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sábado, 20 de julho de 2013

Uma barragem aos Direitos Humanos por 3 Gargantas?

O residente de Macau com nacionalidade portuguesa que, em 2009, foi condenado à morte no Continente já foi executado. A notícia chegou através do irmão de Lau Fat-wai. A Amnistia Internacional (AI) em Portugal, a voz mais activa pela suspensão da pena, lança duras críticas à falta de empenho de Durão Barroso, Cavaco Silva e José Sócrates. Macau também nunca deu resposta.
Pedro Galinha e Inês Santinhos Gonçalves
Lau Fat-wai, o residente de Macau com nacionalidade portuguesa que em 2009 foi condenado à morte no Continente, já foi executado. A informação foi cedida à AI de Hong Kong pelo irmão de Lau e confirmada junto da família.
O homem de 53 anos foi condenado em Cantão por transporte de droga, posse ilegal de arma e contrabando de materiais para fabrico de estupefacientes. Desde a detenção, em 2006, que a família deixou de ter qualquer contacto com ele, não sabendo sequer em que estabelecimento prisional estava detido. Após a condenação, em 2009, a AI começou uma campanha para travar a execução de Lau, sem sucesso. Esta semana, mais de um ano passado desde as últimas notícias sobre o caso, a AI de Hong Kong voltou a contactar a família, como é habitual em todas as acções urgentes que lançam. Foi com esse contacto que a organização de defesa de direitos humanos soube, através do irmão, que Lau já tinha sido executado em Fevereiro deste ano.
Contactada a família de Lau Fat-wai confirmou a notícia da execução mas não quis fazer mais comentários.
A secção para a Ásia-Pacífico da Amnistia Internacional, sedeada em Londres, lembra os números elevados de aplicações da pena capital na China: “A execução de Lau Fat-wai é, tal como muitas outras execuções, extremamente lamentável. Há uma dose considerável de segredo em torno da pena de morte na China, mas é muito provável que o país execute milhares de pessoas todos os anos. É mais do que todo o resto do mundo junto, são números chocantes”. A organização manifesta “grandes preocupações” sobre o sistema judicial chinês e acredita que ainda há casos de “provas extraídas através de tortura” a serem usadas nos tribunais do Continente.
O caso foi também acompanhado em Macau. Em Janeiro do ano passado, chamado a comentar o andamento do processo, o cônsul-geral de Portugal, na altura Manuel Cansado de Carvalho, disse apenas que o caso “não se passa em Macau”, remetendo qualquer esclarecimento adicional para o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Em Fevereiro, a presidente da Assembleia da República Portuguesa emitiu um comunicado em que se manifestava contra a execução de Lau Fat-wai. No mesmo mês, Maria Assunção Esteves reuniu-se com o embaixador da China em Portugal, Zhang Beisan, e manifestou-se “optimista” quanto ao desfecho do caso.
Contactada a Embaixada de Portugal em Pequim, não foi possível obter uma reacção até ao fecho desta edição.
A ajuda de Macau
Lau foi acompanhado por um advogado de Cantão, do escritório Jin Ling. Em Macau, Vasco Passeira, tentou ajudar. Quando era ainda advogado estagiário, em 2009, foi contactado pela ex-mulher de Lau, que tinha à sua guarda o filho menor dos dois. Entregou-lhe a sentença em chinês e pediu-lhe auxílio. “Era estagiário e foi uma situação que me deixou muito triste. É uma notícia muito triste que me está a dar”, reage. Entretanto, o contacto com a ex-mulher de Lau perdeu-se. “Ainda tentámos entrar em contacto com ela mas o número deixou de funcionar”, conta Passeira.
Apelos sem fruto
Lau nasceu em Cantão em 1960, mas foi, já na adolescência, adoptado por uma família chinesa de Macau – a mãe tinha também nacionalidade portuguesa. Mudou-se para o território na década de 1980 e depois de uma época desempregado começou a trabalhar no Casino Lisboa. Mais tarde casou, teve um filho e divorciou-se – filho e ex-mulher têm também passaporte português.
De acordo com testemunhos dos irmãos, em 2006 Lau não passava a fronteira para a China há quase um ano. Fê-lo para entregar uma encomenda a alguém com quem tinha uma dívida, contam. Apesar de não se saber ao certo o que transportava, terá sido detido na posse de estupefacientes.
Em Junho do ano passado, o irmão de Lau, a viver em Macau, falou ao jornal Público sobre o silêncio absoluto que se estabeleceu desde a detenção: “Há 7 anos que não o vemos nem falamos com ele. Lau está num estabelecimento prisional mas não sabemos bem qual ou onde. Só os advogados é que podem entrar em contacto com ele”.
A sentença, confirmada em 2011 por uma instância de recurso, esteve perto de ser executada no início do ano passado, mas faltava a confirmação do Supremo Tribunal Popular. A demora de mais de um ano pode dever-se à pressão diplomática em torno do caso e a interesses chineses em Portugal, sugere a coordenadora da secção China da AI Portugal, Maria Teresa Nogueira. “Acho que foi por alguns destes contactos [oficiais de Portugal] e mais porque os chineses estavam com negócios cá, mas não queriam estragá-los. É costume levarem a água ao seu moinho e fazerem cedências aparentes ou temporárias, mas acabam por fazer o que tinham determinado antes”, argumenta.
A notícia da execução de Lau Fat-wai surpreendeu Maria Teresa Nogueira. A coordenadora do grupo que se encarrega das questões da China, na Amnistia Internacional em Portugal (AIP), não tinha notícias sobre o caso desde o ano passado. Na altura, o Supremo Tribunal Popular chinês estava a rever a sentença do residente de Macau com nacionalidade portuguesa.
“Desde 2009, houve vários contactos feitos com a China no sentido de que não fosse executado e que pudesse haver eventualmente uma comutação da sentença”, começa por explicar a responsável, que lembra o primeiro contacto realizado sobre Lau Fat-wai. O destinatário foi Durão Barroso, que nunca respondeu à carta enviada pela AIP, em Fevereiro de 2009.
O Presidente da República portuguesa, Cavaco Silva, assim como o antigo primeiro-ministro José Sócrates, também foram contactados. Mas a réplica de ambos foi idêntica à do presidente da Comissão Europeia.
“Houve aqui muito descuido”, critica Maria Teresa Nogueira.
Cavaco e Sócrates receberam a missiva em Novembro 2010, por ocasião da visita a Lisboa do antigo Presidente chinês Hu Jintao. “Focámos vários aspectos, mas a questão de Lau Fat-wai ia reforçada. Nessa altura, também fizemos uma manifestação, que até foi desviada, quando tinha sido previamente autorizada. Em vez de nós, estiveram [junto ao local das cerimónias oficiais] os chineses residentes em Portugal”, recorda a activista, que, apesar de tudo, não deixa de destacar o papel do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal. Primeiro, encabeçado por Luís Amado, que efectuou diligências junto das autoridades chineses. Depois, por Paulo Portas.
“Pedimos uma audiência e, em 8 de Fevereiro de 2012, fomos recebidos pelo adjunto do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Diogo Afonso de Belfort Henriques, e pela chefe de gabinete, que nos detalharam os contactos feitos ao longo do tempo com a embaixada da China em Portugal, com os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Segurança Pública da China e com Supremo Tribunal Popular, através da embaixada portuguesa em Pequim, e com as autoridades chinesas, aquando da visita do anterior ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, à China, em Abril de 2010”, enumera.
Maria Teresa Nogueira frisa ainda que, “na primeira revisão do Código Penal da China, em Fevereiro de 2011, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal questionou as autoridades chinesas para saber se as modificações introduzidas poderiam levar à anulação da condenação à morte de Lau Fat-wai”. No entanto, nada alterou o seu destino.
O mediatismo deste caso atinge o ponto mais alto quando a Amnistia Internacional emite uma “Acção Urgente”, em Janeiro de 2012. O apelo feito foi no sentido de endereçar cartas aos presidentes do Supremo Tribunal Popular e do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, e uma cópia para o Chefe do Executivo de Macau.
Questionada sobre a posição da Região Administrativa Especial de Macau, Maria Teresa Nogueira avança que nunca obteve qualquer feedback. Quanto ao facto de os familiares guardarem silêncio, a responsável refere que “preferem calar-se” porque, neste tipo de situações, “podem ser perseguidos”.
Porque sou visceralmente contra a pena de morte, por razões que já defendi por aqui, mas basicamente porque não entendo o paradoxo de um Estado ter o direito de matar uns, ao mesmo tempo que tem o dever de preservar a vida de outros.
No caso, o nojo aumenta por ser um cidadão português, condenado à morte e executado por um outro país, que tem relações comerciais, económicas e financeiras com Portugal, circunstâncias que serviram para fintar os esforços dos serviços diplomáticos portugueses e algumas figuras da hierarquia nacional. Foram só Gargantas!
Fica o registo do crime (do Estado chinês) para que se saiba, e a história descuidada (com alguns protagonistas), que terminou na morte de um português “descolonizado”, deslocalizado e só…
E insisto: É pena, que ainda haja Estados com PENA de MORTE (no Século XXI)!

