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sábado, 16 de junho de 2012

Se a UE não tem medo por que anda tão assustada?

Os gregos nunca terão votado sob tamanha pressão internacional, que praticamente assume a forma de chantagem, acusa o diário de esquerda To Ethnos. Porque os parceiros de Atenas já escolheram o seu homem: o conservador Antonis Samaras, em vez do líder de esquerda Alexis Tsipras.
Isto nunca tinha acontecido na História da Grécia moderna. Há mais de 30 anos que observo, numa perspetiva profissional, a evolução dos acontecimentos políticos e internacionais e nunca vi uma tal intervenção de dirigentes estrangeiros nas eleições gregas. É um triste exemplo da humilhação internacional infligida ao prestígio do nosso país. Qualquer dirigente de qualquer país insignificante da Europa passou a ter o direito de dizer aos gregos em que partido devem votar – o que era intolerável antes de o país ter sido colocado sob tutela – através do memorando assinado por Georges Papandreu e pelos seus colaboradores.
Talvez seja difícil acreditar nos nossos olhos e nos nossos ouvidos, quando lemos e ouvimos a chanceler alemã, Angela Merkel, e o seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, exigirem quase diariamente ao povo grego que vote em… Samaras e não em Tsipras! O Presidente socialista francês, François Hollande, e o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, exigiram o mesmo – e tudo isso é repetido, em coro, pela pirâmide da burocracia de Bruxelas e por todas as instituições da UE, Comissão, BCE, Parlamento Europeu, Eurogrupo...
Inquietação em Berlim
Cederam todos à histeria política, depois do resultado das eleições antecipadas de 6 de maio último, nas quais os partidos favoráveis ao memorando foram alvo de reprovação e passaram de 80% para 30% dos votos. O Nova Democracia (ND), que ficou à frente, não conseguiu ultrapassar os 19% e o Syriza [Coligação da Esquerda Radical] passou a ser o 1º partido da oposição, com menos 2 pontos.
O objetivo do Syriza, legítimo tendo em conta os resultados de 6 de maio, de conquistar o primeiro lugar nas eleições de junho faz tremer os alemães. A principal preocupação não é o que fará Tsipras, se chegar a primeiro-ministro. O que preocupa Berlim é o facto de a vitória do Syriza corresponder à primeira vez desde 1950 que é formado um governo de esquerda num país da Europa Ocidental.
Isso significa o regresso da esquerda ao primeiro plano – e, para mais, em plena crise económica! –, quando os alemães e outros dirigentes europeus pensavam que se tinham livrado definitivamente da esquerda, depois da queda do bloco soviético, em 1991, e do fim do "socialismo real", em 1989.
O pior resultado do Nova Democracia
Os alemães querem, a todo o custo, evitar a formação de um governo de esquerda na Grécia, independentemente da política que este siga, e por isso ameaçam cruamente os gregos para votarem em Samaras.
Nem mesmo nos seus sonhos mais ousados e agitados, Antonis Samaras poderá ter imaginado que a chanceler alemã faria campanha a seu favor, tal como o Presidente francês, o primeiro-ministro italiano ou o Presidente norte-americano.
Estes dirigentes poderão sentir-se orgulhosos dos seus talentos políticos, se, apesar de tamanha ajuda internacional, Antonis Samaras obtiver o pior resultado da história do Nova Democracia – se não tivermos em conta o "êxito" que foram os seus 19%, em 6 de maio.
Se, apesar de ser o partido mais votado, a percentagem do ND continuar a ser fraca, à roda dos 30%, poderão ser impostas a Samaras condições que talvez o privem do cargo de primeiro-ministro. Mas essa hipótese pouco importa ao povo grego, pelo menos para já.
Mais grave é a declaração de Schäuble, no entender do qual "a situação real na Grécia, que é uma crise dolorosa causada pela má gestão financeira, não mudará com o resultado das eleições".

Ecos da blogosfera - 16 jun.

Quando é preciso “cacau” os pobres que paguem!

Não houve consenso para fechar o rascunho final do documento.
O Brasil assume o comando das negociações na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), prometendo pulso firme para garantir que os impasses diplomáticos sejam resolvidos antes do início da cimeira de alto nível, no dia 20, quando os ministros e chefes de Estado deverão aprovar o documento final da conferência.
O documento que está em negociação trata de vários temas ambientais, sociais e económicos considerados essenciais para colocar o planeta no rumo do desenvolvimento sustentável, como gestão da água, redução da pobreza, segurança alimentar, energias limpas e modelos económicos "verdes".
O grande dilema é como financiar a implementação destes modelos, para que as eventuais decisões da conferência não fiquem só no papel - como ocorreu com vários dos compromissos assinados na Rio-92, há 20 anos.
Prazo esgotado
O último dia de reunião do Comité Preparatório (PrepCom) era para concluir o rascunho final do documento-base para ser entregue aos líderes políticos.
Divergências entre países ricos e pobres, porém, prevaleceram sobre vários temas - especialmente no que diz respeito aos chamados "meios de implementação", que tratam da transferência de recursos financeiros e tecnológicos para países em desenvolvimento, para auxiliar na transição para um modelo de economia verde. A sugestão de um fundo de US$ 30 bilhões por ano para a sustentabilidade proposto por países em desenvolvimento não foi bem recebida pelos países ricos.
Brics
O Conselho de Desenvolvimento Económico e Social da Presidência da República vai promover três encontros abertos para mobilizar as sociedades civis da União Europeia e dos países componentes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em volta de temas relacionados com o desenvolvimento sustentável.
Divisão entre ricos e pobres não faz sentido, dizem EUA
Os EUA, a União Europeia e o Japão resistem ao princípio que diz que os ricos devem pagar a maior parte dos custos de preservação do meio ambiente.
Uma diferenciação rígida entre países desenvolvidos e em desenvolvimento não faz mais sentido. Por isso os EUA querem interpretar o princípio das "responsabilidades comuns, mas diferenciadas" de modo mais flexível, afirmou o enviado especial de Barack Obama para as Mudanças Climáticas.
Na Rio+20, a reafirmação do princípio é uma exigência do G77, que reúne mais de 130 países em desenvolvimento. Mas os EUA, ao lado da União Europeia e do Japão, resistem, alegando que emergentes como China, Índia e Brasil devem contribuir mais.
Negociadores da União Europeia afirmaram que o grupo não fugirá aos compromissos da Eco-92, em especial das responsabilidades comuns, porém diferenciadas.
Na hora de pagar os estragos feitos, até agora feitos pelos países desenvolvidos e de há tempos para cá, também e exponencialmente pelos Brics, os primeiros convergem, concertadamente, que as responsabilidades nos prejuízos são comuns a ricos e pobres (imergentes e emergentes), mas diferenciadas pelas circunstâncias económico-financeiras dos ricos (empobrecidos) e pelos estragos que a emergência ampliou.
Também aqui, como nos países, o sistema manda que os pobres paguem a crise, mesmo que ela seja dos ricos…
Há coerência!  

