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sábado, 29 de setembro de 2012

As mesmas premissas, diferentes silogismos!

O economista critica os defensores da austeridade, dizendo que estes se esqueceram das pessoas. Espanhóis, (portugueses) e gregos "estão certos" ao protestar contra mais austeridade. "Os verdadeiros intervenientes irracionais" são os políticos que exigem cada vez mais sacrifícios.
Na habitual coluna de opinião no "New York Times", intitulada esta semana de "A loucura da austeridade na Europa", Krugman defende que as medidas de austeridade levadas a cabo por países como a Grécia, Espanha ou Portugal "foram demasiado longe".
"Muitos analistas sugerem que os cidadãos de Espanha e da Grécia estão apenas a adiar o inevitável, ao protestar contra os sacrifícios que devem, de facto, ser feitos. Mas a verdade é que estes cidadãos estão certos. Mais austeridade não serve nenhum propósito. Os verdadeiros intervenientes irracionais são os políticos, alegadamente sérios, que exigem cada vez mais sacrifícios", escreve o economista no jornal norte-americano. "O que a opinião pública destes países está, de facto, a dizer é que chegaram ao limite: com a taxa de desemprego em níveis idênticos ao da Grande Depressão, a austeridade já foi longe demais."
"De facto", prossegue Paul Krugman, a "pesquisa realizada pelo Fundo Monetário Internacional sugere que os cortes orçamentais em economias altamente deprimidas podem, na verdade, reduzir a confiança dos investidores já que aceleram o ritmo da queda económica".
Krugman comenta, em particular, o caso espanhol e concluiu que a situação económica do país revela que este "não necessita de mais austeridade". Questiona, então, Paul Krugman: "Porquê as exigências de mais sacrifícios?"
"Parte da explicação está no facto de na Europa, como nos Estados Unidos, muitas 'Very Serious People' [Pessoas muito sérias] foram tomadas pelo culto da austeridade e pela crença de que os défices – e não o elevado desemprego – são o perigo presente e que a redução do défice vai, de alguma forma, resolver o problema criado pelos excessos do sector privado".
"Além disso", continua o economista, "uma parte significativa da opinião pública na Europa – em especial na Alemanha – acredita numa falsa visão da situação". "Falem com políticos alemães e eles irão mostrar-vos a crise do euro como um jogo moral, um conto de países que viveram acima das suas possibilidades. Não importa o facto de que nada disto é o que está a acontecer – e o igualmente inconveniente facto de que os bancos alemães desempenharam um papel de relevo ao inflacionarem a bolha imobiliária em Espanha. O pecado e as consequências constituem a sua história."
Destacando algumas premissas, cujo silogismo nos conduz à ANTÍTESE da TESE vigente:
Espanhóis, portugueses e gregos estão certos ao protestar contra mais austeridade.
Os verdadeiros intervenientes irracionais são os políticos, alegadamente sérios, que exigem cada vez mais sacrifícios.
A pesquisa realizada pelo FMI sugere que os cortes orçamentais em economias altamente deprimidas podem, na verdade, reduzir a confiança dos investidores já que aceleram o ritmo da queda económica.
Pessoas muito sérias foram tomadas pelo culto da austeridade e pela crença de que os défices – e não o elevado desemprego – são o perigo presente e que a redução do défice vai, de alguma forma, resolver o problema criado pelos excessos do sector privado.
Falem com políticos alemães e eles irão mostrar-vos a crise do euro como um jogo moral, um conto de países que viveram acima das suas possibilidades e não importa o facto de que nada disto é o que está a acontecer.
O facto inconveniente é que foram os bancos alemães que desempenharam um papel de relevo ao inflacionarem a bolha imobiliária em Espanha.
O pecado e as consequências constituem a sua história.

Ecos da blogosfera - 29 set.

“Os Europeus” – 8

A assinatura da Carta Magna garantiu amplos direitos, a princípio à nobreza, mais tarde aos cidadãos da Inglaterra. Em 15 de junho de 1215, o rei João I teve que ceder à pressão dos barões.
Matthias von Hellfeld
João sem Terra assina a Carta Magna
Em 1215, o rei inglês João I (1167-1216) viu-se obrigado a assinar um documento de significação abrangente. A regência do soberano considerado teimoso e descontrolado nunca esteve sob uma boa estrela. Ele era ridicularizado pelo facto do seu pai, Henrique II (1133-1189), tê-lo ignorado na partilha da herança. Assim, ganhou o cognome de "João Sem Terra" (John Lackland, em inglês).
Desde o início, sofrera por ser o sucessor do seu popular irmão Ricardo Coração de Leão (1157-1199). Além disso, envolveu-se numa rixa constante com a Igreja. Cautelosamente, o clero evitava que João ganhasse influência sobre assuntos eclesiásticos internos. Porém a rápida perda de prestígio do soberano deveu-se, sobretudo, aos longos anos de disputas com a França em torno das posses continentais da coroa inglesa no norte francês.
Invasão da França fracassa – privilégios para nobreza inglesa
Desde 1202, João I vinha a sofrer pressão do soberano francês Filipe II, o Augusto. Por vezes, as posses inglesas na França eram confiscadas. Por vezes, eram restituídas através de regulamentações contratuais. Por vezes, nobres franceses rebelavam-se no norte da França. E por vezes, o Papa intervinha. Em 1209, João I chegou até mesmo a ser excomungado.
No início de 1214, o soberano francês ameaçou atacar a Inglaterra e João I antecipou-se, invadindo a França. Mas a invasão foi um lamentável fracasso. A vergonha da derrota fez com que a nobreza inglesa se levantasse definitivamente contra o seu soberano. Em 63 artigos, os nobres estipularam os direitos que queriam que o rei inglês lhes garantisse e aos seus descendentes.
A exigência mais importante era o direito a que mais nenhum imposto fosse criado sem a aprovação da nobreza. Da mesma forma, nenhum cidadão livre poderia ser preso por funcionários reais sem que as razões da sua prisão fossem investigadas. Além disso, os nobres estabeleceram para si privilégios inalienáveis, os quais nem o rei nem o Papa poderiam revogar.
Para o rei, as consequências de tais "privilégios" foram claras. Pois, a partir daí, pela primeira vez, um rei inglês não reinaria mais pela "graça divina" ou com a bênção do Papa, mas teria que se entender primeiro com a nobreza e depois com o povo, com vista a um equilíbrio de interesses.
Mas nada mais restou ao rei senão assinar a Carta Magna, naquele histórico 15 de junho de 1215 em Runnymede, região localizada no condado de Surrey, no sul da Inglaterra. Os nobres fizeram várias cópias do documento – uma para cada condado. Desta forma, o conteúdo e os efeitos da Carta Magna puderam, em apenas poucos dias, ficar conhecidos em todo o país.
Carta Magna – pilar da história do direito europeu
Em forma modificada, a Carta Magna assinada em 1215 tornou-se parte e alicerce da legislação britânica atual. Juntamente com a Declaração de Direitos (Bill of Rights) de 1791, formou a base de todas as leis dos Estados Unidos da América, cuja Constituição alude a ela em vários pontos. Não é um exagero considerar a Carta Magna o documento que criou as condições para que as liberdades e os direitos civis pudessem cada vez mais estabelecer-se. Primeiro na Grã-Bretanha e, mais tarde, no continente europeu.
O princípio de que o rei não pode criar impostos "sem a aprovação geral do Nosso Reino" faz lembrar quase literalmente a exigência política da Guerra da Independência dos EUA no final do Século XVII: "No taxation without representation!" – nenhuma tributação sem representação apropriada no Parlamento.

