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sábado, 25 de janeiro de 2014

Diferentes e melhores receitas produzem mais pão…

Nouriel Roubini, o economista conhecido como o “profeta da desgraça”, admite que a saída de um país do euro é agora menos provável. Há pouco mais de um ano previa que a Grécia abandonaria a moeda única.
“O pior da crise já passou, no que respeita a riscos financeiros”, disse o co-fundador da consultora global de macroeconomia Roubini Global Economics em Davos. “Alguns dos riscos dos últimos anos já têm uma menor probabilidade”, acrescentou o economista admitindo que isso inclui “riscos de colapso do euro”.
Em Outubro de 2012, altura em que a crise da dívida soberana alimentava especulações sobre a desintegração da moeda comum, Nouriel Roubini antecipava que provavelmente a Grécia sairia do euro. As declarações do economista surgiam 3 meses depois de o presidente do BCE anunciar que a autoridade monetária faria tudo o que fosse necessário para salvar o euro.
Ainda que as melhorias recentes na região do euro tenham ajudado a economia mundial a deixar o pior para trás, a recuperação ainda se move sobre areias movediças, de acordo com Roubini.
“A inflação vai ser baixa e as políticas dos bancos centrais vão ser acomodatícias”, afirmou. “Não acredito que o crescimento nos países avançados vá ser acima do seu potencial, mas vai ser melhor do que nos últimos anos”.
Sobre a economia norte-americana, Roubini admite que consegue prever um crescimento de 2,5%, mas que não está “no campo daqueles que acreditam num crescimento de 3,5% ou ainda mais”.
O FMI prevê que a economia dos Estados Unidos cresça 2,8% em 2014, o que compara com as previsões de crescimento de 1% para a Zona Euro e de 3,7% para a economia mundial. 
Já sabemos que Roubini não falou o dia todo e que houve mais intervenientes, mas é o que nos oferecem como sumário…
E tirando a profecia da desgraça, os consequentes avisos de desmantelamento do euro, antecedida pela saída da Grécia, que não vieram a acontecer, só porque quem pode e tem não quis, por razões ideológicas ou por interesses próprios, o que se destaca nestas e noutras declarações, é que ninguém fala dos cidadãos e das medidas que lhes foram impostas, fazendo retroceder o nível de bem-estar do povo dos países intervencionados…
Se este fórum tem como objetivo analisar o passado recente e discutir as soluções para o que correu mal (e tudo correu tão mal), os cidadãos deviam ter lá os seus representantes para que a análise e as soluções tivessem em conta, não os interesses, mas os direitos que entretanto lhes estão a ser sacados, não só para haver o contraditório, mas para colocar as finanças ao serviço da economia e a economia ao serviço da sociedade…
Enquanto só estes galos cantarem, bem podem fazer muitos fóruns, que os garnisés nunca terão direito à inclusão, muito menos à absolvição dos pecados mortais de terceiros, continuando a pagar dívidas que não contraíram…
A propósito, destaca-se a diferença de resultados entre os EUA, a UE e a Eurozona, com vantagem para o primeiro e os respetivos cidadãos, mercê de medidas políticas diferentes, o que cumpre a regra de que “as mesmas causas provocam os mesmos efeitos” e logicamente “causa diferentes provocam diferentes efeitos”…
Só fica a dúvida sobre o porquê de não se adotar o mesmo remédio para reduzir as medidas de austeridade que nos são impostas, mesmo com as provas à vista…
Fica a dúvida até termos certezas, se é que as há, mas há!

Ecos da blogosfera - 25 jan.

Um púlpito (só) para alguns prevaricadores?

