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sábado, 11 de agosto de 2012

“Mais FRACOS, mais LENTOS, mais BAIXOS”

Uma conferência sobre a fome vai reunir no domingo, em Londres, representantes de governos, empresas e organizações não-governamentais, uma iniciativa do Reino Unido e do Brasil no último dia dos Jogos Olímpicos 2012.
A reunião tem por objetivo "chamar a atenção" para o problema da subnutrição e "encorajar a comunidade internacional a fazer progressos nesta matéria até 2016", ano em que se realizam os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, disse um porta-voz do governo britânico.
A conferência será copresidida pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, e pelo vice-presidente brasileiro, Michel Temer, e espera-se a participação da primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, o vice-presidente da Zâmbia, Guy Scott, o ministro do Comércio do Canadá, Ed Fast, e representantes de várias empresas.
David Cameron explicou por que quis organizar a conferência durante os Jogos Olímpicos: "Estamos todos ocupados a pensar na próxima medalha de ouro, mas há milhões de criança no mundo que não sabem se vão ter uma refeição". "Há 170 milhões de crianças que sofrem de subnutrição. Nalguns casos, a subnutrição leva à morte, mas em muitos casos provoca atrasos no crescimento e doenças", acrescentou.
O futebolista britânico David Beckham, embaixador da UNICEF, entregou em julho ao primeiro-ministro britânico uma carta assinada por várias personalidades como o cantor Robbie Williams ou o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton, apelando para a ação no combate à subnutrição infantil.
Até pode ser só treta (ao que já nos habituamos), mas fica-nos sempre a certeza de que afinal os que tem o prato cheio não conseguem esquecer os pratos vazios de tantos, quanto mais não seja para merecerem o digestivo…
E apesar de anunciarem que a pretensão se resume a chamar a atenção para o problema da subnutrição e encorajar a comunidade internacional a agir, a indiferença de poucos (poderosos e abastados) não pode condenar 170.000.000 de crianças indefesas e paupérrimas…
Não pode! Este mundo também é dos “mais fracos, mais lentos e mais baixos”, que não tem culpa nenhuma…

Ecos da blogosfera - 11 ago.