E o FIM DO EURO seria bom para os especuladores?

Após um período de trégua relativa e de otimismo, os mercados parecem querer, mais uma vez, penalizar os países mais frágeis da zona euro e as tensões sociais reacendem-se. Aqueles que pensavam que modestas alterações de política iam resolver uma crise estrutural enganaram-se redondamente, explica um economista.
A chegada do outono, em 23 de setembro, assinalou o fim do verão não só para o comum dos mortais, mas também para os mercados financeiros. De Tóquio a Nova Iorque, passando pela Europa, as cotações das bolsas estão em nítido refluxo em quase todo o lado.
Que se passa? Os mercados internacionais estão a pagar o preço do fim de 3 ilusões que os acompanharam durante o verão.
A primeira, bastante infantil mas, ainda assim, muito difundida, poderia chamar-se "a ilusão da varinha de condão". Trata-se de uma deformação mental que leva a pensar que os governos e os bancos centrais são capazes de, no espaço de algumas semanas ou de alguns meses, inverter tendências negativas enraizadas desde há anos. Para tal, bastaria uma pequena disposição regulamentar e tudo ficaria como dantes; o jardim das delícias (financeiras) voltaria a produzir os seus maravilhosos frutos.
Na realidade, a crise que vivemos há 5 anos é um fenómeno bem mais grave e os seus bacilos estão por todo o lado ou quase, na economia e na sociedade, e não apenas nas cotações das bolsas. E serão precisos anos para os erradicar, na medida em que isso seja possível. As medidas de estabilização representam um caminho semeado de escolhos. Os agentes dos mercados financeiros que não quiserem acreditar em tal correm o risco de pagar por isso.
Muita paciência e alguns sacrifícios
A segunda ilusão dos mercados relaciona-se com a primeira e pretende que, com varinha de condão ou sem ela, o remédio que poderia relançar a economia real já foi encontrado – e teria repercussões imediatas e positivas sobre as bolsas. Na realidade, os remédios propostos são dois e, para já, nenhum deles representa a solução: o primeiro é a injeção massiva de liquidez, solução adotada pelos Estados Unidos, que, melhor ou pior, permite manter à tona a economia norte-americana; o segundo é uma mistura europeia de austeridade orçamental (hoje) e medidas de relançamento da produção, com as contas públicas saneadas (amanhã) – uma solução que, por definição, requer muito tempo, muita paciência e alguns sacrifícios. Desde que, evidentemente, os resultados se façam sentir depois.
Estarão os europeus realmente dispostos a aceitar esses sacrifícios e a dar mostras da paciência necessária? Na realidade, essa pergunta obtém respostas no mínimo hesitantes.
E isso leva-nos à terceira ilusão: aquela que pretende que os governos sejam capazes de tomar quaisquer medidas, tendo em conta exclusivamente a viabilidade económica e abstraindo-se da viabilidade política, ou melhor, da reação da população.
O melhor exemplo é naturalmente o da Grécia, onde se insiste na necessidade deste ou daquele novo corte orçamental, sem se conseguir superar o "buraco" das finanças públicas. Acontece que cada novo apertar do cinto faz aumentar o descontentamento – como demonstram as manifestações violentas de 26 de setembro – e engrossar as fileiras daqueles que se sentem seduzidos pela ideia de mandar tudo para o inferno e abandonar a moeda única. O que, sem dúvida, não faria nenhum bem ao euro e menos ainda aos gregos, que, dado o estado da sua balança de pagamentos, não estariam de modo algum em condições de pagar o trigo e o petróleo que lhes permitirão aguentar o inverno.
Problema da viabilidade política
Apesar de o quadro ser menos sombrio, em Espanha, a margem de manobra não deixa de ser muito estreita. A Itália parece ter uma rédea mais larga, se acreditarmos nas declarações de personalidades conhecidas pela sua severidade, como o presidente do Bundesbank, sobre as capacidades do país para sair da crise sem ajuda estrangeira. A Itália é um dos raros países onde a maior parte das famílias dispõe de uma poupança consequente e onde a queda do consumo parece associada não apenas à redução dos rendimentos de alguns setores da população especialmente atingidos pela crise mas, também, ao medo generalizado face ao futuro.
O problema da viabilidade política não se coloca unicamente nos países indiscutivelmente fracos. É o que indicam, em França, as informações quase simultâneas que dão conta da ultrapassagem da barra dos 3.000.000 de desempregados e da queda da quota de popularidade do Presidente François Hollande, que perdeu 11% num mês. Testemunham igualmente o facto os indícios, hoje muito claros, de um abrandamento da economia alemã e de uma situação que está longe de ser famosa nas fileiras da coligação no poder em Berlim. Pode dizer-se que, por mais sólido que aparentemente seja, não há país europeu que não se preocupe com o futuro da sua economia.
É por tudo isto que as bolsas derrapam ou se mostram extremamente prudentes. Afinal, ainda que os agentes dos mercados financeiros acreditem frequentemente viver noutro planeta, as bolsas são também a expressão dessa sociedade, com os seus receios e as suas inseguranças. O mundo não se limita às cotações das bolsas e inclui também listas de compras, cada vez mais uma fonte de sofrimento, de donas de casa. E é uma ilusão acreditar que, a médio ou a longo prazo, as bolsas poderão recuperar, se as donas de casa estiverem mal.
Análise - A injustiça aumenta a raiva
Para o Süddeutsche Zeitung, são as injustiças atualmente sentidas que estão na origem da “raiva dos cidadãos” expressa na Grécia, em Portugal e em Espanha:
Os governos estão em estado de alerta: a tendência para extremismos políticos aumenta a cada nova manifestação. Podemos estar na época dos demagogos.
São 2 os fatores que explicam que a raiva se exprima através dos partidos extremistas na Grécia, através dos independentistas em Espanha e por um possível regresso de Silvio Berlusconi em Itália:
A capacidade de sofrimento de uma sociedade não pode ser apenas determinada pelo preço do pão ou pelo montante do subsídio de desemprego. Depende também da força da convicção e do otimismo que um governo consegue desenvolver. Em Espanha e na Grécia há uma cruel ausência de liderança. Pelo contrário, há um sentimento crescente de se estar a ser tratado injustamente porque os ricos estão a ser preservados e os bancos continuam intocáveis (e o mesmo se passa em Portugal).