As grandes empresas tecnológicas, como a Yahoo e a British Telecom, e a recuperação europeia, nas palavras de Axel Weber e Kenneth Rogoff, concentraram as atenções nas primeiras horas do Fórum Económico Mundial.
Uma sondagem dá conta que mais de metade dos investidores, analistas e corretores consultados acredita que o mercado de dívida europeu já deixou a crise para trás. Mas, contra o optimismo, o presidente do UBS, Axel Weber, alertou para o facto de a recuperação europeia não ser, ainda, motivo para excitação. Neste momento, a Europa está a viver uma época “irregular” e “baça”. Além disso, não foi ainda capaz de começar a baixar o desemprego. “A economia está demasiado fraca para aguentar o tipo de crescimento nos empregos que é preciso para sair da crise”, disse o banqueiro alemão, citado pelo “The Guardian”.
Em declarações em Davos, Weber apontou para 2 perigos na Europa este ano. Por um lado, os resultados das eleições europeias podem conduzir a protestos políticos, que trarão consigo volatilidade para os mercados. Por outro lado, os testes de stress para a banca europeia deverão criar um “novo alarme” no mercado. “Acredito que alguns dos bancos não serão aprovados nos testes de stress e estou preocupado porque, quando isto se tornar óbvio, pode desencadear uma reacção no mercado”, avisou o alemão que já dirigiu o banco central alemão.
Num tom ligeiramente mais optimista, o académico Kenneth Rogoff afirmou, que ainda há desafios severos pela frente da Europa no que diz respeito ao crescimento, apesar de o Velho Continente se estar a tornar mais estável. Rogoff disse, também, que é necessária uma maior integração orçamental na Zona Euro – algo que, aliás, é dito na Europa desde o início da crise da dívida soberana, em 2010.
Tecnologias querem mais controlo à NSA
Outro dos temas quentes do dia foi a tecnologia e a (falta de) privacidade. As grandes tecnológicas, reunidas em Davos, mostraram-se preocupadas com o acesso que a NSA, a agência de segurança nacional dos Estados Unidos, tem a dados de civis, como se percebeu depois das relevações feitas por Edward Snowden.
Como conta o “The Guardian”, o presidente da British Telecom, Gavin Patterson, admitiu que os clientes não podem estar 100% seguros de que os seus dados são privados quando fazem chamadas ou quando utilizam a Internet. Nesse sentido, defendeu que é preciso uma maior legislação e protecção.
Patterson não foi o único a mostrar preocupação. Marissa Mayer, a presidente da Yahoo, considera que deveria ter possibilidade de publicitar os pedidos de acesso a dados pessoais por parte da NSA, tal como já acontece com solicitações federais. “Queremos mesmo ser capazes de fazer o mesmo ao nível da NSA”, disse. “O que é sombrio sobre o que está a acontecer hoje é que as pessoas não têm, necessariamente, de saber que dados seus estão a ser colectados nem para que estão a ser usados”, declarou a responsável.
2014, o ano da viragem
Sobre o próximo ano, Mayer aventurou-se a classificá-lo como “um ponto de viragem”. “Vai mudar as rotinas de toda a gente na sua essência”. Segundo a empresária, até ao final do ano a empresa terá mais utilizadores com portáteis e mais tráfego de Internet móvel do que computadores fixos e acessos fixos à Internet. 
Nouriel Roubini, a partir do Twitter, também falou do futuro. “Na terceira revolução industrial, teremos robótica, automação, impressão 3D e nanotecnologias. Mas só serão criados empregos especializados”.
Tendo em conta que o UBS não está isento de nódoas nos serviços que (em)presta, ouvir o seu atual presidente falar da situação europeia, referindo-se aos perigos para os bancos e sabendo que tem por trás, não os acionistas, mas os contribuintes, que crédito lhe havemos de dar?
Tendo em conta que o economista Kenneth Rogoff, juntamente com a sua partenaire Carmen Reinhart, com a folha de Excel “viciada” e adotada por vários ministros das Finanças (o Gaspar e o Shäuble) foram os causadores da austeridade desnecessária que infligiram a vários países europeus, que credibilidade tem tudo o que possa dizer sobre a crise?
Tendo em conta que a Yahoo foi um dos fornecedores de dados privados à NSA, que autoridade terá a sua presidente para botar discurso sobre o direito à privacidade?
Tendo em conta que a British Telecom já esteve envolvida em escândalos e colaborou com o GCHC na espionagem na Europa, que credibilidade nos merece o seu presidente?
O único que diz algo com lucidez é Nouriel Roubini, quando diz que a evolução das TIC só criará empregos especializados e, logicamente, muito poucos…
Para já, Davos só pariu ratos…

Contramaré… 25 jan.

A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) está a enviar e-mails aos contribuintes lembrando-lhes que se habilitam a ganhar "prémios de valor substancial" sempre que pedem uma fatura com o seu número de identificação fiscal. "Sempre que solicitar a inserção do seu número de contribuinte na fatura, fica automaticamente habilitado ao sorteio" refere o e-mail ainda assinado por José Azevedo Pereira, cujo mandato à frente da AT já terminou.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Uma carta para ser lida a quem sofre de iliteracia social

“Rogo a todos para que garantam que a humanidade seja servida pela riqueza e não regida por ela”. A frase consta da mensagem enviada a partir do Vaticano para Davos, na Suíça, onde, entre 22 e 25 de Janeiro, se reúne a cimeira da política e da economia mundial, o Fórum Económico Mundial. A edição deste ano, a 44.ª, prende-se com “O Mundo em Reformulação: Consequências para a Sociedade, Política e Empresas”.
A carta do Vaticano pede aos participantes do Fórum Económico Mundial para colocarem a inovação ao serviço da humanidade. “Aqueles que demonstraram a capacidade para serem inovadores e para melhorarem a vida de muitas pessoas podem, através do engenho e da competência profissional, contribuir ainda mais ao colocarem a sua perícia ao serviço daqueles que estão a viver em extrema pobreza”, escreveu o Papa Francisco, numa mensagem lida no discurso de abertura do Fórum, a 21 de Janeiro. 
O que é o Fórum?
Segundo o site oficial, o Fórum Económico Mundial, conhecido pela terra que o recebe, Davos, é uma organização internacional independente, cujo intuito é o de "melhorar o estado do mundo", algo que pretende concretizar com a junção de líderes empresariais, políticos e académicos "para dar forma às agendas global, regionais e industriais".
“Rogo a todos para que garantam que a humanidade seja servida pela riqueza e não regida por ela”, pediu ainda o Papa Francisco na sua comunicação, onde considerou “intolerável” que “milhares de pessoas continuem a morrer à fome todos os dias, apesar de haver uma quantidade considerável de alimentos disponíveis”. É contra esses factos que o sucessor de Bento XVI solicita uma “nova mentalidade política e empresarial” e é por isso que pede que os pobres sejam vistos para além de um olhar assistencialista.
Pela 44.ª vez se realiza um fórum para procurar soluções para a pobreza e a fome, baseadas na boa vontade ou na consciência social de muitos dos protagonistas que são os responsáveis por essas desigualdades crescentes no mundo e pela concentração da riqueza em muito pouquinhos.
Partindo do princípio de que o Papa Francisco não é inocente, só podemos pensar que a sua carta não passa de uma tentativa de borrar a agenda da hipocrisia e apontar o dedo aos participantes, mesmo sabendo da iliteracia social que reina entre eles, que farão ouvidos moucos, continuando com a mesma louca estratégia até ao 45.º fórum…
Vamos seguindo as intervenções que debatam o tema que o Papa lançou para a mesa, mesmo sabendo que haverá jogadas em que o bluff será persistentemente dominante…
“Vox Dei, vox populi est”

Ecos da blogosfera - 24 jan.

Uma miragem ou uma lufada de esperança?

