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sábado, 7 de janeiro de 2012

Onde param os VALORES da CULTURA OCIDENTAL?

Sentença também foi pedida para seus dois filhos e ex-ministro do Interior. Mubarak é acusado de ordenar a morte de manifestantes em protestos.
Até pode parecer que o assunto é da jurisdição exclusiva dos egípcios, mas quando se fala em PENA de MORTE, passa a ser do domínio das consciências individuais e da defesa dos valores inscritos nos Direitos Humanos.
Não vou fazer a apologia das alianças e dos aliados ocidentais (países e poderes), que usaram o ditador enquanto mais valia para os seus interesses de toda a ordem e num momento de menos valia descartam os compromissos, os ideais e as pessoas que lhe deram corpo.
Vamos pensar que este pedido de pena capital se baseia nas mortes ocorridas na Praça Tahir, durante o rebentar da Primavera Árabe no Egito e vamos relembrar as mortes que ocorreram recentemente na mesma praça e sob a responsabilidade da Junta Militar:
Após três dias de confrontos no Cairo que provocaram 10 mortos e 500 feridos, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, apelou aos egípcios que se abstenham de qualquer tipo de violência.
Logicamente, se no caso de Mubarak o castigo é retirar-lhe a vida, no caso da Junta Militar qual deverá ser o castigo senão o mesmo? E por que estes últimos nem sequer foram julgados como exigiam os mesmos manifestantes que reivindicavam a democracia, nas primeiras e nas segundas manifestações?
Não deixa de ser “curioso”, que nestas situações os ditadores são julgados, por norma, pelo Tribunal Penal Internacional de Haia, acusados normalmente, por crimes contra a humanidade e no caso dos mais recentes acontecimentos nos países árabes, se tenha deixado essa tarefa aos próprios países, onde há a PENA de MORTE, talvez por não ser pena que conste do Tribunal de Haia…
E mais “curioso” e inquietante ainda, é o silêncio e a aceitação tácita dos países ocidentais, sobretudo dos europeus, para quem a vida é um VALOR a defender, em qualquer circunstância, apesar das recentes guerras em que se envolveram, mandando às malvas os princípios civilizacionais que quiseram impor ao mundo e que sempre “defenderam”, mesmo com armas e contra populações civis…
Contra os caminhos da História, é a Rússia que vem agora e neste caso apelar à clemência, deixando a Europa e os EUA e os chamados Aliados, corar de vergonha, se ainda houvesse vergonha da parte dos que se auto-proclamam como defensores da vida…
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo pediu hoje clemência para o antigo presidente do Egito, Hosni Mubarak, depois de o procurador ter pedido a pena de morte no julgamento que está a decorrer no Cairo.
"O processo ainda continua no Cairo. Porém, semelhantes notícias são recebidas em Moscovo com preocupação. Partimos invariavelmente do princípio que se trata de assuntos internos do Egito, [país] nosso amigo. Esperamos que a decisão seja tomada ao nível dos mais altos padrões jurídicos internacionais". "Por outro lado, consideramos possível, no caso de Mubarak, ter em conta considerações humanitárias. Trata-se de um homem bastante idoso, com 83 anos e que, segundo os dados existentes, está gravemente doente. Além disso, enquanto político, decidiu, em fevereiro do ano passado, renunciar ao poder o que permitiu, em considerável medida, evitar mais vítimas entre pessoas inocentes", de acordo com um comunicado da diplomacia russa.
É uma VERGONHA!

Contramaré… 7 jan.

O secretário de Estado da Administração Local, Paulo Júlio, afirmou hoje que a Câmara de Barcelos "não pode pagar" os subsídios de férias e de Natal aos seus funcionários. "Não pode pagar. Se pagar, é penalizada financeiramente, o que eu acho que é uma coisa dramática, desde logo para quem ordenar esse pagamento", afirmou.

China: Mais de 4.000 funcionários públicos castigados por crimes disciplinares em 2011

Indignados, porque sim? Acomodados, por que não?

"A rebeldia nos jovens não é um crime. Pelo contrário: é o fogo da alma que se recusa a conformar-se, que está insatisfeito com o status quo, que proclama querer mudar o mundo e está frustrado por não saber como".
Controlar ou emancipar a juventude é um dos dilemas de nossos tempos. Como escreveu Moisés Mendes, no artigo “Esses jovens”: “O jovem com vontades é uma invenção recente da humanidade. E o jovem capaz de influenciar os outros com suas vontades é uma invenção com pouco mais de 40 anos”. Ao longo dos tempos, os jovens resistem e mantem acesa a ideia de mudar o mundo. Desejam, profundamente, que ideais e mundo sejam uma nota só. Os seus sonhos projetam ideias em teimosia. Eles têm consciência que precisam de controlar o seu “fogo ardente”, mas desejariam que este controlo fosse deles, não daqueles que representam qualquer autoridade (pais, professores, psicólogos, legisladores, juízes, polícia). Rejeitam serem pensados pelos outros.
Os jovens sempre gostaram de desafiar os adultos, embora nunca tenham dispensado o apoio sincero e franco, a escuta compreensiva e a orientação bem intencionada dos mais velhos. A novidade de agora é que se apoderaram, como antes nunca visto na história, de uma poderosa ferramenta de comunicação e interação: a internet e as redes sociais. Parece, no entanto, que a sua fragilidade está no facto de ainda não terem vislumbrado uma filosofia capaz de dar envergadura para sustentar as causas da sua rebeldia. Faltam-lhes frases, bordões; falta-lhes filosofia.
O inconformismo que caracteriza os jovens é a força renovadora que move o mundo, mas também algo que incomoda os já acomodados. Acomodados, despreparados ou desconhecendo a realidade do universo juvenil, muitos desqualificam a juventude, vendo-a como um incómodo ou como uma fase de passageira rebeldia. Ao invés de emancipar, desejam controlar, dominar, moralizar. A rebeldia é o sinal de que a juventude continua sadia, cumprindo o seu papel de provocadora de mudanças. A rebeldia, aos olhos da filosofia, é uma atitude de quem quer ser sujeito de sua história, não seu coadjuvante. A filosofia, como o inconformismo, motiva cada um na busca de seus próprios caminhos. Se os jovens mantiverem senso de direção, terão o poder de mover mundos.
O filósofo Sócrates, na Grécia Antiga, acreditando na emancipação humana, desenvolveu a maiêutica. Concebeu o papel dos sábios a um trabalho de parteira (que ajudam a dar a luz). Ele acreditava que a verdade e o conhecimento estão com cada um e cada uma de nós, e cada indivíduo pode descobrir as razões e verdades que motivam o seu viver. Não foi por acaso, considerado um incómodo para Atenas. Uma das razões da sua condenação à morte foi insuflar a juventude a pensar por sua conta.
O facto é que os jovens de hoje vivem o seu tempo a partir das suas percepções, vivências e leituras. Seremos capazes de compreendê-los no nosso momento histórico? Teremos disposição para o diálogo e a escuta, buscando entender os desejos, sonhos, medos e angústias que os movem?
Neste mês (Novembro) em que comemoramos o dia mundial da Filosofia vale a pena pensar que filosofia e rebeldia desencadeiam atitudes altivas e saudáveis, próprias daqueles que decidem pensar. Jovens e adultos, no entanto, precisam discernir que causas valem uma vida. A violência e a agressão, em forma de rebeldia, não podem ser toleradas. Mas, acima de tudo, a opção é da sociedade: apostar e empenhar-se na emancipação e inclusão da juventude ou considerá-la como constante ameaça contra a ordem social. Cada opção, com seu preço.
Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos

Ecos da blogosfera - 6 jan.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O Governo de Espanha quer saber qual é a remuneração fixa e variável dos gestores das caixas de aforro que estão sob intervenção do Estado, para que os executivos não sejam premiados pelas instituições estando estas a receber ajudas públicas.
O executivo vai pedir as informações ao Banco de Espanha, depois de alguns administradores terem negado declarar quanto ganham anualmente.
A intenção do Governo é tomar medidas para que os responsáveis executivos das instituições financeiras resgatadas pelo Estado não recebam prémios, quando as dificuldades financeiras motivaram um resgate ao programa público de reestruturação do sector.
Alguns gestores tornaram públicos os seus vencimentos na semana passada. Eram obrigados a fazê-lo até dia 30 de Dezembro último, assim como a especificar eventuais pensões, empréstimos ou remunerações próprias. A determinação do supervisor bancário não foi cumprida por todos os administradores; alguns negaram divulgar os rendimentos socorrendo-se da Lei da Protecção de Dados espanhola.
Um raio X feito pelo jornal El Mundo mostra que os rendimentos conhecidos até agora – fazendo as contas apenas aos salários fixos – variam entre 45 mil euros anuais e 2,4 milhões de euros, sendo que a maioria ronda entre 1.000.000 e 2.000.000 de euros.

O recentemente empossado Governo de Espanha, vindo da oposição, como o nosso, pelos vistos não sabia o que se passava com as remunerações fixas e variáveis dos gestores das caixas de aforro sob intervenção do Estado, que é o mesmo que dizer que não estava preparado, nem tinha bases sólidas para a contestação que fazia, vai pedir essas informações ao BdE.
Sintomaticamente, alguns desses administradores negaram declarar quanto ganham anualmente, mesmo sendo obrigatório e com data limite, um sinal dos tempos, de que o poder financeiro ainda pensa sobrepor-se ao poder político, enquanto for viável e consentido…
Parece que o Governo espanhol quer tomar medidas para que esses responsáveis executivos não recebam prémios, quando as dificuldades financeiras motivaram um resgate ao programa público de reestruturação do setor, o que sendo uma questão de justiça, dentro dos critérios da apregoada meritocracia, tem uma força simbólica, que pode “convencer” e “consolar”, até certo ponto, os cidadãos anónimos sacrificados por arrasto, pelas medidas de austeridade, “chapa 3”, apesar das diferenças com as que nos foram impostas…
Tendo em conta que os salários fixos em Espanha dos gestores da banca variam entre 45 mil euros anuais e 2,4 milhões e que em Portugal as dos executivos da CGD (como exemplo) variam entre 269.624,32 euros anuais e 188.742,40 euros (depois de cortes feitos), é de sublinhar a simbologia da medida, que se acrescentar uma medida idêntica e recente em Singapura: Comité recomenda cortes salariais massivos, fruto de pressão dos cidadãos.
Era bom que este critério de responder aos pedidos justos dos pagadores da crise, fosse estendida a todos os cidadãos, que integram uma sociedade, um país, para que se interiorizasse que “o exemplo não é a melhor forma de educar, mas é a única”, em qualquer circunstância, em qualquer área e em qualquer patamar…

Contramaré… 6 jan.

Há três líderes parlamentares que pertencem à maçonaria: Carlos Zorrinho (PS), Luís Montenegro (PSD) e Nuno Magalhães (CDS-PP). Os 3 lideram, ao todo, 206 deputados (são 230), o que indica que 90% do Parlamento, ou nove em cada dez deputados, são liderados por maçons.

DIVERSIDADE e SOLIDARIEDADE serão a solução?

