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sábado, 22 de dezembro de 2012

“a máquina de fazer portugueses” pobrezinhos…

Com carradas de razão, vários amigos, conhecidos, ou nem isso ou nada disso discordam do tom pessimista que, consideram, tenho transmitido nestes artigos. Para me fazer perdoar por falta tão grave, pareceu-me adequado escrever um texto positivo com a minha proposta para a salvação do país. No estado em que está o Estado, mal com certeza não fará.
Azeredo Lopes
Na senda do que há largos anos fez Jonathan Swift com "Uma proposta modesta" e depois se leu nos escritos luminosos do Conde de Abranhos, exponho humildemente o seguinte a Vossas Mercês.
Proponho que Portugal se assuma como centro de excelência na indústria da produção e transformação de pobres, também conhecidos como sem cheta, tesos, miseráveis, sem pilim ou esfomeados. O projeto tem financiamento garantido por duas razões, ambas ligadas à abundância disponível da matéria-prima.
A primeira é a de que pobres não nos faltam, e a cada dia que passa se reproduzem como coelhos. Já alguém parou para pensar nem que fosse por um segundo na magnífica capacidade transformadora de um país que consegue pegar numa família remediada e pô-la pobre num ápice?
A segunda razão é a de que dispomos de muitos catedráticos da pobreza. São os seres mais admiráveis da nossa sociedade e perante eles me curvo. Nunca foram pobres, mas sabem tudo sobre eles. Percebem-nos, admiram-nos, são como o velho hortelão que no seu cantinho de terra faz medrar repolhos e couves-galegas. Pobres, querem cada vez mais: haverá melhor prova de amor? É por isso (e só por isso) que, com deslumbrante coerência, não querem gastar um tostão que seja com eles. Porque logo o seu número se multiplica.
Comprova-se como a indústria dos pobres é uma bênção para o país: aumenta-se a produção gastando menos. Ou nada.
Até já temos uma novíssima doutrina tipológica do pobre.
O sucedâneo de pobre, desde logo. Esse é uma ovelha ranhosa: sendo imperioso trazê-la para o reto caminho. Nesta categoria se inclui a classe média, isto é, aqueles que ganham o salário mínimo, os pindéricos dos reformados e os vigaristas que recebem RSI. Acima, todos ricos: percebe-se como ainda há muito trabalho a fazer.
Chegamos, depois, ao grupo dos verdadeiros pobres. Mas mesmo aí se encontram os de duvidosa cepa. Porque só serão de qualidade superior (pobres vintage) os que além de o serem passem fome. Sejamos porém profissionais: não chega uma malnutrição de segunda apanha, porque só ascenderá a pobre excelentíssimo aquele que coma apenas em dias alternados.
Olhem. Olhem para as primeiras páginas dos jornais da última semana e vejam como estamos no bom caminho: "Taxa extra a pensionistas passa de 2500 pessoas para mais de 272 mil" (DN), "IRS vai penalizar mais quem menos ganha" (DN), ou "Ser mãe triplica a desigualdade" (JN).
De segunda a quarta, só detetei uma desgraçada notícia: "Cantinas abrem nas férias para matar a fome" (JN). Abrem para matar a fome? Mas que pouca-vergonha é esta? É o costume: lança-se a indústria nacional da pobreza e logo aparece alguém a sabotar.
Felizmente, o Governo vela por nós. O Orçamento que preparou para 2013 vai garantir o crescimento explosivo desta indústria de ponta. Afaste-se esta mania tão portuguesa de dizer mal. Queremos mais pobres? Vamos consegui-los: é de facto a indústria das indústrias.
Dirão os céticos: o Estado não gasta e tira-nos tudo o que pode e não pode. Pois faz muito bem, e daqui lhe agradeço penhorado. Com essa atitude visionária, reforça a unidade dos portugueses: quase todos seremos pobres e assim se acaba a desigualdade de rendimentos.
Estou aliás ansioso pela próxima reunião com colegas estrangeiros. De forma impertinente, costumam perguntar: "Aquilo em Portugal está mal, não está?". Desta vez, direi impante: "Qual mal, qual carapuça! Somos quase líderes na criação de pobreza!". E, quando me olharem invejosos, rematarei com incontido orgulho: "Não estavam à espera, pois não? Olhem, como se diz na minha terra: tomem e embrulhem!".
Feliz Natal. E, se não der maçada, sobrevivam.

Ecos da blogosfera – 22 dez.

Boas festas, para quem gosta do Natal: Litania para o Natal de 1967

Algumas oferendas de Natal do reizinho Gaspar…

A partir de janeiro de 2013 cerca de 77.500 pensionistas do regime geral da segurança social e 194.779 da Caixa Geral de Aposentações vão ficar sujeitos a uma Contribuição Extraordinária de Solidariedade que terá um efeito prático (no valor mensal das reformas) semelhante ao corte médio de 5% dos salários dos funcionários públicos  que está em campo desde 2011. Esta CES foi criada em 2011, mas vai sofrer alterações significativas no próximo ano. Veja como funciona.

Pensões abrangidas
Todas as pensões de natureza pública, privada, cooperativa ou outra são sujeitas a contribuição extraordinária de solidariedade, incluindo as suportadas por institutos públicos, entidades reguladoras, de supervisão ou de controlo, empresas públicas (nacionais, regionais ou municipais) ou caixas de previdência de ordens profissionais.
Isto significa que além das pensões ou equivalentes pagas pelo regime geral da Segurança Social ou pela Caixa Geral de Aposentações, a taxa abrange também o fundo de pensões do Banco de Portugal bem como as pensões geridas por entidades privadas, mas de cariz obrigatório (caso dos bancários ou da caixa dos advogados e solicitadores).
2º Pilar
A CES passa, a partir de janeiro, a incidir igualmente sobre as pensões do chamado segundo pilar de proteção social, ou seja, aquele que inclui os regimes de proteção complementar (normalmente de iniciativa empresarial) e que não têm cariz obrigatório. Trata-se de sistemas de capitalização, constituídos habitualmente junto de seguradoras através de planos de pensões. As contribuições para estas planos podem ser asseguradas pelas entidades patronais e pelos trabalhadores ou exclusivamente pelas primeiras.
Regime Público de Capitalização
As contribuições para o Regime Público de Capitalização – criado durante o primeiro Governo de José Sócrates e que ficou conhecido como o PPR público – também contam para o cálculo das pensões sobre as quais incide esta contribuição extraordinária.
O que não está abrangido
Os produtos de investimento financiados pelas poupanças individuais (onde se incluem os PPR) não contam para a soma dos valores sobre os quais incide a CES. Nos regimes complementares, fica também de fora do alcance desta contribuição a componente do reembolso de capital na parte relativa ás contribuições do beneficiário.
Valores e taxas
A CES incide sobre o valor das pensões ou rendimentos equivalentes que ultrapassem os 1.350 euros mensais. A fórmula encontrada para que o esforço contributivo dos pensionistas seja equivalente ao esforço que tem sido pedido aos trabalhadores no ativo, resulta num corte de 3,5% sobre o montante das pensões até 1.800 euros e de 16% na parte entre os 1.801 e os 3.750 euros.