Reposição de NOVELA SEM SUCESSO e fim moralista

O que se passa em Espanha? Na última parte da sua visita, o jornalista da "Der Spiegel" Juan Moreno chega à aldeia dos seus pais em Espanha, onde percebe que a crise mudou profundamente a vida dos espanhóis e a da sua família.
Chego a Castellón, uma cidade costeira adormecida no Mediterrâneo, com um parque agradável e um centro comercial horrível. Quando era criança, gostava de Castellón, o último local onde parávamos para abastecer antes de chegarmos à nossa aldeia. Estou aqui porque quero saber o motivo pelo qual Castellón construiu um aeroporto do qual nunca descolou um avião, um aeroporto que custou 150 milhões de euros numa cidade que fica apenas a 65 quilómetros de Valência.
Saio da autoestrada do Mediterrâneo e sigo pela CV-10 até ao aeroporto de Castellón. A CV-10 é a melhor estrada nacional em que já conduzi. O asfalto é perfeito, os sinais de trânsito são novos e o canteiro central tem relva. Cerca de meia hora depois, encontro-me em frente a uma vedação a discutir com um segurança. O homem pega no seu rádio e diz: “Serra 1 chama Serra 2, temos um código 3!”.
A melhor forma de provocar um código 3 é perguntar a um segurança junto à vedação se podemos ver de mais perto o aeroporto. Um aeroporto que foi construído com o dinheiro dos contribuintes e que foi oficialmente inaugurado no dia 25 de março de 2011.
Saio do carro. Por trás de mim está uma grande escultura no acesso para a estrada que leva ao aeroporto. Um amigo de um político local ainda está a trabalhar a obra, que por incrível que pareça é feia e, alegadamente, custou 300 mil euros. O segurança utiliza o seu rádio para comunicar. Do local onde estou, consigo ver a torre, alguns dos 3.000 lugares de estacionamento e uma parte da pista de 2700 metros (8856 pés).
“Transmiti a sua matrícula à polícia”, diz o segurança. Aceno com a cabeça e penso para mim que o aeroporto de Castellón nem sequer é o mais inútil – e certamente não será o mais caro – de Espanha. Em Ciudade Real existe um aeroporto, a 160 quilómetros de Madrid, que custou 1.000 milhões de euros. Serve agora para pequenos jatos privados. 
17 campos de golfe para pôr uma cidade no mapa
Durante anos, Castellón sofreu com o facto de não ser importante, rica ou sequer conhecida como Valência ou Alicante, as duas outras grandes cidades da região. Alguém decidiu contrariar essa ideia com a construção de 17 campos de golfe. Dezassete campos de golfe, com 18 buracos cada, atrairiam muitos praticantes de golfe, daí terem construído o aeroporto.
Os campos de golfe nunca chegaram a ser construídos. A cidade comportou-se como um microcosmo de Espanha. Espanha não queria ser o irmão mais novo da Europa. Queria aeroportos e estradas nacionais a sério. Longe vão os dias em que pessoas como o meu pai chegavam a uma estação de comboios alemã com um casaco demasiado fino para aquele clima. A nova Espanha sabia jogar futebol e tinha empresas como a gigante operadora de telecomunicações, a Telefónica, e chefes de cozinha famosos, como Ferran Adrià.
Saio do local onde está o segurança e dirijo-me para a estrada nacional. Em 3 horas chegarei à aldeia dos meus pais. Um pequeno desvio faz-me passar por um grande local de construção, no qual o sistema ferroviário espanhol está a construir uma nova linha de alta velocidade. O país tem mais vias de alta velocidade do que a Alemanha ou a França.
Pergunto-me como seria ter sido político nos anos do grande boom económico, um período sem regras e sem limites. Para serem reeleitos, muitos políticos tinham de ter algo para mostrar, um projeto, de preferência um que envolvesse pedra e cimento. Os parques infantis, teatros, piscinas e elétricos surgiam por toda a parte. A economia estava fora de controlo e os políticos também. Mas a democracia funcionava perfeitamente.
Os espanhóis poderiam ter questionado de onde vinha todo aquele dinheiro, e por que motivo estavam a melhorar as estradas e os comboios eram cada vez mais rápidos, enquanto as suas crianças tinham um desempenho cada vez pior na escola. Poderiam ter eleito políticos diferentes, que fossem mais sensatos. Acredito plenamente que cada aldeia, cidade e província teve exatamente o político que mereceu.
Pobre por ter nascido no sul
Chego à aldeia dos meus pais, Huércal-Overa, uma cidade constituída agora por 18.000 habitantes e que se encontra situada numa província chamada Almería. O sítio é conhecido como sendo o deserto da Europa, por ter um clima seco e atingir temperaturas elevadíssimas no verão. O realizador alemão Bully Herbig filmou Der Schuh des Manitu, ou Manitou’shoe, uma paródia alemã de filmes de faroeste, em Almería. É aqui que começa a minha viagem.
Costumávamos ficar na casa dos meus avós, nos arredores da cidade. Não tinham casas de banho nem eletricidade. Isso nos anos 80. A cidade conta hoje com um teatro municipal, uma nova praça principal, uma piscina municipal interior, uma piscina exterior, um jardim zoológico, um parque, um centro completamente restaurado e filas de casas inacabadas. 
A casa dos meus pais fica na extremidade norte da cidade. É simples e um pouco feia. Gastaram a totalidade das suas poupanças numa habitação de 130 metros quadrados [1400 pés quadrados]. O único elemento de luxo presente é o enorme sistema de climatização fixado ao teto, que transforma rapidamente a sala de estar numa paisagem polar.
Pedi aos meus pais que contactassem alguns membros da família para lhes fazer algumas perguntas sobre a vida deles em Espanha. O meu tio Juan trabalha numa quinta há 20 anos. Planta tomates, trata do processo de fertilização nas estufas e trabalha durante a época das colheitas. É um trabalho duro, mas ouvi-o queixar-se dele. Antes do boom económico, ganhava 3 euros à hora. Agora, cerca de 10 anos depois, continua a ganhar menos de 4 euros à hora. Quer antes da crise como agora, nunca conduziu outra coisa a não ser um pequeno carro. Juan diz que não precisava da crise para saber que não fazia parte dos países ricos da Europa. A única razão pela qual é pobre, diz ele, é porque nasceu no sul.
Hola e adiós
O meu primo Pepe conta uma história diferente. Na adolescência, vendia sapatos num mercado semanal da região, no qual passara mais tarde a vender batatas fritas e amendoins. Acabou finalmente por tirar a carta de condução de veículos pesados e tentar a sua sorte como camionista independente. Se tivesse nascido há 150 anos ter-se-ia tornado explorador de ouro. 
Surgiu depois um período de milagre económico, a melhor altura para pessoas como Pepe, que procuravam enriquecer. O seu negócio começou com 1 camião, passou rapidamente para 2, 3, chegando mesmo aos 8 ou 9. Tinha imenso trabalho, e sua a lista de clientes não parava de aumentar: uma fábrica de cerveja, um fornecedor de peças de automóveis, um armazém temporário de um grossista. A mulher dele ofereceu-lhe um Audi A6 no seu 40º aniversário. Fui convidado para a festa. Tinham tudo o que sempre desejaram. A casa estava paga, conduziam um carro alemão e a filha ia entrar no curso de Medicina.
Pepe era uma das pessoas mais engraçadas que já conheci. Ninguém conseguia contar tantas piadas obscenas. Esse Pepe já não existe. Atualmente o meu primo está doente. O meu pai pagou o seu último tratamento num psiquiatra. Pepe não diz a ninguém da família quanto deve ao certo, mas devem ser milhões, e já todos aceitamos o facto de que nunca se livrará dessa dívida. A filha dele, estudante de Medicina, trabalha na caixa de um supermercado. Quando o vi no seguinte após ter chegado, fomos tomar café juntamente com o meu pai. Pepe proferiu apenas duas palavras: “hola” e, no final, “adiós”.
A crise mudou-o, e está a mudar a Espanha. Talvez o país esteja a perceber que não existem atalhos para a Europa, nem truques. A introdução de uma moeda forte, a construção de dezenas de aeroportos, linhas ferroviárias e campos de golfe, e um Audi A6 em cada garagem simplesmente não resultam. 
Em vez disso, o caminho é aborrecido e bem conhecido. Começa com a educação, a investigação e o apoio aos empresários. Os espanhóis podem fazer tudo isto. São um povo excelente, o meu povo, mas a crise mostrou-lhes onde se encontram: no limite da Europa, e não no seu centro. Foram seduzidos pelo boom imobiliário, o dinheiro fácil e a euforia – não porque são más pessoas ou preguiçosos, mas simplesmente porque são humanos.

