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sábado, 17 de novembro de 2012

Em nome de interesses, não dos cidadãos, governos nacionais impõem medidas que exacerbam a injustiça

Se a legitimidade da União Europeia estivesse intacta, os europeus consentiriam mais facilmente os esforços que lhes são pedidos. Nesse caso, poderiam ver os seus próprios interesses recompensados.
Numa entrevista recente, o Presidente francês François Hollande referiu a crucial, mas muitas vezes esquecida, questão de que há limites para o nível de sacrifício que pode ser exigido aos cidadãos dos países do Sul da Europa, com dificuldades financeiras. Para evitar transformar a Grécia, Portugal e Espanha em “prisões” coletivas, Hollande concluiu que as pessoas precisam de ver esperança para lá do horizonte repleto de cortes orçamentais e de medidas de austeridade, que se afasta cada vez mais. Até mesmo o conhecimento mais rudimentar de psicologia apoia a opinião de Hollande. Um reforço negativo e uma gratificação atrasada têm poucas probabilidades de alcançarem os seus objetivos, a menos que haja uma luz visível ao fundo do túnel – uma recompensa no futuro pelos sacrifícios do presente.
O pessimismo geral no Sul da Europa é atribuído principalmente à ausência de tal recompensa. Enquanto a falta de confiança do consumidor e a perda de poder de compra das famílias se intensificam com a recessão, as projeções do fim da crise são repetidamente repelidas e aqueles que suportam a austeridade estão a perder a esperança.
Oferendas sangrentas
Ao longo da história, o conceito de sacrifício fundiu-se entre a teologia e a economia. No mundo antigo, as pessoas faziam oferendas, muitas vezes sangrentas aos deuses, nos quais acreditavam que iriam recompensá-los com, digamos, boas colheitas ou proteção contra o mal. O cristianismo, com a sua crença de que Deus (ou o Filho de Deus) se sacrificou para remir os pecados da humanidade, inverteu a economia tradicional do sacrifício. Neste caso, o sofrimento divino serve como um exemplo da humildade altruísta com a qual os infortúnios terrenos deveriam ser suportados.
Apesar da secularização, a crença de que as recompensas, ou as realizações, exigem sacrifícios tornou-se parte integrante da consciência cultural europeia. A ideia de um “contrato social” – que surgiu durante o Iluminismo, a fim de tratar, sem recurso ao direito divino, a legitimidade da autoridade do Estado sobre os seus cidadãos – firma-se na premissa de que os indivíduos renunciam a um certo grau de liberdade pessoal, a fim de assegurarem a paz e a prosperidade para todos.
Como resultado, os líderes políticos têm pedido frequentemente aos cidadãos para sacrificarem as liberdades e os confortos pessoais em nome de entidades espirituais secularizadas, como a nação ou o Estado – e os cidadãos têm avidamente feito a vontade. No seu primeiro discurso para a Câmara dos Comuns, na qualidade de primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill incutiu a esperança numa nação ameaçada, quando famosamente declarou que ele – e, portanto, a Grã-Bretanha – “só tinha para oferecer sangue, labuta, lágrimas e suor”.
Sacrifícios sem sentido
Tendo em conta tais inúmeros precedentes, pode ser surpreendente que a retórica do sacrifício sob a bandeira da austeridade se tenha revelado tão ineficaz na atual crise europeia. Alguns observadores atribuem a culpa, pela redução dos níveis de empenhamento, a algo que transcende o indivíduo, incluindo o sistema político.
Mas a resistência à austeridade no Sul da Europa não está enraizada na hostilidade geral ao sacrifício condescendente. Certamente, os europeus começaram a acreditar que os seus líderes estão a exigir sacrifícios que não promovem os seus interesses. Churchill deu aos britânicos um motivo para pensarem no futuro: a vitória. Sem um fim claro que o justifique, o sacrifício perde o significado.
A prosperidade deveria legitimar a União Europeia. Findo o período de rápido crescimento económico, os líderes europeus confiaram, afinal, na ameaça de um mal maior do que a austeridade: a desestabilização adicional dos países devedores, levando ao não cumprimento, à expulsão da zona euro e ao colapso económico, social e político.
Mas a retórica do medo está a perder influência, porque o “New Deal”, que está a ganhar forma no Sul da Europa, oferece mais repressão e menos proteção, violando assim os princípios fundamentais do contrato social. Na verdade, enquanto os cidadãos europeus estão a ser convidados a sacrificarem os seus padrões de vida – e até mesmo os seus meios de subsistência – para salvarem a “economia nacional”, as corporações transnacionais estão a prosperar.
Injustiça exacerbada
As condições impostas pela “troika” – a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional – equivalem a um atraso, por tempo indeterminado, na supressão das necessidades daqueles a quem foi pedido que se sacrificassem e na reparação das redes esfarrapadas da segurança social. Contudo, os governos nacionais continuam a implementar políticas que exacerbam a injustiça. Por exemplo, em Portugal, o Orçamento do Estado para 2013 reduz o número de escalões fiscais de 8 para 5 – uma medida que irá devastar a classe média.
Um sacrifício que implica o resgate do corpo – os seus prazeres, as necessidades básicas e até mesmo a vitalidade – para salvar o espírito. Embora o discurso do sacrifício persista, a lógica que o consolidou durante milénios, foi abandonada. Os líderes europeus devem imbuir nos seus cidadãos, uma esperança renovada. A legitimidade de uma Europa “pós-nacional” – com base na obrigação da UE, consagrada no Tratado de Lisboa, para promover “o bem-estar do seu povo” – está em causa.

Ecos da blogosfera – 17 nov.

A UE devia indigitar os causadores do mal e julgá-los!