O corte será de 10% quando o valor total das pensões ultrapasse os 3.750 euros.
As pensões mais elevadas estão ainda sujeitas a uma contribuição mais elevada, nas partes em que excedam 12 vezes o valor do indexante de apoios sociais e 18 vezes o IAS. Desta forma, os valores acima de 5.030 euros mensais estão sujeitos a um corte de 15%, e a parte que exceda os 7,545 euros mensais a uma taxa de 40%.

Universo
Dados facultados pelo Ministério das Finanças indicam que o número de pensões de valor superior a 1.350 euros pagas pela segurança Social é de 77.338. o que equivale e 2,8% do total daqueles pensionistas. Na CGA há 194.779 reformas (33,2% do universo total) que ultrapassam aquele valor e por isso entram no raio de ação da CES
A redução do limite das deduções com as despesas de saúde, casa e educação está em vigor desde o início deste ano, mas só agora, quando os contribuintes começarem a preparar a entrega da declaração do IRS, se vai sentir o efeito prático destas mudanças. O impacto será sentido por todos, sobretudo pelos que ganham menos, porque neste caso serão afetados pela alteração do cálculo do valor gasto com a saúde. Quem tem rendimentos mais elevados acabará por ser menos penalizado face ao que já era. O "susto" terá início em março.