Contramaré… 29 set.

Cleve Foster foi executado, esta terça-feira, no estado norte-americano do Texas, garantindo não ter cometido o crime pelo qual ia acusado, de ter assassinado uma mulher em 2002, 2 horas depois de o Supremo Tribunal ter rejeitado, com 6 votos a favor e 3 contra, o adiamento da execução, o que se verificou 3 vezes em 2011.
O homem, de 48 anos, que trabalhava recrutando novos soldados, garantiu até ao fim ser inocente, apesar de o Ministério Público argumentar que havia provas de ADN que o incriminavam, embora não tenha sido acusado de premir o gatilho, foi condenado, segundo a lei do Texas, por ter sido o parceiro necessário no homicídio e por ter participado na violação da vítima.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Os empréstimos à BANCA é que nos obrigaram a isto!

O jornal económico “Wall Street Journal” (WSJ) aplaude o recuo do Governo no aumento das contribuições dos trabalhadores para a Segurança Social, na sequência dos massivos protestos. Diz o jornal que “as ruas tinham razão”.
Apesar de a maioria da imprensa internacional apelidar o recuo de Passos Coelho de fraqueza, considerando que o Governo cedeu à pressão e caiu em descrédito, o “WSJ” diz que não vale a pena “chorar o falhanço da reforma da Segurança Social” porque Portugal precisa é de crescimento e “aumentar impostos não é o caminho para lá chegar”.
“Transferir as contribuições para a Segurança Social dos empregadores para os trabalhadores não reduz fundamentalmente os custos de contratar mais funcionários. Mesmo que os custos das empresas estejam mais baixos, um corte permanente no rendimento dos trabalhadores reduz os incentivos à procura de um emprego ou à sua manutenção”, alega o jornal, concluindo que, com o tempo, esse efeito seria compensado, com os trabalhadores a serem mais exigentes no pagamento líquido pelos seus serviços.
Para o jornal, Portugal parece-se cada vez mais com a Grécia: as manifestações nas ruas e as medidas propostas por Passos Coelho, de aumento dos impostos sobre o rendimento do trabalho, património e capital são “perigosamente semelhantes” às opções tomadas na Grécia. “E se Atenas nada provou nos últimos 2 anos, é porque não se pode tributar o caminho para um orçamento equilibrado em face do aumento do desemprego e da contração do sector privado”, sublinha.
“Portugal tem sido apontado como um aluno modelo de consolidação orçamental e de reformas estruturais. Mas cumprir as metas de défice da UE e do FMI nunca deve ser considerado como um fim em si mesmo. Portugal precisa de crescimento e outra rodada de aumento de impostos não é forma de obtê-lo”, conclui.
Já ninguém tem dúvida e até cansa insistir no mesmo paleio, de que Portugal e os países que pediram “ajuda” aos “amigos”, do que precisam é de medidas para o crescimento (fazer dinheiro!) para poder pagar os calotes, porque não há possibilidades de se apostar no “Euromilhões”…
E já começa a ganhar unanimidade que aumentar impostos (ainda por cima em troca de menos direitos) não nos leva a lado nenhum, antes pelo contrário, e cortes permanentes no rendimento dos trabalhadores reduz os incentivos à procura de emprego e à sua manutenção, para além dos efeitos colaterais, que se repetem, menos receita fiscal e mais subsídios para a sobrevivência, aumentando o assistencialismo, que não é direito de ninguém, nem devr de nenhum Estado, a não ser que seja propositado…
Já cansa também repetir que se as mesmas medidas impostas a Atenas (e a nós) contrariaram(?) as “previsões” da troika durante os últimos 2 anos, só os burros seguiriam os mesmos trilhos, que só podem levar ao abismo a não ser que seja propositado… E só por isso, seja a troika, seja o governo, a servir outra rodada com um aumento de impostos, “‘ta-se” mesmo a ver…
"Muitas vezes, estas manifestações [contra a austeridade] não deixam de ser um bom aviso para todos - para ver qual é a realidade - e evitar algo que ainda estamos a tempo de evitar", disse o eurodeputado espanhol, Santiago Fisas Ayexela, do PPE - Partido Popular Europeu e disse perceber as razões que têm levado "muita gente", espanhóis e portugueses, a saírem à rua para manifestarem o seu descontentamento com as políticas de austeridade. "Percebo perfeitamente essa revolta, mas lamentavelmente nenhum de nós tem uma varinha mágica. Estão a ser tomadas medidas que têm de ser tomadas (...) Mas também já ficou provado que austeridade a mais apenas mata o paciente", vincou o parlamentar Europeu. No seu entender, a austeridade deve ser "conjugada" com medidas de crescimento e desenvolvimento, para que seja possível "reiniciar um ciclo de esperança e prosperidade".
E lembrou que apesar de Espanha e Portugal serem eles "próprios culpados" pela situação económica em que se encontram, há também "outros culpados". A Alemanha e a França, mas sobretudo os bancos desses países, também têm “culpas no cartório” porque foi graças aos seus créditos que foram desenvolvidas determinadas políticas que não resultaram.
Fisas Ayexela considerou ainda "dramática" a situação de desemprego jovem que assola a Espanha, salientando que se os políticos - espanhóis ou portugueses - não conseguirem encontrar respostas para inverter essa "grave realidade", então poderá dizer-se que terão "fracassado".
Ressalvando que o eurodeputado é do PPE, tal justificará a sua sentença: “nenhum de nós tem uma varinha mágica”.
E diz ele que estão a ser tomadas medidas que têm de ser tomadas, sem justificar para quê, mesmo sabendo e confessando que já ficou provado que austeridade a mais apenas mata o paciente… Em que ficamos?
E sublinha que a austeridade deve ser entremeada com medidas de crescimento e desenvolvimento, para se reiniciar(?) um ciclo de esperança (talvez seja possível) e de prosperidade (aqui entra a demagogia)…
O mais grave e injustificável é ter que ouvir um militante estrangeiro da família neoliberal fazer eco da cassete pirata, que diz que os cidadãos são os culpados pela situação económica (foram eles que pediram dinheiro aos bancos estrangeiros e apostaram nas dívidas de outros Estados) e que só uma parte dos (restantes) culpados está em outros Estados “irmãos” (Alemanha e França) e sobretudo nos bancos desses países, porque foi graças aos seus créditos que foram desenvolvidas determinadas políticas (corrupção e compadrio) que não resultaram.
Sr. Ayexela, então foram os cidadãos, os políticos, as “políticas”, ou os bancos que nos fizeram os calotes? E com que argumentos nos convence de que são os cidadãos que tem que pagar as dívidas da Banca?
Finalmente, Santiago Fisas Ayexela (do PPE, partido que está no governo de Espanha) diz algo de sábio, mas inconsequente, quando diz que os políticos - espanhóis ou portugueses - se não conseguirem encontrar respostas para inverter esta grave realidade, então poderá dizer-se que terão fracassado. Nós já temos essa certeza, não por termos vistas mais largas, mas por não estarmos comprometidos com cartilhas, nem com cartéis…
O eurodeputado espanhol até parece um governante português a falar, talvez por ser da mesma “família”, cuja “honra” tem que ser defendida, mesmo quando os ofendem, chamando-os, em uníssono, de GATUNOS…