"Os países pobres não estão condenados a ficarem pobres", acredita Bill Gates.
3 mitos que bloqueiam o progresso dos pobres
Quase todos os indicadores apontam para um mundo melhor do que nunca. As pessoas têm vidas mais longas e saudáveis. Muitos países que recebiam assistência hoje são autossuficientes.
Poderíamos pensar que esse progresso impressionante seria amplamente celebrado, mas, na realidade, Melinda e eu ficamos impressionados com a quantidade de gente que acha que o mundo está a ficar pior. A perceção de que o mundo não pode resolver as questões da pobreza extrema e as doenças não apenas é errada – também é prejudicial. É por isso que, na carta deste ano, desmontamos alguns dos mitos que entravam o trabalho. Esperamos que façam o mesmo da próxima vez que ouvirem esses mitos. - Bill Gates
Na carta anual da Bill & Melinda Gates Foundation, Bill Gates faz uma previsão para o fim da pobreza e desmonta o que chama de 3 mitos, que perpetuam a pobreza no mundo:
Mito 1 - Que os países pobres estão condenados a ser pobres;
“Até 2035, quase não haverá mais países pobres no mundo.” Bill Gates
Mito 2 - Que a assistência externa é um grande desperdício;
“É irónico que a fundação tenha fama de insistir em resultados, enquanto muitos duvidam dos programas de assistência governamental aos quais nos associamos.” Bill Gates
Mito 3 - Que salvar vidas resulta em superpopulação.
“Tornamos o futuro sustentável quando investimos nos pobres e não quando insistimos no seu sofrimento.” Melinda Gates
E traz alguns especialistas como Bill Nye e Hans Rosling, que o ajudam, em vídeos, na justificação da sua posição.
Em 2012, a Gates Foundation contribuiu para vários projetos nas áreas da educação e saúde com um montante global de cerca de 3.200 milhões de dólares.
O futuro
Para quem lê notícias todos os dias, é fácil ter a impressão de que o mundo está a piorar. Não há nada de errado em enfocar notícias más quando as colocamos em contexto. Para Melinda e para mim, é repugnante o facto de mais de 6.000.000 de crianças terem morrido no ano passado. Mas ficamos motivados pelo facto de que esse número é o menor jamais registado. Queremos assegurar que continue a baixar.
Esperamos que ajudem a desmentir estes mitos. Incentivem os seus amigos a colocar notícias más dentro do contexto. Digam aos líderes políticos que se interessam em salvar vidas e apoiam a assistência externa. Se quiserem fazer alguma doação, saibam que as organizações que atuam em saúde e desenvolvimento oferecem um retorno fenomenal para o seu dinheiro. Quando estiverem num fórum online e alguém alegar que salvar crianças causa superpopulação, expliquem os factos. Podem ajudar a criar uma nova perceção global de que cada vida tem valor igual.
Todos temos a oportunidade de criar um mundo em que a pobreza extrema seja a exceção, e não a regra, e onde todas as crianças tenham a mesma possibilidade de prosperar, não importa onde tenham nascido. Para os que acreditamos no valor de cada vida humana, não há nenhum outro trabalho mais inspirador no mundo hoje.

Contramaré… 24 jan.

Apesar dos resultados melhores do que o esperado, a ministra recusa-se a aliviar os cortes sobre os reformados e sobre os funcionários públicos. “O que se acumula hoje paga-se amanhã. Não há nada à borla”, avisou.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Não ignorar os erros cometidos, evitar a reincidência…

Não se trata de afetar a credibilidade das declarações que, por regra com origem governamental, direta ou indireta, anunciam sinais animadores mesmo quando, quanto à recuperação da crise que estamos globalmente a sofrer, tudo passa das capacidades médias das populações europeias. Mas trata-se de sublinhar, com vigor, que o corolário evidente de confiança no regresso ao tipo de sociedade anterior, antes do novo-riquismo destruidor e do liberalismo repressivo a servir de terapia, exige a maior meditação, prudência e moderação na confiança técnica ou interventora.
Adriano Moreira
Escreveu algures Sun Tzu, lembrado por Hassner, que "aquele que se distingue a resolver as dificuldades, resolve-as antes de surgir. O que se notabiliza em vencer os seus inimigos, triunfa antes que as ameaças destes se concretizem". Trata-se de coisa diferente do princípio da precaução que diz respeito à prevenção de acidentes, e cuja débil utilização foi por exemplo demonstrada com a destruição das Torres Gémeas.
Alguns falam, neste domínio, que tem relação direta com os serviços de informação, da deficiência do conhecimento-antecipação, um facto que esteve aparentemente na base do excesso de zelo do Governo de Obama quando organizou a invasão da intimidade de todos os Estados.
No caso da crise financeira e económica global, não se trata já de nenhuma destas inquietações, porque os factos estão consumados: o que falta é saber se a experiência foi adquirida e se algum saber novo pode ser enunciado, em substituição dos dogmas do mercado sem regulação, aberto à liberdade criadora de financeiros imaginativos. Dispensa-se a temática do carisma, porque o que são necessárias são vozes credíveis de quem demonstre que se aplica e tem a certeza de que ninguém escapa a enganar-se. Neste último ponto, a dolorosa experiência que os europeus têm sofrido para além do humanamente aceitável deve ter proporcionado uma colheita de erros que deve ser mobilizada para evitar novas surpresas com o ainda indefinido futuro que nos espera. E não apenas os erros das teimosas terapias que não provocaram, salvo tardiamente, alguns sobressaltos de enganos, também os que estiveram nas causas da crise, designadamente a incapacidade de vigilância de órgãos reguladores, a irresponsabilidade governativa que conduziu ao desastre da falta de meios para efetivar a relação dos projetos e das ações empreendidas para lá das necessidades e dos objetivos fundamentais do Estado, os defeitos da estrutura política que alteram frequentemente a relação entre o executivo e o legislativo, vista a crítica relação de facto entre o Governo e a maioria de apoio, a circulação do pessoal político para a vida empresarial, e depois a fácil elaboração de uma dogmática jurídica que multiplicou as maneiras semânticas de chamar aos cofres do Estado gastador os recursos dos mais fracos, idosos e pensionistas, e até praticamente transformou, com o IMI, os proprietários de casas em arrendatários das câmaras municipais, elas também necessitadas de cumprir as dívidas financeiras que criaram.
Num mundo em que as interdependências, as redes, as suas interferências recíprocas, a inevitável diferença de poder entre os Estados, pode mudar a ordem da hierarquia, não retirará esta de qualquer sistema que venha a ser estruturado.
Também a experiência vivida aponta para a evidência de que o regionalismo, do tipo da há séculos sonhada União Europeia, é o remédio possível para a afirmação dos que têm afinidades, mas são sobretudo potências médias ou pequenas em face das superpotências que existirão.
A convalescença da Europa exige atenção a muitos males que a afetaram, à falta de estadismo que a diminuíram, a terapias sem experiência que a enfraqueceram.
É aconselhável não ignorar nenhum dos erros cometidos, decidir não consentir na reincidência e chamar as vozes existentes que conhecem e prezam o seu passado, para que a voz europeia volte a ser ouvida na ainda mal pressentida sociedade internacional nova que vem a caminho.