A UE criou um estranho inimigo chamado POVO…

Criada para dar uma forma política aos valores comuns dos europeus, a União Europeia, com a cumplicidade dos seus Estados-membros, acumulou poder e competências em detrimento dos interesses dos povos que devia defender, denuncia o escritor irlandês Colm Tóibín.
A União Europeia parece um sonho esquisito; serviu para dar forma e criar um conjunto de valores políticos num complexo sistema que poria os valores humanos, uma cultura rica e a noção de igualdade mesmo no centro das suas preocupações. Acontece que, como sistema, a União Europeia seria capaz de aguentar tudo, menos uma crise.
Neste momento, sob a pressão de uma crise financeira, os países só conseguem que as suas fronteiras e os seus interesses próprios se sobreponham a qualquer bem comum. Embora as velhas moedas tenham desaparecido quase todas, as velhas mentalidades persistem. Segundo o nosso sentido de lealdade, assim que a pressão se faz sentir, vivemos em Estados-nação, apesar de os nossos bancos funcionarem de acordo com uma nova ordem mundial.
O dinheiro circula como o ar, completamente livre, sendo soprado de um lado para o outro pelo vento, desregulado, instável, incerto. São ideias que estiveram privadas de liberdade. E com as ideias as identidades. Neste momento, sabemos quem é alemão e quem é grego; sabemos que somos irlandeses e que vocês são suecos.
O direito a rir do Rei
É importante recordarmos o significado do sonho. É importante, neste momento, na periferia da Europa onde vivo, recomeçarmos a utilizar a linguagem do idealismo político e cultural, pegarmos na língua que foi degradada pelos nossos políticos e vermos que determinadas (ou indeterminadas) palavras ou conceitos podem significar alguma coisa, mesmo que seja apenas para ficarmos com o consolo que a poesia nos dá, uma língua cheia de sonoridades e responsabilidade, numa época de privações privadas.
Um dos aspetos da nossa herança europeia é a maneira de rir. No nosso dia-a-dia, na literatura e nos contos tradicionais, aquilo que é ridículo e depreciativo está no âmago da sensibilidade europeia. Temos o direito de nos rirmos do Rei que passa por nós com toda a pompa e circunstância. O Rei vai nu. Passámos a vida a rirmo-nos dos nossos dirigentes.
O general sabe que o cabo, assim que chega a casa ou bebe uns copos, perde todo o respeito pela farda e pelas medalhas do general. Em Shakespeare, o parvo ou o coveiro dizem coisas mais acertadas do que o Rei ou o príncipe. Em Cervantes, Dom Quixote é um herói só por ser obviamente pateta. E na Europa, quando nos apetece, rimo-nos de Deus e pensamos que ele, se calhar, é um pouco parvo. Isto é o que nos distingue dos cidadãos norte-americanos, chineses, ou do Médio Oriente.
Na Europa, existe a noção de uma cultura humanista comum a todos nós, qualquer coisa que resulta da liberdade de escrevermos e de lermos o que nos apetece e de termos pensamentos arejados e de criarmos imagens frescas. Houve tempos em que a União Europeia deu mostras de personificar isto mesmo, de exercer uma influência secularizante na Europa ao colocar as ideias humanistas, e a tolerância e a igualdade de oportunidades e a possibilidade de progresso mesmo no seu centro.
A Europa significava progresso, especialmente em países como a Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda, países com estradas más e políticas ultrapassadas. Significou paz nos países que tinham passado pela guerra. Melhorámos a infraestrutura de cortesia da Europa e, aos poucos, a nossa cultura política também se alterou. Mas houve épocas em que a Europa significou dinheiro e poder. Demos conta de que, por exemplo, quando juízes, funcionários públicos, ou políticos irlandeses iam trabalhar para a Europa, recebiam uns salários que pareciam ser muito generosos.
O dispendioso álibi da transparência
O que também aconteceu foi o secretismo de que gozam aqueles que gostam de poder. A União Europeia assentou num sistema diplomático em vez de assentar, digamos assim, num sistema parlamentar. Desse modo, aquilo que acontecia à porta fechada e aparecia em memorandos secretos afetava mais a nossa vida do que aquilo que se passava nos nossos próprios parlamentos nacionais. Quando os membros do Conselho de Ministros se encontravam, faziam afirmações insípidas e posavam para a fotografia. Ninguém sabia o que tinham realmente decidido, nem como. O Parlamento Europeu continua a ser um enorme e dispendioso álibi da transparência.
A União Europeia parecia preparada para assumir cada vez mais poder. Também mostrava não ter interesse em se reformar, ou em analisar os seus próprios procedimentos. Ao recorrer aos sistemas dos diplomatas, criou um estranho inimigo chamado povo. Deste modo apareceram dois poderosos blocos – os cidadãos da Europa, cada vez com menos poder, e os dirigentes da Europa, com mais poder a cada ano que passa. Os dirigentes enganavam muitas vezes o povo; os dirigentes mostravam saber o que era melhor para o povo.
Presos ao euro
No entanto, algumas alterações que fizeram foram maravilhosas. Podíamos atravessar as fronteiras da Europa sem precisarmos de um carimbo no passaporte, ou, quando íamos de carro, sem nos termos de submeter a qualquer tipo de controlo. Podíamos fazer circular mercadorias, na sua maior parte sem pagar direitos aduaneiros. Podíamos viver e trabalhar onde nos apetecesse na Europa. Adorei a maneira como a Europa ocidental abraçou os países do Leste a partir de 1989. Adorei a ideia de que a Europa passaria a ser um espaço de cidades em vez de Estados, porque as nossas cidades e as ideias e as imagens que se espalhavam por toda a parte eram a nossa grande criação europeia.
Adorei a ideia de que o conceito de nacionalidade e nacionalismo passaria a pertencer ao século XIX e o pesadelo do século XX terminava agora. Adorei inclusivamente o euro assim que apareceu e tive orgulho de que a Irlanda tivesse aderido a ele logo desde o início. Adorei os novos éditos que chegavam da Europa sobre ambiente; adorei a liberalização das viagens de avião. Acreditei inclusivamente que chegaria uma altura em que a Europa teria alguma importância no mundo, em que o nosso conceito de direitos humanos seria tão forte como o euro e faria a diferença em relação à realidade da China e do Médio Oriente.
Na Irlanda, nos anos de crescimento, toda a gente tinha trabalho. Não precisávamos de emigrar como sempre tínhamos feito. Trabalhámos imenso. Numa conjuntura de recessão, normalmente seríamos capazes de desvalorizar a nossa moeda e teríamos em conta a inflação. Agora já não podemos fazer isto. O euro serve a Alemanha e outros países ricos e torna competitivas as suas exportações e deixou de nos servir a nós. Mas estamos presos a ele.
Entretanto, a Alemanha e outros países europeus ricos falam como se fossem a fonte de toda a sabedoria na Europa e, talvez mais importante, a fonte de toda a autoridade. Sob pressão, a ideia de União Europeia falhou. Agora, há apenas Estados-nação a cuidar dos seus próprios interesses. Acordámos do grande sonho. É de dia na Europa. Tudo aquilo que temos para nos confortar é a capacidade de rir da nossa loucura e da loucura deles; tudo aquilo que temos é a recordação daquilo que um dia foi possível.
E a seguir a recordação dos quadros, dos livros, da música e das sinfonias, das belíssimas galerias e museus e bibliotecas e edifícios públicos que dão corpo à nossa cultura. Podemos passear à noite solitariamente pelas ruas de Lisboa e de Riga, de Atenas e de Dublin, de Constança e de Estocolmo e ter a noção de que o impulso para a solidariedade social e o idealismo político poderão voltar outra vez, até mesmo mais intensamente agora que conhecemos a sua fragilidade. Mas não tão cedo.

Contramaré… 22 dez.

Os manifestantes interromperam o discurso do vice-presidente executivo da NRA, Wayne Lapierre, que falava pela primeira vez desde que um jovem assassinou a tiro no dia 14 numa escola de Newtown (Connecticut, nordeste) 20 crianças e 6 adultos.  
Lapierre defendeu que a única resposta aos massacres como o de Newtown é colocar um polícia armado em cada escola. "A única forma de parar um bandido com uma arma é opor-lhe alguém bom com uma arma", declarou.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A VERDADE: os contribuintes pagam perdas da Banca!