Vista de Belgrado, Zagreb ou Sarajevo, a crise económica e institucional que atravessa a União parece um “déjà vu”. O dos anos que precederam a dissolução da federação fundada por Tito, segundo o jornal diário sérvio Politika. Excertos.
Salvaguardadas as devidas proporções, a União Europeia (UE) começa a parecer-se, em muitos aspetos, com a Jugoslávia de Tito. Pois, por estes dias, não faltam razões para comparar o incomparável. Tomemos como exemplo o momento presente, em que a UE se empenha em reforçar o controlo do centro sobre a periferia, os excessos nacionalistas e as incompatibilidades que surgem entre Estados-membros ameaçam as suas fundações. Conhecemos esta situação durante a era de ouro da Jugoslávia (1981–1986), na época em que esteve a dois passos de integrar a Comunidade Económica Europeia (CEE).
Este paralelo não é o único. Assim como Belgrado e Zagreb, também Berlim e Paris agem como pilares desta União, apesar dos diferendos entre eles. Por outro lado, há tensão entre os países financeiramente responsáveis e os gastadores assim como entre os países mais desenvolvidos e os menos desenvolvidos da UE. Tudo isto se assemelha muito à evolução da situação que conduziu à dissolução da Jugoslávia.
O conceito da Europa a duas (ou mais) velocidades faz lembrar a ideia de transformar a Federação jugoslava numa “confederação assimétrica”, assim como a fórmula da "unidade e fraternidade dos povos jugoslavos" recorda a posição, defendida hoje por Bruxelas, de que o interesse comum deve prevalecer sobre as inimizades e as diferenças.
Pode também fazer-se uma comparação em relação ao défice democrático. Na antiga Jugoslávia, devido ao regime de partido único, os dirigentes não eram eleitos por sufrágio universal, exatamente como os responsáveis ao mais alto nível que hoje dirigem a UE – e isto apesar de a União ser composta por países com sistemas políticos multipartidários. Em ambos os casos, o receio da preponderância dos países mais populosos impediu a introdução do princípio “um cidadão, uma voz”.
UE aplica-se para evitar o cenário balcânico
Também é preciso recordar que, apesar de todos os interesses divergentes, a UE e a Jugoslávia foram construídas com base em ideais incontestáveis. A cooperação é mais importante que a confrontação, a amizade pode vencer o ódio, o perdão é essencial para o progresso comum, a mistura de culturas – embora contestada pela teoria do "choque das civilizações" – é inevitável.
Mas ambos os sistemas conheceram vicissitudes por razões semelhantes. O recurso ao princípio da unanimidade e do consenso provocou a crise do processo de decisão e afetou a eficiência da UE, do mesmo modo que outrora influenciara a da Jugoslávia. Nem uma, nem outra conseguiu encontrar um compromisso entre o centro e a periferia, o nacionalismo e o internacionalismo, a política interna e a política comum, entre o endividamento e o crescimento.
A dissolução da Jugoslávia ficou em grande parte a dever-se aos seus desequilíbrios. Hoje, a UE aplica-se para evitar o cenário balcânico. Longe de mim pensar que a UE possa vir a conhecer o mesmo destino da Jugoslávia, pois não se imagina uma guerra na Europa. Mas esta não é a única razão. Mesmo os que desejam o falhanço do projeto europeu querem as suas conquistas, principalmente um certo equilíbrio, nunca antes alcançado, entre as leis do mercado e o pacto social. E, para terminar, também nós, na Sérvia, desejamos aderir à UE, apesar da lentidão do processo.

Ecos da blogosfera - 5 jan.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O campeonato já era nosso! Agora vamos para o bi...

Portugal é o único país, entre os 6 mais afectados pela crise na UE, onde o esforço exigido pelas medidas de austeridade pesou mais sobre os mais pobres do que os mais ricos. A conclusão é de um estudo da Comissão Europeia, que analisa as medidas tomadas entre 2009 e Junho de 2011, quando o país era governado por José Sócrates.
Bruxelas conclui que, entre a Grécia, Espanha, Irlanda, Reino Unido e Estónia, Portugal “é o único país com uma distribuição claramente recessiva”, ou seja, onde os pobres pagaram proporcionalmente mais que os ricos para o esforço de consolidação das contas públicas.
As medidas de austeridade provocaram um corte entre 4,5% e 6% do rendimento disponível para os 20% mais pobres e 9% no caso de famílias com filhos. Já os 20% mais ricos, “apenas” sentiram perdas até 3% - quer tenham filhos ou não.
A CE aponta o dedo ao corte nas pensões e nas prestações sociais, como os principais motivos para este efeito.
Em contraponto, a Grécia foi o país mais “progressivo” - com as medidas a incluírem o aumento de IRS para os mais ricos (e redução para os mais pobres) e a perda de rendimento a ser mais sentida no escalão mais elevado. Já a Estónia e a Espanha aplicaram receitas “neutras” neste âmbito, ao passo que a Irlanda e o Reino Unido incutiram medidas de “progressividade suave”. A Irlanda é, ainda, o país, dentro deste grupo de 6, com menos pessoas em risco de pobreza.
Portugal acentuou, desta forma, aquela que já era a sua tendência: o mais desigual da União Europeia, com o risco de pobreza a superar os 20%.
1 - Portugal é o único país em que os mais pobres pagaram mais para a dívida, do que os mais ricos;
2 - A Grécia aumentou o IRS para os mais ricos e reduziu-o para os mais pobres;
3 - A Estónia e a Espanha distribuíram a austeridade com mais equidade e
4 - A Irlanda e o Reino Unido implementaram medidas penalizadoras, mas progressivamente “suaves”.
IMPORTANTE - O estudo que comprova esta realidade diz respeito ao período entre 2009 e Junho de 2011, quando o país era governado por José Sócrates.
Por mera coincidência, o retrato do miserabilismo do nosso país e do miserabilismo das medidas parou em Junho, antes das eleições e da atividade do atual governo e por isso deveria ter sido uma boa base de trabalho e planificação para que este tentasse remediar tanta injustiça, até para provar o miserabilismo e incompetência da figura maior do anterior executivo…
Mas mesmo sem estudos a partir de Julho, a realidade que vamos conhecendo todos os dias (e já lá vão 6 meses) mostra-nos que Sócrates era um aprendiz de feiticeiro quando comparado com os feiticeiros que nos saíram na rifa, tendo em consideração as receitas implementadas desde então, que foram e continuarão a ser de “caixão à cova”.
Não quero fazer a apologia de Sócrates, que contrariei, ainda estou muito longe de me referir a Salazar, que ainda me cheira a defunto, mas começo a ficar muito perto de relembrar Pinochet e o seu mentor económico, Milton Friedman, que conseguiu os mesmos resultados para os seus concidadãos, terrorismo (físico) de Estado à parte…
Se Portugal até junho já era o país mais desigual da UE, com o risco de pobreza superior a 20%, seguramente, que desde julho mantém o mesmo lugar no ranking, mas, seguramente também que a percentagem da pobreza aumentou, dentro do mesmo critério: “os pobres que paguem a crise!”.
Mas em Portugal há uma variante original, que não sei se consta do estudo da CE, que foi a criação de classes entre os portugueses, com a estigmatização dos Funcionários Públicos e dos Aposentados, que pagarão muito mais do que todos os outros portugueses e virão aumentando o número e a percentagem dos mais pobres.
Para quem quiser pensar de maneira diferente, ou quiser acreditar no milagre tecnocrata/neoliberal do governo de Passos Coelho, basta lembrar que este aplicou medidas muito mais gravosas do que os tecnocratas/neoliberais da troika nos impuseram, sem haver necessidade. Agora, os fanáticos do austeritarismo já falam em renegociação da dívida (prolongar no tempo), para aliviar o cinto (dos mais pobres), porque o deles é sempre a aumentar o número de furos…
Pobres dos nossos ricos? Pobres dos nossos mais pobres!

Contramaré… 5 jan.