Ecos da blogosfera – 20 jul.

Políticos e Democracia: um divórcio por conveniência?

Todos os políticos deviam ler “Fenomenologia do Espírito”, de Hegel, escrito há 2 séculos, para entenderem a crise do euro. Defendia ele que a prosperidade não é a resposta para tudo e que os cidadãos também precisam de encontrar reconhecimento na democracia, relembra um jornalista holandês. Extratos.
Provavelmente, nenhum livro foi tão frequentemente acusado de ser ilegível. No entanto, Fenomenologia do Espírito, de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), acaba de ser integralmente traduzido para holandês.  Embora de leitura difícil, este clássico da filosofia (publicado em 1807) ajuda a entender a presente crise do euro. O livro sugere que os políticos nunca vão ser bem-sucedidos enquanto continuarem a pensar na crise como um problema exclusivamente económico.
A reação de Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, ao plano da Grã-Bretanha para realizar um referendo sobre a sua adesão à UE é ilustrativo a esse respeito. Um mau plano, segundo Schulz: “A Europa ‘à la carte’ de Cameron não é uma opção. Temos de nos concentrar em emprego e crescimento, e não em intermináveis debates sobre tratados europeus”.
A UE é considerada uma fonte de prosperidade. Esta conceção é amplamente partilhada pelos responsáveis políticos, nomeadamente na Holanda, pelo primeiro-ministro Mark Rutte, como também pelo presidente da associação empresarial VNO-NCW Bernard Wientjes: “2/3 das exportações holandesas vão para a Europa”, explicou recentemente Wientjes à radio BNR Nieuwsradio. “1.500.000 de empregos dependem da Europa. Rende-nos €180.000 milhões. A Europa e o euro são a espinha dorsal da economia holandesa.”
Ênfase no euro, um erro de avaliação
Lendo Hegel, fica claro que a ênfase no euro resulta de um erro de avaliação. Quanto maior a riqueza, maior o apoio à União Europeia? Não é assim que as coisas funcionam, explicava o filósofo alemão há 200 anos.
Quem deseje entender a crise do euro pode ficar pela longa passagem sobre a luta pelo reconhecimento em que as pessoas se encontram. Ser visto e ouvido é quase mais importante para nós do que respirar. A fome de reconhecimento leva automaticamente a conflitos. A relação de 2 pessoas, a “dialética do senhor-escravo”, pertence a Hegel como o “Übermensch” ("Supe homem") pertence a Friedrich Nietzsche e a banalidade do mal a Hannah Arendt. O escravo nunca pode dar ao mestre o reconhecimento que deseja. O verdadeiro reconhecimento não pode ser imposto.
A prazo, a relação hierárquica entre mestre e escravo é insustentável. Na visão de Hegel, o senhor e o escravo abriram o caminho para uma sociedade em que todos os cidadãos têm os mesmos direitos: a democracia. Quase 200 anos depois, o filósofo norte-americano Francis Fukuyama teorizava sobre este ponto de vista. Quando proclamou o fim da história, apontou para a democracia como a forma de governação que melhor preenche a necessidade de reconhecimento. As eleições não são apenas uma forma de regular a transferência de poder. O facto de os cidadãos poderem ter uma palavra a dizer é igualmente importante.
Desvalorizar a participação política
No entanto, a crise do euro ensina-nos que pessoas profundamente democráticas são difíceis de encontrar. Martin Schulz, presidente do organismo que deveria simbolizar a democracia, reduz o referendo britânico a uma questão administrativa, que sobretudo leva imenso tempo. Isso desvaloriza a participação política para o nível de um luxo, aceitável quando tudo corre bem, inconveniente no meio de uma crise.
No entanto, à sua maneira, Schulz defende uma sociedade baseada na igualdade. Acredita que os países da Europa do Norte (ricos) têm de ajudar os do Sul (pobres), através de uma vasta gama de medidas de apoio. Daí resulta uma maior igualdade, embora não do tipo previsto por Hegel, mais a que Karl Marx defendia em meados do século XIX.
O dinheiro não é a resposta
Temos cada vez mais vindo a ler o livro de Hegel através dos olhos de Marx, para quem os problemas indiciam, antes de mais, um defeito económico. Muitos políticos raciocinam desta forma. Se o eleitorado se queixa, isso tem fundamentalmente a ver com prosperidade. Assim se chegou à conclusão de que o euro é o mais importante instrumento à sua disposição. Resolvem a insatisfação com um subsídio aqui e um incentivo financeiro ali. O pressuposto tácito é que o comportamento de voto dos eleitores é determinado principalmente pela sua carteira.
Quem reduz os cidadãos a nada mais do que um ‘homo economicus’ cria um ponto cego. Torna-se difícil perceber que os cidadãos possam ser motivados por algo diferente de fatores económicos. Na passada primavera, uma pesquisa realizada pelo [especialista de sondagens] Maurice de Hond revelou que 64% dos cidadãos holandeses querem um referendo sobre a UE. É improvável que essa desconfiança desapareça com o cenário de Schulz de mais empregos e crescimento. Com Hegel em mente, é bem possível que os cidadãos estejam dispostos a desistir de alguma prosperidade, se isso significar que permanecem donos do seu próprio destino.
Amor duvidoso pela democracia
A pesquisa de De Hond (com um painel de 2.000 inquiridos) mostrou que as pessoas estão muito preocupadas com o respeito pela democracia na União Europeia. Além disso, os políticos têm dado motivos para se duvidar do seu amor pela democracia. O primeiro-ministro do Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, até há pouco dirigente do Eurogrupo, disse recentemente à revista alemã Der Spiegel que “se for necessário, [os políticos] têm de prosseguir as políticas corretas, mesmo que muitos eleitores pensem que estão erradas”.
Aparentemente, a democracia é aceitável, desde que produza os resultados eleitorais corretos. Para os políticos, Fenomenologia do Espírito deveria servir de alerta. Com a crise do euro em pleno curso, o livro não poderia ter sido publicado em melhor momento.