É preciso que, no futuro, os contribuintes sejam poupados a assumir perdas com o salvamento de bancos, como aconteceu nos últimos anos, sugere o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Para que tal não volte a acontecer, os bancos europeus devem por de parte dinheiro suficiente para evitar o uso de fundos públicos. Um fundo de seguro de depósitos financiado com taxas especiais sobre os bancos é um exemplo a pensar.
Segundo informa a instituição de Washington, pela primeira vez uma equipa do FMI deslocou-se à União Europeia para fazer uma avaliação global da solidez e da estabilidade do sector financeiro da região no âmbito do programa do mesmo nome (PASF).
A visita aconteceu entre "27 de novembro e 13 de dezembro" e permitiu tirar várias conclusões.
Uma delas refere que é preciso "um enquadramento de gestão eficaz da crise para minimizar os custos para os contribuintes". "O passivo potencial dos contribuintes na sequência das falhas bancárias pode ser reduzido através de regimes de resolução".
E dá exemplos: "um fundo de seguro de depósitos comum, preferencialmente financiado por taxas sobre o sector bancário, poderá também reduzir os custos dos contribuintes, mesmo que se demore tempo a constituir as reservas".
Segundo o FMI, a União Europeia "enfrenta grandes desafios", que é como quem diz, dificuldades e complexidades. Para além disso, a crise financeira continua por extinguir. Continuam a existir "crises bancárias e de dívida soberana em algumas partes da União", com um problema adicional, repara o Fundo: é que "a presente conjuntura torna a gestão da situação particularmente difícil".
O FMI elogia os primeiros passos dados na direção da união bancária e do supervisor único (cujos princípios gerais foram aprovados na cimeira europeia da semana passada), mas também avisa que a Europa tem de passar rapidamente das palavras à ação, rompendo assim com uma certa tradição de empatar decisões.
"Os detalhes dos enquadramentos acordados necessitam de ser concretizados para evitar atrasos na obtenção de consensos em pontos-chave", refere o FMI em comunicado.
E aponta para aquilo que deve ser a prioridade na passagem da teoria à prática. "O Mecanismo de Supervisão Único é apenas um passo inicial para uma União Bancária efetiva - ações para chegar a uma autoridade única de resolução [de bancos em crise], um esquema de garantia de depósitos e regras únicas também serão essenciais", escreve o Fundo.
Desde o princípio das “crise” das dívidas soberanas, que uns (muitos) dizem que quem gamou foi a Banca e outros (os PODEROSOS e os do PODER) insistem que vivemos todos acima das nossas possibilidades.
Na verdade, todos sabem que nos embrulharam (aos contribuintes) numa rede mafiosa de interesses financeiros, obrigando-nos a pagar as dívidas que a Banca fez e que estrategicamente passou para os Estados.
Finalmente, vem o FMI confessar, letra por letra, quem foram os bandidos que assaltaram as carteiras dos contribuintes, que tais processos tem que acabar, que a Banca (a europeia, americana e…) é que tem que se precaver contra eventuais “prejuízos” e serem eles a aguentar (logicamente) com as dívidas que fazem.
Vem tarde o aviso, mas sem leis que garantam a exequibilidade, estes conselhos não valem de nada, se os governantes não estiverem do lado dos seus concidadãos e continuarem a exigir o pagamento (com leis ad hoc) a quem nunca deveu nada a ninguém, não tem qualquer corresponsabilidade com dívidas de terceiros e muito menos tem a obrigação de ser solidário com instituições crédito e risco.
Para não sermos obrigados a continuadamente desconstruirmos ESTA MENTIRA DO SÉCULO, os “lucrodependentes” que se calem de vez, puxem dos cordões à Bolsa e deixem-nos desejar um Feliz Ano Novo aos amigos, sem a canga da austeridade injustíssima e falaciosa…
Só é pena, que mais uma vez, o FMI se fique pelas análises e conclusões, e não conclua com medidas drásticas e penalizadoras para os prevaricadores!
A ver vamos, se o Novo Ano não vai ser tão mau como nos desenharam, bastando para tanto passar das palavras aos atos e JÁ!

Ecos da blogosfera – 21 dez.

Pelas bocas do mundo e pelas piores razões…

A imagem dos “homens de negro” que controlam as finanças do país é utilizada num jogo e para um anúncio publicitário. Mas, por trás deste humor, reside o medo de ver a situação económica e social degradar-se ainda mais em 2013.
Em algumas lojas de Lisboa está à venda um novo jogo de cartas chamado “Vem aí a troika”, que, resumidamente, consiste no seguinte: os jogadores tratam de pôr a bom recato os milhões conseguidos graças às suas influências, procuram ganhar eleições e tentam pôr-se a salvo, antes que apareça na mesa uma carta maléfica e estrague tudo – a carta com 3 homens de negro, com cara de poucos amigos, a troika, que fica com tudo.
E há um anúncio de um novo cartão de crédito que permite fracionar em 3 meses o pagamento das compras de Natal, que foi reproduzido nos painéis dos centros comerciais e que reza ironicamente: "Ai se a troika sabe…" Quer dizer: que não saibam que, apesar de tudo, gastamos o pouco dinheiro que nos resta (ou que nos emprestam).
Quebra de 10% do poder de compra
Em Portugal, são constantes as piadas e brincadeiras, para exorcizar a asfixia económica e vital. Porque vão ser umas férias duras. Os funcionários não recebem subsídio de Natal e, além disso, em janeiro, começam a ser aplicadas as novas normas e cortes do orçamento de 2013, o mais polémico e restritivo da história recente do país, que prevê um aumento brutal de impostos, equivalente, em média, à retirada de um mês de salário.
A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal calcula que o comércio português irá cair entre 10% e 15% em relação ao ano passado, que já foi mau. Alguns comerciantes garantem, de cenho franzido, que vendem cerca de 30% menos e alguns taxistas juram que ganham menos cerca 40%, apesar de passarem “todo o santo dia” na rua.
Nas revistas e nos programas de televisão abundam as informações sobre promoções e lojas de artigos em 2ª mão, sobre maneiras de poupar e sobre feiras disto e daquilo. Surgem lojas de móveis usados que reciclam quase tudo, de roupa não muito usada e de apetrechos que se revendem até ao infinito.
A economia regrediu cerca de 3% este ano, o consumo em geral quase 2% e o desemprego disparou até aos 16%, uma taxa nunca vista em Portugal. Os sindicatos calculam que, nos últimos anos, os trabalhadores perderam perto de 10% do poder de compra. "E em 2013 vai ser pior", segundo o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos.
"Já não estamos à beira do abismo"
Assim, os portugueses perguntam-se, acima de tudo, quando vai terminar esta corrida para o nada. O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, considera que tudo começará a mudar no 2º semestre de 2013. O problema é que, precisamente há um ano, pensava o mesmo de 2012, um ano que só serviu para aprofundar o buraco.
Para já, tudo indica que 2013 será pior, muito pior. Além do aumento de impostos, da extorsão dos pagamentos extra e das inúmeras taxas que o português médio tem de pagar agora, o Governo já anunciou que, em fevereiro, apresentará à troika um plano estrutural que prevê uma poupança de €4 mil milhões e que se baseará sobretudo em reduzir a dimensão das estruturas do Estado, saúde e educação incluídas.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, já avisou, numa polémica entrevista concedida há algumas semanas, que estava a ser estudada uma maneira de os cidadãos pagarem ou ajudarem a financiar o ensino secundário dos filhos.
Seja como for, nem tudo é tão negativo. O mesmo Passos Coelho, que, em geral, aparece na televisão para dar as más notícias à população, deu ontem, numa visita oficial à Turquia, no momento de falar de macroeconomia, uma notícia que poderá ser interpretada como boa: "Pela primeira vez desde há algum tempo, já não estamos à beira do abismo”.
Privatizações - Um país à venda
Portugal acaba o ano com uma série de privatizações, que incluem a TAP (transportadora aérea portuguesa), a televisão pública (RTP) e a empresa que gere os aeroportos (ANA). O Governo de Lisboa espera ainda finalizar a privatização dos Estaleiros de Viana do Castelo. A escolha será entre as propostas apresentadas pelo grupo brasileiro Rio Nave e pelos russos da RSI Trading.
O único comprador interessado na TAP, o magnata brasileiro-colombiano Germán Efromovich, ofereceu €350 milhões pela companhia, atingida por uma dívida de €1,2 mil milhões. O Estado Português (que arrecadará apenas 10% dos 350 milhões) anunciará a sua decisão sobre a venda a 20 de dezembro. Comentando o negócio, o diretor do Jornal de Negócios Pedro Santos Guerreiro escreve: “O Estado caiu numa armadilha: só tem um interessado e não tem tempo para melhor. [...] O dinheiro que Efromovich se propõe gastar vai todo para "dentro" da TAP. [...] O Estado entrega a empresa recebendo nada ou quase nada”.
A corrida entre 4 consórcios ansiosos para adquirirem a Aeroportos de Portugal (ANA) também é muito controversa. Os "Franceses da Vinci dão 3 mil milhões pela ANA", revelou o Jornal de Negócios.
Quanto à televisão pública, o Expresso explica que “o Governo tem 3 modelos para a RTP” – gestão através de concessão a privados, privatização de 49% do capital com um compromisso absoluto de gestão em cooperação com o operador privado ou reestruturação. O Governo parece preferir a privatização, avança o semanário, que acrescenta que o assunto ficará resolvido até ao final do ano. Até agora, o único interessado é o grupo angolano Newshold, dono do semanário português Sol e de parte do grupo de comunicação social Cofina.
Em dezembro de 2011, o Governo português vendeu a sua posição maioritária (21,3%) na empresa nacional de eletricidade (EDP) à empresa pública chinesa Three Gorges, por 2,7 mil milhões de euros.