Contramaré… 16 jun.

"As perspectivas são muito difíceis. A economia está no meio de uma recessão sem precedentes, com o desemprego em níveis inaceitáveis, a dívida pública a crescer rapidamente e segmentos do sector financeiro a precisar de recapitalizar-se", indica o FMI na sua análise sobre a situação económica espanhola, divulgada na véspera de um fim-de-semana decisivo para a zona euro, com a reunião do G20 e as eleições na Grécia.

“2 por todos” e... por que não “24 com os 2”?

É o nascimento de um “eixo de crescimento Monti-Hollande”?, como titula La Repubblica, um dia depois do encontro entre o chefe do Governo italiano e o Presidente francês, em Roma. Uma reunião preparatória da cimeira a 4 que, no próximo dia 22 de junho, os juntará à alemã Angela Merkel e ao espanhol Mariano Rajoy, num prelúdio do Conselho europeu de 28 e 29 de junho.
Em Roma, Hollande apresentou o seu “pacto de crescimento para a Europa”, que deve fazer parte do pacto orçamental aprovado por 25 países-membros em fevereiro passado. “O plano articula-se em torno de um tríptico: crescimento, estabilidade financeira e reforço da união monetária”, escreve Le Monde. Este jornal lembra, no entanto, que alguns pontos, especialmente em matéria de união bancária e reforço da união monetária, são contrários à linha defendida por Berlim:
Para o Eliseu, é o Banco Central Europeu que deve tornar-se a instituição encarregue da união bancária, enquanto em Berlim e na Comissão se procura muscular os poderes da Autoridade Bancária Europeia, competente para os 27. […] François Hollande continua a batalhar a favor das eurobonds, segundo um mapa que traça o caminho para os próximos 10 anos. Angela Merkel recusa esta perspetiva: ainda não está preparada para fazer um referendo para poder alterar nesse sentido a Constituição alemã.
Na véspera das eleições legislativas gregas, os dois líderes reafirmaram “o desejo de verem a Grécia continuar na zona euro e continuar a cumprir os seus compromissos”. Apesar disso, França e Itália partilham o temor de que, “nos bastidores, a Alemanha esteja a trabalhar na saída da Grécia” do euro, escreve La Stampa, segundo o qual, em Berlim
estão convencidos de que a saída da Grécia é passível de gerir e sentem-se atraídos por um cenário de ‘recomeço’ de todo o sistema. Com um euro mais restrito e mais forte e, como tal, capaz de suportar essa mutualização da dívida que os alemães consideram hoje uma eventualidade insuportável.
Um cenário que Monti e Hollande querem evitar a todo o custo, acrescenta La Stampa:
A França e a Itália representam, por si só, quase metade da massa crítica que apoia os países em dificuldades, declarou Monti. Um aviso dirigido a Berlim: não pode agir contra Paris e Roma.
Só é pena que os 26 não estejam todos de acordo contra as manobras interesseiras alemãs, ou pelo menos não se crie, aproveitando esta embalagem uma associação dos países intervencionados e mais os que estão na fila, que daqui a uns meses serão os 26, ou quem sabe, os 27.
Entretanto vai-se dançando a pares, desta vez com música latina. Já nos chegava sermos discriminados como PIIGS, preguiçosos e “sulistas” e por este andar vão-nos catalogar, como nos EUA como euro latinos ou qualquer outra bizarria étnica…

Ecos da blogosfera - 15 jun.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

A eletricidade choca-nos e os “erros” não eletrocutam?

A EDP vai compensar “muito em breve” os 30.000 clientes prejudicados com falhas nos contadores, pelas contas da empresa.
A EDP Distribuição, a empresa do grupo EDP responsável pela distribuição de eletricidade à casa das pessoas, garantiu que os contadores dos clientes com tarifas bi e tri-horárias em que foram detectadas anomalias vão ser substituídos até ao final do mês de junho.
"A EDP Distribuição tem em curso um programa de correcção das anomalias detectadas que espera concluir até final do corrente mês de Junho", pode ler-se num comunicado que diz ainda que a empresa "assumirá as responsabilidades e os prejuízos daí resultantes", ou seja, procederá à devolução do dinheiro cobrado indevidamente, contudo diz ainda estar à espera que a Entidade ERSE defina qual o valor a devolver para avisar os clientes em questão. 
A elétrica repara ainda no mesmo documento que, neste momento, estão a ser substituídos os 30.000 contadores em que foram detectadas anomalias, descartando totalmente que sejam 480.000 como avançado pela DECO.
De acordo com o comunicado foram ainda encontrados erros em mais 40.000 contadores mas que prejudicavam a empresa e beneficiavam os clientes. "Nestes casos a EDP Distribuição assumirá essa perda (...) nada exigindo relativamente aos clientes eventualmente beneficiados". A empresa faz questão de frisar que os equipamentos instalados têm "relógios de classe de exactidão conforme os mais exigentes standards internacionais".
Quando uma empresa como a EDP, que comete “erros” primários, confiscando (toda a gente tem direito) os seus clientes e diz que os vai compensar, quer dizer que lhes vai dar mais do que lhes sacou, ou vai apenas acrescentar os juros acumulados pela empresa? Pelo comunicado, parece que apenas procederá à devolução do dinheiro cobrado indevidamente…
Não deixa de ser preocupante que seja o infrator a arbitrar a infração e o número dos “prejudicados” com as “falhas” e não alguém com competências legais e técnicas para o fazer, num Estado de direito, embora se diga que estão à espera que a ERSE defina o valor a devolver, sem que refira se também vai confirmar os números, bem diferentes dos avançados pela DECO, 480.000.
Mas a EDP, dentro da sua autonomia (um estado dentro do Estado ou talvez o contrário), vai mais longe na sua investigação e pasme-se(!), inverte o problema porque afinal não eram 30.000 prejudicados com os “erros”, mas 40.000 que beneficiavam. E a sua magnanimidade é tão grande, que nem vai exigir nenhum pagamento adicional relativamente aos clientes eventualmente (eventualmente?) beneficiados… Isto é o que se chama “responsabilidade social”!
Para uma empresa que faz questão de se classificar como competente e eficaz a nível mundial e de qualificar os seus dirigentes como patriotas (ganhando muito para pagar muitos impostos) vir sublinhar que estes relógios (aldrabões) tem tal exatidão como os mais exigentes standards internacionais, deve ser brincadeira ou será um dos parâmetros (enganar-nos) para tal posição no ranking…
Deixemo-nos de brincadeiras! Se algum de nós fizesse com algum cliente o que aconteceu na EDP, iria a tribunal, seria condenado por fraude e pagaria uma indemnização choruda, se não fosse parar uns dias à cadeia…
Como é que administradores tão eficientes e zelosos do cumprimento dos contratos são capazes de “responsabilizar” os contadores pela malandrice, se os ditos não tem inteligência, nem consciência e por isso são inimputáveis? Não será aos fabricantes, aos programadores e aos monitorizadores do sistema a quem devem ser imputados os erros grosseiros?
Cá para mim, os contadores devem ter sido fabricados na China. E foram logo 30.000(?) gargantas a sofrer com o vírus. Ou os “erros” já aconteciam quando o Estado ainda era acionista? Ou terão sido os contadores que se vingaram dos pequenos cortes das rendas excessivas?
Um mistério que alguém devia explicar, se houvesse outra explicação que não fosse a do Mexia: A EDP COMPENSA!…

Economia verde ou dar aos povos o que é dos povos?