Na Idade Média, à semelhança de hoje, as crises são propícias à eclosão de mitos de todos os tipos. Tal como a peste foi atribuída aos judeus, os males do mundo resultariam da Europa e da moeda única. Uma ideia que o economista Tomáš Sedláček se dedica a contradizer.
“Dou um ano à Europa! Dois, no máximo…” Este poderia ser exatamente o discurso da personagem de uma tragicomédia sobre a crise atual. Temos todos ainda na boca o gosto amargo das promessas não cumpridas.
Com a Idade Média, essa época em que a Europa foi devastada pela peste negra, não aprendemos apenas a lavar melhor as nossas mãos. Os nossos antepassados “inspiraram-nos” igualmente em matéria de gestão de crises. René Girard, filósofo e historiador francês, realça que em períodos de crise (cólera, peste, instabilidade política), quando se encontra mergulhada no caos e todas as regras desapareceram, a sociedade não procura as causas do mal, mas (falsos) culpados.
O estrangeiro (ou, pelo menos, aquele que é suficientemente “diferente”) é o candidato ideal. Ao assumir o papel de bode expiatório, a sociedade reencontra-se novamente. As verdadeiras causas, os factos, os argumentos sérios são bem menos importantes que aqueles em que a maioria decide acreditar.
O mito da Europa em declínio
Terão sido os judeus os responsáveis pela peste? Terá sido o euro culpado da crise que atravessamos? Ou será que estamos em pleno caos finalmente muito “felizes” por continuarmos a ter bem instalados nas nossas carteiras Božena Němcová e o papa Masaryk [escritor e o primeiro Presidente da República a figurar nas notas do banco checo]? Poderíamos pensar que, na era da ciência e dos factos, deixámos para trás e bem longe de nós o tempo dos mitos. Mas o próprio facto de ignorarmos a sua existência não será sinal do seu grande triunfo? Indermit Gill, economista do Banco Mundial, é responsável por um trabalho sobre o modelo económico europeu. Segundo nos disse, há 5 mitos em que nos sentimos fortemente inclinados a acreditar. 
À primeira vista, é muito fácil acreditar no mito segundo o qual a Europa se encontra em declínio. Mas se olharmos para a evolução da Europa desde 2000, verificamos que o seu contributo para a produção mundial se mantém estável nos 30%, ao passo que o dos EUA passou de 31 para 23%. O PIB, um outro indicador muito apreciado pelos analistas, aumentou cerca de 2% ao ano nos últimos 20 anos. Os europeus inventaram uma espécie de “máquina da convergência”, afirma Indermit Gill. Assim que entram para a União Europeia, os Estados mais pobres reforçam o seu peso económico e alcançam os mais ricos em termos de trocas comerciais regionais.
Depois, será que o estado das finanças europeias é o pior do mundo? Mas então quem se encontra em primeiro lugar? O dinheiro deveria ser transferido dos ricos para os pobres. Seria, no mínimo, segundo os economistas, a situação ideal. Mas o que se passa no mundo é exatamente o contrário (considerado por Indermit Gill o “síndrome chinês”).
Um outro mito é aquele segundo o qual o tamanho dos Estados europeus seria bastante importante. Os governos dos Estados europeus, cujo modelo assenta na proteção social, gastam cerca de 10% mais do seu PIB do que os Estados fora da Europa.
O reverso da medalha
É um facto que os países europeus desenvolvidos estão hoje muito mais avançados nesta matéria. Os franceses, por exemplo, trabalham menos 9 anos do que na década de 1960 e ganharam 6 anos de esperança de vida. Obviamente que existe o reverso da medalha. Como pode levar-se as pessoas a não abusarem do sistema e a ajudarem a mantê-lo? A resposta talvez venha do Norte. A Escandinávia, com o seu modelo de governação, propõe uma solução possível. Pelo menos, é uma prova da viabilidade dos grandes Estados.
Um último mito é o da conveniência de se ignorar o modelo e de se recomeçar de novo. Não admira pois que, com este estado de espírito, seja tão difícil suscitar entusiasmo para continuar a avançar. Mas talvez acabemos por tomar consciência de que, embora esteja a chover lá fora, temos sempre uma gabardina e há mesmo quem tenha chapéu-de-chuva.
O principal problema não é tanto a crise, mas aquilo que nos conduziu a ela. Já pudemos confirmar no passado (a Alemanha do início dos anos 2000, por exemplo) que é possível ultrapassar a crise e, com isso, motivar outros países (no caso, a Eslováquia). Neste sentido, a diversidade europeia oferece uma variadíssima riqueza de experiências sobre os meios de lutar contra a crise. Mas talvez achemos preferível inventar uma história mais plausível, na qual decidimos acreditar e que permita justificar esta “peste”.

Contramaré… 17 nov.

A maioria PSD/CDS propôs ao ministro das Finanças uma descida da sobretaxa de IRS de 4% para 3,5%, depois de uma maratona negocial entre o ministro Vítor Gaspar e os líderes parlamentares.
Fonte da maioria parlamentar avançou a abertura do ministro das Finanças para reduzir o imposto extraordinário previsto para o próximo ano que teria de ser "compensado com outros impostos".

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Moralidade? Mas o que é isso?