Ecos da blogosfera - 23 jan.

Não façam contas, não esperem milagres, esqueçam!

O relatório "Governar para as elites: sequestro democrático e desigualdade económica", da ONG britânica, Oxfam, mostra que o património das 85 pessoas mais ricas do mundo equivale às posses de metade da população mundial.
Segundo o documento Working for the Few (“Trabalhando para uns poucos”, em tradução livre), as 85 pessoas mais ricas do mundo têm um património de 1,7 triliões de dólares (cerca de 1,5 biliões de euros), o que equivale ao património das 3.500 milhões de pessoas mais pobres do mundo.
O relatório afirma ainda que a riqueza dos 1% mais ricos do mundo equivale a um total de 110 triliões de dólares, 65 vezes a riqueza total da metade mais pobre da população mundial.
A Oxfam observou no seu relatório que, nos últimos 25 anos, a riqueza ficou cada vez mais concentrada nas mãos de poucos. “Este fenómeno global levou a uma situação na qual 1% das famílias do mundo são donas de quase metade (46%) da riqueza do mundo”, afirmou o documento.
“No último ano, 210 pessoas tornaram-se bilionárias, juntando-se a um restrito grupo de 1.426 indivíduos com um valor líquido combinado de 5,4 triliões de dólares”, destaca o relatório.
“É chocante que no século XXI metade da população do mundo – 3,5 mil milhões de pessoas – tenham menos riqueza que uma minúscula elite que poderia caber confortavelmente num autocarro de dois andares”, afirmou Winnie Byanyima, diretora-executiva da Oxfam.
Para Byanyima, “sem um esforço concentrado para enfrentar a desigualdade, a cascata de privilégios e de desvantagens vai continuar por gerações. Em breve vamos viver num mundo onde a igualdade de oportunidades é apenas um sonho”, acrescentou.
Publicado dias antes do Fórum Económico Mundial em Davos, o relatório detalha o impacto da crescente desigualdade em países desenvolvidos e outros em desenvolvimento.
Leis e paraísos fiscais
A Oxfam fez uma pesquisa em 6 países (Brasil, Espanha, Índia, África do Sul, Grã-Bretanha e Estados Unidos) e mostrou que a maioria dos entrevistados acredita que as leis são distorcidas para favorecer os ricos. Entre os países estudados, a Oxfam destaca a Espanha, onde 8 em cada 10 pessoas concordam com essa afirmação sobre as leis.
A ONG também destaca outro grande problema: o dinheiro que não paga impostos, ficando em paraísos fiscais. “Globalmente, os indivíduos e companhias mais ricos escondem triliões de dólares de impostos numa rede de paraísos fiscais no mundo todo. Estima-se que 21 triliões de dólares estejam escondidos sem registos”, informa a ONG no relatório.
Segundo a Oxfam, que vai enviar representantes a Davos, os participantes do Fórum Económico Mundial têm o poder de reverter o aumento da desigualdade.
A Oxfam pede que os participantes do fórum se comprometam a não sonegar impostos nos seus países ou em países onde têm investimento, não usar a riqueza económica para conseguir favores políticos que prejudiquem a democracia, apoiar os impostos progressivos sobre o património e rendimento, combater o sigilo financeiro e sonegação de impostos, entre outras recomendações.
Além disso, a ONG também recomenda o estabelecimento de uma meta global para acabar com a desigualdade económica extrema em todos os países, uma regulamentação maior dos mercados para promover crescimento sustentável e igualitário e a diminuição do poder dos ricos de influenciar os processos políticos.
Perante um relatório que detalha e confirma a crescente desigualdade entre cidadãos de todos os países e perante a crença da maioria das pessoas de que as leis são distorcidas para favorecer os ricos, é um pouco angelical que a Oxfam pense que os participantes do Fórum Económico Mundial de Davos tendo o poder de reverter o aumento dessa desigualdade decida inverter o processo.
Era bonito, pá, que os mais ricos se comprometessem a:
Não sonegar impostos nos seus países ou em países onde têm investimento;
Não usar a riqueza económica para conseguir favores políticos que prejudiquem a democracia;
Apoiar os impostos progressivos sobre o património e rendimento;
Combater o sigilo financeiro e sonegação de impostos;
Estabelecer uma meta global para acabar com a desigualdade económica extrema em todos os países;
Aumentar a regulamentação dos mercados para promover crescimento sustentável e igualitário e
Diminuir o poder de os ricos influenciarem os processos políticos…
Era bonito, pá!
Há Davos todos os anos e em cada ano o 1% é sempre a somar…
Saúde para os 99% e muita fé no Euromilhões… Somos todos excêntricos!