A economia verde – sistema económico apoiado na sustentabilidade – poderia retirar milhões de pessoas da pobreza e mudar o sustento de grande parte das 1,3 mil milhões de pessoas que ganham apenas (USD 1,25) 0,80 € por dia no mundo inteiro. Este foi o resultado apresentado nesta quinta-feira pela PEP, uma rede bilateral de agências de suporte, bancos de desenvolvimento, agências da ONU e ONGs internacionais, durante a Rio+20.
O relatório “Construindo uma Economia Verde Inclusiva para Todos” apresentou políticas para reduzir a pobreza e simultaneamente apoiar a sustentabilidade ambiental, com base em políticas fortes e investimentos dos setores público e privado.
O estudo aponta 5 fatores críticos para a economia verde inclusiva: 1) políticas socioeconómicas, 2) capacitações locais, 3) mercados inclusivos, 4) harmonização internacional e 5) novos parâmetros para medir o progresso.
1) As políticas sociais económicas nacionais devem ter regimes tributários e programas verdes de proteção social.
2) Os direitos e capacitações locais servirão para garantir que a população carente tenha posse sobre os seus recursos naturais. 
3) Os mercados verdes inclusivos expandirão o acesso da comunidade carente às redes de fornecimento para os produtos e serviços verdes.
4) A harmonização internacional significa que países com maior rendimento precisam fornecer ajuda coerente, comércio e outras políticas de suporte para possibilitar que os países de baixo rendimento possam ser bem-sucedidos na transição para a economia verde.
5) Quanto aos novos parâmetros para medir o progresso, o estudo apontou que é preciso ir além da limitação do PIB, para um indicador mais abrangente de progresso socioeconómico, social, ambiental e de bem-estar humano.
Ainda segundo a PEP, as principais barreiras para a prática de uma economia de inclusão social que preserva os recursos naturais são os investimentos específicos e as reformas necessárias na forma de governar.
O novo relatório demonstra que muitos dos Países Menos Desenvolvidos, assim como muitas regiões pobres dos países com rendimento médio possuem alto grau de recursos naturais, que lhes permitem construir uma economia verde que possa reduzir a pobreza de uma forma sustentável.
De acordo com o subsecretário Geral e diretor Executivo do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Ambiente), Achin Steiner, os países estão a aproveitar a oportunidade para aproximar a economia e a ecologia para gerar resultados sociais transformacionais.
 — O desafio para os líderes mundiais reunidos na Rio+20 é gerar e dar apoio às políticas e aos pacotes catalisadores financeiros e de proteção social de forma que possa apressar estas ambições e aumentá-las exponencialmente.
Para a presidente em exercício do Instituto de Recursos Mundiais, Manish Bapna, ao abraçar uma economia verde inclusiva, “os líderes na Rio+20 têm uma oportunidade rara de melhorar as vidas de milhões de pessoas”.
O estudo cita muitos exemplos fortes de países em desenvolvimento que estão a mudar para uma economia verde de forma bem-sucedida. A Mongólia atualmente está a construir o seu primeiro parque eólico de 50 megawatt, e este deve gerar um valor estimado de 5% da energia necessária ao país.
Os países menos desenvolvidos, com infraestruturas menos desenvolvidas podem beneficiar da economia verde inclusiva em áreas de eficiência energética e tecnologias limpas para os modernos sistemas de transporte público. Em Lagos, na Nigéria, as parcerias públicas e privadas reduzem o congestionamento, melhoram as condições nas favelas e ajudam a criar cerca de 4.000 empregos, relacionados com o meio ambiente, para a comunidade jovem desempregada.

Contramaré… 15 jun.

Observatório Português dos Sistemas de Saúde afirma que o "país está em sofrimento" devido à crise e culpa o Governo por ser mais rígido do que a troika exige, provocando um "racionamento implícito nos serviços públicos de saúde".

Dúvida metódica: Esquerda radical ou Direita canibal?

Uma das fontes de opiniões que aqui reproduzo sobre o estado da União Europeia, que parece que é independente, nem sempre traduz essa atitude e às vezes até parece puxar para o situacionismo, fazendo-lhe cócegas alguma alteração como a que se prevê na Grécia (a começar pelo epíteto de RADICAL), o que até devia merecer análises mais profundas, indo ao fundo do problema, para entendermos as causas de um desfecho (im)previsível para domingo, contra a corrente do jogo e das vontades dos marajás.
E só por isso, sem deixar de apresentar a opinião do articulista de serviço sobre o assunto , apresento também uma notícia que desmonta as imprecisões/dúvidas publicadas. Eis as duas.
À medida que se aproxima o escrutínio de 17 de junho, a questão da saída do euro está presente em todas as mentes. Mas a Coligação da Esquerda Radical, a formação melhor colocada para tentar formar governo, recusa-se a clarificar a sua posição sobre o assunto, o que alimenta as preocupações.
87% dos gregos querem que o seu país continue na zona euro. A maior parte dos partidos tem a mesma posição. Contudo, à medida que o domingo se aproxima, o termómetro sobe, a incerteza aumenta e muitas pessoas, dentro e fora da Grécia, receiam que o euro passe a ser coisa do passado para a Grécia. É isto que mostram livros e artigos, as declarações dos políticos e dos economistas e as previsões dos analistas. Poderá dizer-se que tal facto é paradoxal. Mas sê-lo-á realmente? Claro que não, porque os especialistas não são loucos. Alguns servem os seus próprios interesses [suspeita-se que alguns analistas e políticos especulem sobre o regresso do dracma], mas nem todos se incluem na categoria daqueles que gostariam que a Grécia estivesse fora do euro.
Eleições sem margem para ambiguidades
Então, o que se passa? Quais são os objetivos? Sem qualquer ideia preconcebida, a razão visível e profunda é o discurso múltiplo do Syriza. No momento em que a Coligação da Esquerda Radical [que agrupa 13 pequenos partidos] se bate pelo poder, os seus membros não dizem, nem de uma forma direta ou indireta, nem por qualquer outro meio, se, depois de formarem governo, pretendem que o país permaneça na zona euro. Nas suas declarações, deixam o campo livre para interpretações lógicas que não excluem a possibilidade da saída do euro.
Se essa posição for na realidade uma tática de negociação, para, mais tarde, ficarem numa posição de força, trata-se de um erro grave. Será que essa postura aumenta a incerteza, a fuga [para outros partidos] e a insegurança dos cidadãos, que, no atual estado das coisas, reagem de forma imediata? Sem dúvida que prejudica a economia do país. As eleições são cruciais e não deixam margem para ambiguidades.
Não há margem para qualquer dúvida: se o Syriza ganhar as eleições de domingo, o memorando de entendimento da troika com a Grécia será cancelado. Mas há espaço para renegociar um outro plano. E a Europa tem de aceitar a renegociação. Porque rejeitar a ajuda a Atenas é rejeitar o euro, garante o dirigente da Coligação da Esquerda Radical, Alexis Tsipras, “Se eles disserem ‘não’ a tudo, isso significa que querem acabar com os gregos e com o euro”, assegurou.
O líder da Coligação da Esquerda Radical, conhecida como Syriza, tem-se mostrado contra a “chantagem” feita pela Europa para ceder auxílio financeiro ao país. E por isso vai rejeitar o memorando que une as entidades internacionais e a Grécia.
“O memorando será repudiado pelo voto dos eleitores, não por nós”, afirmou Alexis. O Syriza tem sido uma das duas forças políticas gregas que tem captado mais intenções de voto nas sondagens para o sufrágio que se realiza de 17 de Junho, a par do conservador Nova Democracia. Nas eleições de 6 de Maio, o Syriza surpreendeu as expectativas dos analistas ao ficar em 2º lugar, à frente do socialista Pasok.
Se o Syriza conquistar a maioria dos votos e se a Europa mantiver a sua intenção de deixar de financiar a Grécia – que está, neste momento, sob programas de ajuda externa –, caso não sejam aceites as condições do actual programa, não são apenas os gregos que estão em causa, na opinião do líder do Syriza. "Se a Grécia não receber a próxima tranche do empréstimo, a Zona Euro vai colapsar no dia seguinte", afirmou.
Já ontem Tsipras defendeu que o fim do financiamento a Atenas seria catastrófico, não só para a Grécia mas também para toda a Zona Euro”.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Seguramente não seria a mesma coisa…