Poupar energia! E o lucro das empresas exploradoras?

Normas energéticas mais estritas seriam não apenas benéficas para o ambiente, mas favoreceriam igualmente a competitividade da Europa. Os dirigentes parecem não ter consciência disso, lamenta um ecologista holandês.
Os dirigentes europeus procuram desesperadamente meios que permitam estimular o crescimento económico e, no entanto, negligenciam os 90 mil milhões que têm ao alcance da mão. Este montante corresponde àquilo que poderiam economizar na fatura energética das famílias e das empresas, se acelerassem o reforço das normas energéticas para os aparelhos elétricos. Segundo alguns estudos, isso representaria uma poupança de 280 euros por ano por família média. E permitira ainda criar 1 milhão de empregos adicionais na Europa.
A Comissão Europeia tenciona rever a diretiva-quadro "Ecoconceção", de 2005, que define as exigências mínimas relativas ao consumo de eletricidade de 40 aparelhos e influencia, assim, mais de metade do consumo energético na Europa.
No entanto, essa diretiva é um dos instrumentos de otimização energética mais subestimados na Europa. Os próprios responsáveis do setor da energia encolhem os ombros, quando se lhes pergunta o grau de poupança de energia que essa diretiva poderia produzir.
A resposta é esta: se as normas energéticas fossem fixadas de maneira mais ambiciosa do que atualmente, a procura europeia em matéria de eletricidade e de gás diminuiria em 17% e 10%, respetivamente. Isso seria também benéfico para o clima. Em 2020, seriam lançadas para a atmosfera menos 400 megatoneladas de dióxido de carbono. Ou seja, uma quantidade equivalente ao resultado do sistema europeu de intercâmbio de quotas de emissões, ou a 2 vezes a emissão total de dióxido de carbono da Holanda. Seria portanto a altura de esses funcionários e políticos se reciclarem. 
Normas já ultrapassadas
A China e os Estados Unidos perceberam muito melhor as vantagens económicas e ambientais das normas energéticas. Nesses dois países, há 10 vezes mais funcionários dedicados à introdução de normas para os aparelhos elétricos do que na União Europeia. E não é em vão: um estudo norte-americano indica que cada dólar gasto com funcionários adicionais afetados a esta política rende 60.000 dólares em poupanças de energia para os consumidores finais.
Devido à falta de competências da Comissão Europeia, por vezes são precisos mais de 5 anos para uma norma energética ser introduzida. Entretanto, o mundo continua a girar. E, quando finalmente entram em vigor, as normas já estão ultrapassadas.
Assim, a Sharp introduziu no mercado um televisor que era 50% mais económico do que o exigido pela norma no momento em que esta começou a ser aplicada. Precisamos de procedimentos mais rápidos para introduzir normas energéticas mais rigorosas.
Dirigentes europeus com bom senso que baste
Ao contrário do que muitas vezes se pensa, reforçar as normas energéticas permitiria melhorar a competitividade da economia europeia. As empresas de fora da Europa, como os fabricantes chineses, devem igualmente cumprir as normas mais estritas, quando oferecessem os seus produtos no mercado europeu.
Para empresas de eletrónica como a Philips, isso é uma vantagem. Os seus produtos tornam-se mais atrativos para os clientes (por serem económicos). Evidentemente, o preço de compra de um televisor, por exemplo, aumenta cerca de 10 euros, mas os clientes recuperam esse montante em média 4 vezes, durante a utilização do aparelho.
Contudo, na Europa, há pelo menos um fabricante por grupo de produtos que não deseja, ou não tem condições para desenvolver esforços adicionais no sentido de tornar os seus produtos mais económicos. O contralobing destes retardatários impede os cidadãos e todas as outras empresas europeias de tirar partido pleno dos benefícios económicos da diretiva "Ecoconceção".
No entanto, é reconfortante o facto de os gigantes da eletrónica Philips, Electrolux, Camfil Farr e o Grupo Bosch Siemens terem recentemente solicitado aos países europeus que reforçassem rapidamente as normas energéticas para os aparelhos domésticos.
A Europa tem todo o interesse em investir no desenvolvimento e fabrico de uma tecnologia limpa, em vez de gastar montantes bem mais significativos na importação de energia (300 mil milhões de euros de importação, só para o petróleo, em 2011).
Um crescimento verde poderá criar empregos, de que tanto precisam os muitíssimos jovens desempregados. A bola está, portanto, no campo dos dirigentes europeus que tenham suficiente bom senso para saberem onde colher estes recursos que estão ao alcance da mão.