Afinal não foram apenas 233 as pessoas nomeadas pelo atual governo que receberam subsídios de férias em 2012. No total, houve 1.454 pessoas nessa situação, apesar do estabelecido no Orçamento do Estado para este ano.
O Diário de Notícias adianta que o Governo vai pagar os subsídios de férias no ano de 2012 a um total de 1.454 funcionários que foram nomeados durante o ano de 2011, antes de vigorar a lei que suspende o pagamento daquele subsídio.
A informação divulgada pelo DN foi prestada por um elemento do grupo parlamentar do Partido Socialista. O Governo terá explicado que o Orçamento do Estado para o ano de 2012, que está em execução e previa o corte dos subsídios de férias e de Natal, não tem efeitos retroativos, pelo que todos os funcionários públicos contratados durante o ano anterior (2011) escapam a esse corte.
O caso foi suscitado em junho, quando se soube que 131 assessores com novo contrato de trabalho também iriam receber subsídios. Na altura, o executivo de Passos Coelho enviou uma missiva ao PS, onde explicava que os direitos adquiridos em 2011, com contratos novos, não podem ser eliminados. “Encontramo-nos perante direitos adquiridos em 2011, que por força da lei não estão abrangidos pela suspensão decretada para o pagamento de subsídio de férias relativos a direitos vencidos a partir de Janeiro de 2012”, justificara, então, o Governo, nessa carta.
De acordo com o DN, não são apenas aqueles 131 assessores que escapam ao corte de subsídios e esse número é bem superior. Na resposta que o Governo deu, mais recentemente, há outros 1.323 trabalhadores contratados que vão ter o subsídio pago, ao contrário de todos os outros funcionários do Estado.
Assim, o subsídio será pago a todos os contratados pela administração pública em 2011, trabalhadores em gabinetes do Governo, entidades públicas e outros serviços. “Foi pago subsídio de férias na exata proporção do trabalho prestado”, num encargo de 591.495,23 euros, aos quais se somam os 171.000 euros dos assessores. No total, o Estado vai pagar 765.000 euros a 1.454 funcionários públicos.
O Governo garantiu hoje que “nenhum elemento de gabinetes de membros do Governo ou trabalhador da Administração Pública” com remuneração base superior a 1.100 euros recebeu subsídio de férias relativo a 2012.
O executivo esclareceu que “foram processados a 1.323 trabalhadores da Administração Pública direta e indireta ingressados em 2011 os proporcionais de subsídios de férias vencidos nesse ano” (2011), num total de cerca de 591.000 euros.
O comunicado salienta que destes 1.323 trabalhadores, 1.231 são “admissões no âmbito do Ministério da Defesa Nacional e das Forças Armadas”, considerando “inadmissível o rótulo de 'boys'” que surge na manchete do Diário de Notícias.
Como se trata de números, coisa que não é o forte destes governantes, é razoável aceitar mais este “lapso”, mesmo que seja colossalmente inaceitável… Avancemos!
Quando o Governo “explica” que o OE2012 em execução prevê o corte dos subsídios de férias e de Natal, NÃO TEM EFEITOS RETROATIVOS, para os assessores nomeados e todos os contratados pela administração pública em 2011, está a dizer que o Tribunal Constitucional deixou passar este “pormenor” em relação a todos os Funcionários Públicos e Aposentados, porque só há uma Constituição e um Código de Trabalho.
Quando o governo vem dizer que para esses assessores nomeados e todos os contratados pela administração pública em 2011 há direitos adquiridos em 2011, está a confirmar e a ratificar que, realmente, HÁ DIREITOS ADQUIRIDOS, que não podem sem confinados apenas a 2011!
Os esclarecimentos do governo, que volta aos números, mas que não coincidem (seria milagre) com os do DN, não contrariam o princípio da retroatividade nem dos direitos adquiridos para os rotulados “boys” (com que se indigna), o que nos deixa a pensar que a retroatividade teria que funcionar em relação a todos os contratos anteriores ao OE2012 e que os direitos adquiridos funcionam igualmente para TODOS OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS E APOSENTADOS.
É fácil perceber que, qualquer que seja a leitura que se queira fazer sobre o caso, há, pelo menos, 2 pesos e 2 medidas, que são discriminatórias, confiscadoras para uns e abonatórias para outros (sejam “rapazes” ou “raparigas”).
Independentemente de virem do PS, mais propriamente de um deputado, a denúncia, classificação e avaliação moral e ética da argolada do governo, assino por baixo, por ser um “man”, que assinei contrato com o Estado (até tive que jurar não pertencer a organizações contra o Estado), exerci funções durante 39 anos (com brio, muito poucas faltas e com os descontos contratualizados) e fui adquirindo direitos (legitimados por normativos específicos), que me foram usurpados.
“É imoral, não tem precedentes no momento tão difícil que vivemos e é tratar os portugueses de forma diferente. O Governo protege os seus e corta a todos os outros”, disse o deputado José Junqueiro.
O deputado confirmou a notícia, segundo a qual um total de 1.454 pessoas nomeadas para gabinetes do Governo e cargos na Administração Pública receberam subsídio de férias em 2012.
Os números foram dados pelo próprio Governo ao PS, na resposta a uma questão colocada por escrito pelos deputados socialistas ao Executivo, que justifica o pagamento destes subsídios por corresponderem a férias de 2011.
Para José Junqueiro, “não há nenhuma boa explicação”: “E os que trabalharam uma vida inteira? E os que trabalharam durante 40, 30, 20 anos não têm essa interpretação da lei porquê?”, questionou.
“Há apenas uma habilidade imoral, absolutamente imoral”, sublinhou, dizendo que é um “pagamento baseado numa interpretação da lei que não foi feita para todos os outros 10.000.000 de portugueses, apenas para aqueles que foram nomeados pelo Governo”, para as "nomeações políticas".
Para o deputado do PS, “caiu a máscara” e o Governo “perdeu legitimidade moral e política para exigir mais qualquer outro sacrifício”, lembrando que o Executivo além de cortar subsídios a muitos portugueses, cortou reformas e pensões e vai diminuir em 6% os subsídios de desemprego e em 5%, os de doença.
“Os portugueses podem agora avaliar a imoralidade do Governo, do primeiro-ministro e do ministro das Finanças”, afirmou.

Ecos da blogosfera – 16 nov.

O governo na mira dos “moralistas”…

"As novas gerações deviam deixar de pagar para a Segurança Social. Isto é uma aldrabice", afirmou o antigo governante Mira Amaral, para quem "o sistema de pensões é do Estado segurador e não do Estado Social. O Estado é que obrigou os trabalhadores a pagar para a proteção na velhice, mas depois baixa-lhes as pensões".
Por isso, apelidou o sistema de contribuição para a Segurança Social de "esquema Ponzhi", dizendo que é idêntico às manobras usadas pela Dona Branca e pelo investidor norte-americano Madoff, que prometiam um determinado retorno e depois falhavam aos investidores. "A Dona Branca e o Madoff foram dentro. Na Europa, ninguém foi dentro", ilustrou, acrescentando que não percebe "como é que o Governo faz isto aos pensionistas, mas é incapaz de mexer nas rendas excessivas da EDP".
Por isso, o presidente do Banco BIC defendeu que "o Estado não tem capacidade moral de cortar nos pensionistas", acrescentando que "este nível de impostos sobre os portugueses é incomportável". Para ilustrar, deu um exemplo da instituição bancária de capitais angolanos que dirige em Portugal: "Já tenho funcionários no Banco BIC Português a pedirem se podem ir para o BIC Angola. Isto era impensável há apenas um ano".
Para ser franco tenho que começar por dizer que Mira Amaral não é meu ideólogo, nem pouco mais ou menos, mas ultimamente tenho estado de acordo com várias outras individualidades que pensavam diferente de mim, mas são, psicologicamente, as circunstâncias. E não fui eu que mudei de ideias…
Claro que tenho que dizer que sou aposentado (antes Funcionário Público) e por isso sou parte interessada na “filosofia” subjacente na notícia, o que pode transformar-me em interesseiro.
Claro que as tais individualidades que ultimamente alteraram o discurso sobre os “pagadores da dívida” só publicitaram o seu desacordo com as medidas de austeridade (confiscos), quando lhes foram ao bolso, ou porque estão no Privado e agora vão pagar metade do que já pagavam e vão continuar a pagar os Funcionários Públicos, ou estão Aposentados e vão continuar a pagar ainda mais do que no ano passado o que também os pode transformar em interesseiros.
Claro que o interesse não tinha razão à razão, até porque o interesse também está do lado do governo e (ironicamente) da Banca.
Dito isto, é mais do que claro, que se o Estado não vai pagar pensões no futuro, sacar os respetivos descontos a quem trabalha, nem é uma questão de moralidade, é mesmo uma aldrabice. E já é aldrabice obrigar quem trabalha a fazer descontos durante 40 anos, aumentar a idade de reforma para os 67 anos (lá chegaremos) para depois pagar pensões apenas durante 6 ou 7 anos, que restam de vida…
Claro que se o Estado não é “gente de bem” e não cumpre o contratado, não podemos cair na tentação de pensar que as instituições que beneficiariam da guarda dos “PPR” são “gente de bem”, ainda por cima sujeitas à falência. Mas isto é outro assunto e muito complicado…
Claro que ouvir um homem da Banca, ex-governante de um governo do PSD, falar do esquema Ponzhi, de Da. Branca, de Madoff, de “os meter dentro” e das rendas excessivas da EDP (que o governo não corta), somos obrigados a dar as boas vindas a mais um “a favor do contra”, mesmo que não seja por convicção, mas por interesse, embora todos estejamos interessados em defender a justiça e condenar as aldrabices…
Por isso, bem-vindo ao “clube”!
Aponte, mire e fale!

