de 20% da actividade cirúrgica e com tendência para piorar nos próximos tempos, devido aos cortes no setor da Saúde.
Mesmo sem dados oficiais, adivinha-se que neste setor está tudo a piorar, conforme previsto e planeado!
Os médicos acusam o Ministério da Saúde de os obrigar a trabalhar após fazerem 24 horas no serviço de Urgência. O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, responsabiliza o Governo por eventuais problemas que venham a ocorrer com os doentes, porque o grau de risco aumenta com a sobrecarga horária. O Ministério da Saúde recusa prestar declarações, porque vai "respeitar o acordado com os sindicatos" e há negociações em curso.
Carlos Arroz, secretário-geral do SIM, afirmou ontem no Parlamento, que uma adenda no Orçamento do Estado retira o descanso compensatório após as 24 horas de trabalho na urgência. "Para segurança dos doentes, os médicos devem ser obrigados a descansar, mas o Governo obriga-os a trabalhar mais horas para compensarem esse descanso", afirmou.
A redução em 100% do valor pago pelas horas extras leva os médicos a não fazer trabalho extraordinário nas Urgências a partir de finais de Fevereiro, o que irá levar ao "fecho de serviços".
Pelos vistos, o governo obriga os médicos a trabalharem após fazerem 24 horas no serviço de Urgência, sem o descanso necessariamente obrigatório, o que diminui a eficiência dos médicos e aumenta o risco para os utentes. A tal gestão rigorosa e a eficácia das medidas que sustentarão um SNS de qualidade como se promete…
A acrescentar a estas medidas estapafúrdias, há que acrescentar a redução em 100% dos honorários das horas extras, por limites contabilísticos, para sabermos, desde já, que a QUALIDADE dos serviços de Saúde terá a bitola das medidas sociais (des)implementadas e que levarão, ao fechar das portas, conforme previsto e planeado…
Haja saúde, se Deus a der, porque o Estado não nos retribui em serviços, o que pagamos em impostos, muito menos depois dos 70 anos…

Contramaré… 12 jan.

Durante o debate no programa “Contracorrente” da Sic Notícias, a jornalista Ana Lourenço questionou António Barreto: “Não acha abominável que se discuta se alguém com 70 anos tem direito à hemodiálise?”, ao que Manuela Ferreira Leite, antecipando-se à resposta do sociólogo, afirmou: “Tem sempre o direito se pagar (alguém com 70 anos)”.

