São as boas ideias que nos podem salvar. O desafio do futuro não é despejar mais dinheiro em empresas e organizações que já provaram não servir, mas inventar outras, que apontem um novo caminho. Infelizmente, é quando mais precisamos de mudar, que menos vontade temos de o fazer, porque o conhecido, por muito mau que seja, parece-nos sempre mais confortável e seguro do que uma aventura de resultados imprevisíveis. Por isso é que é ainda mais importante que pessoas credíveis se juntem em redor de ideias novas com potencial, e mostrem o caminho.
Foi o que aconteceu com a invenção da Bolsa de Valores Sociais (BVS), uma ideia criada no Brasil, e que há um ano funciona em Portugal. A BVS obedece aos conceitos de uma Bolsa de Valores normal, com a diferença de que as empresas cotadas são organizações sociais criteriosamente seleccionadas. Organizações que são apresentadas a “investidores sociais” (dadores) que, ao adquirirem “acções sociais” (através de donativos), passam a acompanhar o uso dos recursos financeiros doados através de relatórios de resultados e de impacto social. Com uma diferença: a totalidade da doação chega ao projecto cotado, porque a BVS não cobra comissões, sendo os custos operacionais suportados pela Euronext Lisbon, Fundação EDP, Fundação Gulbenkian (co-fundadora) e Caixa Geral de Depósitos (o banco oficial).
Para ser cotada, e já há 22 projectos que o são e 600 investidores, a organização apresenta uma proposta sólida, que se for validada entrará na plataforma da BVS - www.bvs.org - ficando acessível aos investidores. Mas ontem, a primeira Assembleia Geral de Investidores Sociais deixou claro que a BVS vai privilegiar aqueles que agem junto das causas e funcionam como laboratórios, em busca de “vacinas”. Vacinas que um dia possam integrar um “plano nacional de vacinação”, que liberte o país da pobreza e da exclusão, em lugar de apenas a remediar.
Isabel Stilwell
Já conhecia o projecto, não em pormenor, porque só me interessa semear ideias, mesmo estas que parecem utópicas, mas que se tivermos em conta a base económico-financeira que o apoia, ou acreditamos, ou desconfiamos.
Não vou dizer mal de quem quer fazer bem, mas quando vemos grandes empresas, projectadas em Fundações, a mostrarem Consciência e Responsabilidade Social, quando não a demonstram na prática comercial/industrial…
Esperemos, que o lucro da iniciativa, seja mesmo uma vacina para os “patrocinadores”, porque para a pobreza, ainda falta o tempo de experimentação, observação e resultados.
Esperemos…
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