Contramaré… 11 ago.

O Presidente da República congratulou-se esta quinta-feira com o anúncio feito na semana passada pelo Banco Central Europeu (BCE) de que vai intervir em força no mercado da dívida pública. Mas questiona por que é que a autoridade monetária não começa já a comprar dívida de Portugal e da Irlanda.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Para reduzir a pobreza, todos os santos devem ajudar!

O Desafio Miqueias define-se como “uma comunidade global de cristãos que pretende que os governos cumpram as promessas públicas de reduzir para metade a pobreza extrema até 2015”.
Confiantes de que são capazes de estabelecer um movimento global para “encorajar os cristãos a assumir um compromisso sério a favor das comunidades pobres e socialmente excluídas”, os seus líderes desejam garantir “que os governos cumpram as promessas públicas de reduzir para metade a pobreza extrema”.
A inspiração do nome vem da Bíblia, do texto de Miqueias 6:8 “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e o que é que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, ames a misericórdia e andes humildemente com o teu Deus?”
Não é uma iniciativa nova, pois foi lançado na sede das Nações Unidas em 14 de outubro de 2004. O objetivo era trabalhar em paralelo com os “Objetivos do Milénio” proposto pelas Nações Unidas. O seu diferencial é incluir a oração como uma das suas principais “armas”. Por isso lançaram o Chamado Global de Ação Contra a Pobreza, que deseja promover campanhas contra a pobreza em pelo menos 40 países.
Para ajudar os cristãos a não perder esse objetivo, o “Desafio Miqueias”, em parceria com a Missão Christian Aid, produziu recentemente um novo DVD intitulado A Agenda de Jesus”.
Esta nova produção é um curso com novas lições semanais que pretende oferecer base bíblica à defesa da fé através do empenhamento social. Usando a estrutura de Lucas 4:18-19, “A Agenda de Jesus”, destaca o aumento repentino do evangelho da prosperidade, a sua relação com o materialismo e o consumismo e o que as Escrituras dizem sobre os pobres e os desfavorecidos.
O Diretor Internacional do Desafio, pastor Joel Edwards, explica que “‘A Agenda de Jesus’ visa sensibilizar os seguidores de Jesus para que busquem, de facto, justiça para os oprimidos”.
Ian Hamilton, CEO da Missão Compassion UK afirmou “Apoiamos sem reservas este projeto e acreditamos que ele seja uma ferramenta importante para lembrar o povo de Deus sobre o mandato de Cristo para estabelecermos verdade e justiça, além da nossa responsabilidade para com os pobres e marginalizados da sociedade global”.
Para entender melhor o “Desafio Miqueias” é preciso lembrar que, em 2000, 189 países assinaram uma declaração para reduzir para metade a pobreza até 2015. Além dessa promessa, esses países também se comprometeram a apoiar coletivamente os chamados “Objetivos de Desenvolvimento do Milénio”, que são:
1) Acabar com a fome e a miséria
2) Educação básica de qualidade para todos
3) Igualdade entre sexos e valorização da mulher
4) Reduzir a mortalidade infantil
5) Melhorar a saúde das gestantes
6) Combater a SIDA, a malária e outras doenças
7) Qualidade de vida e respeito pelo meio ambiente
8) Todo o mundo a trabalhar pelo desenvolvimento