Max Weber (1864-1920), que foi um grande sociólogo alemão afirma que não há como pensarmos numa história com base no “se”. Contudo, apenas a título de especulação esse escrito foi feito. Como de facto seria a nossa realidade se não houvesse a religião? O que lerá a partir de agora são apenas algumas aproximações.
Em tempos convulsivos como os que vivemos, onde há relativismo e nevoeiros ideológicos, as grandes forças culturais do passado (especialmente as religiões tradicionais) já não conseguem impor-se como referência. Não só as religiões, mas também a família, o Estado, as artes de um modo geral, parecem ter esgotado a capacidade de influir e determinar valores de vida, princípios morais ou regras de comportamento. Aliás, isso só foi possível anteriormente, em muitas ocasiões, de forma extremamente autoritária.
O fenómeno religioso tem existência garantida no seio das diferentes culturas, porque se buscarmos na própria palavra religião, que vem do latim: RELIGIO formado pelo prefixo RE (outra vez, de novo) e o verbo LIGARE (ligar, unir, vincular), perceberemos que a religião deste modo é um vínculo entre o mundo profano e o mundo sagrado. No fundo é a busca de conectar o homem ao transcendente. De um modo geral, as religiões tem por finalidade a tarefa de tornar o homem mais humano.
Como é notório, um dos papéis da religião é mostrar ao mundo o sagrado, dando-lhe o seu significado. A partir deste pressuposto ela proporciona o respeito às normas, às regras e aos valores sob o aspeto da moralidade. A sua importância é defendida por Émile Durkheim (1858-1917), que segundo ele é fundamental para manter o tecido social agregado.
Nas mais diferentes religiões o que se vê é a procura contínua em demonstrar as suas verdades. Para isso, lançam mão dos dogmas, estes por sua vez caracterizam-se por serem os princípios fundamentais e indiscutíveis de uma determinada doutrina e ou teoria.
Em geral, elas procuram apresentar explicações para a ordem, a forma, a vida e a morte dos seres, oferecendo aos humanos a esperança de vida após a morte.
É importante destacar que ao longo do tempo na história ocidental, a religião através da sua vinculação com a política, foi considerada por muitos como o ópio do povo. O edifício teológico-político, como bem enfatizou Espinosa (1632-1677), transformou-se num poder tirânico. Contribuiu e contribui até hoje para o processo de alienação e perpetuação da injustiça social no mundo.
Destaco que Karl Marx (1818-1883) deixou também a sua contribuição no tocante a esse tema. Ele escreve a partir da leitura de Espinosa. Marilena Chauí diz-nos que o conceito de alienação e de ideologia em Marx foi na verdade um prolongamento do pensamento de Espinosa. Isso está no livro Espinosa uma Filosofia da Liberdade.
Na procura contínua em mostrar as ilusões necessárias para suportar uma realidade que por si só não basta, as religiões utilizaram-se, muitas vezes, da credulidade popular para oprimir e escravizar, manter privilégios e explorar, recorrendo a mentiras, a falsificações, a oportunismos, a alianças mais abjetas com os poderosos. Inclusive a violência e a crueldade. Tudo isso para assegurar benefícios materiais em detrimento da miséria, da ignorância e do sofrimento dos crédulos.
Como a melhor forma de se perder um argumento é generalizá-lo, não estamos a afirmar que todos os líderes religiosos agem conforme a nossa afirmação acima, apenas estamos a evidenciar que essa é uma realidade ainda hoje. Vide os empresários da fé que estão por quase toda parte.
A história das grandes religiões, portanto, comprova quanto o conteúdo ideológico manipula, quase sempre de forma perversa, consciências e valores, para satisfação de interesses e privilégios que contradizem o que se apregoa como valor de vida. Mas no meio destas perversidades, a existência das religiões no mundo também edificam, civilizam, educam e glorificam a espécie humana. Quem conhece a história dos reis de Roma, certamente, confirmará isso que afirmamos neste parágrafo. O cristianismo contribuiu e contribui até hoje para o processo de humanização do homem. Certamente nas demais religiões também há uma intencionalidade semelhante ao cristianismo
Observe que é a contradição que faz do fenómeno religioso um mistério a exigir permanente estudo. Portanto, se o mundo com religião é ruim e difícil, imagine sem religião! A existência teria outro significado.
 A questão que deixamos para reflexão é a seguinte: como o mundo ocidental, é na sua grande maioria cristão, será que é possível pensarmos muma sociedade constituída por cristãos sem igreja? Como seria o mundo? Melhor ou pior do que é hoje?
Geancarlos Farinon Flores de Matias, formado em filosofia, especialista em MBA Gestão de Pessoas e Diretor do Colégio imaculada Conceição em Videira – SC.
Ivo José Triches, formado em filosofia, escritor e Diretor das Faculdades Itecne de Cascavel.