Contramaré… 20 jul.

O Tribunal Administrativo de Lisboa deu, na sentença conhecida esta quinta-feira, apenas 15 dias ao Ministério da Saúde para realizar as operações necessárias à reposição imediata de todos os serviços da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), proibindo quaisquer atos relacionados com o encerramento da unidade.
O incumprimento fica sujeito à aplicação de sanção compulsória a suportar pelos dirigentes máximos do Ministério e do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC).

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Do Presidente da Associação Recreativa de Massamá...

Ontem “obrigaram-me” a ver e ouvir um discurso de abertura de uma Assembleia Geral da Associação Recreativa de Massamá, embora a comunicação social (que lhe deu tempo de antena) insista que era um Conselho Nacional do PSD, que o discurso foi feito pelo seu líder, que faz de primeiro-ministro de Portugal, e que mandou recados para todos os sócios que não estavam presentes e que não tem mostrado grande apreço pelo trabalho por ele desenvolvido…
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, fez esta noite a apologia do Governo que lidera, falando no âmbito do Conselho Nacional do PSD, e falando enquanto líder daquele partido. "Cumprimos no essencial o que se esperava de nós", disse o social-democrata na intervenção aberta aos órgãos de comunicação social.
Passos Coelho deixou o recado: "Não podemos perder as estribeiras e comprometer os próximos anos", e "teremos de ter um grande sentido de responsabilidade nas décadas" que estão para vir.
Saliente-se que além de ter feito a defesa do Governo que dirige, Passos Coelho depositou a tónica do seu discurso nos sacrifícios que têm vindo a ser feitos pelos portugueses, e que, nas suas palavras, não podem ser desperdiçados.
As críticas de Passos Coelho ao Partido Socialista durante o debate da moção de censura foram "mal recebidas", sabe o DN, pela direção do PS.
As palavras do primeiro-ministro - "O país precisa de um PS (...) que não acalente a fantasia de uma súbita e perpétua vontade de o Norte da Europa passar a pagar as nossas dívidas provavelmente para sempre" foram "mal recebidas" pela direção socialista e entendidas como uma "machadada final" da hipótese de acordo que ainda está em negociações.
Passos Coelho diz que falar de eleições para daqui a 1 ano é criar incerteza já e isso pode perturbar o regresso aos mercados. É a 1.ª vez que Passos critica o Presidente da República por defender eleições em 2014. 
Confesso que não entendi bem o que se estava a passar e a descrever, talvez porque não sou de Massamá e não pelas dificuldades de comunicação do orador, que falava de improviso e com alguma desconexão…
Acabei por me aperceber que todos os presentes escutavam com atenção e até batiam palmas, concordando e entendendo (supõe-se) talvez por serem todos sócios da mesma associação…
Achei estranho que não houvesse ninguém a contestar nadinha daquele balanço de atividades, o que me leva a crer que os sócios não pensam ou não ouvem bem ou não divergem em público…
Se realmente foi um Conselho Nacional do PSD, aqui ficam algumas das coisas ditas, que me parecem óbvias, como seja: o cumprimento (no essencial) do que se esperava dele (quem dá o que tem, a mais não é obrigado), mais um saco de areia atirado à engrenagem da máquina que “salvaria” Portugal(?) e um pontapé nas canelas de Cavaco, que se meteu onde (ou com quem) não devia…
Mas o melhor é ler o comentário do Nicolau Santos, que conhece Massamá muito melhor do que eu, e por isso…
Na sua voz grave de barítono, o dr. Passos fez ontem um discurso perante o Conselho Nacional do PSD, transmitido para todo o excelentíssimo público, que lhe mudou radicalmente a imagem.
Nicolau Santos
A partir de 18 de Julho de 2013, o dr. Passos não mais será acusado de ser líder de uma facção do PSD. Ou um mero político. Ou um simples primeiro-ministro. A partir de agora, o dr. Passos passará a ser olhado como um estadista. Um estadista equiparado aos melhores estadistas mundiais.
E que disse o dr. Passos para fazer dele um estadista? Verdades duras como punhos. Que o PSD tem sido o garante da estabilidade do país. Que tem sido o partido responsável entre os irresponsáveis. Que o ajustamento está a correr muito bem e a caminho do sucesso absoluto. E que marcar eleições a partir de Junho de 2014, como fez o Presidente da República, é introduzir, desde já, incerteza junto dos investidores que pode comprometer o regresso do país aos mercados. 
"Não há nada mais incerto do que eleições", disse ainda o dr. Passos, carregado de razão. E assim mostrou ao Presidente que a solução de salvação nacional que ele apadrinha só devia ter 2 pés: o das eleições antecipadas era dispensável.     
E isto acontece logo agora, quando as divergências entre a coligação foram superadas, as avaliações positivas da troika se sucedem e já foram cumpridos 2/3 do programa de ajustamento, disse ainda gravemente o dr. Passos.
Tem o dr. Passos toda a razão. O dr. Portas é demasiado irrevogável. O dr. Seguro demasiado inseguro. O senhor Presidente demasiado complicado.
Não foi o dr. Passos que tomou decisões sem consultar o dr. Portas. Não foi o dr. Passos que desprezou o PS e os parceiros sociais ao longo destes 2 anos. Não foi o dr. Passos que viu o seu ministro das Finanças demitir-se dizendo que os objetivos do ajustamento tinham falhado. Não foi o dr. Passos que sempre apoiou o caminho traçado pelo dr. Gaspar. Não foi o dr. Passos que nomeou a dra. Maria Luís contra a opinião do dr. Portas. Não foi o dr. Passos que criou os megaministérios.
Tudo isto prova que o dr. Passos é um estadista, o único que nos resta. O dr. Passos quer uma coligação posta em sossego, um Partido Socialista venerador e obrigado, parceiros sociais agradecidos, um Presidente da República para sempre nas Selvagens. Só assim pode cumprir o grande desígnio que tem para Portugal. Repito: o dr. Passos é um estadista. Um estadista mariola, mas um estadista. Agradeçamos esta dádiva dos deuses.