Para quem pensa e diz que já não há ideologias…

Enquanto a crise financeira continua a fustigar o Ocidente, a ideologia dominante do liberalismo triunfante de mercado livre colapsa. Mas quais são as novas tendências políticas que estão a aparecer? Conseguirão vingar? Perguntas de Gideon Rachman.
“O velho está a morrer e o novo não consegue nascer: neste interregno aparece uma enorme variedade de sintomas mórbidos.” Quando eu andava na universidade, na década de 1980, esta era a frase dos Cadernos de Prisão do comunista italiano Antonio Gramsci preferida pelos estudantes marxistas. Naquela altura, parecia-me um enorme absurdo. Mas a frase de Gramsci volta a ouvir-se agora – numa era de confusão ideológica.
As velhas certezas sobre a marcha dos mercados estão a desabar. Mas nenhuma teoria nova estabeleceu a “hegemonia” ideológica, para usar o conceito que Gramsci tornou famoso. No entanto, há ideias que estão a ganhar uma nova força. Em termos gerais, as quatro mais fortes tendências que vejo estar a emergir, em termos gerais, são: populismo de direita, social-democracia keynesiana, libertarismo-hayekiana e anticapilista/socialista.
Cada uma destas tendências é uma reação contra as ideias dominantes de 1978-2008. Nessa altura, pelas diferenças nominais entre comunistas na China, capitalistas em Nova Iorque e esquerda moderada na Europa, os seus acordos eram mais impressionantes do que os seus desentendimentos. Os líderes políticos de todo o mundo falavam a mesma linguagem quando se tratava de encorajar o comércio livre e a globalização. Aumentar as desigualdades era aceite como um preço que valia a pena pagar para acelerar o crescimento. Deng Xiaoping deu o tom ao declarar: “Ficar rico é glorioso”. Ronald Reagan ou Margaret Thatcher não teriam dito melhor.
Crise deve-se a demasiada intervenção do Estado
No entanto, na Europa pós-crise, o populismo de direita está a aumentar – do Partido da Liberdade na Holanda à Frente Nacional em França ou à Liga do Norte em Itália. Os populistas são antiglobalização, anti-UE e anti-imigração – o traço comum é que todas estas forças são sentidas como hostis aos interesses da nação. A hostilidade ao Islão liga o populismo de direita da Europa a setores do movimento Tea Party dos Estados Unidos.
Há alguma sobreposição entre os populistas e os libertários hayekianos – mas os dois movimentos têm obsessões diferentes. Nos Estados Unidos, Ron Paul, o dissidente republicano, empunha a bandeira do libertarismo. Lembra carinhosamente um jantar com o próprio Friedrich Hayek e vê em Ludwig von Mises, outro economista da escola austríaca, uma inspiradora denúncia do socialismo. O que explica a desconcertante declaração de Paul, depois da reunião da passada semana no Iowa, quando ele disse: “Estou à espera do dia em que poderemos dizer que agora somos todos austríacos”.
Os libertários são originais porque argumentam que a atual crise não se deve a excesso de capitalismo mas sim a demasiada intervenção do Estado. Na opinião da escola austríaca a “cura” keynesiana (John Maynard Keynes) para a crise do capitalismo é pior do que a doença.
Hayekianos contra social-democratas keynesianos
Paul é o maior defensor de uma profunda convicção da direita americana de que os Estados Unidos são vítimas de um Estado demasiado poderoso. O desejo de reduzir o Estado aos poderes que tinha no século XVIII não é muito comum na Europa. Mas a desconfiança de Paul de que os bancos centrais ameaçam desvalorizar a moeda teve um enorme eco na Alemanha – onde a direita hayekiana está horrorizada com as operações do Banco Central Europeu e com os resgates às nações em dificuldades. Esta tendência ideológica não está confinada ao ocidente. Num artigo recente, Simon Cox, do Economist, escreveu que, na China, os debates políticos sobre o papel do Estado na economia também opõem hayekianos a keynesianos.
No ocidente, os mais ferozes oponentes dos hayekianos são os social-democratas keynesianos. A sua crença nos gastos deficitários como a chave para estimular a economia muitas vezes anda de mão dada com o apelo a um Estado mais ativo e expansivo. Na Europa, onde o Estado tem pouco espaço para gastar mais, os social-democratas defendem mais regulamentação para a alta finança, um revivalismo da política industrial – e um esforço renovado para combater a desigualdade.
Os esforços para rotular Obama como “socialista” são tontos, mas é justo rotulá-lo como social-democrata. O Presidente dos Estados Unidos não rejeita o capitalismo, mas procura suavizar-lhe as arestas através de um Estado mais ativo que promete cuidados de saúde para todos e redistribuição de impostos. O facto de a desigualdade se ter tornado uma preocupação global da China ao Chile, da Índia ao Egito, sugere que esta é outra das tendências que se tornou mundial.
Comunismo descredibilizado
O falhanço da esquerda dura em capitalizar com a crise económica testemunha o quanto o comunismo ficou descredibilizado pelo colapso do sistema soviético. Mas o enorme desemprego na Europa pode ainda criar as condições para um reavivar de um movimento anticapitalista. Neste momento, os dois partidos gregos de extrema-esquerda têm cerca de 18% de intenções de voto nas sondagens. Os diversos grupos que militam sob a bandeira do Ocupar Wall Street têm alguns socialistas genuínos. E a China tem um poderoso movimento de “nova esquerda” que honra o maoismo.
Os acontecimentos determinarão quais destas tendências ideológicas marcarão o tom da nova era. Muitas pessoas serão atingidas pelas suas próprias circunstâncias e pelas notícias.
Em condições normais, muito provavelmente eu defenderia a tendência social-democrata. O Tea Party não me agrada. Mas passei o fim de semana a ler nos jornais as inacreditáveis quantias que poderão ter de ser injetadas nos bancos e nos países da Europa. Depois, voltei a página para ler os pedidos de mais protecionismo e regulamentação na UE. À procura de algum alívio, fui ver A Dama de Ferro – o novo filme sobre Margaret Thatcher. E tudo isto fez com que me sentisse estranhamente austríaco.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Ecos da blogosfera - 11 jan.