Contramaré… 23 jan.

Conhecida como “doença dos pezinhos”, a Paramiloidose é uma doença genética rara de grande incidência em Portugal que se manifesta na idade adulta, normalmente por volta dos 30 anos. A Paramiloidose ou doença dos pezinhos chama-se assim porque começa por causar a atrofia dos membros inferiores é uma doença quase sempre fatal, com tratamento, mas sem cura.
A paramiloidose foi descrita em 1952 pelo neurologista do Hospital de Santo António do Porto Mário Corino de Andrade, que observara um padrão de formigueiro e adormecimento das pernas em doentes da Póvoa do Varzim.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

“Os Funcionários Públicos que paguem a crise!”

Contas não incluem os novos cortes que vão acontecer na segunda-feira.
Desde o início de 2011 até ao final do ano passado, um funcionário público com um salário médio recebeu 40.500 euros. A diferença corresponde a 3,7 ordenados líquidos.
Já um trabalhador com um vencimento bruto de 4.000 euros viu desaparecer ½ ano de salários, segundo as simulações feitas pela PwC. E isto sem considerar os novos cortes que chegam na segunda-feira. O ano de 2012 é o que dá maior contributo para este corte acumulado, devido à suspensão do pagamento dos subsídios de natal e de férias dos funcionários públicos.
Em 2013, o rendimento líquido sofreu o impacto do aumento de impostos.
Também o aumento das contribuições à Caixa Geral de Aposentações aplicadas a partir do início de 2011 e para a ADSE também contribuíram para este corte.
As medidas de austeridade aplicadas na Administração Pública desde 2010 já levaram a cortes nos salários líquidos dos funcionários (públicos) que, nos casos de rendimentos mais altos, atingem 18,9%, segundo simulações da consultora PricewaterhouseCoopers (PwC).
Ninguém tem dúvidas de que os que mais tem contribuído para a redução da despesa do Estado (com redução e pioria dos serviços), apesar do paradoxal aumento da dívida pública tem sido os Funcionários Públicos, apenas porque tem como patrão os representantes de TODOS os portugueses. Bem sei que há “argumentos”, provenientes de teóricos que trabalham para um patrão privado, que se regozijam com cada novo corte na FP, porque os liberta da “solidariedade” de contribuírem para pagar as fraudes e calotes de terceiros, ricos e poderosos e só reagem quando há uma pequena ameaça de lhes irem ao bolso sacar pequenas contribuições para este “peditório”…
E no meio do recente método de peneirar tudo no Tribunal Constitucional, custa a aceitar que haja qualquer artigo na Constituição de Portugal, que divida os portugueses em funcionários públicos e funcionários privados, que permita esta discriminação, em que ao “Zé Pagode” (Funcionário Público) lhe cortam mais 18 euros por mês, enquanto os “Zés Espírito Santo” (Funcionário/Administrador Privado) não pagam nenhum… Já sei que vão falar dos impostos. Mas os Funcionários Públicos, para além dos cortes, não pagam também impostos sobre o que lhes sobra? Há aqui qualquer coisa muito parecida com o apartheid, no Século XXI, na Europa civilizada, embora num país periférico, pobre, inculto e abúlico…
Tendo em conta que os Funcionários Públicos já viram diminuídos os seus salários até 19% durante a vigência deste governo com diversificadas artimanhas, os cortes acrescentados para 2014 acentuam a diferença entre público e privado, contribuindo, à força, para o “sucesso” das medidas dos merceeiros que nos deviam tutelar.E para tomarmos consciência deste último saque aos Funcionários Públicos, veja-se esta dúzia de exemplos, que deviam pesar na consciência dos governantes e nos portugueses que estão isentos de participarem na recuperação da soberania, os privados, sobretudo os mais ricos do país:
12 funcionários públicos divulgaram os seus salários e partilharam as suas angústias com os leitores, uma exposição pública que justifica um agradecimento. O corte de salários afeta-os de forma diferente, mas nenhum escapa a essa medida de austeridade incluída no Orçamento para 2014.
1. Salário bruto: 1.600 € | Corte: 146,11 € (9,13%) |Salário líquido: 1.144,08€: "A única hipótese é entregar casa ao banco".
2. Salário bruto: 3.380€ | Corte: 405,60€ (12%) |Salário líquido: 1.853,81€: "Preocupa-me não conseguir fazer um pé-de-meia".
3. Salário bruto: 1.290€ | Corte: 89,13€ (6,91%) |Salário líquido: 9.10,81€: "Temos de fazer gestão nas contas muito acertada".
4. Salário bruto: 700,28€ | Corte: 18,78€ (2,68%) |Salário líquido: 681,50€: "Os 18 euros que cortam davam para pagar a luz ou a água"
5. Salário bruto: 923€ | Corte: 39,49€ (4,28%) |Salário líquido: 706,77€: "Pagamos as contas e olhamos para ver o que sobra".
6. Salário bruto: 1.967€ | Corte: 231,39€ (11,76%) |Salário líquido: 1.199,18€: "Este mês vou ter um salário que corresponde ao de 2004"
7. Salário bruto: 1.996€ | Corte: 238,95€ (11,97%) |Salário líquido: 1.212,92€: "Isto é descer 2 escalões na carreira e tirar-nos 1 subsídio"
8. Salário bruto: 799,44€ | Corte: 27,12€ (3,39%) |Salário líquido: 649,29€: "É chocante atacar as pessoas com os salários mais baixos"
9. Salário bruto: 2.100€ | Corte: 252€ (12%) |Salário líquido: 1275,13€: "O Estado está a fazer com que as pessoas sejam incumpridoras"
10. Salário bruto: 1.376€ | Corte: 103,56€ (7,53%) |Salário líquido: 938,10€: "Vou deixar de ir a casa ao fim de semana e ficar aqui".
11. Salário bruto: 1.470€ | Corte: 120,54€ (8,2%) |Salário líquido: 978,02€: "Não tenho como pagar universidade à minha filha".
12. Salário bruto: 837,6€ | Corte: 30,70€ (3,67%) |Salário líquido: 647,72€: "Serviços de esteticista para compensarem o corte".
Se somarmos estes 12 salários brutos, que somam 18.439,32 euros por mês e somarmos os cortes nos mesmos 12 salários, 1,703,37 euros, chega-se a uma percentagem média de 9,77%, só num ano, o que é uma brutalidade face aos 0% de cortes nos trabalhadores/administradores privados, que terão sempre nos seus discursos, um elogio copioso ao “esforço” dos portugueses, mesmo sabendo que deles não sai cheta! Sem falar nos dramas humanos que se multiplicam…
Haja moralidade e equidade, perante a Constituição, tendo em conta o orgulho nacionalista tão apregoado!
Não somos todos portugueses?