Houve GREVES ou não? Por cá só houve porrada…

Centenas de milhares de pessoas participaram em manifestações organizadas por toda a Europa pela Confederação Europeia dos Sindicatos, em protesto contra as políticas de austeridade. Para a imprensa europeia, este cansaço para com a austeridade põe em causa o modo de restruturação orçamental.
Ao mesmo tempo que os transportes públicos ficaram paralisados por grevistas em inúmeros países, registaram-se confrontos em Espanha, em Portugal e em Itália entre os manifestantes e as forças de ordem.
Para El País, que titula “centenas de milhares de pessoas” que “exigem na rua que [o primeiro-ministro Mariano] Rajoy retifique a sua política”, o protesto de ontem foi "pan-europeu […] contra o diktat da austeridade":
Assistimos em inúmeros países a manifestações e protestos reforçados pelas greves parciais em Itália e na Grécia. Não assumiram a forma das greves gerais de Portugal e de Espanha, num exemplo de reflexo ibérico que dá a impressão de que as situações sociais dos dois países se assemelham. Em todo o caso, o protesto pan-europeu implica um movimento de solidariedade sem precedentes contra os cortes orçamentais e os sacrifícios das populações por causa dos objetivos do défice que, de acordo com os sindicatos, são as razões diretas da recessão e do desemprego em massa que se verificam na Europa meridional. Por este motivo, as instituições europeias também devem considerar-se atingidas por quem ontem protestou. A prova é que o comissário europeu dos Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, deu uma conferência de imprensa (improvisada) perante o anúncio de que o Governo espanhol não deve pressionar mais os cidadãos em 2013.
“Para os economistas”, nota em Roma La Repubblica, “os protestos são sobretudo a prova de que uma política indiscriminada de cortes e de aumentos brutais tem um efeito boomerang em vez de espalhar a confiança:
O aumento de impostos e a redução da despesa pública produz menos crescimento; menos crescimento significa menos receitas fiscais; o défice aumenta e tudo recomeça. Nestes últimos 2 anos, o agravamento da crise na Grécia foi o exemplo mais grave, mas também o mais transparente, do ciclo vicioso da austeridade a todo o custo. […] Os resultados sobre o crescimento começam a fazer-se sentir igualmente à volta dos países tradicionalmente frágeis. Depois da Holanda, a França começa a perder as forças e, sobretudo, paira sobre a Alemanha a sombra da recessão. […] Ontem, no dia da revolta europeia contra a austeridade, não houve greves na Alemanha. Veremos, daqui a um ano.
“Violência contra austeridade chega a Portugal”, lamenta o Público, um dia depois de a greve geral ter acabado em confrontos entre a polícia e os manifestantes, perto da Assembleia da República, em Lisboa. 48 pessoas ficaram feridas e 9 foram detidas. "O que faz mover os manifestantes”, nota o diário,
sejam violentos ou pacíficos, orgânicos ou solitários, é a situação de desesperança que os afecta. A queda de rendimentos, o corte de serviços públicos e o desemprego sempre foram e são ainda poderosas ignições da revolta social. Sem respostas políticas, vamos ter de viver de perto com as imagens de Atenas que até há bem pouco nos pareciam impossíveis nas ruas das nossas cidades.
“As pessoas não querem que o Governo corte nos benefícios sociais, baixe os salários dos funcionários públicos e aumente os impostos”, escreve o Gazeta Wyborcza. “Mas”, salienta o diário de Varsóvia,
não dizem como é que o Governo pode pagar uma dívida contraída durante anos para financiar um sistema generoso de benefícios sociais. A ideia de que devem ser apenas os ricos a pagar a crise é politicamente correta mas não economicamente. Em todos os países, os ricos formam apenas um pequeno grupo. O orçamento do Estado é financiado pelos contribuintes com rendimentos médios, que suportam o grosso do custo da crise. De facto, a crise da dívida europeia é uma crise do modelo de Estado-Providência europeu.
“Europa faz greve, Alemanha observa”, constata o Tageszeitung. Enquanto “milhões de trabalhadores fazem greve a protestar contra as consequências da política de crise da União Europeia, os colegas no Estado que venceu a crise enviam saudações solidárias”, ironiza o diário alternativo. Na Alemanha, os sindicatos são criticados por não terem conseguido mobilizar devidamente a população. Para o Tageszeitung, que recorda uma expressão cunhada por Angela Merkel para designar uma pessoa ou um país poupado, quase avaro, o motivo para esta indiferença relativa é o facto de
a crise ainda não ter atingido nem a cabeça nem as carteiras. São inúmeros os assalariados convencidos de que uma mentalidade mais poupada não faria mal à Europa do Sul.

Contramaré… 16 nov.

A deputada do BE Ana Drago disse que os técnicos da `troika´ deram como exemplo de "má despesa pública" prestações sociais aos reformados e na Educação, sugerindo que pode haver cortes nestas áreas.
"Estamos muitíssimo preocupados", disse Ana Drago, lamentando que os técnicos da `troika´ considerem que "o programa está a correr muitíssimo bem". "Existe hoje um consenso que está tudo a correr mal (...) mas a `troika´ entende que é preciso continuar a andar em frente em direcção ao abismo", acusou.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Pelo despropósito da Greve Geral e da Violência…