A nossa Seleção não é deste Portugal…

A Espanha será a seleção que menos paga por noite de hotel de quantas participam no Campeonato da Europa, que decorrerá na Polónia e Ucrânia no próximo verão.
A expedição espanhola, que se ficará no Hotel Mistral de Gniewino, a poucos quilómetros de Gdansk – a sua sede nos primeiros três jogos - gastará 4.700 euros por noite. Este preço inclui o total de todas e cada uma das que se utilizem para hospedar os jogadores, técnicos, diretivos e demais membros da comitiva, cerca de 40.
A Dinamarca, que se alojará em Kolobrzeg, será o segundo com menos gastos (7.700 euros/dia) e a Croácia, cuja sede estará em Warka, completa este particular pódio com 8.300 euros por dia.
Do lado contrário, a das seleções que mais pagam pela sua estadia, aparece Portugal. Cristiano, Pepe, Coentrão e companhia pagarão 33.174 euros por noite, ou seja, 7 vezes mais do que pagará Espanha. Próximo destas cifras está a Rússia, que pagará 30.400 euros diários pelo seu hotel de Varsóvia.
A lista completa de seleções, hotéis e custos por dia para o próximo Campeonato da Europa é a seguinte:


Sem palavras!!!

Contramaré… 11 jan.

Três figuras do PSD e CDS vão integrar a nova administração da Águas de Portugal, nomeados por Assunção Cristas com a missão de preparar a privatização da empresa: Manuel Frexes, do PSD (presidente da Câmara do Fundão, presidente dos Autarcas Sociais Democratas e vice-presidente da Associação Nacional de Municípios), em litígio judicial com a empresa que vai agora administrar, junta-se aos centristas Álvaro Castelo Branco (vice-presidente da Câmara do Porto) e Gonçalo Barata (companheiro de Assunção Cristas na Comissão Política do CDS) na administração das Águas de Portugal.