Um comité apontado pelo governo de Singapura recomendou cortes salariais massivos aos líderes da cidade-estado, na sequência das críticas da opinião pública perante os altos rendimentos auferidos nos cargos públicos.
O presidente do comité disse que o salário anual do primeiro-ministro de Singapura deveria ser reduzido em 36% para 2,2 milhões de dólares de Singapura (1,31 milhões de euros), a redução do salário do presidente da cidade-estado, em 51% para 1,5 milhões de dólares de Singapura (894 mil euros), e um corte de 37% para os ministros, para 1,1 milhões de dólares de Singapura (656 mil euros).

Tensão social e jovens, as maiores ameaças à Europa?

O ano de 2011 foi tão mau para a Europa que 2012 só pode ser melhor. Mas depois de ter sobrevivido a uma crise sem precedentes, são as tensões sociais por ela provocadas que ameaçam a União, escreve Jacek Pawlicki, editorialista do Gazeta Wyborcza.
O ano passado acabou com a maior crise da história da União e o isolamento deliberado de um dos seus membros, o Reino Unido, que se opôs a qualquer alteração dos tratados da UE com o objetivo de reforçarem a disciplina orçamental.
Em novembro de 2011, os responsáveis políticos e os especialistas evocaram abertamente, pela primeira vez, a possibilidade de um dos seus membros, a Grécia, – cujo resgate devorou milhões de euros e quase toda a energia da zona euro – sair da zona euro. Sem contar os desentendimentos com a Itália que, felizmente, se saldaram num happy end [final feliz], com a saída de Silvio Berlusconi, substituído como primeiro-ministro pelo tecnocrata Mario Monti.
Junto dos nossos vizinhos do Sul, as revoluções árabes derrubaram os regimes ditatoriais sem trazerem, no entanto, até agora, mais democracia à Líbia, ao Egito ou à Tunísia. Apesar de a União Europeia não ter sido invadida, como se temia, por uma vaga de refugiados, o problema da imigração continua presente numa Europa que tem muito pouco a oferecer a estas democracias emergentes.
Do mesmo modo, está tudo por cumprir no que diz respeito ao acordo de associação entre a UE e a Ucrânia, cuja assinatura, inicialmente prevista para a cimeira UE-Ucrânia de Kiev, de dezembro passado, foi suspensa por causa da prisão da antiga primeira-ministra Ioulia Timochenko. No que diz respeito à Bielorrússia, a União não tem qualquer influência junto do presidente Alexandre Lukachenko, que condena constantemente os seus opositores.
Quanto a estes dois países, tanto a União Europeia como a Polónia, especialmente empenhada numa reaproximação aos seus vizinhos orientais, falharam redondamente. A Europa tem falta de visão para sair do impasse, enquanto a Rússia, ocupada a reconstruir o seu império, não perde tempo.
Um grande Schengen e uma pequena União
Na primavera assistiremos, muito provavelmente, ao alargamento do espaço Schengen. Mesmo antes do Natal, a Holanda retirou o seu veto contra o alargamento da zona de livre circulação à Bulgária e à Roménia. Assim, e desde que os próximos dois relatórios da Comissão Europeia sobre o estado do sistema judiciário e as reformas em matéria de política interna sejam positivos, estes dois países entrarão no espaço Schengen. Sófia e Bucareste, que são membros da UE desde 2007, devem, por isso, multiplicar os seus esforços.
Quanto à zona euro, vê nascer na sua esteira uma união financeira mais estreita e, apesar dos responsáveis políticos negarem veementemente a possibilidade de um colapso da Europa, tudo pode acontecer.
Os primeiros meses deste novo ano serão dedicados à procura de dinheiro para alimentar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e a negociar um novo acordo intergovernamental. O grupo de trabalho que redige os termos do pacto financeiro conta com a presença da Polónia (que continua fora do euro, mas quer fazer parte deste pacto) e o reino Unido (que boicotou o acordo). A visão de toda esta gente sentada à mesma mesa traz mais otimismo.
Da Croácia, que a 22 de janeiro realiza um referendo sobre a adesão à União, também chegam boas notícias. Apesar do ambiente inquieto, por causa da situação económica, a maioria dos croatas dirá sim à Europa e a Croácia será, em julho de 2013, o vigésimo oitavo país da UE. A União ganhará, assim, mais um membro vindo dos Balcãs (o buraco negro geopolítico que continua a assombrá-la).
Quanto vamos embolsar?
A luta em torno dos fundos de coesão vai travar-se durante as negociações orçamentais que, depois da fase de aquecimento durante a presidência polaca da UE vão agora começar. Não é de excluir que logo desde o início do ano os contribuintes líquidos do orçamento comunitário, a saber, o Reino Unido, a Alemanha, a França, a Suécia, a Finlândia, a Holanda e talvez também outros países-membros, exijam uma redução substancial da sua contribuição.
Mas também aqui podemos congratular-nos, porque as negociações orçamentais estarão nas mãos dos dinamarqueses, que presidem à União a partir de janeiro. É a sétima presidência da Dinamarca, depois da de 2002, durante a qual os dinamarqueses finalizaram as negociações de adesão entre a UE e os dez países da Europa central e oriental. Boa fé e experiência são coisas que não lhes falta. Além do mais, enquanto escandinavos, são conhecidos pela sua abordagem mais pragmática à política.
Infelizmente, o pragmatismo dinamarquês pode entrar em conflito com a abordagem francesa à negociação orçamental. Especialmente em abril e maio, altura em que Nicolas Sarkozy estará a lutar por um segundo mandato e tudo fará para convencer os seus compatriotas, cada vez mais eurocéticos, de que defende de corpo e alma os interesses franceses na UE.
O que devemos ainda esperar?
Provavelmente há imensos acontecimentos que, hoje, são impossíveis de prever, tal como no final de 2010 não podíamos imaginar, nem sequer em sonhos, que em agosto de 2011, hordas de britânicos iriam, durante vários dias, pilhar lojas de Londres.
É justamente a crescente tensão social e a frustração da geração jovem que mais ameaçam a estabilidade interna da Europa. Se a isto somarmos uma onda crescente de populismo em França, na Holanda, na Finlândia e na Hungria, teremos uma mistura explosiva de frustração social e de cinismo político, ainda para mais alimentados pela fraqueza da Europa.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Ecos da blogosfera - 4 jan.