Com estes objetivos em mente, a luta pelos pobres e desprivilegiados podem-se concentrar no propósito de promover a mudança social através da igreja, ao mesmo tempo, que leva a mensagem de Jesus para todos os que ainda não ouviram algo sobre ele.
Mesmo para quem não está virado para a espiritualidade, incluindo as religiões, o silêncio prolongado destas sobre a realidade social e económica que se vive hoje, que afeta negativamente a grande maioria dos homens e mulheres, parece incompreensível e inaceitável…
E porque me chegou a notícia com a informação deste grupo (cristão), que diz lutar (rezar não sei se chega) para que se cumpra a promessa dos Objetivos do Milénio, não poderia deixar de lhe dar voz e publicitar a mensagem, embora esteja descontextualizada da informação da ONU de que em 2015 os ODM não serão atingidos e tenha sido dilatada a sua meta temporal, com uma nova comissão para a “Agenda Desenvolvimento Pós-2015”.
Mas o mais gritante, é que em muitos dos países, incluindo o nosso, haja governantes cristãos, que se marimbam, simplesmente, nos preceitos religiosos a que aderiram e que os vão traindo no dia a dia das práticas dos governos de que fazem parte, porque nenhum homem é feito de bocados. Razão tinha Gandhi quando dizia: “Gosto do seu Cristo, mas não gosto dos seus cristãos. Eles são bem diferentes do seu Cristo”
Por acaso e sem qualquer ligação (penso), mais uma vez individualmente, vem um dignatário da Igreja católica emprestar a sua voz à luta contra a pobreza em Portugal, com medidas concretas, que nos podem dar a esperança de se multiplicarem os indignados para reforço de uma contracorrente, que denuncie o que não deve nem pode ser feito, não (só) em nome de Deus, mas em nome dos Homens…
A palavra ao senhor…
A crise que se vive em Portugal não só acentuou a pobreza, como está a arrastar para a insolvência muitas pessoas ditas remediadas ou até da classe média. Em grande parte porque mecanismos perversos estão a aproveitar-se da situação para esmagar famílias e empresas. É o oportunismo diabólico do ‘capitalismo de casino’: esperar pelo seu momento de sorte para ‘limpar’ tudo.
Nesta situação, o Estado tem de intervir na economia, em favor dos mais débeis, sob pena de muitas mais pessoas caírem na pobreza e de empresas entrarem em falência, com o consequente aumento do desemprego. De entre as medidas possíveis, de natureza excepcional e temporária, ressalto as seguintes propostas, assentes naquela racionalidade ética que recusa ser espectadora passiva dos dramas que se desenrolam no grande palco do mundo.
1. Moratória, durante o tempo que demorar o programa de assistência financeira, nos juros aos bancos e nos impostos às Finanças, relativos à aquisição de casa própria, já efectuada, nas situações em que, comprovadamente, se não possam pagar.
2. Correcção dos mecanismos pérfidos dos prazos de pagamento das facturas, que não deveria exceder os 30 dias. O Estado tem de saldar imediatamente as suas dívidas, pois isso injecta imenso dinheiro na economia. Há que obrigar as empresas a fazer o mesmo, ainda que com empréstimo do Banco de Portugal, sem juros ou com juros muito baixos, mediante hipoteca de alguns bens.
3. Criação de mecanismos legais relativos à função social da empresa. Por exemplo, há que evitar a todo o custo a fraude da mudança de designação social da empresa, tendo antes o cuidado de pôr os bens pessoais em nome de outrem.
4. Aumento das pensões mais baixas para valores aproximados ao actual salário mínimo, mediante a imposição de um tecto temporário a todas as reformas ditas douradas e indexação de todos os salários e prémios dos gestores das empresas participadas pelo Estado aos dos ministros, revertendo o superavit para o fundo de estabilização da Segurança Social.
5. Abaixamento dos preços da energia, pois é uma imoralidade e um escândalo que empresas fechem por impossibilidade de suportar os seus custos, quando as fornecedoras e distribuidoras obtém lucros de milhares de milhões.
Manuel Linda, Bispo Auxiliar de Braga

Ecos da blogosfera - 10 ago.