ÉTICA, ECOLOGIA E ESTÉTICA

O ano chegou ao fim e este é o momento em que todos formulamos os nossos desejos para o ano seguinte. Para além dos tradicionais saúde, paz e alegria, que é habitual desejarmos aos nossos familiares e amigos, gostaria de terminar o ano 2011 com mais 3 desejos para 2012.
São 3 desejos que não serão apenas válidos para o próximo ano, mas sim para a década em que vivemos.
Inspirei-me nas palavras de José Luis Sampedro, renomado economista espanhol, que com a sabedoria dos seus 94 anos, tem sido um dos apoiantes do movimento de "Los indignados", em Espanha.
Chegou a hora de criarmos um futuro melhor. Todos nós sabemos disso. É preciso assumir essa consciência, essa vontade de mudança, para criarmos um mundo e uma sociedade sustentável. Por isso, o ano de 2012, o nosso futuro, tem de ser ético, ecológico e estético.
Comecemos pelo primeiro desejo - ético. A organização ‘Transparency International' edita todos os anos um estudo sobre o nível de corrupção por país. O mapa mundi deste estudo está colorido de tons avermelhados, numa imagem que nos mostra um claro subdesenvolvimento ético da nossa sociedade. Destacam-se pela positiva os países escandinavos, Singapura e Nova Zelândia, mas a grande maioria das outras nações apresenta elevados níveis de corrupção. A crise que vivemos atualmente não é apenas uma crise financeira. É acima de tudo uma crise ética. Recordemo-nos dos múltiplos escândalos que grassaram no setor financeiro nos últimos anos. Não há dúvida que para construirmos um mundo melhor precisamos de uma sociedade mais ética e transparente.
Sobre o ecológico, escrevi no último artigo de opinião (Insustentabilidade). Os resultados da Conferência do Clima (COP-17) em Durban parecem claramente insuficientes para abrandar a tendência das mudanças climáticas em marcha. Já se antecipa um aumento da temperatura média do Planeta de 3,5 graus celsius, em vez dos 2,0 graus, que os cientistas recomendaram como limite aceitável do aquecimento global. Acordar que em 2015 assumiremos compromissos de reduções de emissões para entrarem em vigor a partir de 2020, é uma atitute imprudente dos governantes mundiais, perante um problema que afectará inevitavelmente as atuais e futuras gerações. Em 2012, a Conferência Rio+20 será uma nova oportunidade para tratarmos este tema com o respeito e cuidado que ele merece, a tempo de evitarmos uma "falência ecológica".
Finalmente, queremos um 2012 mais estético. Acima de tudo referimo-nos à importância da educação e da cultura para uma refundação civilizacional (ética, social e política) e também dos movimentos artísticos, fundamentais para o desenvolvimento ideológico da nossa sociedade. Em períodos de crise há tendência para se considerar a arte como um desperdício. O ‘New Deal' de Roosevelt foi um bom exemplo do contrário, que nos pode inspirar para o momento presente. As artes floresceram na América dos anos 30 e revigoraram a nação, ajudando-a a sair da Grande Depressão.
Em 2012, celebra-se o ano de Portugal no Brasil e vice-versa. Esta será uma boa oportunidade para reforçarmos relações no espaço da lusofonia, reafirmando a centralidade da língua portuguesa no novo cenário mundial.
Se construirmos um 2012 mais ético, mais ecológico e mais estético, estaremos a construir um futuro mais sustentável. Estaremos a crescer em civilização e humanidade.
Excelente 2012 para todos!
Miguel Setas, VP de Distribuição e Inovação da EDP no Brasil

Ecos da blogosfera - 10 jan.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Sem papas na língua, nem mafarricos no sótão…