Ecos da blogosfera – 19 jul.

“Em casa onde há pão ninguém se zanga e com razão”

O que é a coesão social de um país e de que é que esta depende? Segundo um estudo realizado em 34 países desenvolvidos, a felicidade coletiva nem sempre está onde se espera.
A campanha eleitoral está no auge e quase todos os partidos falam de “justiça social”. Trata-se de uma reação ao sentimento de muitos eleitores, para os quais deixou de haver equidade neste país, e também às preocupações que, segundo as sondagens, são partilhadas por 3/4 dos cidadãos alemães, para os quais a sociedade se encontra em vias de desagregação: entre a Alemanha do topo e a Alemanha das bases, os ricos e os pobres, o leste e o ocidente, os guetos de imigrantes e os enclaves de prosperidade. Acontece que, em matéria de coesão, os resultados da Alemanha não são assim tão maus.
Apesar de não se encontrar em 1.º lugar, a nível internacional, o país figura a meio da tabela superior da classificação. É o que se conclui de um novo e ambicioso estudo comparativo, que avalia o grau de coesão de 34 países industrializados. Para prepararem este “barómetro da coesão social”, apresentado pela fundação Bertelsmann, em 16 de julho, um grupo de sociólogos da Universidade Jacobs, de Bremen, elaborou o seu próprio índice, que permite ilustrar e comparar os graus de coesão das várias sociedades. Resultado: em matéria de coesão, os países escandinavos situam-se à cabeça da tabela de comparação, enquanto os países do sudeste da Europa descem para o fim da escala.
A Dinamarca é o país onde a coesão social é mais forte, seguida de perto pela Noruega, pela Finlândia e pela Suécia. Os lugares seguintes são ocupados por países de acolhimento tradicionais, de influência anglo-saxónica, como a Nova Zelândia, a Austrália e os Estados Unidos. Inversamente, é na Roménia, na Grécia e na Bulgária que a coesão entre os grupos sociais deixa mais a desejar.
Amizade, confiança, aceitação
No entanto, o interesse desta classificação é considerado secundário pelos investigadores reunidos em torno dos sociólogos Klaus Boehnke e Jan Delhey. O seu objetivo principal reside em tornar mensurável, aquilo que, à primeira vista, parece não o ser: o grau de coesão de uma sociedade. Para tal, tomaram como modelo alguns indicadores de referência, como o índice de desenvolvimento humano, no qual as Nações Unidas se baseiam para avaliar o bem-estar das populações. Em que consiste, então, a “qualidade da vivência conjunta de uma população que reside num espaço geográfico delimitado”?
Para os investigadores, essa qualidade é composta por 3 vertentes: as relações sociais entre os indivíduos, as ligações emocionais que estes mantêm com a coletividade e, por último, o seu sentimento de responsabilidade relativamente ao interesse geral. Por conseguinte, os investigadores começaram por querer saber quais eram as interconexões entre os indivíduos, que grau de confiança tinham eles nos seus semelhantes e qual o grau de tolerância relativamente a pessoas e modos de vida diferentes – por exemplo, os imigrantes. Segundo os investigadores, essa tolerância é um dos principais vetores de coesão nas sociedades modernas, que se caracterizam pela diversidade.
Em seguida, interessaram-se pela forma como as pessoas se identificam com a sociedade, pela confiança que depositam no Estado, nos responsáveis políticos, nos juízes, nos polícias e nos médicos e, depois, pelo nível de equidade que estas associam à sua sociedade. Em terceiro lugar, averiguaram em que medida as pessoas ajudavam os seus semelhantes, respeitavam as leis e as normas e se envolviam na vida da coletividade.
Estes cientistas isolaram 58 fatores – que vão desde saber se os cidadãos se sentiriam incomodados por terem como vizinho uma pessoa de uma cor diferente da sua, a saber até que ponto os indivíduos respeitam o código da estrada. Compilaram igualmente os resultados de 12 sondagens, inquéritos e bases de dados organizados no mundo inteiro desde 1989 e foram sintetizando progressivamente esses resultados, para elaborarem o seu índice.
Prosperidade, um vetor de coesão
Os números hoje publicados refletem certos aspetos que deixam algumas pessoas espantadas, à primeira vista, e outras nitidamente mais, em comparação. Este inquérito indica claramente que a prosperidade e a distribuição equitativa dos rendimentos são vetores de coesão. De um modo geral, os países mais ricos monopolizam os primeiros lugares da classificação e os mais pobres os últimos. Os países que se caracterizam por diferenças salariais significativas, como a Grécia e a Polónia, não brilham pelo seu grau de coesão.
O estudo desmente, de uma forma espantosamente clara, o medo segundo o qual uma forte imigração ameaçaria a estrutura interna da sociedade. Assim, países que acolhem muitos imigrantes, como o Canadá, a Austrália e a Suíça, apresentam uma coesão social forte — ao contrário do que acontece na Roménia ou na Bulgária, onde os imigrantes são raros. Resumindo, o estudo conclui que a proporção de imigrantes não tem qualquer influência significativa sobre o grau de coesão de um país. A predisposição de uma sociedade para aceitar a diversidade dos seus membros e das suas culturas é um critério muito mais decisivo.
Os resultados do inquérito não confirmam a suposição segundo a qual a coesão social assentaria essencialmente na existência de uma base imutável de valores culturais e morais. Aliás, estes apontam antes na direção oposta: na maior parte dos países onde a religião desempenha um papel importante no quotidiano, por exemplo, a Roménia, a Grécia, a Polónia e a Itália, a coesão social é bastante fraca. Pelo contrário, nos 6 países que figuram nos primeiros lugares da classificação, a religião ocupa um lugar relativamente limitado no dia a dia dos cidadãos.
Os números do barómetro são igualmente inequívocos num ponto: nos países onde a coesão é forte, os cidadãos têm uma imagem muito mais positiva da sua vida do que nos outros. Daí a conclusão, bastante pouco científica, dos autores do estudo: “A coesão traz felicidade".