A meditação faz bem, mas o oriente já não a pratica…

As exportações portuguesas para a China aumentaram 52,8% até novembro contra o mesmo período de 2010, com a China a comprar produtos no valor superior a 805 milhões de euros, revelam dados oficiais.
A balança comercial continua, no entanto, claramente favorável a Pequim, que vendeu mercadorias avaliadas em 1,99 mil milhões de euros - mais 13,5% - entre janeiro e novembro.
Já antes de sermos “sócios”, as coisas na área das exportações pareciam estar a nosso favor, estatisticamente falando e levados pelo título, mas afinal o que continua a manter-se é o valor superior das nossas importações da China, como é fácil de perceber pela diferença salarial (por enquanto) entre as duas comunidades, até para o fabrico dos “galos de Barcelos”…
Se não houver alterações sérias nas parcerias que nos prometeram com a bicada na EDP, estas notícias nunca serão notícia e estaremos sempre condenados a comprar mais, por ser mais barato, apesar da falta de escandalosa qualidade dos produtos chineses, mas o povo vai gostando e gastando, agasalhando-se com a exploração dos trabalhadores orientais…
As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa atingiram cerca de 83 mil milhões de euros nos primeiros 11 meses do ano, ultrapassando a meta fixada de 73,04 mil milhões de euros para 2013 o que traduz um aumento de 29% face ao período homólogo de 2010 (18.524 milhões de euros).
Como já referi várias vezes por aqui, a Lusofonia tem sido apropriada pela China, com o simples intuito de a tornar um veículo comercial e uma mais valia económica, que Portugal e os restantes membros da CPLP tem desperdiçado, por não vislumbrarem os vários vetores de que a cultura (e a língua) comportam, por termos um conceito romântico e “puro”.
Por aqui não vamos lá, se queremos que o Paulo Portas tenha sucesso como caixeiro viajante (diplomacia económica) e não gaste em gasolina nas suas viagens de vai vem, mais do que o lucro das “vendas” que vai conseguindo.
As vendas de terrenos para construção nas 130 principais cidades da China desceram 13% em 2011 devido às medidas governamentais para travar os receios de uma bolha imobiliária no país.
As medidas de restrição do crédito bancário para o setor e outras limitações definidas pelo governo em 2011 (como as medidas para contrariar a compra de segundas e terceiras habitações nas grandes cidades) foram o principal fator que provocou a queda nas vendas.
Entretanto, porque há já uma ameaça de uma bolha imobiliária a rebentar na China, e porque a China faz questão de dizer e de querer que a considerem como uma economia de mercado, há que por travões a fundo para não morrerem num acidente que já viram cá pelo ocidente, coisa que os ocidentais e a sua economia de mercado não fez, ou melhor, fez, soprando a bolha, enchendo-a e deixando-a rebentar, como convinha…
O pragmatismo chinês contraria o retrato que fazíamos de uma sociedade e de uma cultura, que parecia viver da espiritualidade e da imaterialidade e que converteu muito ocidental, que foi meditando e adormecendo, enquanto a tartaruga (no caso o dragão), lentamente avançava para a meta, em 1º lugar…

Contramaré… 4 jan.

O belga Peter Praet foi nomeado para economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE) após a demissão do alemão Jürgen Stark, que saiu em oposição às intervenções do BCE no mercado secundário de dívida soberana (compra de dívida pública pela instituição) e torna-se assim o primeiro líder desta divisão no banco central que não é alemão, desde a sua criação em 1998.

Uma análise, um balanço e um prognóstico(?)!