Ecos da blogosfera - 22 jan.

Termos direito à verdade já é sinal de sanidade…

O acidente provocado por um cavalo no dia de Natal, perto de Évora, e que causou quatro mortos e quatro feridos graves, foi um dos que ocorreu numa zona coberta com viatura médica de emergência, mas que se encontrava inoperacional.
TEMOS DIREITO À VERDADE!
A Ordem dos Médicos e a comunicação social têm denunciado a inoperacionalidade recorrente de várias Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER), de Norte a Sul do país.

No dia 16 de Janeiro de 2014, na sequência de um artigo por mim publicado num jornal diário, o INEM entendeu comentar e esclarecer as referências feitas pelo Bastonário da Ordem dos Médicos à inoperacionalidade da VMER de Évora no momento em que ocorreu um acidente com múltiplas vítimas.

Conheço a Dra. Regina Pimentel e a sua competência, seriedade e honestidade, desde o tempo em que ambos trabalhámos na VMER de Coimbra. Por isso mesmo tenho a profunda convicção que o comunicado não é de sua iniciativa (que não será abalada por declarações contrárias), mas sim que resulta de pressão da tutela para a sua emissão.
É um comunicado infeliz, despropositado e mistificador.
Procura fazer crer que a assistência às vítimas é semelhante com ou sem presença de médico e dos recursos da VMER, o que ambos/todos sabemos que não é verdade. Com respeito por todos os outros meios e pelas respectivas equipas e capacidades, nenhum outro meio substitui ou iguala a qualidade e prontidão dos recursos de uma VMER, exceptuando o helicóptero médico em algumas circunstâncias.
Aliás, o próprio comunicado do INEM reconhece a complementaridade dos vários meios de emergência. Complementaridade e não substituibilidade. Se as VMERs fossem substituíveis e, portanto, dispensáveis, não existiriam VMERs!
Com ou sem justificações ou eventuais atenuantes, é um facto indesmentível que aquele acidente era uma indicação formal para a saída de VMER e que a VMER de Évora estava inoperacional. Por conseguinte, os meios disponibilizados para a assistência às vítimas não foram aqueles que deveriam ter sido. Se esse facto teve ou não consequências, só uma auditoria independente o poderá afirmar.
A Ordem dos Médicos não pode deixar de recordar ao INEM que a emergência médica deve afirmar-se cumprindo integralmente a sua nobre e essencial missão de assistências às vítimas com a operacionalidade e disponibilidade de todos os meios da rede nacional de emergência, salvaguardando-se assim do debate público das suas lacunas e inoperacionalidades.

No entanto, e aproveitando este pressuroso empenho do INEM em fazer comunicados públicos de esclarecimento, venho publicamente solicitar ao INEM que divulgue:

1 - A lista de inoperacionalidades de todas as VMERs durante os anos de 2012 e 2013.
2 – As razões de tais inoperacionalidades.
3 - A lista de transportes secundários inter-hospitalares efectuados por VMERs (as funções das VMERs são o socorro primário e não o transporte secundário), também durante 2012 e 2013.
4 - A listagem de todas as chamadas recebidas no INEM durante esses períodos e que, de acordo com os protocolos em vigor, teriam obrigado a uma activação das VMERs em situação de inoperacionalidade, bem como a razão desses pedidos de socorro.
5 - Quais desses casos corresponderam a situações com vítimas em paragem cardiorrespiratória ou que evoluíram para paragem cardiorrespiratória durante a falta de assistência médica competente.
Conheço a Dra. Regina Pimentel e a sua competência, seriedade e honestidade, repito, pelo que sei que, por ela, não terá quaisquer reservas em divulgar a informação agora solicitada. Confio que a tutela não a proíba de ser transparente e esclarecedora. Os portugueses exigem conhecer a verdade.
A Ordem dos Médicos aguarda expectante.
Bastonário da Ordem dos Médicos
Coimbra, 19 de Janeiro de 2014

Contramaré… 22 jan.