Temos sorte! A Lusofonia não pode ser privatizada…

Não é demais dizer-se que o Português é a língua da moda.
Ana Grácio Pinto
No final de novembro, um estudo da uma empresa internacional de análise da atividade de redes sociais, revelava que a “língua de Camões” foi a que mais cresceu em toda a rede Facebook, entre maio de 2010 e novembro de 2012, sendo já o 3º idioma mais falado na maior rede social do mundo. Um mês antes, a revista internacional “Monocle” dedicava a edição de outubro ao mundo lusófono, uma publicação mensal de culto para muitos e que marca tendências em todo o mundo desde 2007, explica o porquê de o português ser a “nova língua do poder e dos negócios”
Na apresentação do livro “Potencial Económico da Língua Portuguesa”, que reúne os resultados de um estudo sobre a importância económica do Português, a presidente do Instituto Camões da Cooperação e da Língua, alertava que o seu valor económico deve ser potenciado “não só por razões internas”, mas também “porque há uma ligação muito estreita entre a rota da língua e a rota dos negócios”. Opinião secundada por Marcelo Rebelo de Sousa, a quem coube a apresentação da obra. “A língua portuguesa tem um valor incomensurável para Portugal e para a sua afirmação na lusofonia e mundo”, afirmou o professor catedrático, jurisconsulto e comentador político, acrescentando ainda ser também fundamental “sensibilizar os decisores políticos e económicos” para o facto de que “mais do que a identidade nacional, a língua portuguesa é um valor económico”.
Não há dúvidas de que o Português é uma língua cada vez mais global e tem uma importância económica que não para de crescer. Foi por isso que a revista internacional «Monocle», uma publicação mensal de culto editada no Reino Unido e que marca tendências em todo o mundo desde 2007, dedicou à Língua e à Lusofonia, a sua edição de outubro deste ano.
Língua de poder e de negócios
Ao longo de 258 páginas, a publicação refere todos os países de Língua Portuguesa para mostrar “o porquê de o português ser a nova língua do poder e dos negócios”.
Com o título “Geração Lusofonia” e mais de 10 artigos sobre política, economia, cultura e design em português, a revista “diz ‘olá’ ao mundo”, centra-se numa comunidade que “faz negócios com um ritmo único” e questiona se não será este o momento de “libertar o (seu) enorme potencial”.
São soalheiras, lindas e seguras, mas Portugal parece não saber o que fazer com elas. Talvez seja tempo de começar a reconhecer o potencial dos Açores”. É esta a entrada para um dos artigos de destaque da edição, intitulado “Esperando nas ilhas”, mas toda a revista é dedicada não só a Portugal como a todo o mundo lusófono, com temas desenvolvidos do Brasil a Timor, de Moçambique a Angola.
Uma reportagem no atelier de Álvaro Siza Vieira no Porto para falar da arquitetura nacional, uma entrevista com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, António Patriota, um artigo sobre os portugueses que estão a trocar Lisboa por Luanda e outro sobre a arquitetura portuguesa de Maputo são apenas alguns dos temas em destaque.
Além de visitas ao Brasil, a Angola e a Moçambique, há relatos de uma viagem a Lisboa e ao Porto, aos Açores e à Comporta, no estuário do rio Sado. A reportagem passou também por Coruche, onde a família Amorim continua a trabalhar na maior indústria corticeira do planeta, para contar como a “melhor cortiça do mundo” fornece produtores de vinho “icónicos”, designers de moda e até a NASA.
A “Monocle” enumera as 20 melhores estrelas de língua portuguesa, revela o segredo dos centros comerciais de São Paulo e descreve negócios que vão das antigas conservas de peixe portuguesas às famosas sandálias brasileiras “Havaianas”.
O editor internacional da revista, Steve Bloomfield, que esteve em Lisboa, visitou ainda a sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), reconheceu que já há tentativas de juntar os países para trabalharem juntos e que “algum do trabalho da CPLP é fascinante e incrivelmente ambicioso”, mas defendeu que ainda há oportunidades a explorar. “A maior vantagem que vocês têm é que toda a gente adora os brasileiros e os portugueses. Têm muita empatia (soft power - poder suave), são populares em todo o mundo e podem mesmo tirar partido dessa boa vontade”, afirmou.
Noutro artigo, intitulado “Voando sob uma bandeira Global”, dois jornalistas afirmam que “embora Portugal não esteja a passar pela mais bem-sucedida fase da sua economia, ainda é o lar de alguns negócios poderosos e crescentes”, e indicam que Angola e Brasil “estão (juntos) numa liga própria, quando se trata de vigor empresarial”. De seguida, enumeram 15 grupos empresariais lusófonos que consideram como os “15 principais atores no mundo de língua portuguesa”. Entre estes, estão os portugueses Espírito Santo Group, a Portucel Soporcel, a Portugal Telecom, a Sonae e as Conservas Ramirez.
No artigo de abertura da edição dedicada à lusofonia o editor internacional da “Monocle” escreveu que sentem “que o mundo lusófono é muitas vezes ignorado pelos outros e era altura de alguém reparar(…) nos países que estão a crescer economicamente e onde estão a acontecer coisas fantásticas”.
O jornalista cita ainda o chefe da diplomacia brasileira, quando diz que “há muitas histórias positivas a sair do mundo lusófono”. E refere a opinião de António Patriota acerca do idioma comum aos 8 países lusófonos (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste). “Nós temos muito orgulho na língua que usamos”, disse o governante brasileiro, acrescentando com um sorriso: “é uma língua muito bonita”.
A finalizar, Steve Bloomfield deixa um desafio: “está na hora de o resto do mundo começar a aprender um pouco de português”. “Quanto ao resto do mundo, acreditamos que poderia beneficiar de um pouco de Lusofonia”, conclui.