Ecos da blogosfera - 28 set.

“Os Europeus” – 7

No Século XI, quando a influência muçulmana sobre o Médio Oriente e Jerusalém começou a aumentar, o Papa Urbano II reagiu com fúria.
Matthias von Hellfeld
Tomada de Jerusalém, durante a 1ª cruzada
Em 1071, um exército cristão já fora derrotado por tropas muçulmanas em Manzikert, no leste da Anatólia. Mas foram as notícias vindas da Cidade Santa que enfureceram o Papa: segundo os relatos, honrados peregrinos cristãos tinha sido submetidos a insuportáveis martírios por parte dos pagãos.
O papa Urbano II (cerca de 1035-1099) considerou o Concílio de Clermont, em 1095, um momento oportuno para convocar uma "peregrinação armada" a Jerusalém. As palavras do Papa foram claras:
"Eles circuncisam os cristãos e despejam o sangue da circuncisão no altar ou nas pias batismais. Eles têm prazer em matar os outros, à medida que lhes cortam a barriga e puxam uma extremidade do intestino, atando-a a um poste. Aos golpes, eles perseguem-nos à volta do poste, até as vísceras saírem para fora e caírem mortos no chão. Vocês deveriam ficar tocados com o facto de o Santo Sepulcro do nosso Salvador estar nas mãos desse povo impuro, que – com a sua imundície – está a macular de maneira desavergonhada e sacrílega os nossos santuários sagrados."
Massacre em nome do Senhor
Talvez tenha sido um exagero. Verídico, com certeza, era o facto de os governantes muçulmanos cobrarem uma espécie de ingresso para quem quisesse entrar em Jerusalém. Para os peregrinos cristãos, essa era uma situação insuportável, agravada ainda pela destruição de santuários, imagens religiosas e monumentos em Jerusalém.
Reverter essa situação era o que pretendia a primeira cruzada, em 1096, com a participação de 300.000 cavaleiros europeus com perspetivas de obter um espólio compensador. O Papa Urbano II reforçou a moral dos guerreiros cristãos para o combate, prometendo-lhes o perdão de todos os pecados passados e futuros.
Mas isso não pode impedir as imensas perdas entre os cavaleiros, que – com a cruz sobre a armadura – em parte já morriam antes de chegar a Jerusalém. Eram continuamente atacados pelos inimigos, envolvendo-se em lutas com grupos locais.
Os combatentes cristãos conquistaram Niceia e Antioquia até ao início de julho de 1098. Após Beirute, prosseguiram até Jafa e Haifa. Em Edessa, Gottfried von Bouillon (em torno de 1060-1100) fundou o primeiro "Estado de cruzados". Três anos após partirem do Ocidente, chegaram a Jerusalém.
Em julho de 1099, começou a batalha pela Cidade Santa, combatida por apenas 21.000 cavaleiros exaustos, sobreviventes do exército originário. As fortificações foram destruídas com arietes e catapultas. "É a vontade de Deus!" – com este grito os cavaleiros invadiram Jerusalém, por fim, provocando um bestial banho de sangue. Apenas poucos habitantes da cidade sobreviveram.
O massacre foi estilizado pelos guerreiros de Deus como "purificação" da cidade, libertada dos infiéis. No fim, marcharam em procissão para agradecer a vitória. Esse dia custou a vida de 70.000 pessoas.
Mais motivos para guerras religiosas
No verão de 1099, Gottfried von Bouillon foi nomeado "alcaide do Santo Sepulcro". Além de Edessa, os integrantes das cruzadas fundaram outros Estados: a Armênia Menor, o Principado de Antioquia, o Condado de Trípoli e o Reino de Jerusalém.
A nova ordem do Médio Oriente não durou muito tempo, pois a região estava circundada por poderosos países árabes, indignados e enfurecidos com as cruzadas: o Emirado de Damasco, o Califado do Cairo e o Sultanato dos Seljúcidas. Nos 2 séculos seguintes, fizeram tudo para reconquistar os territórios, motivando assim mais 6 cruzadas que, até meados do Século XIII, causaram a morte de centenas de milhares de pessoas.
Na Europa, contudo, as cruzadas eram expressão da coletividade cristã concentrada em torno da cruz sob a autoridade papal. Assim surgiu uma espécie de "comunidade europeia" cristã. Essa Universitas Christiana uniu a Europa por muito tempo. O sentimento de unidade dos europeus baseava-se, no entanto, no rechaço dos pertencentes a outras crenças. Não era uma identidade "por" alguma coisa, mas sim "contra" algo.

E que tal, um “Erasmus” para os governantes da UE?