Alphonsus de Guimaraens Filho (poeta brasileiro)

Reposição de NOVELA SEM SUCESSO, parece anedota

De volta à Espanha (2/3)
O que se passa em Espanha? Na segunda parte da sua jornada no país dos seus pais, o jornalista da "Der Spiegel" Juan Moreno depara-se com a ira de um povo arruinado face aos bancos.
Barcelona está cheia de turistas. O número de estadias aumentou no ano passado. Os cafés à volta da Praça da Catalunha continuam a servir cafés acima dos preços praticados, enquanto a polícia expulsa os mendigos. Para encontrar a crise temos de nos afastar uns quarteirões.
Numa intersecção na Avenida Diagonal, encontrei Pedro Panlador, um homem magro que se colocou em frente a um balcão do Bankia. Pretende invadir o banco. Algumas pessoas que partilham a mesma opinião juntaram-se a ele. Contactaram os meios de comunicação social, para que fizessem a cobertura do seu protesto, mas estes recusaram. Neste momento, os bancos estão a ser invadidos em toda a Espanha.
O Bankia, um banco de Madrid [criado em 2010 através da fusão de 7 caixas de aforro], expulsou Panlador do seu condomínio por este não conseguir pagar o seu empréstimo. Nos primeiros 3 meses deste ano, todos os dias foram expulsos 200 ocupantes de apartamentos e casas em Espanha. Panlador, nascido na Colômbia, vive em Barcelona há 12 anos. Atualmente deve 242.000 euros. Antes da crise trabalhava como motorista. Agora, encontra-se desempregado há cerca de 2 anos.
Os peões que por ali passam encorajam-no e alguns aplaudem-no. Ninguém vê nada de errado no facto de alguém se colocar em frente a um banco e chamar “criminosos” aos funcionários. Panlador afirma que pretende continuar “pacífico” e que apenas quer “falar com o diretor”.
Identificar claramente o inimigo
O Bankia perdeu 3 mil milhões de euros em 2011 e, agora, precisa de mais de 20 mil milhões de euros para evitar a falência e destruir dessa forma o sistema financeiro espanhol. O último presidente foi Rodrigo Rato, que ocupou o cargo de ministro das Finanças durante o mandato do antigo primeiro-ministro José María Aznar. Rato foi também diretor do FMI até 2007. É possível que brevemente o FMI tenha de resgatar a Espanha. Parece uma anedota.
Panlador e os seus companheiros estão preparados para invadir o banco. É a primeira vez que o fazem. Panlador já acampou em frente a um balcão do Bankia, mas pensa que invadir o banco terá um maior impacto. Este ganha coragem e avança para a entrada, onde vê que o balcão tem uma porta de segurança e uma campainha.
Toca à campainha. O Bankia não abre a porta.
Panlador volta-se para os outros. Parecem não saber o que fazer. Por fim, alguém assobia. Panlador cola alguns autocolantes no vidro. Nos quais se pode ler: “Os bancos deveriam deixar de processar os clientes endividados e de os expulsar dos seus apartamentos”. Ao que parece, Espanha tornou-se um país de protestos lamentáveis.
Panlador recua ligeiramente. Em Espanha não existe a falência pessoal [pelo que as pessoas têm de continuar a pagar as suas hipotecas]. A sua dívida de 242.000 euros acompanhá-lo-á para o resto da vida. “Estou cansado”, diz ele.
Os protestos devem ter o mínimo de impacto, algo que dê esperança para que a luta valha a pena. É também importante saber quem é o inimigo. Mas de quem é a culpa? Do Bankia, porque concedeu um empréstimo de um quarto de um milhão de euros a um homem que ganhava 940 euros por mês após descontos? Ou de Panlador, porque aceitou o empréstimo? Ninguém o obrigou a fazê-lo. Talvez sejam ambos culpados.
Ou talvez tudo se resuma às inúmeras oportunidades que surgiram. O setor da construção estava em desenvolvimento e ganhava-se dinheiro em qualquer parte. Era dinheiro fácil e os bancos estavam praticamente a oferecê-lo, muitos alojamentos pareciam financiar-se a si mesmos e existia imenso trabalho.
Tudo isto fez com que os espanhóis se tornassem viciados em jogo e tornou o país num casino. As pessoas deixaram de se sentir indignadas pelo facto de um vizinho ter uma casa em Conil, na Costa de la Luz, enquanto estes apenas tinham uma casa de fim de semana nos subúrbios da cidade. Quem preveria que todos acabariam como Pedro Panlador, em frente a um banco e a ser-lhes negada a entrada devido a uma campainha?