Contramaré… 19 jul.

A informação foi confirmada por Francisco Viana, diretor central de marca e comunicação da CGD, num encontro com jornalistas. "Já fomos consultados", admite o responsável da Caixa.
Actualmente, a Caixa patrocina além do Super Bock Super Rock e do Meo Sudoeste, o EDP Cool Jazz e vai ser o name sponsor do Caixa Alfama.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

DÚVIDAS sobre quem geriu o país e a medra da DÍVIDA

O que é um acordo de salvação nacional? O que significa salvar o País? O que se quer salvar? Quem se quer salvar?
Pedro Tadeu
Os políticos do PSD, PS e CDS que negoceiam umas frases para um papel onde ficará timbrado o percurso para essa dita salvação nacional são os dirigentes dos partidos responsáveis pelo percurso político de Portugal nos últimos 30 anos. São estes os partidos que levaram o Estado, 8 vezes secular, à ruína, à perda de independência económica e ao abandono de uma parte da sua soberania política.
Os líderes do PSD, PS e CDS, que discutem agora como erguer os 3 pilares que suportarão o edifício da suposta salvação nacional, são dirigentes dos mesmos partidos que a golpes de incompetência, ganância, corrupção e inconsciência arruinaram a administração central, empurraram milhares e milhares de pessoas para o abismo da miséria e criaram no seu estômago a fome voraz, monstruosa, que só foi saciada com o alimento do crime económico e financeiro, como denunciam os nomes PPP, BPN ou swaps.
Estes são partidos onde medrou gente que na política, nas empresas e no mundo financeiro utilizou abusivamente dinheiros europeus, banalizou faturas falsas, cultivou fugas aos impostos, a "contabilidade criativa", promoveu a construção desenfreada, os atentados ecológicos e urbanísticos, a dependência excessiva do crédito e mais e mais e mais...
Os negociadores do PSD, PS e CDS são dirigentes de partidos que precisam de ser salvos, perdidos na imoralidade carreirista, na servidão aos interesses externos, na dependência eleitoralista, na ambição pequenina, na mediocridade dos seus quadros, no caciquismo dos seus autarcas.
O Presidente da República pediu, com urgência, para estes partidos salvarem Portugal mas eles não têm capacidade para isso. Primeiro, repito, eles precisavam de se salvar e isso demora muito mais tempo do que chegar a acordo para marcar eleições, o valor limite do défice e a redução a prazo da dívida pública. É mesmo mais difícil do que fazer uma reforma do Estado sensata e inteligente.
Os partidos convocados por Cavaco Silva, os partidos que se intitulam a si próprios "partidos do arco da governação" são, na verdade, os partidos do sistema que nos levou até aqui, à beira da perdição.
A missão destes partidos, independentemente das lutas internas e das tricas que os separam, não é a "salvação nacional" é, lamento constatar, a "salvação do sistema", a salvação dos seus vícios. Pode até ser que, para isso, assinem um acordo e melhorem as contas do Estado, mas, no final, acho com tristeza, a nação não ficará salva.
Falta referir a cota-parte do Sr. Presidente da República, enquanto tal, e como mais um dos políticos que ajudou a medrar a atual situação…
Neste momento já se saberá o resultado da “Operação Relâmpago” desenhada pelo PR, para ser executada pelos agentes duplos (no caso triplos), mas seja qual for, a salvação só virá depois da “morte”…

Ecos da blogosfera – 18 jul.