As nomeações para a EDP são um mimo. Catroga, Cardona, Teixeira Pinto, Rocha Vieira, Braga de Macedo... isto não é uma lista de órgãos societários, é a lista de agradecimentos de Passos Coelho. O impudor é tão óbvio nas nomeações políticas que nem se repara que até o antigo patrão de Passos, Ilídio Pinho, foi contratado.
Estava a correr bem de mais... Um grande negócio para o Estado, uma privatização que reforça a EDP, a gestão reconduzida. Mas a carne é fraca. É sempre fraca. Só falta uma proposta na Assembleia Geral da EDP: mudar o nome de Conselho Geral e de Supervisão (CGS) para o de Loja do Governo.
É extraordinário como uma empresa em vias de total privatização se consome na absurda politização. E é surpreendente: a recondução de António Mexia fora uma demonstração de isenção de Passos Coelho: este Governo não gosta de Mexia nem do poder da EDP (basta ler a entrevista de hoje do secretário de Estado da Energia neste jornal) mas quando os chineses perguntaram se o queriam, Passos não se opôs - remeteu a decisão para os accionistas. Ingenuidade do primeiro-ministro? Não, ingenuidade nossa. A troca foi esta lista de famosos da política. Porquê?
Eis porquê: primeiro, os chineses concebem as estruturas de poder ancoradas no Estado, pelo que acharão normal a sofreguidão de emissários políticos; segundo, os chineses trabalham em ciclos longos, pelo que os próximos três anos de mandato são, como na anedota, um "deixa-os poisar" que deixará crer que não os novos donos não vêm controlar. Mas o mais importante é outra coisa: o CGS representa os accionistas da EDP e muitos, aflitos que estão, também querem vender aos chineses. O triângulo amoroso produziu esta aberração.
Para ser isto, o CGS da EDP devia ser extinto. Este órgão, criado para gerir o equilíbrio entre o Estado e privados, tornou-se numa loja de vendedores e vendidos. Paradoxalmente, o Conselho de Administração Executivo seria mais independente se o CGS fosse extinto e funções como as de auditoria e remunerações fossem transferidas.
António Mexia não é desta loja, ser convidado para um novo mandato é uma grande vitória sua, mas ele sai mais fraco: tem um Governo hostil, aceitou nomes na comissão executiva impostos pelos chineses e está apoiado em accionistas que estão de saída (BES, Mello, BCP).
Voltemos às nomeações. Podíamos dizer que não está em causa o mérito pessoal de cada uma destas pessoas, mas está. Porque o mérito que está a ser recompensado não é o técnico ou sentido estratégico, é o da lealdade e trabalho político. É Catroga (ainda assim, o único aceitável) ter suado por Passos como "ministro sombra", é Teixeira Pinto ter feito a proposta de revisão constitucional, é Braga de Macedo ter feito uma estratégia para a internacionalização que foi triturada por Portas.
É curioso, mas Miguel Relvas, tendo a fama de "apparatchik" que tem, está a fazer as coisas bem. Na RTP, manteve a administração de Guilherme Costa, que tem gente essencialmente próxima do PS. Já Passos reincide na fórmula tenebrosa da Caixa Geral de Depósitos, reforçando a dose: dois cavaquistas (Catroga e Rocha Vieira), dois passistas (Braga e Teixeira Pinto) e um CDS (Celeste Cardona, a mulher mais polivalente de Portugal, já foi ministra, banqueira e agora será conselheira na Energia).
Duas linhas para Ilídio Pinho: é um grande empresário, está ligado ao Oriente e não precisa deste cargo para nada. Precisam talvez as suas empresas. E é pouco recomendável ver metido nisto o accionista e membro dos órgãos da Fomentivest, onde trabalhava Passos Coelho. O próprio devia sabê-lo - e não aceitar.
Por esta lógica, ainda veremos Ângelo Correia ou José Luis Arnaut assomarem numa das próximas nomeações (a próxima é já a Portugal Telecom). O problema é que, enquanto isso, milhões de portugueses estão a perder salários, empregos, a pagar mais impostos, mais pelas rendas ou pela saúde. Estas nomeações são uma provocação social. Porque enquanto muitos tratam da sua vida, alguns tratam da sua vidinha.
As nomeações da EDP, como antes as da Caixa, são um mau sinal dentro da EDP e da Caixa, e são um mau sinal do País. Já não é descaramento, é descarrilamento. A indignação durará uns dias, depois passa, cai o pano sobre a nódoa. A nódoa fica. Quem é mesmo o macaquinho do chinês*?
Pedro Santos Guerreiro - director do Jornal de Negócios
Jogam 8 ou mais crianças, num espaço que tenha parede ou muro, embora estes possam ser substituídos por um risco desenhado no chão.
Uma criança, o “macaquinho chinês”, posiciona-se junto ao muro, virada para a parede, e de costas para as outras, que estão colocadas lado a lado, a cerca de 10 metros ou mais. O macaquinho chinês bate com as mãos na parede dizendo: “Um, dois, três, macaquinho chinês”.
Enquanto este diz a frase, os outros avançam na direcção da parede. Mal o “macaquinho chinês” termina a frase volta-se imediatamente para os outros, tentando ver alguém a mexer-se. Quem for visto a mexer-se volta para trás, até à linha de partida. Assim, as crianças só podem avançar quando o “macaquinho chinês” diz a frase, pois ele pode fingir voltar-se para a parede e olhar para trás, a ver se apanha alguém a mexer-se.
A primeira criança que chegar à parede será o próximo “macaquinho chinês”.
Noutra variante, quando o “macaquinho chinês” se vira para as outras crianças e estas se encontram estáticas, faz cócegas a 2 delas (escolhidas ao acaso), tentando que estas se mexam e obrigando-as assim, a regressarem para a linha de partida.