Ecos da blogosfera - 14 jun.

Contramaré… 14 jun.

"Já se perderam muitos milhões de euros desde que foram introduzidas as portagens na Via do Infante", revelou o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, que considera que se está perante "um crime de lesa-pátria, que só não vê quem não quer ver". A principal associação algarvia do sector exige por isso que o Governo suspenda urgentemente a cobrança de portagens na A22.

E nós? De tão mansos que já ninguém nos liga!

Quem deve ganhar o Campeonato da Europa de futebol para salvar a moeda única? Mesmo que haja quem espere que as vitórias estimulem a confiança em certos países, o que está verdadeiramente em jogo encontra-se bem longe dos campos, mesmo que isso desagrade aos amantes do desporto, prevê o SME.
A crise da Europa entra na fase terminal e os esquemas de pensamento dos futurologistas também. Um analista do banco AMRO de Amesterdão ousou fazer um prognóstico sobre o futuro da UE: “Sendo essencial que o contágio não se propague aos países que formam o núcleo duro da zona euro, o melhor seria que a França ganhasse o Euro 2012. Isto iria permitir restabelecer a confiança de uma maneira significativa.”
Hum hum... Talvez quisesse dizer com isso que enquanto ecoasse A Marselhesa, a ninguém ocorreria lançar-se numa corrida aos balcões do BNP Paribas ou do Société Générale… Mas há uma questão que se coloca: não seria preferível, para reforçar a confiança, esperar um sucesso da Alemanha? Enquanto os apoiantes-eleitores regassem a vitória, o BCE iria comprar quatro toneladas de obrigações espanholas.
Angela Merkel, por seu turno, uma fanática de futebol (lembremos que a reunião do G8 teve de ser interrompida durante o jogo Bayern-Chelsea), faria passar as eurobonds no Bundestag. E uma vitória da Grécia? Será que Alexis Tsipras assinaria o memorando e, com ele, um orçamento excedentário até 2100?
Ponto de não retorno
Surpreendentemente, ainda que a Espanha [campeã da Europa e do mundo em título] seja a grande favorita do Euro, o oráculo AMRO nada espera de um triunfo ibérico. Muitos são unânimes em dizer que o país já atingiu o ponto de não retorno. E pouco importa que o primeiro-ministro Rajoy tenha razão ou deixe de ter ao dizer que o seu país é uma “vítima colateral” do caos em que a zona euro mergulhou.
O que importa é que estão bem longe do estado crítico do resgate nacional. Sobretudo se soubermos que o Barclays (à semelhança de outras instituições financeiras) previu que a Espanha “se encontra a meio caminho” do desmoronamento do mercado imobiliário e que, com uma descida suplementar dos preços em 20%, aparentemente inevitável, “o setor financeiro será completamente sangrado”.
A isto junta-se uma taxa de desemprego recorde na Europa, um enorme desequilíbrio do mercado de trabalho e um endividamento da população e do setor não financeiro que representa 200% do PIB. Compreende-se melhor como é que um jornalista do Financial Times chegou à conclusão de que “não se trata tanto de saber se a economia espanhola vai recuperar em 2012 ou 2013, mas se o conseguirá fazer antes do fim desta década”.
Voltando ao futebol, a Espanha não poderia ser salva, mesmo que os clubes da primeira divisão pagassem os 750 milhões de euros de impostos (ou melhor, de redução de impostos) que devem ao Estado. Quanto à Grécia, será que o país vai conseguir uma falência controlada por um plano de resgate europeu financiado pelos contribuintes? Ou uma bancarrota fora da zona euro, que alguns estimam em 1.000 milhões de euros, outros, infinita, e outros ainda referem não ser correto querer assustar toda a gente?
Caminho do sofrimento
Angela Merkel não pode continuar a fugir ao assunto e tem de decidir: ou a zona euro acaba este verão, ou continua pelo caminho do sofrimento enquanto federação da dívida. O suspense é bem mais intenso do que o do Euro, no jogo Bayern-Chelsea. Sobretudo quando o ministro do Interior alemão recomenda que “não se ponha mais dinheiro num vaso sem fundo” e que o vice-governador do Bundesbank considere a Grécia um “Estado que falhou”, ao passo que Peter Bofinger, o conselheiro [económico] mais influente [do Governo alemão], sustenta que “os gregos efetuaram as maiores correções fiscais do pós-guerra e que a diminuição do défice estrutural exigido é excessiva e sem precedentes”.
As opiniões dividem-se. A chanceler alemã é uma federalista convicta, mas sabe que, se fizer marcha atrás hoje e der a sua aprovação a uma harmonização das dívidas sem poderes orçamentais em Bruxelas (isto é, em Berlim), a Alemanha ficará, por seu turno, num ponto de não retorno.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Um “desastre” em que ninguém ficou magoado! Ufa!