Entre 20 garnisés alguém tem que cantar de galo…

Antes da próxima reunião ministerial do G-20, esta semana em Moscovo, a Europa aponta um dedo acusador aos Estados Unidos, ao Japão e à China. Uma atitude inoportuna, uma vez que a crise europeia ainda não acabou.
Parece não haver lugar para férias nos calendários dos ministros das Finanças europeus. Mal acabaram a reunião do Ecofin e já estão em plena preparação do encontro de ministros das Finanças do G-20 que terá lugar a 19 e 20 de julho, em Moscovo. As iniciativas políticas que têm como objetivo a estimulação global do crescimento económico têm prioridade na agenda da reunião.
Esse documento adota um tom extremamente agressivo para com os Estados Unidos, o Japão e a China
A Bloomberg News divulgou excertos de um documento de planeamento para a reunião do G-20 elaborado no âmbito da União Europeia. Esse documento adota um tom extremamente agressivo para com os Estados Unidos, o Japão e a China. “A ausência de um plano de recuperação orçamental credível a médio prazo nos Estados Unidos representa um risco de queda significativa da recuperação global”, avisa o documento da UE que também exorta os Estados Unidos a “serem mais sérios no controlo do seu orçamento e nos desafios da dívida”.
UE aponta dedo acusador
O documento da UE envia a seguinte mensagem ao Japão: “Esperamos que o Japão elabore um plano de consolidação orçamental credível, que dedique atenção suficiente ao alastramento dos efeitos da sua política antideflação aos mercados financeiros internos e externos”. Finalmente, segundo o documento da UE, a China deveria “acelerar as reformas estruturais” e colocar a sua taxa de câmbio ao nível da realidade do mercado.
Daria tudo para ser uma mosca pousada na parede de Moscovo e poder testemunhar a resposta dos países a quem as críticas da UE passaram uma reprimenda. Se o polémico documento chegar, de facto, à mesa das negociações, os representantes da UE devem estar preparados para ouvirem uma resposta sarcástica. Apesar da inegável lógica que está por trás das recomendações feitas pela UE, o facto de ser a Europa a fazer esse sermão será recebido com desdém.
A crise do euro está longe do fim
Os funcionários franceses, sobretudo, proclamam orgulhosamente que a crise do euro acabou. Isso é, evidentemente, um abjeto disparate. Portugal, Grécia e Chipre estão a enfrentar uma catástrofe social e é mais do que certo de que vão precisar de uma ajuda suplementar até ao final do ano. Em Itália, o Governo de Letta parece desmoronar-se ao mesmo tempo que está paralisado. Em França, o Governo de Hollande é tão barulhento quanto passivo. Em Espanha, os bancos estão sentados em cima de carteiras tóxicas, ao mesmo tempo que o setor financeiro em França, na Holanda e na Alemanha continua a dar razões para preocupação.
As soluções estruturais para atacar a crise do euro estão, de facto, longe de serem postas em prática. E para tornar tudo ainda pior, o continente europeu – exceção feita a alguns, poucos, países – continua a querer resolver o problema através da subida de impostos e de um clima económico hostil. O envelhecimento da população provocará um tsunami nos custos, fazendo aumentar ainda mais os défices orçamentais. É esta Europa que está a ler a lei de motim aos outros. Não é uma jogada nada inteligente. Podemos apenas imaginar como será a resposta das outras 3 grandes potências: indiferente ou violenta?
…e a realidade…
Após 6 anos de crise financeira global, a taxa de crescimento de emprego permanece fraca na maioria dos países do G20, disseram o diretor-geral do OIT e o secretário-geral da OCDE, em comunicado que lança um relatório de empregos conjunto para a reunião do G20. "O G20 será avaliado pela opinião pública mundial sobre a sua capacidade de cumprir a agenda de crescimento e de empregos", disseram.
Embora metade dos membros do G20 tenha visto uma pequena queda na taxa de desemprego nos últimos 12 meses, a outra metade tem visto aumentos, e em 2 países - Espanha e África do Sul - a taxa está acima de 25%.
O desemprego total no G20 alcançou 93.000.000 no início de 2013, com 30% dos desempregados sem trabalho por mais de 1 ano.
Ryder e Gurria pediram aumento de investimento em infraestruturas, mais empréstimo bancário para as pequenas empresas, melhores redes de segurança social e salários mínimos, e melhores perspectivas para os jovens. Em todos os países do G20, exceto na Alemanha e no Japão, a taxa de desemprego entre jovens é de pelo menos o dobro da taxa para adultos.
Para retornar aos níveis de emprego pré-crise, o G20 precisaria de criar cerca de 67.000.000 de empregos.

Contramaré… 18 jul.

O director executivo do Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM) afirmou que o desempenho de Portugal até aos atuais "problemas políticos" era "muito bom", e não excluiu novo resgate ao país e à Grécia.
Klaus Regling adiantou que "ainda há dinheiro disponível para o país" do fundo de estabilidade financeira e do FMI. Questionado se poderá acontecer a reestruturação da dívida em Portugal, Regling disse não ver necessidade, "embora possam existir algumas especulações".

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Tudo está ligado como o sangue que une uma família!

O índice que mede a expectativa dos empresários alemães para os próximos 6 a 9 meses caiu contra todas as previsões. As novas dúvidas sobre o futuro político de Portugal e sobre a evolução das reformas na Grécia são dadas como as principais razões para este resultado inesperado. 
O indicador atingiu em julho os 36,3%, depois de em junho ter registado 38,5%. É a 1.ª queda em 3 meses, revela o Instituto ZEW, valor totalmente aquém da previsão dos vários analistas, que apontava para uma melhoria da confiança com o índice a passar para os 39,6%. 
"O desenvolvimento da crise da zona euro foi um factor [para a queda do sentimento], talvez o principal, mas certamente que não foi o único", afirmou o presidente do Instituto ZEW. 
Como refere, "houve também um impacto negativo vindo de fora como a China, que é o maior mercado de exportação alemã, e o facto de não haver desenvolvimentos nos Estados Unidos"
O analista do think-thank alemão, Frieder Mokinski diz, por seu lado, que apesar do índice ter apresentado um valor mais negativo, as previsões iniciais "ilustram a confiança e robustez da economia alemã, apesar dos resultados mais fracos da produção industrial e comércio externo divulgados recentemente"
Toda a gente, por mais leigo que seja em economia ou comércio, previu o óbvio, ou seja, quanto mais empobrecerem os cidadãos dos países importadores de produtos oriundos dos países “mais ricos” da Europa, menos exportações sairão desses países, diminuindo aí a produção, iniciando-se um processo de recessão, igual ao que foi imposto aos PIIGS… Limpinho!
Nada nos garante que seja já o início desse processo natural, mas mais dia, menos dia, o feitiço virar-se-á contra o feiticeiro.
Vem isto a propósito da relação que os experts estabelecem entre a descida da expectativa dos empresários alemães na sua própria economia, por causa das (novas) dúvidas sobre o futuro político de Portugal e sobre a evolução das reformas na Grécia, fruto da austeridade e confiscos, de direitos e valores, impostos pela Alemanha, via CE e BCE, já que Strauss Khan, na altura Diretor do FMI, veio recentemente dizer que aquela organização sempre foi contra a austeridade e a favor do crescimento.
Para aqueles “corajosos” que sabem sacar aos pobres para pagar as dívidas de bancos e beneficiar grandes empresas, devem começar a pensar no peso que a nossa “pobreza” pode ter nas conversações para a renegociação da dívida, mas sobretudo para perderem o “vício” de irem ao nosso bolso, porque é crime…
Sem dinheiro, não é possível pagar dívidas, por muito sério que se seja ou queira parecer, sobretudo por termos sido apanhados com o isco que nos lançaram (premeditadamente) e mordemos (inocentemente)…
Por outras palavras e como tudo está ligado, se entrar água no barco, ou todos o vazamos ou vamos todos ao fundo, e o capitão é o último a sair (se tiver dignidade)…
O mal dos outros não nos ajuda, nem a ELES, mas como diz o ditado: “Quem com ferros mata, com ferros morre”