As diferenças de padrões sociais e culturais entre os europeus são muitas vezes negligenciadas. E isso representa uma ameaça para o fulcro do projeto europeu, aponta um sociólogo holandês, argumentando que os dirigentes políticos se devem empenhar no diálogo com os cidadãos.
No século XIX, a imaginação da opinião pública desempenhou um papel crucial no desenvolvimento de comunidades nacionais através do continente europeu, como demonstram publicações como Comunidades imaginadas, de Benedict Anderson [Edições 70]. A teoria exposta neste livro é que os cidadãos se associam uns com os outros a um nível imaginário, podendo não ter nenhuma relação pessoal entre si e ter interesses completamente diferentes.
Este tipo de espírito de comunidade tem que ser concebido, expresso e tornado tangível. No entanto, nós, na Europa, ainda não chegámos a essa fase. Numerosos dirigentes alongam-se sobre os benefícios económicos da integração europeia, sem qualquer menção às diferenças culturais e com raro ênfase nos aspetos intelectuais e morais que o projeto europeu também possui.
Não é uma questão fácil. A Europa tem diferenças sociais e culturais substanciais. Vou-me debruçar sobre dois contrastes específicos. O primeiro é de caráter horizontal e aplica-se ao Noroeste e ao Sudeste europeus. Uma das principais diferenças é que o primeiro apresenta um elevado nível de secularização. Muitos temem até que isso possa ter consequências desastrosas para a sociedade. Quando as pessoas renunciam à sua fé em Deus, a opinião geral é de que também se preocupam muito pouco com os outros. Contudo, os factos revelam um quadro totalmente diferente. O trabalho voluntário, por exemplo, está muito mais desenvolvido em países como a Suécia, a Holanda e o Reino Unido.
Sociedades de elevado nível de confiança
Outra diferença é que os cidadãos do Noroeste se sentem mais frequentemente envolvidos em questões públicas. Manifestam grande interesse pela política e têm mais oportunidades de expressar o que pensam e de exercer algum tipo de influência. Além disso, albergam todos os tipos de empreendimentos sociais, culturais e recreativos, ao mesmo tempo que mantêm uma sociedade civil altamente desenvolvida.
Não é sem razão que as nações desta região são chamadas “sociedades de elevado nível de confiança”. O facto de as empresas, os cidadãos e outros atores confiarem uns nos outros contribui certamente para o desenvolvimento económico. A sociedade moderna, secularizada, rica e democrática, valorizadora da vitalidade, profissionalismo e dignidade humana, é mais profunda no Noroeste do que no Sul e Leste.
Para lá da clivagem horizontal, no entanto, existe outra, vertical. Veja-se a questão de saber se as pessoas têm fé na União Europeia, por exemplo. Está intimamente ligada ao nível de educação. Apenas 37% dos que deixaram os estudos antes dos 15 anos confiam na UE, enquanto a percentagem entre os que continuaram a estudar passa os 63%.
Temos um quadro semelhante quando se coloca a questão da atitude das pessoas perante a expansão da União Europeia. Quase metade dos inquiridos é firmemente contra tal expansão. Mais uma vez, no entanto, esta atitude é muito mais comum entre pessoas com pouca instrução (51%) do que entre os que mantiveram os estudos (29%).
Os cidadãos que se sentem de alguma forma ameaçados por processos de modernização inclinam-se geralmente para uma atitude menos otimista, que também se aplica à visão da Europa. Se se pretende que o projeto europeu se desenvolva, então é essencial que esta divisão seja superada.
Opiniões e sensibilidades
No caso do diálogo "horizontal", proponho que seja criado um verdadeiro intercâmbio entre pessoas vulgares com raízes no Norte, no Sul, no Oeste e no Leste do continente. O objetivo deve ser permitir que se familiarizem com outros modos de vida, por exemplo, passando um ano na região oposta da Europa. Neste processo, deveria ser dada particular atenção à forma como opiniões e sensibilidades, valores e ideais, tradições e ambições têm efeito sobre o quotidiano das pessoas.
O segundo diálogo que eu aplaudiria dirige-se à divisão vertical. Atualmente, ainda há um mundo de diferenças no modo como a elite próspera e altamente educada encara o projeto europeu e a crescente incerteza sentida pelas massas de cidadãos menos instruídos. Essa divisão não pode ser simplesmente ultrapassada por uma campanha de informação ou uma estratégia de comunicação sofisticada. Se se pretende que a noção da Europa seja abraçada, então há que ter em conta as experiências e expectativas, os valores e as preocupações das pessoas comuns.
Envolvimento e dignidade humana
Esse diálogo só será bem-sucedido se os dirigentes que ocupam cargos públicos desenvolverem novos hábitos. Um grande grupo de cidadãos sente-se abandonado pelas modernas elites administrativas, que não primam pela empatia nem pelo envolvimento social, apresentando uma visão do mundo que é simultaneamente liberal e rígida.
É possível um tal diálogo? Acredito que a dinâmica cultural que nos fez chegar à vida moderna contém princípios filosóficos que são partilhados – conscientemente ou não – por inúmeros europeus. Estou a pensar em palavras-chave como liberdade, justiça, igualdade, autonomia, participação e dignidade humana. Embora o diálogo também devesse contemplar a forma como entendemos esses princípios na prática, o próprio facto de tal debate ocorrer implica não se encarar já a integração europeia como um "processo irreversível".
Na verdade, a história é um processo dialético. Quem está no poder tem uma palavra a dizer, mas os cidadãos também. Por isso, quem tentar impor o projeto europeu como um imperativo não se deve surpreender com o crescente apoio dado a partidos eurocéticos como o SP e o PVV [nos dois extremos do espetro político holandês].

Contramaré… 28 set.

Na sua primeira intervenção sobre a atual conjuntura política e económica em que se encontra o país, o histórico do PSD sustentou ainda que "tomar medidas corajosas, avançar com reformas estruturais, que quebrem o ciclo vicioso não é tarefa exclusivamente técnica""Passa igualmente pela coesão social e pelo diálogo. E obriga a reintroduzir no léxico a palavra esperança. Isso não se consegue apresentando apenas números e percentagens", afirmou

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

“Notícia tipo” manipuladora: violência! E a substância?