O desastre anunciado está confirmado. A média dos alunos do 9.º ano no teste intermédio de Matemática, realizado em Maio passado, ficou-se nos 31,1%, segundo dados do Gabinete de Avaliação Educacional (Gave), o organismo do Ministério da Educação e Ciência responsável pela elaboração dos exames.
Ontem conheceram-se também os resultados das provas de aferição do 4.º ano: a média a Matemática desceu 14% por comparação a 2011, situando-se agora nos 53,9%. A percentagem de negativas mais do que duplicou, passando de 19% para 43%. 
Também na prova de aferição de Língua Portuguesa a média desceu de 69,3% para 66,7% e a percentagem de negativas subiu de 12% para 20%.
O futuro? “Mais formação contínua para os professores do 1.º ciclo (este ano não houve) e que o ministério pense numa alternativa para eventuais novos maus resultados no próximo ano, de modo a evitar que a estreia de exames no 4.º ano se salde em mais reprovações”, aconselha Elsa Barbosa, presidente da Associação de Professores de Matemática. 
Miguel Abreu, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, também aconselha mais formação para professores, mas sobretudo insiste na “necessidade de recentrar o ensino da Matemática no que é fundamental aprender: insistir nos conceitos básicos, em exercícios e problemas variados”.
O ministro da Educação e Ciência disse que a resposta para enfrentar os resultados alcançados  nas Prova de Aferição de Matemática assenta na estruturação dos programas. “…Estamos neste momento a construir metas para o ensino do Português  e da Matemática e vamos alargar essas metas para outras áreas disciplinares  e esta poderá ser uma das maneiras de obviar certas dificuldades que existem", salientou. 
Se isto fosse um desastre estaríamos bem, porque se os resultados fossem “melhores” estaríamos na mesma. E dizem agora que isto já estava anunciado, mas eu diria mais, está escrito nos astros, pela simples razão de a Matemática e a Língua Materna serem APENAS 2 das 7 (ou 9) Inteligências Múltiplas que todos possuímos, uns mais umas do que outras, o que quer dizer que para se “ser bom” em qualquer uma delas é preciso trabalhá-las todas, para se ser um SER por inteiro.
Até se chegou a dizer, há pouquinhos anos, que se subíssemos no ranking da OCDE, ou do PISA, a crise ia dar uma volta e nós seríamos prósperos e felizes…
Como disseram (e insistem) que um licenciado tinha muito mais hipóteses de encontrar trabalho, melhores remunerações e mais produtividade… Acertaram em cheio!
Desde a secularização da EDUCAÇÃO que os dois vetores a que se dá primazia são a matemática e a linguística, que até hoje tem dominado os sistemas educativos, com os resultados conhecidos, nada abonatórios para quem defende estes pilares da estrutura educativa.
A educação pelas ARTES é um modelo que não cabe na ignorância dos matemáticos e palradores, muito por fruto dos lobbies (não legalizados) que querem convencer o Zé de que as duas disciplinas que fazem um verdadeiro HOMEM/MULHER (para além da tropa) são precisamente as que eles lecionam.
Será por isso, que Miguel Ângelo e Picasso, Beethoven e Ravel, Anna Pavlova e Nureyev, Louis Armestrong e Rubinstein, Freddie Mercury e Pavarotti, Pelé e Michael Phelps e por aí fora (de quem não sabemos se falavam e escreviam bem ou se faziam contas sem erros), poderão ser considerados destituídos? Sem retirar o valor aos grandes matemáticos, físicos, químicos, biólogos, escritores, etc.
E vem os representantes dos matemáticos dizer que já esperavam o “desastre” e que os professores é que precisam de formação e que assim os exames do 4º ano (outra trampolinice) vão ser outro desastre (para as crianças, claro!) e que é preciso recentrar o ensino da matemática no que é fundamental (para quê?) aprender e blá, blá, blá… Já sabemos que muita gente a quem a carapuça lhes serve vem já dizer que é preciso fazer ginástica mental (todas as disciplinas o fazem e melhor) e treinar a abstração (coisa que só conseguimos fazer depois dos 12 anos) e mais uns propósitos não provados, muito menos exclusivos.
E vem o ministro (da educação), matematicamente desculpar-se, dizendo que estão a construir metas (só agora no Século XXI) para o ensino do Português  e da Matemática (sempre com mais sopa para quem não gosta de sopa) e que vão alargar essas metas para outras áreas disciplinares (não acredito!), o que poderá ser uma das maneiras de obviar certas dificuldades…
Pois claro! Só valorizando todas as áreas e todas as disciplinas, em que cada pessoa tem as suas inteligências (queda ou jeito) mais ou menos desenvolvidas, se pode modelar o/a HOMEM/MULHER novo/a, pondo de lado a ideia da formação de trabalhadorzinhos para satisfazer os apetites dos empresariozinhos, para mal da Nação…
O que é preciso, mesmo, é recauchutar o Sistema Educativo, depois da necessária avaliação, com base nas aferições contínuas sem consequências.
Já nos chega saber (sem protestar) que a inteligência lógico-matemática dos governantes se reduz a DIMINUIR os direitos e ordenados dos que trabalham, SOMAR impostos a qualquer preço, DIVIDIR as benesses da economia pelos seus correligionários e MULTIPLICAR a pobreza, custe o que custar…
Sobre a inteligência linguística, já enjoa ouvir, vagarosamente, palavras maviosas e retórica de homilias de cura de aldeia…
Poupem-nos!

Ecos da blogosfera - 13 jun.

RIO+20: O HOMEM como agente e objetivo?

No meu último artigo escrevi sobre o desafio de conjugarmos crescimento económico e protecção ambiental, identificado pela primeira vez pela comunidade internacional na Cimeira da Terra no Rio de Janeiro em 1992.
Passados 20 anos, voltamos a reunir-nos na Rio+20, a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a 20 de Junho. Apesar dos progressos feitos desde a primeira Cimeira da Terra, vivemos ainda num mundo com mais de 1.000 milhões de pessoas em situação de pobreza, 2/3 dos ecossistemas em declínio e confrontados com o desafio económico mais difícil das últimas décadas. A nossa segurança económica, social e ambiental e o nosso bem-estar futuro, dependem de resultados tangíveis nesta Conferência.
O Reino Unido está a trabalhar arduamente para alcançar um resultado positivo que inclua uma visão para um crescimento verde e um acordo para atingir objectivos de desenvolvimento sustentável. Sei que Portugal partilha esta vontade de alcançar um resultado ambicioso. O facto de Portugal e o Reino Unido estarem representados ao alto nível de primeiro-ministro e vice-primeiro-ministro, demonstra a convicção de ambos os governos de que se não formos capazes de proteger os nossos recursos naturais, comprometeremos irremediavelmente o crescimento económico a longo prazo. A Rio+20 representa uma oportunidade para acelerarmos a agenda do crescimento que consideramos vital para reanimar as nossas economias e estimular a criação de emprego. É também uma oportunidade para demonstrarmos o nosso empenhamento em resolver os desafios interligados de erradicar a pobreza global e gerir os cada vez mais escassos e preciosos recursos naturais.
Há duas questões essenciais para o sucesso no Rio de Janeiro; a acção e o empenhamento dos governos, por si só, não serão suficientes. É vital conseguirmos o empenhamento do sector privado em promover uma economia mais verde através do comércio, da inovação e do investimento.
Sabemos que o mundo natural está na base de 40% da economia global. Num mundo que enfrenta o desafio de segurança dos recursos naturais, as práticas empresariais sustentáveis devem tornar-se regra - não apenas por uma questão de responsabilidade social corporativa, mas também para garantir resultados. Há que ter em conta que a racionalização do consumo de recursos pode proporcionar uma poupança global de 3,58 mil milhões de euros.
Também é importante que a UE trabalhe com eficácia em conjunto, dialogando de forma construtiva com os seus parceiros em desenvolvimento e negociando com flexibilidade e coerência. Existe um enorme potencial para a UE em fóruns internacionais quando fala a uma só voz. Provámo-lo em Dezembro nas negociações da Cimeira do Clima em Durban e espero que, no final deste mês, possamos voltar a fazê-lo no Rio de Janeiro.
Jill Gallard, Embaixadora do Reino Unido
Da Cimeira do Clima, realizada no final do ano passado em Durban, ninguém ouviu falar, nem antes, nem depois, talvez porque se pensasse que a crise económico-financeira fosse mais importante e estivesse desligada de uma visão holística da vida.
Provavelmente, o mesmo vai acontecer coma RIO+20, mas por se realizar num país lusófono, talvez a Google inclua nas suas notícias o andamento dos trabalhos e as suas conclusões…
Por aqui vamos dando conta, para que não digam que não falamos de flores…

Contramaré… 13 jun.