Após o terrível ano de 2011, piorar ainda é possível, previne o politólogo José Ignacio Torreblanca. A crise poderá forçar os Vinte e Sete a escolher entre a Grécia e o Reino Unido. E, uma vez mais, será em Berlim que tudo se decidirá.
“Cassandra” de Evelyn De Morgan
2011 será recordado como o ano em que, pela primeira vez, a União Europeia chegou perto do abismo e disse o indizível. Para surpresa dos próprios e de terceiros, dentro e fora da Europa, precisamente no momento em que, após uma década de introspeção e divisões, a Europa se empenhava em recuperar o tempo perdido e aspirava a ser, finalmente, um ator global, uma crise económica e financeira mundial atingiu-a em cheio e destabilizou a sua conquista principal e melhor sucedida: a união monetária.
"Se o euro cair, a Europa também cai", disse a chanceler Angela Merkel, chamando a atenção dos delegados do seu partido, reunidos em Leipzig, em novembro, para uma situação que descreveu como a "mais difícil desde a Segunda Guerra Mundial". E tinha razão, porque as consequências de uma cisão do euro seriam tão profundas que dificilmente se ficariam pela moeda: teriam graves efeitos sobre o mercado interno e sobre as principais políticas comuns, incluindo a política externa, destruindo décadas de laboriosa construção europeia.
A "crise da cadeira vazia" dos anos 1960, a "euroesclerose" dos anos 1970, a sombra do declínio económico e tecnológico face aos Estados Unidos e ao Japão, nos anos 1980, o regresso dos campos de concentração e a limpeza étnica, nos anos 1990, o fracasso dos referendos constitucionais em França e na Holanda, na década passada: a União Europeia já tinha estado em crise antes, mas nenhuma delas teve um caráter existencial no sentido literal da palavra.
"Demasiado pouco, demasiado tarde"
Quais foram as consequências da crise do euro? A mais visível e imediata foi a devastação, em termos de emprego e prosperidade, que generalizou a desconfiança no futuro do Estado de bem-estar. A crise também pôs em causa a autoestima democrática das nossas sociedades, sujeitas a forças de mercado em relação às quais estas sentem não ter qualquer controlo. E, apesar de ser ainda cedo para se avaliar o impacto psicológico, a história diz-nos que as sociedades que têm medo e se sentem inseguras tendem a fechar-se sobre si mesmas, a recear o que as rodeia, a abrir as portas ao populismo e a sacrificar a liberdade no altar de uma maior segurança.
Igualmente importantes foram as fragilidades que a crise pôs a descoberto. A união monetária, que pretendia ser tão sólida como todos os imponentes edifícios que figuram nas notas de euro mas que (será um aviso?) não existem na realidade, revelou-se incapaz de se esquivar em condições meteorológicas adversas, como se tivesse sido concebida para navegar apenas com bom tempo.
E, ao mesmo tempo, o delicado mas imprescindível tecido de identidade sobre o qual assenta a construção europeia também se ressentiu: a solidariedade social e projeto comum, ancorados tanto numa visão do passado como na de um futuro comum, foram postos em dúvida e, até, substituídos pelos piores preconceitos e estereótipos culturais, que julgávamos terem sido superados, entre Norte e Sul, Leste e Oeste, católicos e protestantes. De tudo isto resultou uma gestão da crise dominada pelo "demasiado pouco, demasiado tarde", que manteve o euro à beira do precipício e os cidadãos à beira do enfarte, durante quase todo o ano.
Entre a espada e a parede
Do ponto de vista institucional, o edifício europeu também sofreu duramente, uma vez que a Alemanha e a França optaram por um intergovernamentalismo sem contemplações nem complexos e viraram as costas às instituições europeias (em especial à Comissão e ao Parlamento) e ao chamado "método comunitário", que, tradicionalmente, tem sido a única garantia de equilíbrio entre grandes e pequenos, ricos e pobres, Norte e Sul.
In extremis, quase no fim do ano, o Banco Central Europeu salvou a economia europeia do colapso, inundando o mercado bancário de liquidez. Ao fazê-lo, deu razão a todos quantos vinham dizendo que as pressões sobre a dívida soberana não eram a causa mas a consequência de uma crise financeira que, devido aos erros na conceção e no funcionamento da zona euro, esteve prestes a arrastar consigo a própria UE. A campanha do BCE salvou a UE, pelo menos de momento, mas não resolveu os problemas de fundo, que continuam presentes e que 2012 terá de enfrentar.
Entre eles, há a destacar a impossibilidade de criar uma barreira de segurança entre o euro e a UE, que separe o fracasso de um do colapso da outra. Por isso, quando, em 2012, gregos e britânicos voltarem à mesa das negociações, a UE estará exatamente no mesmo lugar onde se encontrava em 2011: entre a espada de uma saída da Grécia do euro, cujas consequências seriam devastadoras, e a parede de uma rutura irreversível com o Reino Unido, que ameaçaria a unidade do mercado interno e enfraqueceria a posição da UE no mundo.
Todos os olhos estarão postos na Alemanha
Ainda assim, o futuro da Europa não se decidirá na periferia greco-britânica mas, como é lógico, no seu núcleo. O Governo alemão continua obstinadamente a fazer uma leitura da crise que torna impossível a sua solução, uma vez que, como ficou demonstrado, a crise exige uma alteração das normas que regem a zona euro e, muito especialmente, um novo papel do BCE e a emissão de euro obrigações.
Em Berlim, a chanceler Merkel agarrou-se conscientemente não a um mas a dois mastros: o de uma opinião pública muito reticente à união monetária e ao do Tribunal Constitucional, hostil ao projeto de integração europeia. Mas a causa das suas ações não é essa opinião pública, por trás da qual Merkel se escuda, e, sim, algo que ela própria e o seu partido estimularam, infundindo nos alemães, contra todas as provas empíricas, a convicção de que euro não só foi um mau negócio para a Alemanha mas também, como parece acreditar o seu Tribunal Constitucional, é uma ameaça para a democracia alemã.