Manifestações contra medidas de austeridade resultam em confrontos com a polícia em Atenas e Madrid. A Grécia também enfrentou uma greve geral na quarta-feira contra os cortes exigidos em troca de créditos internacionais.
Situação grega
Os manifestantes entraram em confronto com a polícia nas ruas de Atenas durante a greve nacional que tomou o país na quarta-feira (26/09). A paralisação e os protestos foram motivados por novas e mais medidas de austeridade em troca de créditos da troika.
Gangues de jovens jogaram coquetéis molotov, partiram janelas e ataram fogo a montes de lixo às margens da manifestação, nas imediações de hotéis de luxo na Praça Syntagma, em Atenas. Em alguns dos confrontos mais violentos, a polícia respondeu com gás lacrimogéneo. Dezenas de pessoas foram detidas, de acordo com uma fonte policial, enquanto multidões se moviam em direção à praça central da cidade, Omonia, vaiando e atirando garrafas plásticas contra as forças especiais.
Os confrontos ocorreram depois de mais de 70.000 pessoas marcharem em direção ao Parlamento Grego. Os maiores protestos no país em mais de um ano mobilizaram funcionários públicos e privados, assim como estudantes e aposentados – todos eles atingidos pela rodada anterior de cortes no país.
"Não aguentamos mais isso, estamos sangrando. Não podemos criar os nossos filhos desta maneira", disse Dina Kokou, uma professora de 54 anos e mãe de 4 que vive com 1.000 euros por mês. "O meu salário foi cortado em 50%. Tenho 2 filhos e amanhã não sei se terei emprego", lamentou Ilias Loizos, funcionário municipal de 56 anos.
As manifestações deixaram o centro da capital grega repleta de pilhas de lixo. E limpá-las poderá ser um desafio, pois as autoridades decidiram recentemente não renovar os contratos de 352 lixeiros.
A paralisação desta quarta-feira foi a 1ª greve geral enfrentada pela coligação de governo no poder desde junho, liderada por Antonis Samaras, que corre contra o tempo para finalizar um pacote de quase 12 mil milhões de euros em cortes extras e outros 2 mil milhões de euros em impostos para entrar em vigor em outubro. Samaras apresentará o pacote completo a membros do partido socialista Pasok e da Esquerda Democrática – parceiros do governo – nesta quinta-feira. O pacote tem como objetivo libertar a tranche de 31,5 mil milhões de euros, a 3ª parcela do resgate de 130 mil milhões de euros concedido pela troika.
A greve deixou voos e autocarros suspensos, lojas fechadas e hospitais a funcionar apenas com equipas de emergência. Além disso, os navios permaneceram atracados, museus e monumentos fechados e controladores de voo paralisaram os trabalhos por 3 horas.
Situação espanhola
A capital espanhola também foi tomada por protestos violentos contra medidas de austeridade pelo 2º dia consecutivo nesta quarta-feira. Mais de 60 pessoas ficaram feridas em confrontos com a polícia, próximos ao Parlamento na terça-feira.
O primeiro-ministro Mariano Rajoy tem de lidar com a violência nas ruas e crescentes discussões sobre a separação da Catalunha, enquanto avança com cautela em direção ao pedido de resgate à Europa, consciente de que um passo como este significou para outros líderes europeus a perda dos seus cargos.
Em público, Rajoy tem resistido aos apelos para pedir assistência já, mas nos bastidores ele está a juntar as peças para chegar às condições rigorosas que acompanharão os fundos de resgate.
Rajoy apresentará um orçamento difícil para 2013 na quinta-feira, com o objetivo de transmitir a mensagem de que a Espanha está a fazer os seus deveres de casa para reduzir o défice do país, apesar da recessão e dos 25% de desemprego. Rajoy enfrenta agora pressão intensa de políticos da zona do euro para implementar medidas mais rigorosas, particularmente no corte das aposentadorias.
O título da notícia, fala de protestos de cidadãos, em manifestações organizadas, contra medidas de 2 (3) governos (do nosso já tinham falado) que vendo 2 (3) povos com a corda ao pescoço e em cima de um banco (por culpa dos Bancos), são convidados por funcionários da troika a retirar o banco (sem culpar e criminalizar os Bancos) a esses povos, para que se concretize o assassinato físico e social.
Claro que perante tal ato, nenhum inocente condenado sem culpa formada se deixa enforcar sem exigir justiça.
Claro que a justiça nunca pode ser exigida aos polícias, mas aos respetivos governos.
Claro que o governo se sente protegido pela “legitimidade” democrática, por terem ganho eleições, mesmo que não cumpram as promessas que venderam, consciente e compulsivamente.
Claro que se sentem mais protegidos pela polícia que é paga (mesmo que muito mal) pelo poder vigente.
Claro que os polícias (profissionalmente) se sentem na obrigação de defender quem lhes paga, em vez de defender quem paga para lhes pagar, os cidadãos. E tudo bem, para fim de papo!
Além do mais, seria notícia, se os manifestantes tivessem ferido mais polícias do que estes os manifestantes... 
Já nem vamos falar da manipulação da opinião pública através de outros meios, que querem fazer crer que os gregos, os espanhóis, os portugueses, os italianos e os irlandeses são a ralé da Europa, católicos e preguiçosos, perigosos para o bem estar dos loiros (protestantes) do norte, quando a bebedeira é o programa de fim de semana de gente tão superior... Já lá vão os tempos em que navegávamos pelo mundo e comercializando e os piratas (aqui às portas da Europa) nos sacavam a carga…
E insistem como se fôssemos TODOS e SEMPRE, INCAUTOS e PARVOS…
Ao menos por cá, as manifestações ainda vão distribuindo carinho pelos polícias, que em resposta se vão manifestar com o povo, como cidadãos sacrificados, por serem também povo.
O “pacifismo” tem limites e acaba quando a violência tem origem num agressor e passa a ser “legítima defesa” e por isso Bertold Brecht se interrogava:
“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.”

Ecos da blogosfera - 27 set.