Há um coro grego que exige que o Presidente da República peça a fiscalização preventiva da constitucionalidade do OE para 2013 junto do Tribunal Constitucional.
Paulo Gaião
Mas o Presidente da República foi muito claro em Julho passado, logo após o Tribunal Constitucional "chumbar" os cortes nos subsídios de férias e de Natal da Função Pública e pensionistas, sobre as razões de não ter pedido a fiscalização preventiva da constitucionalidade do... OE para 2012. 
Questionado sobre se estava arrependido de não ter recorrido ao TC, Cavaco ripostou com outra pergunta. Porque será que nenhum Presidente da República até hoje enviou previamente um OE para fiscalização do TC  
"Por que terá acontecido? Talvez porque se um Presidente da República mandasse para o Tribunal Constitucional para fiscalização preventiva, a declaração de inconstitucionalidade de uma simples alínea inviabilizaria totalmente o orçamento. Deixava de haver orçamento", disse Cavaco. "Independente do julgamento que possa ter feito em relação ao orçamento para 2012, imagine o que seria, Portugal, tendo negociado com instituições internacionais um acordo de assistência financeira, se não tivéssemos orçamento, quando o orçamento é a peça central da política económica e financeira do país e essa é a razão por que talvez nunca nenhum Presidente da República pediu fiscalização preventiva", acrescentou o Presidente da República.   
É evidente que pode defender-se que as condições políticas se alteraram em relação ao ano passado. Mas o que mudou? A pressão da rua aumentou bastante. A CGTP e o PCP fortaleceram o seu poder no combate às políticas de austeridade. O PS rompeu  a base mínima de entendimento com o PSD.          
Pedir a fiscalização preventiva da constitucionalidade do OE significava Cavaco convergir com estes interesses.  Ora Cavaco é um "animal político" que sabe bem que não pode acentuar uma dinâmica anti-governativa que, à primeira oportunidade, se viraria contra si.      
Por outro lado, não parece que uma tese calculista de que Cavaco podia assim esvaziar os protestos contra o OE e o aumento dos impostos faça hoje sentido porque a situação política é demasiado frágil e imprevisível.             
Há outra razão para Cavaco não enviar o OE para o TC.  Ao anunciar solenemente que votava o OE por patriotismo, Paulo Portas retirou a margem (imaginária) que restava ao Presidente da República para o fazer.  
Cavaco nunca admitiria ser Portas e não ele o homem mais virtuoso da República.
Ser Portas e não ele o nosso Catão.
Faria todo o sentido falar da Greve Geral de ontem (que não pude fazer), mas como pelos vistos tudo se resumiu, como é costume, a um despique entre polícias e “malfeitores”, uns e outros profissionais, afinal onde esteve a greve?
Mas também, depois da visita da patroa, que veio a nossa casa dizer o que lhe apetecia e ninguém lhe respondeu à letra nem à careta, antes pelo contrário, que se espera dos nossos “salvadores” senão a transfusão dos bens que ainda nos restam e que mesmo não criando valor bastante (e ao que dizem até dão prejuízo) para saldar o que alguns devem a anónimos mercados, parece que tem procura bastante, o que nos deixa perplexos…
Sabemos que a Greve Geral tinha como objetivo “travar” as medidas malucas da austeridade do OE2013 e parece que não ficamos por aqui, nós e os outros concidadãos da União que “solidariamente” estão a ser “ajudados” pelas patroas, com genéricos do mesmo laboratório alemão (produto branco e ariano)…
Sabemos que já não há ninguém cá dentro, a favor deste OE2013, salvo alguns deputados do PSD, que por dever das funções são obrigados a dizer alguma coisa e conseguem dizer alguma coisa…
Sabemos que já não há instituição internacional que esteja de acordo com a receita em que se baseia o OE2013 sem umas vitaminas à mistura, salvo alguns “políticadependentes” que nunca tendo feito nada, querem continuar a ajudar o país a fazer a mesma coisa, mesmo correndo o risco de estragarem a coluna vertebral, quer pelas posturas mordomais, quer pelo peso da barriga que lhes cresce, inversamente proporcional à dos que os elegeram…
Já sabíamos que o PR não é exatamente o que diz, na hora de fazer o que insinuou ao dizer e por isso, a previsão do jornalista, não andará longe da realidade do próximo futuro…
Assim sendo, que resta aos contribuintes e pagadores das dívidas e do falso mal parado da Banca, que não seja encontrar os mesmos meios de defesa, mesmo que com amadores e amantes da dignidade roubada, que não seja a resistência, mesmo que os media nos ponham apenas a ver a cassete da “violência” das manifes e escondam as cassetes da violência do Estado, que deu e dará origem à revolta, não pacífica, crescente como auto defesa? Se o Estado não defende os seus cidadãos, quem, senão os cidadãos a defenderem-se do Estado que os oprime?
Se estamos num estado de vigília permanente e de pânico que nos leva, naturalmente, a reações reflexas, cortem-se as causas da reação, que pode ser começar pela consulta do Tribunal Constitucional!
Não se gerem de novo reacionários, porque ainda há muita gente complexada e outra tanta ficará perplexa por Cavaco fazer greve, sozinho, ao envio do OE2013 para o TC…
Há Greves Gerais (sem consequências) e greves unipessoais (inconsequentes)…

Ecos da blogosfera – 15 nov.

Auf dem falschen Weg? (No caminho errado?)

Finalmente aterrou a Senhora Merkel em Portugal. Uma visita de Estado com um simbolismo e uma carga política peculiares: afinal de contas, Angela Merkel é o rosto da política de austeridade cega e da inflexibilidade financeira. E, por consequência, a chanceler alemã assume-se como a principal culpada do impasse institucional e (sobretudo) político da União Europeia.
João Lemos Esteves
No entanto, há líderes políticos que ainda a continuam a idolatrar cegamente. Há líderes políticos que numa operação de serventia política embaraçosa até montam operações de segurança com um nível de espetacularidade confrangedor (que inclui até imagine-se o exército). Há líderes políticos assim: fracos e sem poder de negociação e noção do que é o Sentido de Estado. Enfim, há líderes políticos como Passos Coelho.
De entre as manifestações e mensagens populares anti-Merke, registei uma que me despertou a atenção: "Senhora Merkel, Portugal não é uma Merkeldoria!". Para além do trocadilho linguisticamente curioso, esta frase encerra uma verdade evidente: os responsáveis políticos tratam (pelo menos, têm tratado) Portugal como se fosse um terreno da propriedade alemã. Que, por caridade, os alemães têm mantido, dando umas esmolas de vez em quando. Ora, Portugal não é uma quinta privativa ou uma "mercadoria" da Alemanha: Portugal é um Estado Soberano, europeu, que está (ou devia estar) num plano de paridade face ao Estado alemão. Às tantas, até parece que, no debate político, Portugal é tratado como se se reduzisse a uma mera despesa primária dos alemães. Ou seja, da mesma forma que nós discutimos se devemos reduzir na saúde, na educação, se encerramos ou não escolas, os alemães debatem se devem gastar ou não dinheiro em Portugal - ou simplesmente cortar nesta despesa inútil que é ajudar Portugal. Ao que nós chegámos! Ao que a Europa chegou! A nossa Pátria não pode permitir um ultraje deste tipo - é uma questão de respeito. Ainda para mais, a Alemanha, se tem memória, deveria agradecer-nos todo o apoio que demos em fases muito complexas da sua história recente.
Dito isto, a visita de Angela Merkel a Portugal afigurava-se como uma oportunidade soberba para Passos Coelho começar uma nova estratégia em termos de política europeia. Até agora, Passos Coelho colou-se a Angela Merkel e ao seu fanatismo ideológico-económico-financeiro. A explicação dada correspondia à necessidade de Portugal se assumir como o bom aluno, que cumpre as suas obrigações internacionais, para recuperar a confiança dos credores internacionais. Mas, face aos efeitos perversos da austeridade reconhecidos já pelo FMI e à necessidade de colocar o acento tónico na economia e a reputação positiva já alcançada por Portugal nos mercados, impunha-se que Passos Coelho aproveitasse a visita de Merkel para iniciar uma segunda fase. Já não de colagem e avé-marias à política de Merkel, mas sim de negociação e de explicação daquelas variantes e condicionantes da vida económica portuguesa. Chamando sempre a atenção para as consequências sociais de uma política de austeridade rígida como a defendida por Merkel. Foi o que Passos Coelho? Inexplicavelmente, e a mal da Nação, não. Nem por sombras.
É que as ideias fortes de Passos Coelho foram: Portugal está na linha da frente da defesa do euro e espera que os "grandes" da Europa fiquem na retaguarda se algo correr mal; a Europa tem de estar unida, contra as divisões que têm surgido; temos de continuar a percorrer este caminho porque é o único possível. Ora, em primeiro lugar, se a Europa está unida, se vivemos numa União Europeia, não deveríamos estar todos na linha da frente? Somos nós - os pequenos, na terminologia de Passos Coelho - que estamos na luta e depois temos de pedinchar o escudo dos grandes? Mas que raio de mundo de pernas para o ar é este?
Em segundo lugar, Passos Coelho criticou as divisões na Europa. Não percebi: é que ao lado do Primeiro-ministro estava Angela Merkel - o rosto das divisões na Europa. Passos estava a criticar quem? Monti e Rajoy por discordarem de Angela Merkel? Quem está preocupado com o crescimento económico e a coesão na Europa é divisionista! Esta ideia é surreal! Ter um Primeiro-Ministro que meteu esta ideia na cabeça é um facto que deve preocupar todos os portugueses!
Dir-se-á que Passos Coelho pretendeu criticar Merkel, ainda que implicitamente. Mas não: é que no mesmo discurso diz que a linha merkeliana é a única correcta. É a única que devemos seguir. A não ser que Passos Coelho tenha personalidade dupla, as suas palavras foram contra Monti, Hollande e Rajoy. Ou seja, Passos Coelho é contra a única linha política europeia que favorece os interesses de Portugal. Mas, afinal de contas, Passos Coelho serve os portugueses ou serve a senhora Angela Merkel? E se servir Angela Merkel for a sua ambição de vida, então que vá para uma empresa pública ou privada alemã e que nos deixe escolher outro Primeiro-ministro...
Imagem recebida por mail