Numa situação como esta, uma vez que o BCE mudou de rumo e decidiu salvar o sistema financeiro, todos os olhos estarão postos na Alemanha, tentando discernir em que medida Berlim continuará a liderar a Europa com base nas suas dúvidas, reticências e medos ou a partir de uma visão construtiva e a longo prazo do continente. Esqueçamos, portanto, o calendário maia: vai ser em Berlim que Cassandra se vingará ou será desmentida.

Ecos da blogosfera - 3 jan.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O Moralista, a Solidária, o Enrascado e o Bom aluno…

Novas revelações hoje publicadas pelo jornal Libération ligam o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a um suposto desvio de fundos, relacionado com o pagamento de comissões ilegais ao Paquistão na venda de submarinos franceses.
O jornal afirma que o desvio terá ocorrido quando Sarkozy era ministro do Orçamento em 1994.
O caso tem ramificações políticas, já que algumas testemunhas disseram que parte das comissões pagas ao Paquistão voltaram para França para financiar a campanha das eleições presidenciais de 1995 do ex-primeiro-ministro Edouard Balladur, que tinha Sarkozy como forte aliado.
Parece que a venda de submarinos é que deita os países “ao fundo”, com a mesma estratégia de comissões ilegais, só que em França a Justiça demorou 16 anos a detetar o naufrágio e a identificar o timoneiro… Pelos vistos, o “Grande Chefe” Sarkozy pode estar comprometido como ministro responsável pelo setor e terá havido um desvio para a campanha eleitoral do seu chefe.
E não foi por desvio de fundos que Giscard d’Estaing apanhou 2 anos de cadeia (suspensa, como cá)?
A confirmar-se (mas o homem é sério, menos quando se ri) e deve ser tudo contra-informação por causa das eleições presidenciais deste ano, embora até prova em contrário, seja um presumível inocente…
Mas deixa-nos triste que gente como esta queira liderar uma Europa, por poder usar os mesmos estratagemas, num território mais vasto…
O Moralista!
O mercado laboral na Alemanha volta a surpreender. Depois de ontem ter sido divulgado que o país atingiu o mais alto nível de emprego desde a reunificação, hoje é avançado que o desemprego no país deslizou acima do previsto em Dezembro. O emprego é a esperança para que a maior economia da Zona Euro não entre em recessão.
Foram menos 22 mil pessoas sem emprego na Alemanha no mês de Dezembro face ao mês anterior, o que totalizou cerca de 2.890.000 de alemães.
As empresas de construção deram um contributo positivo para o desempenho do mercado laboral germânico, já que um dos Invernos mais quentes de sempre permitiu que um grande leque de trabalhadores não fosse dispensado.
Com a queda das exportações, devido à crise da dívida, a esperança é que a reduzida taxa de desemprego impeça a contracção económica.
Entre as estatísticas, a sua divulgação pelos media e a realidade, pode durar apenas um dia. Ontem o desemprego era o melhor de sempre, hoje já está a descer…
E se como se diz que o emprego é a esperança para que a economia alemã não entre em recessão, é fácil percebermos, pelo princípio dos vasos comunicantes, que aumentando o desemprego nos outros países do euro, aumenta o emprego na Alemanha… E os economistas não sabem disso? Será essa a razão para que a troika e Merkozy nos impõem a austeridade que leva ao desemprego e à recessão? Não pode ser, porque os economistas sabem disso!
E lá como cá, o setor da construção civil tem um impacto forte nos números do desemprego, razão porque cá estamos pelas ruas da amargura.
Merkel afinal sabe o que faz e com quem faz e o ministro das finanças alemão também e por isso é que rosnam e até batem o pé aos pequenos caloteiros, como nós, porque quando há fome até os ossos dão para fazer sopa de pedra…
Mas deixa-nos triste que gente como esta queira liderar uma Europa, por poder usar tais estratagemas, sobretudo quando sabem que as exportações vão diminuir, porque eles querem, mas não querem que o desemprego deles aumente…
A Solidária!
O número de desempregados na Espanha atingiu um nível recorde no fim de dezembro, a 4.422.000 de pessoas, o que "confirma a deterioração da situação económica no segundo semestre do ano", anunciou o ministério do Trabalho.
Os dados mostram o desemprego na Espanha num nível sem precedentes desde o início da crise, em 2008, e desde o começo da série estatística divulgada pelo ministério, em 1996 e tem o índice de desemprego mais elevado do mundo desenvolvido, 21,52% no terceiro trimestre de 2011.
Reduzir o desemprego e sanear as finanças são as prioridades do novo governo conservador de Mariano Rajoy.
Como cá, apesar de apearem do poder o último partido socialista, as coisas continuam a deteriorar-se, como aconteceu em situações idênticas (e cá), sem qualquer relação causal e continuará para proteção dos nossos meio-irmãos alemães.
A ver vamos se o conservador Rajoy encontra solução para tão grave problema, mas com a descida da construção no país vizinho, não vai ser fácil e sendo ele conservador, vai naturalmente conservar os “valores” da sociedade a que almejam…
Mas deixa-nos triste que gente tão empenhada na melhoria do nível de vida do seu país se sintam desiludidos e desiludam quem os elegeu, embora no caso o candidato a PM não tenha prometido quase nada para não lhe chamarem mentiroso…
O Enrascado!
Por tudo isto é que nos mete pena, que o nosso governo ainda se tenha disponibilizado a confiscar-nos mais do que os seus chefes já lhes pediam, redundando, seguramente em maior e mais rápido insucesso (para nós), mesmo que eles tenham boas notas. Mas com mestres destes, cheira que os critérios de avaliação não serão muito científicos, por mais evidências que se lhes apresentem…
O Bom aluno!
Mas o pior é que a dupla Merkozy vai reiniciar as reuniões do costume, com os resultados do costume… Enquanto estiveram calados, nem se ouviu falar dos mercados, nem das agências de rating