“Os Europeus” – 6

No Século IX, Luís, o Germânico, e Carlos, o Calvo, soberanos do Reino Franco Oriental (atual Alemanha) e do Reino Franco Ocidental (França) selaram os Juramentos de Estrasburgo.
Matthias von Hellfeld
“Juramentos de Estrasburgo” - fragmento
Desde a morte de Carlos Magno, em 28 de janeiro de 814, o Reino Franco passava por uma fase de tumultos. A geração dos netos do fundador do império entrou numa disputa pela sua herança. O ponto controverso era o papel que Luís, o Piedoso (778-840) – filho de Carlos – pensara em atribuir a Lotário I (795-855).
Lotário I já fora promovido a co-governante do império em 817, enquanto os seus irmãos Luís, o Germânico (806-876), e Carlos, o Calvo (823-877), tinham recebido, respetivamente, as coroas do Reino Franco Oriental e Ocidental. Isso ocasionou uma longa contenda entre os carolíngios, durante a qual as alianças variaram.
Pedra fundamental para a França e a Alemanha
Para por fim à disputa e ao mesmo tempo criar uma aliança contra Lotário, no dia 14 de fevereiro de 842 Luís e Carlos encontraram-se, com os respetivos exércitos, em Estrasburgo. Os juramentos selados na praça do mercado representaram não só uma viragem na disputa dos herdeiros pela sucessão carolíngia, mas também um marco na história europeia. Afinal, aqui documentou-se pela primeira vez que os habitantes das metades leste e oeste do antigo Reino Franco não conseguiam mais entender-se numa língua comum.
O texto do juramento, lido por Luís em toda prolixidade diante de ambos os exércitos, apontava o irmão comum Lotário como absolutamente inadequado para o alto posto de imperador. Também justificava que a supostamente indomável animosidade de Lotário estava esfacelando o grande Reino Franco, criando uma situação inaceitável. Nessa convicção, Luís e Carlos prestaram um juramento para se associar inseparavelmente contra Lotário I.
Luís, o Germânico, usou para tal a romana língua, da qual posteriormente se desenvolveu o francês. Carlos, o Calvo, optou pela teudisca lingua, o fundamento do idioma alemão. Isso significa que cada um prestou o juramento de Estrasburgo no seu respetivo dialeto, para que os guerreiros de ambos os lados pudessem entendê-lo.
A divisão da Europa Central
Esta rutura linguística foi registrada em documento pela primeira vez em 14 de fevereiro de 842. Nos anos seguintes, foram acertados outros tratados que selaram a divisão da Europa Central e deram ao continente as feições de hoje.
No Tratado de Verdun, de 843, Luís, o Germânico, adquiriu o Reino Franco Oriental, limitado ao oeste pelo curso do Reno, ao sul por uma linha entre Genebra e Chur e a leste por Regensburg, Magdeburg e Hamburgo. No centro da Europa, coube ao imperador Lotário I um território que se estendia da Frísia até a Itália, incluindo a Lorena, a Borgonha e a Lombardia. Carlos, o Calvo, recebeu o restante do reinado, que correspondia essencialmente à atual França.
Com o Tratado de Meersen, de 870, a parte central do continente, correspondente aos atuais Estados do Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo) até à antiga Borgonha, foi dividida em partes quase iguais entre o Reino Franco Oriental e o Ocidental. A Lotaríngia foi dissolvida após a morte de Lotário I, e a parte sul tornou-se o Reino da Itália, sob um rei longobardo.
As fronteiras definitivas entre os futuros territórios da França e da Alemanha foram estipuladas em 880, no Tratado de Ribemont. Com isto, a parte oeste da antiga Lotaríngia passou para o Reino Franco Oriental.
A atual parceria franco-alemã, considerada por muitos o motor do desenvolvimento europeu, tem as suas raízes no início do Século IX, quando um reino foi dividido em dois, que continuariam a desenvolver-se independentemente no decorrer dos séculos seguintes.

Num ápice, do “SUCESSO” à revelação do FRACASSO!

Credores da UE e do FMI confirmam que portugueses estão no caminho certo para a recuperação económica. Depois da Irlanda, o país é o 2º a ter sucesso com medidas de austeridade aliadas a reformas.
Após a 5ª visita a Lisboa, os membros da troika confirmaram que Portugal estava no caminho certo para sair da crise. Verificados os avanços das reformas e os esforços de austeridade, os credores internacionais deram luz verde para mais uma parcela do pacote de 78 mil milhões de euros concedidos ao país. Além disso, Portugal também recebeu mais um ano de prazo para reduzir a sua dívida. A meta é reduzir o défice orçamental para no máximo 3% até 2014.
"Portugal comportou-se exemplarmente na implementação de todas as reformas impostas", confirmou à DW Matthias Kullas, do Centro de Política Europeia (CEP). "A necessidade de créditos estrangeiros diminuiu, os custos trabalhistas foram reduzidos e a competitividade aumentou", afirma. Para tanto, o país realizou esforços, como a venda de propriedades estatais e, principalmente, reformas estruturais que incluem cortes das reformas, reforma do subsídio de desemprego, uma flexibilização da carga horária de trabalho, assim como a simplificação dos processos de contratações e despedimentos.
Hans-Joachim Böhmer, da Câmara de Comércio Luso-Alemã, em Lisboa, diz que "Em Portugal, sabe-se que as medidas de adaptação são necessárias. Elas são sustentadas por governo, oposição e população" e há um consenso de toda a sociedade de que, apesar de dolorosas, as medidas corretivas são necessárias. Mas tal consenso foi posto à prova no início de setembro.
Por conta do desempenho económico, o governo precisou realizar mais cortes. No último dia 7 de setembro, o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, surpreendeu ao anunciar um aumento da contribuição de trabalhadores à seguridade social de 11% para 18%. Ao mesmo tempo, para combater a taxa de desemprego recorde de 15,7%, a contribuição dos empregadores foi reduzida de 23,75% para 18%.
Na sequência, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, anunciou novas reformas, entre elas, cortes das reformas, uma redução acelerada do número de funcionários públicos e um aumento do IRS.
As novas medidas anunciadas desencadearam uma onda de indignação. A imprensa reportou a frustração dos cidadãos sobre os cortes. "Em apenas cinco dias, dois golpes no estômago, que podem provocar graves danos. O clima social e político incerto foi consolidado", escreveu o jornal Público.
Neste fim de semana, milhares de pessoas (cerca de 1.000.000) saíram às ruas em cerca de 40 cidades portuguesas para protestar contra os novos cortes, em que pediam mudanças na política económica ou a demissão de Passos Coelho.
O Governo português recuou na sua controversa decisão de aumentar a contribuição dos trabalhadores para a segurança social (TSU), mas prometeu novos aumentos de impostos no orçamento de 2013. O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho acabou por retirar a polémica medida, anunciada a 7 de setembro, depois de uma crise política e de milhares de pessoas terem saído à rua, em protesto, a 15 de setembro. A medida também atraiu críticas de todos os quadrantes políticos, incluindo o Presidente da República e membros do Governo, e sociais, como a comunidade empresarial que, em teoria, beneficiaria com esta proposta.
A Comissão Europeia já disse que o Governo português tem de introduzir rapidamente novas medidas que substituam as alterações à TSU, para prevenir riscos na “continuação dos empréstimos europeus”. Segundo o Público,
Bruxelas insiste que as novas medidas deverão ser avalizadas pela troika de credores internacionais antes da reunião dos ministros das Finanças do euro de 8 de outubro, que deverá formalizar a decisão de libertação da 6ª parcela dos empréstimos europeus destinada a cobrir as próximas necessidades de financiamento do Estado.
O diário de Lisboa acrescenta:
Para o país e para o Governo, há um antes e um depois da TSU. Para o primeiro-ministro, só há uma lição a aprender. E essa lição é que não pode continuar a governar ignorando o país, decidindo sem ouvir.
O diário económico Jornal de Negócios, vai ainda mais longe nas críticas ao Governo a quem acusa de esconder a verdade ao povo português:
A credibilidade da política de austeridade deixou de ser uma divergência ideológica, é hoje um problema matemático. Não está a resultar. Como se confia em quem estimava um crescimento de receitas do IVA de 11,6% quando ele afinal cai 2,2%? (...) Como se confiará nas previsões para 2013 depois do fracasso em 2012? (...) O anúncio, ontem, de mais impostos, foi vago e ambíguo. (...) Semear incerteza revela mais do que amadorismo, revela insegurança, revela falta de estratégia, revela incapacidade para liderar um povo que se desfaz em contas.
O Jornal de Negócios termina com uma mensagem e uma pergunta à troika UE-BCE-FMI:
Meus senhores, o Governo não cortou a despesa do Estado como prometera, mas os portugueses fizeram tudo o que os senhores pediram. Falhou. Esse falhanço também é vosso. E só vós podereis mudar a política, pois o Governo é-vos temente e Portugal está-vos dependente. O que farão?