O governo alemão devia dar a cada alemão 1.000 euros em vales de viagem. Mas só os poderiam utilizar em países que estejam em crise. Isso ajudaria a impulsionar o crescimento destes países: além disso, todos os que comprassem casa de férias no sul da Europa deveriam receber uma bonificação fiscal”, disse o nobel da Economia, Nouriel Roubini.
Para Roubini, os governos da Europa devem reduzir os impostos e aumentar os salários para impulsionar o crescimento em vez de insistir na austeridade e na poupança.

A Doutrina do Choque funciona! E a do PÂNICO?

É provável que as legislativas antecipadas de 17 de junho permitam a designação de um governo, após o fracasso do escrutínio do passado dia 6 de maio. O resultado é incerto, na medida em que os eleitores parecem indecisos entre um partido e outro num ambiente de catástrofe.
No próximo dia 17 de junho, a Grécia enfrenta um ato eleitoral crucial num clima de naufrágio económico, social e político do país. E isto enquanto os atos de violência social e política se juntam à tensão e as estatísticas da economia nacional não deixam qualquer margem de manobra ao governo que sair das urnas. O país encontra-se isolado visto que os grandes grupos de seguros de crédito (Coface, Euler-Hermes) deixaram de garantir as exportações para a Grécia, ao passo que as sociedades não aguentam mais porque têm de pagar à vista todas as suas importações. 
O perigo de falta de matéria-prima, de medicamentos, ou até de comida é palpável e exige medidas imediatas, enquanto os representantes dos meios empresariais falam já "num pesadelo que faz lembrar a Albânia de Hoxha" se não se encontrar uma solução.
As empresas gregas têm falta de matérias-primas ao ponto de a sua produção depender das importações. No plano energético, o país está à beira do abismo porque não há mais crédito e a Grécia arrisca-se, não tarda nada, a deixar de ter acesso ao mercado iraniano, por causa do embargo internacional imposto a Teerão.
Ao mesmo tempo, os economistas e os meios políticos internacionais consideram que a possibilidade de uma saída do país da zona euro é maior agora que o isolamento se faz sentir devido ao congelamento das trocas e acordos comerciais nos setores do turismo, do comércio e dos transportes. Paralelamente, as empresas multinacionais que mantêm atividade no país tomam as suas disposições e põem o dinheiro de lado.
Lógica antimemorando
Num ambiente destes e agora que se tornou evidente a tensão no plano político, sobretudo depois do violento acidente entre representantes políticos, transmitido pela televisão a semana passada, ou do caso de Paiania [um adolescente de 15 anos que matou um assaltante para proteger a família]. A maioria dos analistas políticos quer ser clara: a 17 de junho, “o voto do medo” vai dominar e “o voto da cólera” diminuirá. A crer nas intenções de voto, os analistas já têm uma ideia do resultado esperado nas eleições de 17 de junho, mas mostram-se reservados quanto ao impacto do ataque do deputado do Aurora Dourada à deputada comunista Liana Kaneli. Não excluem a possibilidade de os resultados do partido se ressentirem.
Um analista que trabalha com vários partidos políticos considera que a própria natureza das eleições se alterou. “As eleições de 6 de maio foram marcadas pela cólera e as de 17 de junho serão marcadas pelo medo”, sublinha, a coberto do anonimato. Estima ainda que haja um aumento do voto sistémico [nos partidos a favor do memorando de austeridade] e, paralelamente, uma concentração do voto antissistémico. Esta análise apresenta duas características.
Uma diz respeito à evolução de certos eleitores que, "em total ignorância", votaram no Aurora Dourada nas últimas eleições mas que, numa lógica antimemorando, vão acabar por votar na coligação da esquerda radical (Syriza) [ficou em 2º lugar a 6 de maio e é favorita para 17 de junho]. Considera igualmente a possibilidade de limitar a fuga de eleitores do Partido Comunista para a coligação Syriza.
Outra diz respeito à probabilidade de um recuo do voto antissistema pela transferência de eleitores do Aurora Dourada para o Partido dos Gregos Independentes [partido de direita que se opõe ao memorando] e sobretudo para aqueles que não querem votar em partidos de esquerda ou de centro-direita. Segundo o presidente de um dos principais institutos de sondagens, o Aurora Dourada encontra-se já em declínio e não poderá esperar novamente os 7% recolhidos a 6 de maio. Resta saber se o partido neofascista conseguirá esse resultado ou se continuará a não entrar no parlamento.
Vaga de troca de eleitores
A maior parte dos analistas políticos e das sondagens de opinião consideram que, no próximo domingo, é esperada uma grande concentração em torno das “forças políticas mais maleáveis”, das quais faz parte o Syriza, que entrou para o grupo de decisores do futuro do país.
Em relação às suas posições anteriores, os pequenos partidos políticos vão encorajar uma vaga de migração para os partidos maioritários, com base nos resultados de 6 de maio e, ao mesmo tempo, vai haver uma vaga de "troca de eleitores" entre os partidos ditos extremistas, tornando difícil a sua entrada no parlamento. “Na passada quinta-feira ainda se pensava que o partido mais vulnerável era o dos Gregos Independentes. Neste momento, o Aurora Dourada também o é, pois é preciso distingui-lo do seu eleitorado", considera um especialista.
O economista norte-americano Nuriel Roubini alertou para o colapso da zona euro se a Grécia sair da moeda única, sublinhando que este cenário "sairia mais caro" à Alemanha do que ajudar os parceiros europeus. "Quem cortar a corrente aos gregos, provocará o desmoronamento total da zona euro", disse.

Ecos da blogosfera - 12 jun.

terça-feira, 12 de junho de 2012

As novelas das INTERVENÇÕES são todas “plágios”!