Contramaré… 21 dez.

O Governo decidiu recusar a proposta de compra do grupo Synergy para a TAP, o único concorrente à sua privatização.
Para Nuno Magalhães, neste processo “era preciso defender Lisboa como continuação de plataforma de voos para África e para a América Latina, perceber a importância de proteger o interesse de Portugal, de manutenção de voos para países que são, do ponto de vista estratégico, importantes para Portugal e para os imigrantes e para as ilhas”.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Quaisquer coincidências são meras coincidências…

Luiz Eduardo de Oliveira e Silva é irmão e sócio de José Dirceu. José Dirceu foi um dos homens fortes do PT brasileiro e o pior daquele partido. Principal responsável pelo caso mensalão e condenado a 10 anos de prisão. Gente fina, portanto. E gente fina com quem o ministro Miguel Relvas tem relações próximas.
Daniel Oliveira
Em Novembro do ano passo Luiz Oliveira e Silva veio a Portugal. Veio fazer contactos com o mundo da finança e da política portuguesa. Objetivo: interceder em favor de Efromovich para o negócio da TAP. Algumas semanas antes, o empresário boliviano-colombiano-brasileiro-polaco (depende do negócio que quer fazer) tinha sido recebido por Miguel Relvas. Para mostrar o seu interesse pela TAP.
A reuniões do irmão de Dirceu foram articuladas com o escritório de advocacia Lima, Serra, Fernandes & Associados, de Fernando Lima, parceiro dos vários gabinetes de José Dirceu no Brasil. Os contactos financeiros foram com Ricardo Salgado (sempre ele), os políticos com Miguel Relvas. Em Outubro, o jornal "Globo" deu conta destes contatos: "Quem está ajudando o empresário Gérman Efromovich a comprar a TAP é o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares de Portugal, Miguel Relvas" que "tem amigos influentes no Brasil - inclusive, Zé Dirceu." Só depois de todos estes contactos é que Efromovich surge como candidato à privatização da TAP.
A notícia vem no "Público" de ontem. Saberemos, espera-se, mais pormenores nos próximos tempos. Porque conhecemos agora o princípio da história - as rede de relações de Relvas no Brasil com a mais corrupta da elites brasileiras (a que gravita em torno de Dirceu) mexeram-se para ficar com a TAP - e no fim - Efromovich acabou como único candidato à privatização da companhia aérea por uns trocos. Só o que está no meio pode explicar como foi isto possível.
Também sabemos algumas coisas sobre o estranho processo de privatização da RTP. Que começa com a ideia da concessão com os contribuintes a pagar e acaba com a Newshold a assumir-se como única candidata a 49,51% da RTP. Ficando a mandar, sozinha, no canal público. Com os cidadãos a pagar a taxa de audiovisual. Mais uma vez, coincidência das coincidências, o candidato único parece estar integrado na excelente rede de relações que Miguel Relvas tem em Luanda. Com quem, só podemos imaginar. Porque a maioria parlamentar acabou de chumbar uma lei que obrigaria as empresas de comunicação social a declararem quem são os seus proprietários.
Não é preciso elaborar nenhuma teoria da conspiração para perceber o que se está a passar neste País. E o resultado será este: a rede internacional de contactos de Miguel Relvas, que integra o que de mais nebuloso pode existir no mundo empresarial, vai tomar conta da economia portuguesa, através do seu homem em Lisboa. E depois de o fazer nada poderá ser desfeito. Se outras razões não existissem para a urgente saída desta gente do governo, esta chegaria. Portugal, já tão minado pela corrupção, corre o risco de se transformar numa lixeira empresarial.
Taxar os Ricos (um conto de fadas animado)


Ecos da blogosfera – 20 dez.

O “espírito natalício” da UE deve ser quando é preciso!