Ecos da blogosfera – 17 jul.

Um popular Social Cristão, com ligações a Portugal…

É legítimo duvidar se a União Europeia pode funcionar sem políticos como Jean-Claude Juncker. O primeiro-ministro de longa data do Luxemburgo encarna como ninguém as ideias fulcrais da unificação europeia.
A renúncia do primeiro-ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker é essencialmente um assunto interno do Grão-Ducado. Os serviços secretos do Luxemburgo, um organismo que se diz ter 5 dezenas de funcionários, é acusado de ter vivido uma “vida independente”, ou pelo menos o primeiro-ministro não conseguiu exercer controlo suficiente sobre eles.
No cerne da questão está um caso que remonta à década de 1980, mas não está claro se a demissão de Juncker significa que vá desaparecer da cena política do Luxemburgo. Quer conduzir o seu Partido Popular Social Cristão durante a campanha eleitoral, e é bem possível que o ainda popular político, que é primeiro-ministro desde 1995, venha a assumir a liderança até ao próximo governo.
Os abalos no Luxemburgo não vão sacudir a Europa, embora Juncker tenha desempenhado um papel de destaque na política europeia nas últimas décadas. Já em 1991, presidiu ao Conselho de Assuntos Económicos e Financeiros Europeus (ECOFIN) e envolveu-se significativamente na elaboração da União Económica e Monetária Europeia. A partir de 2005 e até ao início de 2013, presidiu ao Eurogrupo. No entanto, a sua renúncia não é apenas sintomática, mas também altamente simbólica.
Em pé de igualdade na mesa das negociações
Juncker é a prova viva dos novos papéis que os pequenos Estados puderam desempenhar na política europeia do pós-guerra – na senda da Comunidade Económica Europeia e até à Comissão e União Europeia de hoje. Os pequenos Estados não são já províncias do imperialismo europeu e sentam-se à mesa das negociações em pé de igualdade com o Presidente francês, a Chanceler alemã e o Primeiro-ministro britânico; e falam com peso europeu com o Presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo norte-americano, Barack Obama.
Nessa mesa, os Estados-membros mais pequenos nunca questionaram o papel de liderança dos Estados maiores, que deriva do seu maior peso económico e poder político. Mas querem expressar-se e ter uma palavra a dizer nas decisões. E Juncker é a prova de que podem ter inteligência e capacidade para também assumirem protagonismo.
O primeiro-ministro do Luxemburgo incorpora ainda outro elemento essencial do projeto europeu: o consenso básico Democrata Cristão Europeu que tem moldado a unificação, através de pais fundadores como Schuman, De Gasperi e Adenauer. Baseia-se num equilíbrio entre o capital e o trabalho, num consenso social (e sociopolítico) que um social-democrata, o ex-chanceler alemão Gerard Schröder, captou numa frase concisa: “Se as coisas vão bem para a indústria alemã, também vão bem para os trabalhadores alemães”.
Juncker não é um utopista
Esta base foi abalada e desgastada pelos ventos da globalização, mas Juncker acredita firmemente nela, não apenas como um objetivo de política nacional mas como uma condição para a unificação europeia. Isso faz com que algumas pessoas o considerem antiquado.
Há também quem considere o seu compromisso com uma visão federal da Europa ultrapassado. No final da sua carreira política, o ex-chanceler alemão Helmut Kohl, que respeitosamente chamava “Júnior” a Juncker, renunciou ao sonho dos “Estados Unidos da Europa”. Mas Juncker não é um utopista, apesar de provavelmente concordar com a piada do escritor suíço Max Frisch de que “não se é realista apenas por não se ter ideias”.
Juncker sabe que uma UE com 28 membros já não se encaixa no molde da que foi formada por 6 Estados europeus, no período imediatamente após a II Guerra Mundial. Para ele, o federalismo tem sido uma espécie de ideia reguladora, no sentido kantiano: qualquer decisão a nível europeu deve ser julgada sobre se é, a longo prazo, compatível com o objetivo da supranacionalidade ou um obstáculo para ele.
Cético e desconfiado, Juncker tem-se questionado sobre se os egoísmos e interesses nacionais não estão a tornar-se mais fortes, na esteira da crise do euro, com os acordos a serem martelados entre os líderes dos grandes Estados, em detrimento das instituições europeias. Além disso, considera esses acordos sobejamente incompetentes e politicamente errados. Foi por isso que encetou uma discussão com a chanceler alemã Angela Merkel e se desentendeu com o ex-Presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Donald Rumsfeld, ex-secretário da Defesa dos Estados Unidos, viu provavelmente Juncker como o protótipo da “velha Europa”. Na verdade, é provável que o seja. Mas podemos duvidar que uma União Europeia em processo de renovação aguente a corrida sem o empenho de políticos como ele.
Jean-Claude Juncker é uma das figuras que mais se tem destacado no panorama da construção europeia, em particular com o contributo do seu trabalho na liderança do Eurogrupo em prol de uma verdadeira coesão económica e social da Europa, e foi distinguido a 3 de maio, com a atribuição do título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto.
A sua “constante preocupação por uma Europa mais social” e o seu papel como “um dos principais obreiros do “Luxembourg Process” destinado a promover o emprego” são algumas das razões citadas no despacho de concessão do título a Jean-Claude Juncker. A U.Porto destaca ainda o seu empenho no estreitar de ligações entre Portugal e o Luxemburgo nomeadamente no que toca aos portugueses residentes neste país (16% da população), ao longo dos últimos 18 anos como Primeiro-Ministro do Grão-Ducado.