O PS acusou o Governo de ter designado um grupo de trabalho "para-secreto" para tornar definitivos os cortes no sistema de pensões e de estar a tratar de forma "indigna" a generalidade dos pensionistas. Estas críticas foram proferidas na Assembleia da República pelo coordenador da bancada socialista para as questões sociais e do trabalho, Nuno Sá.
Para o deputado do PS, o Governo está a atuar "com uma inaceitável brutalidade social, comportando-se perante as pensões dos portugueses como se fosse o seu dono. O Governo põe, dispõe, tira e retalha quando entende, como muito bem entende, sem qualquer diálogo ou transparência". "Mas o Governo não é o dono das pensões dos portugueses. As pensões foram algo que os portugueses alcançaram com uma vida de trabalho", contrapôs o dirigente do PS.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Aumentar os Descontos para Sustentar o Estado…

A partir de março, e sob o lema de garantir a autossustentabilidade da ADSE, os funcionários e pensionistas do Estado vão passar a descontar 3,5% para o subsistema de saúde. Mas, consultados economistas, para tentar perceber a justificação do Governo ao aplicar esta medida, provam que a ADSE já se paga a si própria desde 2012.
Acontece que, todos são unânimes na defesa de que o subsistema de saúde do Estado já é autossustentável, contrariamente ao que afirma o Executivo.
“A despesa em 2012 rondou os 457 milhões de euros, mas se descontarmos daí medicamentos, meios complementares de diagnóstico e terapêutica, e outros cuidados que teriam de ser assegurados de qualquer forma pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), a despesa [da ADSE] fica-se pelos 170 milhões de euros”, destaca o economista Mendes Ribeiro. Neste sentido, prossegue, se os beneficiários deste subsistema de saúde do Estado contribuíram nesse ano com 214 milhões de euros, a despesa, conclui o economista, “ficava mais do que paga”.
No mesmo sentido, o economista Pedro Pita Barros sublinha que aumentar para “3%” os descontos para a ADSE seria “mais do que suficiente”.
Outro economista, Eugénio Rosa, conclui que “o aumento brutal dos descontos nos vencimentos e pensões torna-se ainda mais chocante quando visa criar excedentes para financiar o Orçamento do Estado”.
Recorde-se porém que, quando a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, anunciou esta medida, repetiu que tal prende-se com a antecipação de um compromisso firmado com a troika de garantir a autossustentabilidade dos subsistemas públicos de saúde.
Há dias, quando foi divulgada a ameaça dos descontos para a ADSE, José Manuel Silva, Bastonário da Ordem dos Médicos, na sua página do Facebook, levantava muitas dúvidas sobre a necessidade e a seriedade de tais aumentos e concluía: “Enquanto não me mostrarem estudos credíveis sobre o deve/haver da ADSE, mantenho a convicção de que este aumento brutal de descontos para a ADSE é profundamente injusto e injustificado”.
Pelos vistos, alguém leu a mensagem e já temos aqui algumas respostas, que lhe davam toda a razão:
Mendes Ribeiro: Em 2012 a despesa da ADSE foi de 170 milhões de euros e os beneficiários contribuíram nesse ano com 214 milhões de euros.
Ou seja, houve 44 milhões de superavit!
Pedro Pita Barros: 3% de descontos para a ADSE seria mais do que suficiente!
Basta ter em conta as contas acima, cujo lucro seria menor, mas lucro…
Eugénio Rosa: O aumento dos descontos para a ADSE visa financiar o Orçamento do Estado.
Se fosse para capitalizar o subsistema, até poderiam baixar os descontos…
Tendo em conta que a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, justificou esta medida, com um compromisso com a troika de garantir a autossustentabilidade dos subsistemas públicos de saúde, ou os funcionários da troika não tinham feito as contas ou ela também não as fez ou ambos fizeram e viram uma galinha que podia ser pilhada…
Só não se entende o silêncio do ministro da Saúde, Paulo Macedo, que tendo a fama (e o proveito) de rigoroso e sério, se mantenha em silêncio e não confesse a aldrabice (a desobriga está próxima) para que está a ser envolvido…
Tudo isto prova que todas as medidas que visam roubar funcionários públicos e reformados se baseiam apenas no despotismo, na manipulação contabilística, no eco conluiado dos media e nas condições de impotência de reação dos visados.
E prova que os cortes não são tão cegos como se diz, mas voluntariamente certeiros e mal-intencionados…
É roubar vilanagem, enquanto não chega o tempo do julgamento!

Ecos da blogosfera - 21 jan.

“…mas as pessoas estão mais pobres”. Verdade!