Dei-lhe um aperto de mão e desejei-lhe boa sorte. Barcelona é uma cidade maravilhosa, muito mais do que Berlim, Frankfurt ou Munique, apesar dos cartazes a dizer “Vende-se” pendurados nas varandas e dos retalhistas de ourivesaria abrirem lojas por todo o país para comprar e vender o ouro dos espanhóis desesperados. Na minha opinião, a cidade pode ser comparada à mulher de um empresário que recusa acreditar que a empresa entrou em bancarrota. Continua a vestir casacos de pelo, a usar anéis de diamante e ter serviços de porcelana – mas toda a gente sabe que não durará muito mais tempo.
A taxa de desemprego em Barcelona passou de 7 para 17,7%, no ano passado. Esta é a cidade mais rica de Espanha, no entanto, 17,7% dos seus habitantes estão desempregados.
Em guerra contra o sistema
Entro no carro e saio de Barcelona. Tenho um encontro marcado em Sabadell, uma cidade outrora governada pela indústria têxtil. Vou conhecer Antonio, um pai de família, que também ficou sem casa. Este não tenciona invadir nenhum banco. Em vez disso, faz tudo para se proteger da melhor forma possível. Tem estado a ocupar um apartamento.
Estamos no início da tarde, Antonio está encostado à porta do seu apartamento e sabe exatamente no que estou a pensar. É parecido com George Clooney. “Eu sei”, diz ele, “dizem-me sempre isso”. Antonio entra no corredor estreito e mostra-me a pequena casa de banho, a cozinha, que também serve de sala de estar, equipada com um enorme frigorífico e um quarto mobilado com duas camas, cada uma com um peluche em cima.
“É isto”, diz Antonio. Duas divisões no rés-do-chão passaram a ser a sua nova casa. Tem várias caixas empilhadas na casa de banho. “Há quanto tempo mora aqui?” “Dois dias”. “Como fez para entrar?” “Não posso dizer, mas era soldador de profissão. Amanhã as minhas filhas passarão pela primeira vez a noite aqui”.
Antonio tem 2 filhas, uma com 14 e outra com 17 anos. A mais nova anda na escola e a mais velha está a tirar uma formação para se tornar cabeleireira. Mas, devido à crise, não está a ser remunerada e foi também a única da sua antiga turma a arranjar um lugar. Antonio afasta um pato de peluche para se sentar na cama.
Antonio Zamora Hidalgo, 47 anos, uma pessoa reservada, começou a sua luta contra o sistema há 2 dias. Trabalhou numa fábrica metalúrgica durante mais de 20 anos e passou os últimos 12 anos a pagar a hipoteca do seu apartamento ao BBVA, um importante banco espanhol. Quando parou de pagar, perdeu tudo.
"Spain rocks"?
As prestações sociais, destinadas aos desempregados de longa duração, definidas pela reforma Hartz IV na Alemanha não têm equivalência em Espanha. Existe, no entanto, uma regra que estipula que o mutuário não pode simplesmente entregar a propriedade ao mutuante para liquidar a sua dívida. No pior dos casos, este arrisca-se a perder a casa e a continuar a dever ao banco o valor total do empréstimo.
Hidalgo ficou sem opções. Não sabia o que fazer com as suas filhas. A mulher deixou-o porque não aguentava a situação na qual se encontrava a sua família. Antonio pediu ajuda à PAH, uma associação de Barcelona, onde lhe disseram que 20% dos apartamentos em Espanha estão vazios. Um deles era o apartamento em Sabadell, inabitado há 5 anos.
O pequeno apartamento situa-se numa rua calma no bairro de Can n’Oriac. Pertence à Caixa Catalunya, uma daquelas caixas de aforro espanholas regionais megalómanas, que nos últimos anos concedeu empréstimos hipotecários sem discernimento e que teve de ser resgatada com o dinheiro dos contribuintes.
“É isto que imaginava?”, pergunta Antonio. Olhei à volta do pequeno quarto. As duas camas ocupam quase todo o espaço. “Se vai ocupar este apartamento ilegalmente, por que não escolheu um maior?”, pergunto. Antonio ri. Não se estava a referir ao apartamento, explica, mas à situação de Espanha. “Posso explicar-lhe a situação,” diz Antonio. “A situação é que pessoas como eu estão a ocupar apartamentos”.
De quem é a culpa neste caso, pensei enquanto conduzia na estrada nacional. O homem nunca teve conflitos com a polícia. Não bebe, não é anarquista ou esquerdista e nem sequer vê as notícias. Agora é um intruso. Talvez tenha tido pouca sorte e tenha sido arrastado quando o efeito bola de neve de empréstimos fáceis e o aumento dos preços de bens imóveis a que chamavam o milagre económico espanhol colapsou, um período descrito numa capa de The Times como “Spain rocks”.