Contramaré… 10 jan.

As Finanças apontam para que o défice deste ano seja de 5,4%, em vez dos 4,5% estipulados no acordo com a troika. "A execução orçamental de 2012 tornou-se ligeiramente mais difícil", assume o Ministério numa carta interna. Pagamento de dívidas de hospitais e pensões da banca são os responsáveis pelo desvio.
Na última sexta-feira, Passos Coelho tinha garantido que o Governo “vai cumprir as metas orçamentais e não vai pedir mais tempo" à troika.

Receitas para os mileuristas. Necessidade ou cultura?

Em tempos de crise, quando se ganha 1.000 euros brutos por mês e não se quer renunciar totalmente ao consumo, a economia de baixo custo não é uma escolha, mas uma obrigação.
Em Espanha, há 17.100.000 de pessoas que ganham cerca de 1.000 euros brutos por mês. Estamos a falar de 63% da população. Pelo menos é o que garante o Sindicato de Técnicos do Ministério das Finanças (Gestha). Com este dinheiro no bolso, fazê-lo chegar ao fim do mês é uma tarefa digna de Hércules. E, mais do que ir às compras, muitas famílias fazem contas. Portanto, para milhares de espanhóis comprar um produto é hoje um ato de renúncia.
Nesta paisagem cruel, o fenómeno do custo reduzido [low cost em inglês] cresce, reproduz-se e não dá indícios de poder vir a morrer em breve. Pelo contrário. Cada vez ocupa mais espaço social e económico. Restaurantes, viagens, automóveis, seguros, eletrónica, imóveis, lazer, roupa, alimentação. Nada parece escapar à atração gerada pelo custo reduzido. A dúvida é se o custo reduzido sobreviverá, quando a crise acabar. Trata-se de uma estratégia estrutural ou conjuntural? Até que ponto terá o consumidor mudado, por essa altura? Será mais racional e menos impulsivo? Poderemos, por conseguinte, acreditar que a procura do preço mais baixo se transformou numa nova forma de vida?
"Gastar muito e compulsivamente é uma patologia que tratamos com frequência, mas poupar, ainda que seja de forma compulsiva, não tem caráter clínico", explica Guillermo Fouce, doutorado em Psicologia e professor da Universidade Carlos III (Madrid). Ninguém fica doente por poupar. Não é uma reflexão trivial, visto que todos os comportamentos de compra levados ao extremo podem gerar problemas..
Em busca do preço mais baixo
Do que também não há dúvidas é que o consumidor que venha a emergir do período pós custo reduzido será diferente do atual. Primeiro, devido às novas lições a aprender. "Com o custo reduzido, o comprador está a descobrir que pode comprar produtos semelhantes a partir de preços mais baratos. E, agora, quem quiser vender mais caro está acabado", refere, com toda a clareza, o responsável pela secção de Distribuição e Consumo da empresa de consultoria PricewaterhouseCoopers, Javier Vello.
Em segundo lugar, "depois da crise, o cliente tentará gastar o menos possível e terá maior consciência do que está por trás de cada artigo", prevê Vello. O que terá consequências. A pouco e pouco – e isso terá grande influência nas estratégias comerciais das empresas – tornar-se-á mais difícil estabelecer o perfil do consumidor e, por conseguinte, falar-se-á de oportunidades de consumo.
Haverá, por exemplo, quem adquira marcas brancas, no caso de determinados produtos, mas, ao pensarem noutros artigos, as mesmas pessoas, com poder de compra idêntico, comprarão os mais caros. No entanto, tudo isto deverá acontecer no futuro. Entretanto, no presente, o conceito de custo reduzido propaga-se a uma infinidade de atividades.
"O consumidor passou daquilo que designo por ‘funcionalidade superior’ para uma ‘funcionalidade suficiente’, que é mais barata. Ou seja: porque hei de comprar um automóvel com todos os extras, se, na verdade, não preciso deles?", considera Javier Rovira, professor da escola de Gestão de Negócios e Marketing ESIC.