Na radiografia da economia que Pedro Passos Coelho leva ao 35.º Congresso do PSD, que se realiza no próximo mês em Lisboa, encontrei 5 verdades, 4 meias verdades e 1 mentira. As exportações são a pedra de toque da sua moção.
Luís Reis Ribeiro
Aliás, tal como Paulo Portas, do CDS, o presidente do PSD elegeu-as como motor da economia e motivo de confiança no futuro. Eis a lista que Passos Coelho inscreveu no texto da moção à liderança do PSD passada a pente fino.
“Um desempenho muito positivo das empresas portuguesas que se voltaram para a exportação de bens e serviços, que tem crescido continuamente nestes 3 anos (atingindo um valor superior a 40% do PIB)”.
Verdade. No 3.º trimestre, o peso das exportações no PIB era 40,9%, mas recuou face ao máximo de sempre no 2.º trimestre (41,2%).
“[Exportações registaram] um dos maiores ritmos no espaço da União Europeia. E isto apesar da adversidade enfrentada no plano interno, com custos comparados mais pesados no acesso a financiamento, e no plano externo, com quebra de procura na União Europeia em razão da recessão generalizada”.
Assim, assim. As exportações reais devem crescer este ano quase 6%. Mas quando se faz uma comparação europeia no segmento das mercadorias (janeiro – outubro acumulado face a igual período de 2012), Portugal regista um crescimento nominal de 4% (um valor razoável em todo o caso e acima da média). Mas fica atrás de Reino Unido (12%), Chipre (11%), Roménia (9%), Lituânia (9%), Bulgária (8%), Polónia (5%). Ironicamente, Portugal, Grécia e Irlanda, os países do ajustamento da troika, estão todos a crescer 4% em termos nominais nas exportações de bens no período em causa.
“Uma mudança de perfil estrutural da economia portuguesa trazido pelas exportações líquidas...”
Assim, assim. Portugal está a exportar mais do que a importar, é verdade. O saldo comercial nominal atingiu o valor melhor de sempre (série desde 1995) no 2.º trimestre, com um excedente comercial de 650 milhões de euros. Mas este afundou no 3.º trimestre para 275 milhões. Muitos economistas duvidam que os excedentes sejam para manter. Quando a retoma for mais sólida, se chegar, Portugal vai reatar as importações. De bens de consumo, de máquinas, de tecnologia, de automóveis, etc. De tudo o que não se produz cá.
“...permitindo-nos apresentar um resultado histórico, pela 1.ª vez em muitas décadas, marcado por uma posição excedentária sobre o exterior, significando que o País parou em termos líquidos de se endividar perante o exterior, contrastando com a década anterior (de 2000 a 2010) em que se endividou à razão média de quase 10% ao ano”.
Verdade. No 3.º trimestre o saldo externo da economia atingiu um valor recorde (excedente) de 3,7% do PIB, embora a média de Janeiro a Setembro seja apenas 1,5% do PIB. Mas ainda assim é um excedente. De 2000 a 2010 o défice externo da economia foi de 8,5% ao ano (10% por arredondamento).
“Uma tendência ainda ligeira mas continuamente descendente da taxa de desemprego, que registou um nível máximo de 17,6% em Janeiro de 2013 e deslizou para 15,5% em Novembro de 2013, isto apesar do ligeiro aumento da população activa registado a partir do 2.º trimestre desse ano”.
Assim, assim. A evolução da taxa de desemprego mensal ajustada (Eurostat) está correta. Mas a população ativa estagnou a partir do 2.º trimestre de 2013. E no 2.º trimestre houve uma queda homóloga de 2,4% na população ativa, isto é, há menos 62.800 pessoas no mercado de trabalho (empregados e desempregados).
“Uma tendência também ligeira mas positiva da evolução do emprego, que registou um aumento de 1,2% no 3º trimestre de 2013 face ao trimestre anterior (o maior na UE) e que significou, nesses 2 trimestres, uma criação líquida de perto de 120.000 empregos”.
Verdade (?). Mas é uma análise arriscada e com informação incompleta. O aconselhável com os indicadores do mercado de trabalho é usar comparações homólogas para expurgar a sazonalidade. Aí o emprego caiu 2,4% em Portugal quando a média da UE foi -0,3%. Da mesma forma que em termos homólogos houve destruição líquida de 102.700 empregos entre o 3º trimestre de 2012 e igual período de 2013.
“A inversão de tendência na actividade económica ocorrida no 2.º. trimestre de 2013, com o PIB a registar o maior crescimento em cadeia na UE face ao trimestre anterior e situando-se no dobro da média da zona euro no 3.º trimestre desse ano. Espera-se, nesta sequência, que no último trimestre do ano de 2013 se tenha registado, pela 1.ª vez desde 2010, um crescimento homólogo trimestral do PIB face a 2012 e um resultado em termos de recessão económica razoavelmente inferior à estimativa corrigida pelo governo e pela Troika (-2,3% estimado na 7.ª avaliação e corrigido para -1,8% na 8.ª/9.ª avaliações)”.
Assim, assim. Portugal cresceu em cadeia 1,1% no 2.º trimestre, mas não teve o maior desempenho da UE. Malta avançou 1,8% e o Luxemburgo 1,6%. No 3.º trimestre, Portugal cresceu apenas 0,2% em cadeia. A média da zona euro foi 0,1%, da UE foi 0,2%. É quase nada, mas de facto é o dobro.
“Em particular, tanto o sector do turismo como a agricultura registaram crescimentos homólogos superiores a 7% e a 8%, respectivamente, com a nota relevante de que, no caso da agricultura, estes 3 anos de investimento contrastaram com a tendência que dominou muitos anos, tendo-se registados ganhos de produtividade e de emprego dos mais significativos quando comparado com outros sectores económicos”.
Falso. Nos 3 anos que terminam no 3.º trimestre de 2013 o valor acrescentado do sector “agricultura, silvicultura e pesca” ficou estagnado (0,4%) em termos reais, mostra o INE. A produtividade aparente até pode ter aumentado na agricultura, mas muito à custa da destruição de emprego. Tomando como base de comparação o final de 2010, o ramo agricultura e pescas perdeu mais de 65.000 empregos em termos líquidos, uma queda de 12,3% no 3.º trimestre 2013.
A faturação no turismo, medida através dos proveitos totais nos estabelecimentos hoteleiros, estava a crescer 5,2% em novembro (valores acumulados desde início do ano). Em quase 3 anos (2011, 2012 e jan-nov 2013), o crescimento médio da faturação hoteleira rondou 2,7%. Aqui o emprego aumentou face ao final de 2010: 10,3% ou mais 29.600 postos de trabalho.
“Os níveis de confiança, tanto de investidores como de consumidores, apresentam uma recuperação para níveis próximos dos registados antes da eclosão da crise, enquanto as taxas de juro dos títulos de dívida portuguesa, nos diversos prazos, evidenciam uma queda para valores pré-crise, fazendo regressar ao mercado de emissão de dívida agentes financeiros importantes sem cuja confiança seria difícil dispensar a ajuda oficial”.
Verdade.
“O combate ao défice público, dificultado pelos tempos recessivos, tem registado uma evolução favorável. Nos últimos 3 anos, o défice estrutural primário recuou quase 7%. Não dispondo nesta data ainda de valores finais, sabemos que o défice nominal em 2013 ficará abaixo do limite estabelecido com os credores oficiais e não apenas por razões extraordinárias. De facto, a despesa pública registou um desempenho em linha com o objectivo, enquanto a receita corrente indirecta, mais ligada ao nível de actividade económica, apresentou um desempenho superior ao estimado conservadoramente pelo governo. Deste modo, é possível esperar que tenhamos reduzido o défice em 3 anos para quase metade do valor registado em 2010”.
Verdade.
Com Carlos Rodrigues Lima e Artur Cassiano