Primeiro os governos criaram-lhes as condições para que financiassem uma bolha de crédito sem precedentes e com o que ganharam dezenas de milhares de milhões de euros. Decretaram leis do solo para que os promotores lhes pedissem empréstimos que financiaram construções em todas as esquinas de Espanha, que iriam ficar vazias e sem vender, cada vez em maior número. Aumentaram as facilidades fiscais para promover as vendas e desincentivaram o aluguer e o consumo coletivo de serviços de ócio ou residência.
Só de 2000 a 2007, os bancos multiplicaram o crédito total destinado à atividade produtiva a 3,1%, o dirigido à indústria a 1,8%, o da construção a 3,6% e a 9% o dirigido à atividade imobiliária. E isso quando cada vez dispunham de menos depósitos para o gerar: em 2000 a banca espanhola recebia 1,43 euros em depósitos por cada euro que concedia a crédito, enquanto em 2007 apenas 0,76 euros.
Não contentes com os benefícios que lhes dava o negócio imobiliário que condenava à monocultura a economia nacional, impuseram políticas de baixas receitas e cortes salariais para que as famílias e pequenos empresários vivessem no fio da navalha e tivessem que endividar-se até aos cabelos.
Mas não contentes com obter benefícios normais, os bancos utilizaram os seus avaliadores para aumentar artificialmente os ativos sobre os quais iriam dar crédito, para assim gerar mais dívida e cobrar comissões mais suculentas e recorreram a todo o tipo de práticas comerciais predatórias para fomentar o consumo: manipulavam à sua vontade os índices de referência, incluíam a abusiva cláusula que autorizava o banco a vender o apartamento em leilão notarial se se produzisse o não-pagamento da dívida, reclamavam quantidades elevadíssimas por contas que pensavam canceladas, cobravam comissões leoninas (mais do que em qualquer outro lugar da Europa) por qualquer coisa, faziam girar uma e outra vez um recibo não atendido pelo cliente gerando múltiplos gastos de reclamação por uma mesma dívida, embargavam saldos em contas correntes sem respeitar o estabelecido na lei... são quatro as folhas que preenchem a lista de más práticas que compilei de associações de usuários, o que é impossível consigná-las todas aqui. E isto, para não falar das fraudes estrela, que permitiram supor um autêntico roubo entre 12.000 e 15.000 milhões de euros, se não mais, mediante as participações preferenciais, as cláusulas solo, etc.
Enquanto sucedia tudo isto, as autoridades deixaram fazer, consentiram as tropelias bancárias e permitiram que se enchesse a bolha sem parar, fazendo ouvidos surdos a todas as advertências.
O atual Ministro das Finanças, Cristóbal Montoro, dizia em 2003: "não existe uma 'bolha imobiliária' (...) o conceito de bolha imobiliária é uma especulação da oposição que fala insensatamente da economia de ladrilho e esquece que a construção é um setor fundamental para a economia do país e em que trabalham cerca de um milhão de pessoas" (El Mundo, 2  de outubro de 2003). E o mais tarde Ministro de Economia, Pedro Solbes, afirmaria que quem augurava o risco de recessão por causa disso "não sabem nada de economia" (El País, 11 de fevereiro de 2008).
Os dirigentes de um e de outro partido negavam o que fizera falta, por muito evidente que fosse para o resto dos espanhóis, deixando que os banqueiros e os grandes empresários da construção, literalmente, se forrassem à custa de todos os espanhóis.
O governador do Banco de Espanha que tinha colocado o PP, Caruana, passava pelo arco do triunfo a denúncia dos seus inspetores que em 2006 lhe lembravam formalmente que não se fazia nada diante de um endividamento crescente e muito perigoso da banca espanhola. Mas isso sim, não havia declaração sua ou mais tarde do seu sucessor, o socialista Férnandez, em que não reclamassem moderação salarial e cortes de gasto social.
Mas graças a tudo isso, os bancos espanhóis converteram-se nos mais rentáveis do universo, precisamente, isso sim, na mesma medida em que colocavam a nossa economia entre as mais vulneráveis.
Quando estourou a bolha e já não se podia dissimular o que se tinha passado, o imenso negócio que os bancos tinham feito à custa da dívida, todos consentiram em dissimular.
Permitiram que os bancos declarassem em balanço os ativos tóxicos a preços de aquisição sendo cúmplices assim de um engano descomunal que feriu de morte a credibilidade da nossa economia porque, por muito que Zapatero dissesse em setembro de 2008 -como lhe ditavam Botín y companhia- que o sistema financeiro espanhol era "o mais sólido do mundo", os investidores e os credores internacionais sabiam o que na verdade tinha feito a banca espanhola.
Os dois grandes partidos, a que se  somam os dos nacionalistas de direita da Catalunha e o País Basco, colocaram nas caixas de aforros os seus amigos e militantes e criaram uma rede de oligarquias provinciais que deu alento à especulação, estendeu a corrupção e que começou a levar ao desastre a grande  maioria das entidades, ao convertê-las em clones dos bancos privados, sem ter capacidade real nem natureza legal para o ser.
E para facilitar a recuperação dos bancos maiores e deixar-lhes todo o mercado consensualizaram a lei das caixas que as levava à sua bancarização forçada, para provocar quanto antes a sua queda e o reforço por essa via dos maiores bancos.
Claro que, em troca, esses mesmos partidos receberam centenas de milhões de empréstimos para ir ganhando as eleições, agora um depois outro, que não devolvem, e puderam colocar nos seus conselhos de administração, ou nos de empresas participadas, dezenas de ex-dirigentes ou sócios.
Logo, quando o sistema ia pelos ares porque aos alemães consumia-os a ânsia de cobrar os empréstimos que com a mesma compulsão tinham dado aos bancos espanhóis todos se conluiaram para negar que iriam pedir um resgate. Há 10 dias que o negava rotundamente o presidente Rajoy: "não vai haver nenhum resgate da banca espanhola" (EFE, 28 de maio).
E quando o pediram, negam o que efetivamente pediram: 100.000 milhões de euros para entregar à banca e que vamos pagar todos os espanhóis. Negam que vá ter efeito sobre o défice e o prémio de risco, quando será o Estado que terá que o devolver (¿como o fariam outras entidades que se capitalizam precisamente porque não tem dinheiro?) e tratam de fazer crer que é algo positivo e uma ajuda generosa: "As notícias que trazemos hoje são positivas", disse o Ministro, de Guindos, quando começava a conferência de imprensa que deu para anunciar o resgate.
Enganam-nos a todos quando dizem que vão resgatar Espanha quando o que vão fazer é afundá-la durante anos. Enganaram-nos os bancos, enganaram-nos os governos do PSOE e do PP. Enganaram-nos os dirigentes europeus que estão embriagados de ideologia neoliberal e não se dão conta de que as medidas que tomam levam ao desastre os países que as aplica (¿ou por acaso está melhor a economia de Portugal, para não falar dos cidadãos portugueses, desde que foi "resgatada"?). Enganou-nos o FMI que sacou da manga uma informação depressa e a correr só para justificar a decisão já tomada e em que calcula as necessidades de financiamento da banca espanhola numa faixa que se situa, nada mais, nada menos, entre 45.000 milhões e 119.000 milhões de euros. ¿Em que ficamos?
E enganaram-nos esta tarde o presidente Rajoy e o Príncipe Felipe se é que definitivamente foram ver o jogo de futebol quando gritem ¡Espanha, Espanha!, porque o que estão a demostrar é o contrário: Espanha, aos espanhóis de baixo, importamos-lhes um pepino. Eles e o resto dos políticos que permitiram o que acabo de assinalar, junto com os banqueiros e os grandes beneficiários da bolha e da crise, que teriam que viver 500 anos mais para disfrutar de tudo o que ganharam à custa dos espanhóis, são os responsáveis deste engano descomunal. Há que pedir-lhes contas a todos e expulsá-los para sempre.
Juan Torres López, Catedrático de Economia Aplicada na Universidade de Sevilha
Mudando-se os nomes dos artistas do elenco, reposto de país em país, verifica-se que o guião é o mesmo e ao contrário das novelas ou filmes de cowboys, no fim os maus sobrevivem e proliferam e quem morre são sempre os bons…
Aqui há mãozinhas invisíveis e um realizador de (in)sucessos…