…falsos pedidos, falsas aceitações de “amizade” e…

O Facebook está a ser invadido pelos falsos “gosto” com muitos utilizadores a queixarem-se que a sua aprovação tem surgido em vários produtos, marcas e causas, sem nunca terem clicado neles.
Algumas das situações mais insólitas tiveram lugar durante a campanha presidencial norte-americana quando vários apoiantes fervorosos de Barack Obama notaram um dia que estavam a apoiar Mitt Romney sem nunca terem gostado da página do candidato republicano, conforme reporta o Financial Times.
A escala do problema ainda não é exacta mas vários peritos acreditam que esta vaga de falsos “gosto” deve-se à aposta da publicidade como fonte de receitas pelo Facebook, em particular no mercado móvel.
A rede social de Mark Zuckerberg disse que não tem provas da existência de qualquer vírus ou ataques de crackers que tenham propagado os falsos “gosto”.  No entanto, apurou que alguns destes acontecerem acidentalmente quando os utilizadores que acederam pelo smartphone clicaram acidentalmente num “gosto” de uma publicidade.
Contundo, os utilizadores podem estar a ser induzidos para clicar em “gosto” pela rede social, quer seja através de linguagem enganadora ou um design confuso, segundo Shuman Ghosemajumder um antigo responsável do Google. “Pode levar o utilizador a clicar em coisas quando pensaram que estavam somente a ver alguma coisa”, afirmou. “Houve muitos casos de marcas que foram muito agressivas sobre querer aumentar o número de “gosto” nas suas páginas”.
A entrada do Facebook em bolsa, e a consequente queda do valor das acções, tem causado grande pressão sob a liderança da rede social para apresentar resultados.
Os utilizadores tem estado a ser usados pelas marcas para fazer publicidade pelos seus produtos, como num caso de uma utilizadora que não sabia que gostava das pilhas Duracell, até um anúncio ter surgido no newsfeed de dois amigos a dizer que gostava das pilhas desta marca.
Jack Taylor, um web designer, contou ao Financial Times que descobriu na sua conta um “gosto” à cidade de Salzburgo na Áustria. Taylor disse que nunca visitou a cidade, não tem interesse em visitá-la e nunca clicou naquele “gosto”.
Mais tarde começou a notar que vários amigos seus gostavam de várias marcas como a Walmart, Shell e a Gap. Alertado por Taylor, um amigo seu disse que tinha colocado um “gosto” na Gap há 1 ou 2 anos atrás, mas não pretendia que o seu nome fosse usado o mês passado para anunciar promoções de 30%. “Acho que é uma forma muito má de brincar com os seus clientes”, disse Taylor.
Não sei se acontece com mais alguém, mas presumo que sim, pois comigo tem acontecido alguns pedidos de amizade, que desconfio que não sejam do próprio, até porque já encontrei algumas aceitações de pedidos de amizade, a quem eu não pedi e o último até foi a uma criança de 14 anos, que “desamiguei” de imediato (cá por coisas) o que me deixou meio baralhado e muito desconfiado das explicações que a notícia pormenoriza.
Eu sei, e todos sabemos, que estamos no Facebook porque queremos, mas para além dos “riscos” que corremos, de apropriação ou falsificação de identidade, ninguém está à espera que seja a própria rede social a manipular-nos até nos poder comprometer…
Se não ganhamos nada com este entretenimento, ao menos que não percamos, ou perdem o “gosto” e desfazemo-nos dos “amigos”…
“Amigos”, “amigos”, Facebook à parte!
“Não gosto”, mesmo nada!

Contramaré… 15 nov.

O Exército israelita matou o chefe de operações militares do Hamas e outros 6 palestinos, ao lançar uma operação contra grupos armados em Gaza que, segundo as Brigadas Ezzedin Al-Qassam, "abrirá as portas do inferno" para Israel.
O primeiro-ministro de Israel afirmou que o seu país enviou uma "mensagem clara" ao Hamas e está preparado para "estender" a sua operação, caso seja necessário.

Os Estados Unidos, que "acompanham de perto" a evolução da situação em Gaza após a morte de Jaabari, indicaram que são "solidários" a Israel e ao seu "direito de se defender contra o terrorismo".

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Angela não mentiu e até confirmou tudo que sabíamos!