Contramaré… 27 set.

Pelo menos 50 mil pessoas participaram, esta quarta-feira, num protesto anti-austeridade em Atenas, no dia em que o novo governo de coligação grego enfrentou a primeira greve geral do seu mandato, a terceira convocada em 2012, que teve como objetivo protestar contra um novo pacote de austeridade que está a ser negociado entre o executivo liderado pelo conservador Antonis Samaras e a troika.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Estes “esquerdistas” só botam abaixo! E alternativas?

O projeto de parecer do Conselho Económico e Social (CES), redigido pelo economista João Ferreira do Amaral, que será votada hoje em plenário do CES, aponta para um "impacto negativo da política orçamental no rendimento disponível de cerca de 2.600 milhões de euros". Este impacto teve ainda repercussões negativas "sobre a produtividade das empresas".
No projeto de parecer, o CES reconhece que o endividamento crescente da economia em 2011 obrigava a medidas para conter o défice. No entanto, o parecer recorda que o CES "alertou em devido tempo para o perigo" de os objetivos e prazos da redução do défice serem "demasiado ambiciosos e desajustados". Corria-se o risco de Portugal entrar "no ciclo vícios de défice - recessão - mais défice, por ausência de receitas fiscais resultantes da falta de crescimento económico" e alerta "mais uma vez" para a possibilidade de "políticas de ajustamento orçamental demasiado ambiciosas terem efeitos contraproducentes sobre o peso do défice e da dívida pública na economia nacional".
O CES considera que estes efeitos contraproducentes "estão agora a verificar-se em 2012", com o crescimento da taxa de desemprego no ano passado, que se prolongou por este ano e nota ainda "o aumento do número de indivíduos em situações que não são de verdadeiro emprego mas que, estatisticamente, não são considerados desempregados".
O projeto do parecer manifesta ainda "preocupação pela redução das despesas em áreas fundamentais como a saúde, a edução e a proteção social", que poderá mesmo pôr em causa "a coesão económica, social e territorial" de Portugal.
Quem não souber o que é o CES e lendo esta notícia até poderá pensar que é uma comissão de um partido da oposição (só pode ser da esquerda, por exclusão de partes), só por não dizer “Amém” com a “doutrina” social, económica e financeira aplicada em 2011.
Para azar nosso, as previsões (empíricas?) e os avisos feitos em tempo útil por este Conselho, no ano passado, não foram tidos como conselhos pelo governo e foi aquilo que se viu e que estamos a sofrer.
Mesmo cientes de que o endividamento crescente da economia em 2011 obrigava a medidas para conter o défice, o CES alertou para o perigo de os objetivos e prazos da redução do défice serem demasiado ambiciosos e desajustados, o que se pode traduzir por necessidade de “mais tempo e mais dinheiro”, para que não entrássemos no ciclo vicioso de défice - recessão - mais défice, por ausência de receitas fiscais resultantes da falta de crescimento económico… Digamos que apenas chamaram a atenção para o óbvio, que qualquer iliterato nestas áreas conseguia concluir ou compreender, menos os especialistas económicos e financeiros que nos governaram e teim(ar)am em contrariar.
Coerentemente, porque a receita não foi alterada, o CES lança novo alerta para a possibilidade de, este ano, se chegar aos mesmos resultados, por se continuar com as mesmas receitas, com os mesmos efeitos, aumento do défice e da dívida pública, com as mesmas repercussões na economia nacional, que se traduz em falências de empresas e consequente aumento (incontrolado) da taxa de desemprego, diminuição de receitas fiscais e aumento de subsídios.
Finalmente, o CES mostra-se preocupado com a redução das despesas em áreas vitais, como a saúde, a educação e a proteção social, que poderá gerar instabilidade social, o que já vamos constatando…
Apesar de outros assuntos terem sido tratados e aprovados, a conclusão deste grupo transversal da sociedade portuguesa, é sempre a mesma: os trabalhadores e os pensionistas foram e serão os elos mais fracos e, por isso, serão sempre os mesmos a suportar a desigualdade na austeridade…
Se não são esquerdistas, não andam muito longe e provavelmente por isso é que o governo, que pede alternativas a toda a gente, não aceita as que a CES aconselha…
Vira o disco e toca o mesmo!
O presidente do CES, José da Silva Peneda, considerou “não ser clara” a estratégia global do Governo do ponto de vista económico para 2013, quando falava aos jornalistas à saída do plenário do CES, que aprovou no parlamento 3 projetos de parecer sobre a Conta Geral do Estado 2011, a alteração da legislação laboral na Função Pública e as Grandes Opções do Plano para 2013, reconhecendo ainda que o agravamento dos impostos irá retrair ainda mais a procura interna em Portugal.