Juan Carlos Esteban, um jovem desenhador, casado e com dois filhos, é uma prova de que a forma de vida a custo reduzido tem vindo a impregnar-se em boa parte da sociedade espanhola. A sua "estratégia de custo reduzido", iniciada em 2007, "quando as despesas começaram a tragar o salário" estende-se às telecomunicações – "em pouco tempo, mudei três vezes de operadora de telemóvel e, em vez de 50 euros por mês, gasto 18" –, aos seguros – "para o carro, contratei uma apólice de seguro contra todos os riscos com franquia, que representou uma poupança de 350 euros em comparação com a anterior" – e à alimentação – "compro sobretudo marcas brancas". Garante que, no total, somando todas as poupanças, gasta menos 25% por mês do que antes de ter adotado o seu plano de austeridade.
Solução para não repetir roupas
Segundo Jorge Riopérez, sócio responsável pela secção de Consumo e Indústria da KPMG, "a essência do low cost não é praticar preços em baixa porque sim, mas cortar custos não relevantes para baixar os preços". E acrescenta: "Há uma confusão permanente entre low cost e low price [preço baixo]. O primeiro implica, obviamente, baixar os preços, mas a luta de preços por concorrência não tem necessariamente que ser acompanhada por uma redução de custos. Pode assentar apenas na redução da margem."
Seja como for, no fundo, este fenómeno transmite um sentimento de premência e de necessidade mas, também, por paradoxal que possa parecer, de não querer abdicar do nível de vida alcançado e continuar a ter acesso a um produto de fruição ou de simples luxo. "A maior consciencialização das famílias face aos problemas económicos atuais, está a aguçar o engenho, quando se trata de inventar artimanhas para aceder a determinados caprichos que, de outra forma, seriam totalmente inacessíveis", explica David Sánchez, diretor de Media Analytics da consultora de mercado Nielsen.
É nessa procura de manter o nível de vida que reside boa parte do sucesso do fenómeno do couponing. Ao lado das linhas aéreas e dos portais de compras coletivas de artigos de moda, são a figura de proa que representa o auge do conceito de custo reduzido. De facto, a procura de pechinchas e bons preços na Rede disparou em 64% a audiência destes portais de descontos e cupões, que oferecem lazer a preços mais baratos. E, dentro destes estandartes, os outlets [lojas de produtos fora de época] digitais de luxo fácil e moda são um pequeno jardim zoológico de cristal que engloba a idiossincrasia deste tipo de ofertas. Mas quem tiver memória económica recordar-se-á de que o grande crescimento do custo reduzido em Espanha ficou a dever-se às companhias aéreas. Talvez não tanto em termos de faturação mas antes de reconhecimento social deste fenómeno.
No entanto, é indiferente a perspetiva segundo a qual o interpretemos: seja custo reduzido, preço baixo ou promoção, a verdade é que o low cost permite a milhares de pessoas libertarem-se da sensação, que se agarra à pele, de serem o homem do ano passado, resignado a vestir a mesma roupa dos 365 dias anteriores, a ir às mesmas lojas e a comprar os mesmos artigos.
HABITAÇÃO - Partilhar a casa para não a perder
Por causa da crise, uma nova tendência ganha terreno no mercado imobiliário de Barcelona e de outras grandes cidades, escreve El Periódico: a coabitação.
A crise não congelou apenas a venda de apartamentos e a descida de salários. Também provocou uma nova composição dos lares urbanos, em que agora se juntam desconhecidos obrigados a partilharem um teto para poderem sobreviver sem terem de recorrer à ajuda da família. O que outrora era uma prática limitada aos estudantes estende-se agora àqueles que estão na faixa dos 30 e são ativos – e mal pagos – bem como a muitos casais separados e desempregados. Há quem alugue um quarto para poder pagar uma hipoteca que já não conseguem pagar sozinhos. Alguns inquilinos subalugam (o que, a priori, é ilegal) para conseguirem pagar a sua própria renda.