O presidente da Comissão Europeia anunciou que 23.000 crianças vítimas de guerras e conflitos serão ajudadas com o dinheiro do Prémio Nobel da Paz atribuído à União Europeia, montante que Bruxelas decidiu duplicar para este fim.
Numa cerimónia na sede do executivo comunitário, José Manuel Durão Barroso precisou que o dinheiro do Nobel, 930.000 euros, que a Comissão aceitou oficialmente em nome da União e que decidiu aumentar para 2 milhões de euros para oferecer às crianças mais necessitadas, financiará 4 projetos abrangidos pela iniciativa "Crianças da Paz".
A iniciativa irá então abranger cerca de 4.000 crianças sírias refugiadas em campos na fronteira entre o Iraque e a Síria, mais de 5.000 crianças colombianas, a maioria delas refugiada no Equador, 11.000 crianças congolesas deslocadas da parte oriental da República Democrática do Congo e refugiadas na Etiópia, e, por fim, 3.000 crianças paquistanesas que vivem na região do norte do Paquistão afetada por um conflito.
A 10 de dezembro passado, a União Europeia recebeu o Prémio Nobel da Paz de 2012 por ter contribuído durante mais de 6 décadas para a promoção da paz e da reconciliação, a democracia e os direitos humanos na Europa, tendo a decisão de doar o dinheiro sido decidida por unanimidade pelos presidentes da Comissão Europeia, Durão Barroso, do Parlamento Europeu, Martin Schulz, e do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.
"Era evidente para nós que o dinheiro do Prémio Nobel da Paz devia ser direcionado para os mais vulneráveis, que também são, muitas vezes, os mais afetados pelas guerras: as crianças de todo o mundo", declarou Durão Barroso, segundo o qual "todos os rapazes e raparigas do mundo devem ter a oportunidade de desenvolver os seus talentos", também porque "promover a educação contribui igualmente para obter uma paz duradoura".
A Comissão garantiu ainda que a iniciativa "Crianças da Paz" da UE não será uma ação pontual e novos fundos serão disponibilizados no próximo ano para outros projetos a favor de crianças vítimas de conflitos.
Assim sendo, ainda bem que a União Europeia ganhou o Nobel, para que “algumas” crianças possam beneficiar do espírito natalício, que se traduz na distribuição do montante do prémio, em dobro, e que ao que dizem, não ficará por este ano.
Esperemos que esta atitude não seja fruto das circunstâncias e que as circunstâncias sejam o fruto de mais e muitas ações da União, em favor das suas crianças e de todas as que precisam de um aconchego ou de um mimo, e que o espírito de solidariedade seja quando a UE (e os demais países ricos) quiser(em)...

Daqui a ano e meio Portugal pode ser a Grécia de hoje!

Um traumatologista alemão habituado a cenários de drama esteve na Grécia. O que viu naquela sociedade à beira da explosão ultrapassou os seus piores receios. Excertos.
A especialidade de Georg Pieper é a traumatologia. Sempre que uma catástrofe se abateu sobre a Alemanha, o traumatologista foi até lá. Depois dos atentados de Oslo e de Utøya, Georg Pieper foi à Noruega, onde trabalhou com os seus colegas. Observa as situações à lupa e tira conclusões sobre a extensão da catástrofe.
Em outubro, Georg Pieper passou alguns dias em Atenas, onde deu cursos de traumatologia a psicólogos, psiquiatras e médicos. Esperava encontrar uma situação difícil, mas a realidade ultrapassou as suas piores apreensões.
Para o alemão consumidor de informação, a crise é uma história antiga. Revelou-se-nos sobretudo através de expressões como “fundo de resgate” ou “buraco de vários biliões”. Em vez de analisar o contexto global, vemos Angela Merkel em Berlim, em Bruxelas ou em qualquer outro sítio, a sair de uma limusina preta, com um ar sério.
Mas isso não nos mostra a verdade, a verdade sobre a Grécia, sobre a Alemanha, sobre a Europa. Georg Pieper fala em “repressão maciça” para classificar o que está a acontecer à frente dos nossos olhos. Os mecanismos de defesa dos líderes políticos, especialmente, funcionam às mil maravilhas.
Um traumatismo coletivo
Em outubro de 2012 foi esta a Grécia que se lhe apresentou: mulheres grávidas em fim de tempo a acorrerem aos hospitais suplicando para serem admitidas, mas por que não têm nem seguro de saúde, nem dinheiro suficiente, ninguém as quer ajudar a trazer ao mundo os seus filhos. Pessoas que, ainda há pouco, faziam parte da classe média, a catarem os restos da fruta e dos legumes no lixo, nos arredores de Atenas.
Um homem idoso explica que já não consegue pagar os medicamentos para os seus problemas cardíacos. A sua reforma foi reduzida a metade. Trabalhou durante mais de 40 anos, pensava ter feito tudo o que era necessário e, hoje, deixou de conseguir compreender o mundo.
As pessoas internadas nos hospitais são obrigadas a levar os seus próprios lençóis e a sua própria comida.
Desde que as equipas de manutenção foram dispensadas, são os médicos, os enfermeiros e os auxiliares de saúde, que desde há meses não recebem ordenado, que tratam da limpeza.
Não há luvas descartáveis nem cateteres no hospital.
A União Europeia avisou o país sobre o perigo de propagação de doenças infeciosas.
Por falta de meios financeiros, neste momento, há blocos inteiros de edifícios sem fornecimento de energia. Na primavera, um homem de 77 anos suicidou-se com um tiro, em frente ao parlamento, em Atenas. Antes de se matar, escreveu: “Deste modo, não deixo nenhuma dívida aos meus filhos!”. A taxa de suicídio duplicou nos últimos 3 anos.
Um traumatismo é um acontecimento que abala a perceção do mundo de um indivíduo até aos seus fundamentos. A experiência é tão violenta que mergulha a pessoa num turbilhão de absoluto sofrimento. Só os espíritos cínicos falam ainda de regressão social quando o assunto é a Grécia. O que atualmente observamos é um traumatismo coletivo.
Multiplicação de grupos violentos
“A crise atinge especialmente os homens”, afirma Georg Pieper. Como sabemos, os homens, muito mais do que as mulheres, baseiam a sua identidade sobre o trabalho e, portanto, no seu valor de mercado. Ora, o valor de mercado da maioria desce sem cessar. A crise também lhes prejudica a virilidade. Atualmente, os problemas psíquicos, como as depressões, propagam-se na Grécia como se de uma epidemia se tratasse. Não é surpreendente que 3/4 dos suicídios sejam cometidos por homens.
Não é preciso ser uma Cassandra ou sequer um especialista para conseguir imaginar a incidência que isso pode ter sobre as relações sociais entre os indivíduos e sobre o cimento da sociedade grega. O ressentimento contra um sistema corrupto, pervertido, e contra a política internacional, cujas tranches de ajuda caem nas mãos dos bancos em vez de servirem para salvar as pessoas, é enorme e continua a crescer. Os homens levam esse ódio para dentro da família e os seus filhos traduzem-na em atos, na rua. Assistimos a uma multiplicação de grupos violentos que atacam as minorias.
No mês de novembro, os Estados Unidos difundiram um alerta aos viajantes que tencionam ir à Grécia – ali, especialmente as pessoas de cor, estão sob ameaça. Para um país como a Grécia, que tem uma imagem de terra hospitaleira, isso é chocante, diz Georg Pieper.
Egoísmo suplanta a solidariedade
Em tempos normais, nem mesmo o mais terrível dos golpes de sorte põe de joelhos o indivíduo, explica Georg Pieper, porque todos nós somos dotados de um instinto de sobrevivência extremamente desenvolvido. Essa é a boa notícia. A má, é que esse instinto de sobrevivência só é efetivo numa sociedade em funcionamento, capaz de amortecer o choque. A tragédia de Utøya demonstrou a força que uma tal sociedade é capaz de desenvolver. Depois do massacre, toda a Noruega deu o seu apoio às vítimas, como se alguém tivesse coberto o país com um manto de solidariedade.
Na Grécia, os fundamentos da sociedade foram minados até ao afundamento dessa mesma sociedade. A crise destruiu o Estado-Providência. “Nestas situações dramáticas, o homem transforma-se em besta”, explica Georg Pieper. A necessidade empurra-o para a irracionalidade. O egoísmo suplanta a solidariedade.
Há algumas semanas, a Transparency International publicou o seu índice mundial da corrupção. O país está no último lugar dos países europeus, não muito longe da Colômbia ou do Djibuti. Tais notícias são puro veneno.
Georg Pieper suspira: “Pergunto-me quanto tempo mais esta sociedade vai aguentar sem explodir”. Segundo ele, a Grécia está à beira de uma guerra civil. E isso diz-nos respeito a todos.