Contramaré… 3 jan.

A participação de 56,136% do capital social da Sociedade Francisco Manuel dos Santos SGPS SA (que agrega a participação da família Soares dos Santos na Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce) mudou de mãos. No dia 30 de Dezembro de 2011, a Sociedade Francisco Manuel dos Santos SGPS vendeu à Sociedade Francisco Manuel dos Santos BV, com sede na Holanda. A operação deverá estar relacionada com o agravamento da tributação fiscal.

A Alemanha poder voltar a dominar é um passo atrás…

Literatura, filosofia, ciência: hoje, as nossas ferramentas para compreender o mundo desenvolvem-se separadamente, lamenta o intelectual e humanista. No entanto, a cultura é o que nos salva, especialmente na Europa. Excertos.
Nietzsche, Heráclito e Dante são os heróis do seu novo livro, Poetry of thought [Poesia do pensamento], mas vão ter de ficar para depois. George Steiner recebe-nos em casa, em Cambridge, numa confidencialidade divertida, entre uma fatia de bolo e um café. Nos primeiros dias do Eurostar, propôs que se desse um shilling ao primeiro garoto que visse um peixe no Túnel da Mancha. "Os pais ficaram aterrorizados!", goza o professor de Literatura Comparada.
É essa mistura de malícia e erudição, inteligência e simpatia, que caracteriza George Steiner. Nascido em 1929 em Paris, de mãe vienense e de um pai checo que teve a presciência do horror nazi, este mestre da leitura poliglota decifrou Homero e Cícero desde tenra idade, sob orientação do pai, um grande intelectual judeu, fanático de arte e música, que queria despertar nele o professor (o sentido literal da palavra "rabino"). Em 1940, a família partiu para Nova Iorque, no último barco que saiu de Génova. Depois de estudar em Chicago e posteriormente em Oxford, Steiner entrou para a Redação do The Economist em Londres. Voltou a atravessar o Atlântico para entrevistar Oppenheimer, o inventor da bomba atómica, que o levou para o Instituto de Princeton.
Foi o "ponto de viragem" da sua vida. Ao mesmo tempo que publica os seus marcantes livros – Tolstoi ou Dostoievski [edição brasileira na editora Perspetiva], Linguagem e silêncio [edição portuguesa na Relógio d’Água], entre muitos, frequentemente resultado do material das suas aulas –, funda a Churchill College, na Universidade de Cambridge, é crítico literário da New Yorker e dá aulas na Universidade de Genebra. Entrevista a um grande humanista da Europa, cujo pensamento circula por todo o mundo.
A Europa vive uma crise profunda. A seu ver, o colapso é uma possibilidade?
No estado atual, é possível. Mas vamos sair desta situação de uma forma ou de outra. Irónico é a Alemanha poder voltar a dominar. É um passo atrás. Entre agosto de 1914 e maio de 1945, a Europa, de Madrid a Moscovo, de Copenhaga a Palermo, perdeu quase 80 milhões de pessoas em guerras, deportações e campos de extermínio, fome, bombardeamentos. O milagre está em que sobreviveu. Mas a sua ressurreição foi apenas parcial. A Europa está a passar por uma crise dramática; está a sacrificar uma geração, a dos seus jovens, que não acreditam no futuro. Quando eu era jovem, havia esperanças para todos os gostos: o comunismo, com certeza, o fascismo, que foi também uma esperança. Não nos deixemos enganar. E, para os judeus, havia ainda o sionismo. Havia ideologias aos montes... Isso já não existe. Ora, quando a juventude não é tomada por uma esperança, mesmo que ilusória, o que resta? Nada. O grande sonho messiânico socialista conduziu aos gulags e ao socialista francês François Hollande – tomo-lhe aqui o nome como um símbolo, não estou a criticá-lo. O fascismo descambou no horror. O Estado de Israel tem imperativamente de sobreviver, mas o seu nacionalismo é uma tragédia, profundamente contrário ao génio judeu, que é cosmopolita. Pessoalmente, quero ser nómada. Vivo segundo a divisa do Baal Shem Tov, grande rabino do século XVIII: "A verdade está sempre no exílio."
A globalização não é propícia a esse nomadismo?
Nunca houve um encerramento geográfico como o de hoje. Quando se saía de Inglaterra, podia-se ir para a Austrália, a Índia, o Canadá; agora, deixou de haver autorização para trabalhar. O planeta fecha-se. Todas as noites, centenas de pessoas tentam entrar na Europa a partir do Magrebe. O planeta está em movimento, mas em que direção? Terrível, o destino atual dos refugiados. Deram-me a honra, na Alemanha, de fazer um discurso perante o governo. Terminei dizendo: "Senhoras e senhores, todas as estrelas se tornaram amarelas."
Apesar de tudo, ainda se sente europeu?
A Europa continua a ser o cenário do massacre, do incompreensível, mas também das culturas que eu amo. Devo-lhe tudo e quero ficar onde estão os meus mortos. Quero ficar no âmbito do Shoah, onde posso falar as minhas quatro línguas. É o meu grande repouso, a minha alegria, o meu prazer. Aprendi italiano depois do inglês, do francês e do alemão, as minhas três línguas de infância. A minha mãe começava uma frase num idioma e acabava noutro, sem reparar. Não tive língua materna, mas, ao contrário do que se diz, isso é bastante comum. Na Suécia, fala-se finlandês e sueco; na Malásia, falam três línguas. Essa ideia de uma língua materna é uma ideia muito nacionalista e romântica. O meu multilinguismo permitiu-me ensinar e escrever “Depois de Babel” [traduzido em português na editora Antropos], e sentir-me à vontade em qualquer lugar. Cada língua é uma janela aberta para o mundo. Terrível enraizamento, o [do apego aos valores nacionalistas] do senhor Barrès! As árvores têm raízes; eu tenho pernas, e é um enorme passo em frente, podem crer!
Literatura e filosofia ainda continuam a ser cúmplices hoje?
Ambas as formas me parecem ameaçadas. A literatura escolheu o domínio das pequenas relações pessoais. Deixou de saber abordar os grandes temas metafísicos. Já não temos nenhum Balzac, nenhum Zola. Nenhum ângulo escapava a esses génios da comédia humana. Proust também criou um mundo inesgotável, e o Ulisses de Joyce continua muito próximo de Homero... Joyce é a charneira entre os dois grandes mundos, o clássico e o do caos. Antigamente, a filosofia também se podia dizer universal. O mundo inteiro estava aberto ao pensamento de um Spinoza. Hoje, uma grande parte do universo está-nos vedada. O nosso mundo está a encolher. As ciências tornaram-se inacessíveis. Quem consegue entender as últimas aventuras da genética, da astrofísica, da biologia? Quem as explica aos leigos? Os saberes deixaram de comunicar uns com os outros; os escritores e os filósofos são hoje incapazes de nos fazer entender a ciência. No entanto, a ciência brilha no seu imaginário. Como é que se pode falar da consciência humana, deixando de lado o que tem de mais ousado, de mais imaginativo? Preocupa-me o significado de “ser letrado” hoje – "to be literate", a frase é ainda mais forte em inglês. Pode alguém ser letrado sem entender uma equação não-linear? A cultura corre o risco de se tornar paroquial. Talvez devêssemos repensar o nosso conceito de cultura. Vou-lhes contar uma experiência que me comoveu muito: um dia, um dos meus colegas da Universidade de Cambridge, galardoado do Nobel, um homem encantador com quem jantava, pediu-me para o ajudar com um texto de Lacan que ele não entendia de todo. A modéstia de um grande cientista comparada com o orgulho, a soberba, dos nossos mestres bizantinos da obscuridade...
Na sua opinião, as novas tecnologias ameaçam o "silêncio" e a "intimidade" necessários para se penetrar nas grandes obras...
Sim, a qualidade do silêncio está organicamente ligada à da linguagem. Estamos aqui sentados, nesta casa com jardim, onde não há outro som para além da nossa conversa. Aqui, consigo trabalhar, sonhar, tentar pensar. O silêncio tornou-se um enorme luxo. As pessoas vivem no meio da algazarra. Já não há noite nas cidades. Os jovens têm medo do silêncio. O que vai acontecer às leituras sérias e difíceis? Ler uma página de Platão com um walkman nos ouvidos?! Isso deixa-me muito assustado. As novas tecnologias estão a transformar o diálogo com o livro. Abreviam, simplificam, conectam. O espírito está “ligado”. Já não se lê da mesma maneira. O fenómeno Harry Potter parece ser uma exceção. Todas as crianças da Terra, esquimós, zulus, leem e releem essa saga ultrainglesa, com um vocabulário extremamente rico e sintaxe sofisticada. É ótimo. O livro é um grande defensor da privacidade. A Inglaterra ainda é um país de privacy. O que pode ter aspetos absurdos: podemos ser vizinhos durante 50 anos e não trocar uma única palavra. Este culto da "private life" tem imenso significado político: é uma fonte de resistência.
Não se considera um criativo?
Não, não há que confundir as funções. Mesmo o crítico, o comentador, o exegeta mais dotado está a anos-luz do criativo. Temos uma compreensão deficiente das fontes íntimas da criação. Por exemplo, estamos em Berna, há muitos anos... As crianças saem para um piquenique com a professora, que os coloca diante de um viaduto. Desenham-no, a professora olha por cima do ombro de um dos garotos, que desenhou botas entre os pilares: a partir desse dia, passou a ser possível andar em todos os viadutos! Essa criança era Paul Klee. A criatividade muda tudo o que contempla. Um criativo precisa apenas de alguns traços para nos mostrar o que já lá estava. O que desencadeia o mistério da criatividade? Escrevi Gramáticas da criação [traduzido na Relógio d’Água] para compreender o processo. No final da minha vida, continuo sem o entender.
Entender seria perder a arte?
De certa forma, estou feliz por não entender. Imagine um mundo onde a neuroquímica nos explique Mozart... É concebível, e isso assusta-me. As máquinas já interagem com o cérebro: o computador e a espécie humana trabalham em conjunto. Vá que, um dia, os historiadores percebem que o acontecimento mais importante do século XX não foi a guerra, nem o colapso dos mercados financeiros, mas a noite em que Kasparov, o jogador de xadrez, perdeu o jogo contra uma pequena caixa de metal: "A máquina não calculou, pensou." Quando vi essa cena, pedi a opinião aos meus colegas em Cambridge, que são os expoentes máximos da ciência. Disseram-me que não sabiam se o pensamento não era um cálculo. É uma resposta assustadora! A pequena caixa vai um dia compor música?