A visita de Angela Merkel a Portugal durou pouco mais de 5 horas, mas deixou um lastro sobre o pensamento da chanceler alemã. Eis um resumo de 10 ideias essenciais (para ela).
1. Acumulação de dívidas afetou quase todos os países da União Europeia. Angela Merkel referiu-se ao aumento das necessidades de financiamento após a crise financeira de 2008. Os custos (juros) aumentaram e as necessidades aumentaram, nomeadamente para ajudar os bancos. Pois! Nomeadamente para ajudar os bancos privados…
2. Banco de Fomento vai ter ajuda da Alemanha. A implementação de um Banco de Fomento, ideia defendida por António José Seguro, líder do PS, e pelo Conselho Económico e Social, é uma boa forma de ajudar a indústria a crescer e tornar-se competitiva. A ideia não é bem vista pelos banqueiros, mas parece ter  acolhimento no Governo. Se os banqueiros não querem, nem com cunha da Merkel…
3. Banco Europeu de Investimentos e fundos estruturais podem ajudar ao crescimento da economia, nomeadamente financiando a indústria. A forma de canalizar este investimento poderá vir a ser o tal Banco de Fomento. A Comissão Europeia propôs recentemente um conjunto de ações para dinamizar a indústria, que inclui a afetação entre 10 e 15 mil milhões de euros do Banco Europeu de Investimento (BEI) e de fundos estruturais em empréstimos adicionais às PME. Podem… ajudar ao crescimento, com o Banco de Fomento que os banqueiros não querem…
4. A União Bancária é essencial. Merkel defendeu a necessidade de um regulador europeu para o setor financeiro, embora tenha sido ela uma das responsáveis pelo seu adiamento para 2014. Os Estados com dificuldade em se financiarem nos mercados internacionais passaram a ser financiados pelos bancos domésticos (que compravam obrigações do Tesouro), os quais, por sua vez, sofreram as consequências da desvalorização das dívidas públicas dos próprios países, necessitando, por isso, de ser recapitalizados pelo Estado, penalizando, por sua vez, a dívida soberana. Confirma que foram os bancos que transformaram a dívida privada em dívida pública e que os Estados puseram os contribuintes a pagarem aos banqueiros, que não querem o Banco de Fomento para ajudar ao crescimento…
5. A confiabilidade dos futuros financiamentos é fulcral. Os investidores perguntam-se se os Estados podem cumprir os seus compromissos. Merkel referiu-se à psicologia dos mercados. A probabilidade de incumprimento da dívida (risco de default) subiu para 41,26%, e o custo dos credit default swaps (cds, seguros contra o risco de incumprimento) ultrapassou, de novo, a barreira dos 600 pontos base, segundo dados da CMA DataVision. Portugal mantém-se no 6.º lugar do "clube" dos 10 países com mais alto risco de incumprimento. Confirma que estamos em risco de falência, mas siga o baile, com psicologia dos mercados, marimbando-se na psicologia das pessoas e os riscos de default social…
6. Alemanha quer apoiar Portugal na formação profissional. Merkel confirmou que o Governo vai apostar e reforçar o ensino técnico-profissional e gostaria de ter dentro de 1 a 2 anos mais 50% de jovens nesta área de ensino. Um dos objetivos deste projeto de ensino dual de formação profissional, inspirado no sistema alemão, é reduzir o desemprego jovem, aspeto igualmente referido pela chanceler alemã. Merkel é que disse o que o nosso governo vai fazer na “educação”, formando rapazinhos para irem trabalhar para a Alemanha, que está a envelhecer e até gostam dos portuguesinhos…
7. Os processos de ajustamento têm de ser rápidos. 5 anos é só para países asiáticos. A velocidade do ajustamento (3 anos) português é um dos problemas mais referidos pelos críticos da austeridade que se progressivamente tem sido agravada devido aos maus resultados do lado da receita fiscal. Merkel disse que já se referiu a planos de ajustamento de 5 anos, mas que estaria a falar de países asiáticos e não europeus. Toda a gente ouviu a Sra. dizer 5 anos (que não chegam a meia missa), mas pelos vistos são só 3 (falta 1!), mesmo com o agravamento da receita fiscal (a quadratura do círculo)…
8. Só com reformas estruturais é que os Estados podem garantir a sustentabilidade. “A reforma aos 67 anos também não agrada aos alemães, mas são medidas necessárias”, referiu Merkel. A chanceler elogiou as reformas no mercado de trabalho português, numa referência implícita à diminuição do valor das indemnizações por despedimento e no tempo e valor máximos do subsídio de desemprego, entre outras medidas. Merkel confirmou o que se sabia sobre a reforma (a Sra. é apologista da Reforma) labora, que lixou quem trabalha e cria riqueza e ajuda os “investidores” (que não aparecem)… E com 67 anos a produção do trabalhador dispara!
9. Cerca de 60% das exportações alemãs são para a União Europeia. A Alemanha só tem a ganhar se tudo correr nos processos de ajustamento. Para a Alemanha, a Comissão Europeia estima um crescimento de 0,8% para 2012 e 2013, abaixo dos 3% verificados em 2011.  A desaceleração foi atribuída, em parte, ao enfraquecimento da atividade econômica em importantes países parceiros de Berlim e às incertezas relacionadas com a crise da zona euro. Claro, 60% das exportações para a UE dão-lhe vontade e jeito para insistir na UE e sobretudo no Euro, porque os chineses só lhes compram (por enquanto) os “BMW”… É só mamar!
10. As manifestações de protesto são naturais. Não há 3 alemães com a mesma opinião sobre as políticas de austeridade. Fugiu um pouco à questão sobre o seu papel na implementação das políticas de austeridade na Europa. Reconheceu que provocam agitação social, quer em Portugal e Grécia quer na Alemanha, e que a divergência de opiniões surge de forma natural quando as medidas são difíceis. Conhece as consequências da austeridade, não elimina e omite as causas e portanto acha natural que se proteste (pacificamente, sempre!), mesmo que as “soluções” impostas só sejam aceites por ela e pelo Gaspar, contra tudo e contra todos!
Resumindo. Oh Abreu, dá cá o meu!
Saldo entre importações e exportações é claramente favorável à Alemanha.
Entre janeiro e agosto, a Alemanha liderada pela chanceler Angela Merkel ganhou 1,9 milhões de euros por dia com Portugal, quando calculamos a diferença entre importações e exportações.
No ano passado a maior economia europeia encaixou 4,4 milhões de euros por dia com Portugal.
Este ano, com a recessão nacional, o saldo comercial desceu à volta de 2 milhões de euros mas, mesmo assim, é claramente favorável aos alemães.
O saldo negativo de Portugal verifica-se sobretudo desde 2007, embora tenha aliviado ligeiramente com a redução das importações nacionais: foi de 3,1 mil milhões em 2010, 1,4 mil milhões em 2011 e, só até agosto, o saldo comercial negativo já ia em 448 milhões de euros.
Como se vê e apesar da crise ou por causa da crise, a nossa “amiga” e nossa precetora, entre outras coisas(?) anda a fazer de caixeira viajante, inspecionando a contabilidade (função para o que não tem legitimidade), para saber por quanto mais tempo poderá vender produtos “made in Germany” aos comerciantes cá da terrinha, com a garantia de receberem o deles. Isto é que é a verdadeira diplomacia económica…
De salientar que em 2010, dos 3,1 mil milhões de lucro, só mil milhões foram para os 2 submarinos (que só o Portas achou necessários) e que foram pré-pagos, por imposição da Sra. ao PM que então estava no poder, de seu nome, Sócrates. Convém lembrar, que com a fraude do BPN e a fraude da nacionalização dos prejuízos, somando-se o valor dos submarinos é que começou verdadeiramente a crise. Depois destes “pormaiores”, todos conhecemos o filme…
E apesar de as importações terem diminuído, quem está ainda a lucrar com a situação, “ajudando-nos”, afinal é a prestamista. Só não se entende por que também nesta questão a Sra. insista nas medidas que nos impõe, sabendo que em cada ano lhe compraremos menos e eles vender-nos-ão também menos, até ao zero, a não ser que nos voltem a fiar, do que são capazes e os nossos governos também serão capazes de repetir os erros…
Cá para nós, 1,4 mil milhões de euros (em 2011) é muita massa, que nem se entende que tipo de produtos foram importados, mas só podem ser uns popós dos carotes (vejam-se os anúncios televisivos), para a frota do governo, e dos que ainda tem muita nota, sem terem pago nada para o peditório da crise… Ou seja, até nisto, os mais ricos prejudicam os mais pobres e pagantes, desequilibrando a balança comercial e dificultando o tal equilíbrio orçamental…
A Germânia transformou-se assim numa boutique de luxo e só vende com dinheiro à vista, mesmo que nos digam que não se vê dinheiro…
Continuemos, compatriotas, até à bancarrota final!
PS – A interrupção deveu-se a ser obrigado a pensar na morte, para reganhar forças para defender a vida.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Não desisti...