Contramaré… 20 dez.

"Em poucos dias, o Governo português vai-se desfazer da companhia aérea nacional, a TAP; dos aeroportos portugueses; decidirá a sorte da sua televisão pública e venderá os estaleiros de Viana do Castelo", começa o El País.  "Enquanto os cidadãos, sobrecarregados por cortes de serviços públicos e subidas de impostos equivalentes a um mês de salário, assistem estupefactos e deprimidos a esta cerimónia de despojamento que começou há um ano".

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Um bodo aos pobres ou um presente do Pai Natal?

A agência de rating Standard & Poor's subiu, esta terça-feira, o grau de crédito da Grécia em 6 pontos, arrancando o país da dívida pesada, mas mantendo os seus títulos desvalorizados em lixo.
A agência informou que a subida para B- (o valor mais elevado dado à Grécia desde junho de 2011) reflete a perspetiva de que os outros 16 países da União Europeia que usam o euro estão determinados a manter a Grécia dentro da união monetária.
A informação refere que a alteração deu à Grécia uma perspetiva estável, já que é menos provável que a sua classificação mude novamente em breve. "A perspetiva estável equilibra a nossa visão da determinação dos Estados-membros da zona euro em apoiar a manutenção da Grécia da zona do euro e do compromisso do Governo grego de um ajuste fiscal e estrutural perante os desafios económicos e políticos para o fazer", referiu a Standard & Poor's, em comunicado.
O ministro das Finanças grego saudou o aumento, comprometendo-se a avançar com as reformas e as medidas de poupança prometidas. "É uma decisão que cria um clima de otimismo, mas estamos conscientes de que ainda enfrentamos um percurso longo e árduo", afirmou Yannis Stournaras, acrescentando: "Não estamos relaxados nos nossos esforços".
Esta atualização era esperada desde que, no início do mês, a agência financeira baixou temporariamente a classificação da Grécia para o mais baixo "rating" da sua escala, porque o país estava de novo a comprar a sua própria dívida.
Tendo nós já concluído que as avaliações da troika (a julgar pelas obtidas pelos desastres de Gaspar) são meras encenações, sem ensaio, que são tanto melhores quanto o nível de vida piora, faltava-nos a prova de que as avaliações das agências de rating usam o mesmo método.
Também já tínhamos percebido e denunciado há muito, que estas avaliações estão coladas aos interesses dos “prestamistas”, que desde que haja dinheiro para pagar as dívidas que obrigaram os países a fazer, redundam sempre em “sucessos”…
Como será possível que a Grécia, que piora exponencialmente as suas condições socioeconómicas, tenha recebido este presente de Natal, exatamente de uma agência que a atirou para o lixo? É porque a Zona Euro decidiu, no passado dia 13, desbloquear uma nova tranche de 34 mil milhões de euros de ajuda à Grécia, o que permitirá aos credores sacar a maior fatia deste bolo… Vai daí, toca a aliviar o estigma e “animar” o povo grego, para que se convença de que estão a seguir em frente (como nós) para o abismo, mas cantando e rindo…
O pior é que com esta avaliação a Standard & Poor's deixa a Grécia (B-) a 4 níveis de Portugal (BB), ambos os países com ‘rating' conhecido por ‘lixo', mas a Grécia não só abandona o nível de "incumprimento seletivo" como fica com Outlook estável, e com uma dinâmica positiva, enquanto Portugal mantém o Outlook negativo e a tendência para a queda. Mas nós não somos a Grécia!
Não é por acaso que o líder grego Alex Tsipras (esquerdista radical, mas nem por isso estúpido) diga que "A Grécia hoje pode ser Portugal amanhã", porque "A Grécia está um ano, um ano e meio à frente de Portugal na recessão. Os países têm a mesma experiência, os mesmos inimigos e o mesmo tratamento da troika". Só quem não quer entender é que quer esconder…
Pelos vistos, constata-se uma “santa aliança” entre a troika e as agências de rating (por enquanto a S & P, mas brevemente as restantes), naturalmente, porque todos os agentes financeiros trabalham com a mesma MISSÂO: servir os seus AMOS, que nós odiamos!
É mais um insulto à inteligência de todos os cidadãos informados e bem formados…
O poder da manipulação no PODER!