Ecos da blogosfera - 9 jan.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Preâmbulo às admissões nas chefias da EDP…

O QUE É... ARGUMENTO
São duas ou mais premissas curtas e uma conclusão.
Pode até parecer que não para muita gente, mas no exato momento há mais de 1 milhão de boas vagas abertas no mercado (brasileiro). Mas também existem, pelo menos, dez fortes candidatos para cada uma delas. Esses candidatos formam um contingente heterogéneo: há o universitário que ingressa no mundo corporativo, o funcionário da casa que batalhou por "aquela" promoção, o profissional disposto a trocar de emprego, o desempregado tentando recolocar-se... No fim, 9 dos 10 postulantes ver-se-ão obrigados a "aguardar uma próxima oportunidade" (expressão que não resolve nada, mas que ameniza um pouco o drama).
Como se dá esse processo de escolha? (Ou, em outras palavras, "por que outro postulante foi escolhido e não eu, que sei postular muito melhor?") A resposta é uma simples palavrinha: "argumento". A grande maioria das pessoas não é escolhida porque os seus argumentos não conseguem sensibilizar o responsável pela decisão final.
A estrutura de um argumento é lógica: duas ou mais premissas curtas e uma conclusão. A conclusão é a parte mais fácil: "Portanto, eu sou o candidato ideal". O problema está nas premissas. Os candidatos criam premissas em que eles sinceramente acreditam, mas que na visão do selecionador se mostram ineficazes para sustentar a conclusão. Durante centenas de entrevistas que eu conduzi na vida, não foram poucos os momentos em que as premissas que ouvia me remetiam ao chamado "argumento irrefutável" criado pelo meu primo Altair.
Premissa 1: os pássaros voam.
Premissa 2: os pássaros não têm dentes.
Premissa 3: a avó não tem dentes.
Conclusão: a avó pode voar.
Claro que há processos justos e injustos. Embora quem não foi escolhido sempre se considere injustiçado, existem algumas injustiças óbvias.
Premissa 1: o meu tio mandou-me vir aqui.
Premissa 2: o meu tio é o seu chefe.
Conclusão: ou você me contrata ou terá de se entender com o meu tio.
Em processos com cartas marcadas, não há como competir com o apadrinhamento e com o nepotismo. Mas há processos justos, e é saudável para quem participa deles saber de antemão quais as premissas que não funcionam. Aqui vai uma listinha delas:
Premissas subjetivas: Tenho muita força de vontade. Sei que posso contribuir. Sou bom no relacionamento com as pessoas. Tenho espírito de liderança.
Premissas acusatórias: O meu chefe atual é um tapado. A minha última empresa tolhia a criatividade. Eu estava cercado por invejosos que impediam o meu progresso.
Premissas de auto-indulgência: Perdi muito tempo, mas agora quero recuperar o atraso. Tive o azar de só ter trabalhado em empresas que não investiam nas pessoas. O meu inglês ainda não é fluente porque não tive condições de fazer um bom curso.
Premissas de transferência de responsabilidade: Todas as referências que tive sobre a empresa foram ótimas. Eu só preciso de uma oportunidade. Vocês não se vão arrepender.
Os selecionadores só escutam 3 premissas:
1. O que é que já fez de prático e mensurável?
2. O que sabe sobre a nossa empresa?
3. Qual a contribuição imediata que pode trazer?
A primeira chama-se "currículo".
A segunda pode ser conseguida na internet ou com ex funcionários (e essa preparação é vital).
E a terceira é a junção inteligente das duas primeiras, traduzida em factos e números.
Conclusão: Você é o candidato ideal.
Artigo escrito por Max Gehringer publicado na Revista VOCE SA.