O que caracteriza hoje a UE, em 1º lugar, é o MEDO!

O velho continente enfrenta, ao mesmo tempo, uma crise económica moderada, uma grave crise política, uma dramática crise de civilização e uma crise espiritual que pode ser mortal, avisa o filósofo polaco Marcin Król.
Sabemos que a Europa esteve quase sempre em crise. A diferença entre uma apreensão permanente da crise tal como era sentida no passado e a situação atual tem a ver com o facto de que, antigamente, a Europa mantinha uma capacidade de autorreflexão e autocrítica que lhe permitia ultrapassar as crises sucessivas. Essa faculdade já não está ao seu alcance. A Europa de antes já não existe, simplesmente.
É-nos difícil imaginar o futuro do mundo sem a Europa, talvez não a Europa líder, mas a Europa portadora de normas básicas, bem como de princípios para nós próprios e para as gerações futuras. A Europa é a nossa forma de existência, a única que temos. Quando a Europa foge, desaparece e enfraquece ao extremo, olhamos para ela sem saber o que fazer.
O medo intelectual e espiritual
Na maior parte das vezes, surgem 3 tipos de resposta. A primeira faz apelo a um regresso às soluções já experimentadas, sob as suas diversas formas de Estado-Providência ou social-democrata.
O segundo tipo de resposta consiste em dizer que a crise não é nem única nem principalmente de natureza económica e exige uma mudança política. Entre as visões políticas mais características encontramos a de uma Europa federal, ligada por fortes laços internos. Esta visão simpática é, no entanto, tão velha quanto a Europa e sempre se mostrou errónea. O seu maior defeito é que não há uma única sociedade europeia que deseje uma Europa federal, pela simples razão de que, mesmo que conseguíssemos criá-la, essa Europa seria completamente diferente daquilo que consideramos como a nossa forma de existência.
Por fim, o terceiro tipo de resposta baseia-se na convicção de que a retoma económica irá melhorar automaticamente todos os domínios da vida europeia.
Todas estas respostas têm uma coisa em comum: buscam a solução no presente. Queremos resolver as questões aqui e agora, utilizando, de preferência, meios bem conhecidos, mas usando-os melhor. Fazemos apelo às medidas habituais, não por falta de imaginação ou de coragem, mas por que não sabemos como agir de outra maneira. Se pensarmos bem, poderemos dizer que o que caracteriza, em primeiro lugar, a Europa de hoje é o medo. E não é o medo de um possível colapso da moeda, mas sobretudo o medo intelectual e espiritual.
Os problemas são conhecidos
O atual estado de impotência da Europa foi induzido pelas quatro grandes fraturas da espiritualidade e do espírito dos tempos modernos. A primeira oposição é entre a religião e o mistério como chave de compreensão do mundo e a afirmação de que a religião é uma superstição. A segunda é o nacionalismo e o Estado-nação contra os valores e as práticas do universalismo. A confrontação entre o utilitarismo, ou a procura do prazer e a propensão dos indivíduos para se circunscreverem a objetivos prudentes e limitados é a terceira fratura. Seguida daquela que separa a democracia, ou seja, a comunidade e o liberalismo como motores da liberdade individual.
Sabemos quase tudo sobre a crise atual. Os economistas brilhantes sabem perfeitamente que é impossível suportar a amplitude das dívidas públicas, que a Grécia há muito que ultrapassara os limites, e que deixar a especulação financeira escapar a todo o controlo dos governos conduziria à catástrofe.
Não ignoramos o declínio demográfico e os desastres que estão para vir em áreas como as reformas, a saúde e a educação. […] Tudo isto é bem conhecido, mas os políticos não querem ver ou não são capazes de compreender intelectualmente esses problemas.
Qualquer reação séria requer decisões impopulares e é isso o que mais temem os responsáveis políticos das democracias atuais. Digamos simplesmente que, por exemplo, a reforma das pensões recentemente introduzida em quase todos os países europeus deveria ter sido posta em prática há 10 anos para poder dar resultado. Acrescentemos também que os especialistas em educação da UE pressionam a educação europeia a substituir as universidades por escolas profissionais, o que testemunha uma incompreensão total do facto de as ciências humanas se apoiarem na filosofia e as ciências puras na matemática. Atualmente, estas disciplinas são as menos subsidiadas.
Determinar o interesse comum
Sabemos tudo isto. O nosso problema não é a incapacidade em prever, mas a nossa relutância em agir. Além do mais, os métodos técnicos de saída da crise, preconizados por muitos economistas, são tão ineficazes economicamente como totalmente inadaptados para eliminar as fontes subjacentes, espirituais e intelectuais desta crise.
A democracia enquanto ideia de comunidade por natureza deve referir-se a todos os cidadãos. Deve excluir qualquer caráter elitista, tendo em conta a irracionalidade tanto à escala individual como coletiva. Para unir estes dois elementos convém explicar à comunidade democrática o que é exatamente o seu interesse comum ou, então, produzir um estado de emoção coletiva quando esse interesse é claramente visível (aquilo a que, no passado, chamávamos patriotismo). O interesse comum consegue, mais do que o bem comum, unir os cidadãos, apesar das divergências de convicções sobre muitas questões.
No entanto, para determinar qual é o interesse comum, precisamos de compreender quais são os interesses particulares ou de grupo. Também precisamos de saber como construir as prioridades e hierarquizar os interesses. Só um consenso sobre essa hierarquia nos permitirá seguir em frente, muito para além da simples correção da presente situação. Atualmente, tal coisa é impossível.