Contramaré… 17 jul.

Portugal é o 7.º país, entre os 34 membros da OCDE, onde a legislação laboral é mais rígida no que respeita aos despedimentos. Mas se olharmos apenas para o despedimento colectivo o cenário muda de figura e Portugal ocupa o 3.º lugar entre os países onde é mais fácil despedir.

terça-feira, 16 de julho de 2013

A corrupção na Europa é currículo para governantes…

O ex-tesoureiro do PP espanhol, durante quase 20 anos, afirmou que, em 2010, entregou 25.000 euros da chamada contabilidade paralela do partido a Mariano Rajoy e outros 25.000 euros à secretária-geral, María Dolores de Cospedal.
Luis Bárcenas disse perante um juiz ter feito as entregas pessoalmente, em março de 2010, em notas de 500 euros metidas em envelopes castanhos, e, no caso da secretária-geral, que a entrega foi feita no gabinete dela na sede do partido.
Mariano Rajoy, primeiro-ministro de Espanha desde 2011 e líder do PP desde 2004, foi envolvido por Luis Bárcenas num escândalo de pagamentos irregulares a dirigentes do partido e de donativos ilegais de empresários em troca de contratos de adjudicação. Rajoy nega as alegações.
Luis Bárcenas, o antigo tesoureiro do Partido Popular (PP, direita), afirmou perante o juiz, no dia 15 de julho, que os altos dirigentes do partido, incluindo o primeiro-ministro Mariano Rajoy, receberam prémios irregulares durante anos.
Segundo Bárcenas, que entregou ao juiz documentos sobre a alegada dupla contabilidade dentro do PP, Rajoy recebeu prémios irregulares no valor de 45.000 euros entre 2009 e 2010.
Numa conferência de imprensa, Mariano Rajoy negou as acusações e afirmou que Bárcenas está a “chantagear o Estado”. Mas, El Mundo, o diário que divulgou vários documentos do caso, estima que “as notas de Bárcenas passaram a ser as provas de Bárcenas. Já não são documentos que lhe foram atribuídos, mas notas escritas por ele durante 2 décadas, que refletem a dupla contabilidade do partido, o seu financiamento irregular por doações de empresas do setor da construção e os prémios irregulares recebidos pelos dirigentes do partido.”
María Dolores de Cospedal desmentiu "taxativamente" todas as "mentiras e calúnias" feitas pelo ex-tesoureiro do partido, Luís Bárcenas, que disse à justiça ter entregue dinheiro àquela dirigente e ao atual primeiro-ministro, Mariano Rajoy.
"É completamente falso", disse a dirigente do PP e presidente do governo regional de Castilla-La Mancha, rejeitando também as suspeitas de contabilidade paralela no partido. "Não admito nem admitirei uma chantagem de ninguém, por muito desesperada que esteja pela incapacidade de explicar a origem dos seus milhões na Suíça", disse ainda Cospedal, que "deseja" também desmentir estas acusações em sede judicial.
O presidente do governo da Espanha, Mariano Rajoy, afirmou que não tem intenção de renunciar ao cargo, mesmo após a divulgação das acusações do ex-tesoureiro de sua bancada, o Partido Popular (PP), Luis Barcenas. "Eu só digo que a Espanha está a conseguir sair da crise.    Defenderei a estabilidade política. Se os outros querem brincar de outras coisas, a responsabilidade é deles. Eu terminarei o meu mandato", declarou Rajoy.
Mais uma denúncia de corrupção de mais um líder europeu, que (nos) governa, a juntar-se a tantos outros, em vários países e em vários cargos. Foi na Alemanha, na Itália, em França, em Inglaterra, no Luxemburgo, na Espanha e em vários países de leste, na Comissão Europeia, desde presidentes da República, Primeiros-ministros, Ministros, Comissários e Deputados europeus…
Em Bruxelas, com o consentimento dos lóbis, estes atropelos nem são considerados pecados à luz da Moral e da Ética, o que revelaria a dimensão desta peste que, se não contagia, penaliza os contribuintes, nuns casos e noutros põem em perigo a saúde pública, impunemente.
Em Portugal, tem havido apenas alguns pontos com fumo, mas nunca se descobriu que havia fogo, nem em sobreiros…
Mundialmente, se repescarmos o “Offshoresleak”, tão depressa silenciado, teremos a perceção de que anda meia dúzia a roubar toda a gente, impunemente…
O que é comum em todos estes casos, é que o exemplo vem de cima, são sempre valores colossais, que tudo somado chegaria e sobraria para reduzir as desigualdades e despenalizar os inocentes cidadãos que trabalham e não ganham o suficiente para a sobrevivência e pagam para estes abutres.
No caso em questão, destaca-se apenas a confirmação judicial das provas, os montantes, os destinatários atualmente no ativo (os outros artistas safar-se-ão?), a negação dos denunciados (o primeiro-ministro de Espanha e à secretária-geral do PP) e as posições de Cospedal (que está muito desesperada pela incapacidade de explicar a origem dos seus milhões na Suíça) e de Rajoy, que diz que não se demite, porque foi eleito.
E esta de dizer que “foi eleito” é o máximo dos máximos da máxima “democrática” dos dias que correm, que permite aos políticos, nas campanhas eleitorais, prometerem-nos o céu (ou omitirem os diabinhos que os sustentam) e convencerem-se depois que podem, legitimamente, empurrarem-nos para o inferno… É o mínimo da honradez e o máximo da desfaçatez!
Perante as declarações do Primeiro-ministro espanhol, que diz (não se vê) que a Espanha está a conseguir sair da crise (também nós…) e que os outros (os honestos?) querem brincar com estas minudências(?) faria lembrar (a ser verdade) o político brasileiro que se candidatou com o slogan: “Eu roubo, mas faço”!
Na Europa civilizada, rouba-se, aldraba-se, omite-se, faz-se lóbi, confisca-se, etc., mas é tudo gente séria e com currículo para governarem os seus países…
Já chegavam os privados e os bancos, quanto mais os públicos e os cadeirões!
Paradigmas, que contrariam os VALORES dogmáticos…
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