Um pouco mais de vontade (política) – e havia casas…

Encontro europeu sobre pobreza aponta para dificuldade de algumas pessoas em ter acesso a uma casa.
Rendas elevadas, “proprietários preconceituosos” e falta de proteção legal impedem que os mais vulneráveis tenham acesso a uma casa, mas a habitação social também escasseia, segundo as conclusões divulgadas de um encontro europeu sobre pobreza.
Portugal esteve representado no 11º. Encontro Europeu de Pessoas em Situação de Pobreza - que decorreu em maio em Bruxelas e teve como tema “Os sem-abrigo e o direito à habitação num contexto de crise” - pela Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN).
Uma das soluções apontadas do documento para ultrapassar as dificuldades no acesso à habitação pelos mais pobres é a ocupação dos inúmeros edifícios devolutos que poderiam, com “um pouco de vontade política”, abrigar milhões de pessoas.
Os signatários defendem ainda que um aumento dos impostos sobre os imóveis desocupados poderia constituir uma fonte de receita para o investimento no domínio social.
Segundo as conclusões do encontro, divulgadas pela EAPN, a discriminação é um problema grave no acesso à habitação, para a qual contribuem alguns fatores: “Pessoas em situação de pobreza, um estilo de vida não convencional, uma habitação precária, um registo criminal ou a trajetória de vida sem situações de emprego”.
A discriminação no acesso à habitação é “ainda maior” quando se trata de certos grupos como pessoas com deficiência, comunidades ciganas, imigrantes em situação irregular ou ilegal, famílias monoparentais e minorias étnicas.
Para os 150 delegados dos 30 países que participaram no encontro, “a falta de habitação permanente compromete a capacidade das pessoas para manter ou encontrar um emprego, para se manterem saudáveis, para terem acesso aos seus direitos, para viverem em dignidade e para participarem plenamente na sociedade. Isso permite o surgimento e a manutenção de um círculo vicioso de exclusão”.
Por outro lado, o acesso à habitação social é “extremamente difícil”: “Em muitas áreas, as pessoas sem acesso a um emprego decente ou a um rendimento mínimo têm que esperar muito tempo para aceder a uma habitação social, podendo as dificuldades e os desafios que enfrentam para estabilizarem as suas vidas serem fortemente agravados por esta situação”.
“A habitação social em Portugal está parada há algum tempo. Algumas autarquias já não investem nesta área por falta de recursos económicos”, disse Maria José Vicente, da EAPN, já o mercado de arrendamento privado “está insuficientemente regulado ou estimulado para oferecer soluções”.
Os signatários do documento defendem que o acesso à habitação “é um direito fundamental que necessita de ser reforçado”, sendo “necessário fazer muito mais a nível europeu e dos Estados Membros para colocar em prática este direito, em linha com os direitos correspondentes, por exemplo, ao nível da saúde e da educação”.
As abordagens das “Casas Primeiro”, um modelo que está a ser aplicado em Portugal e noutros países, são importantes: “Para muitos sem-abrigo é melhor e mais barato encontrar uma solução imediata para resolver o problema de habitação e tratar dos outros problemas posteriormente, ao invés de procurarem resolver outras situações de risco ou de alojamento temporário”. No entanto, ressalvam, esta solução não deve ser utilizada para desmantelar as soluções de emergência e outros serviços necessários ou para coagir as pessoas para uma habitação inadequada às suas necessidades.
A complexidade do fenómeno dos sem-abrigo e a exclusão do acesso à habitação requerem soluções integradas para fazer face a outras questões como a saúde, a educação, um emprego, ou um rendimento mínimo.
  • Pessoas que vivem na rua
  • Pessoas que vivem em alojamentos de emergência
  • Sem alojamento
  • Lares de alojamento provisórios – fase de inserção
  • Lares para mulheres
  • Alojamento para Imigrantes
  • Pessoas que saíram de hospitais ou estabelecimentos prisionais
  • Alojamento assistido/acompanhado
  • Habitação Precária
  • Habitação temporária/precária – casa de amigos, familiares, sem arrendamento, ocupação ilegal
  • Pessoas à beira de despejo
  • Vítimas de violência doméstica
  • Habitação inadequada
  • Pessoas que vivem em estruturas provisórias, inadequadas às normas sociais – ex.: caravana
  • Pessoas em alojamento indigno – ex: barraca
  • Sobrepopulação
A nível Europeu existem países, tais como a França, a Bélgica, a Dinamarca, o Reino Unido e a Escócia, com algum passado legislativo ao nível dos sem abrigo.
Segundo Bruto da Costa (1999), a primeira ideia que se tem, quando se fala de uma situação de sem abrigo, é a falta de casa, diz ser a carência mais evidente de quem pernoita nos bancos do jardim ou nos vãos de alguma escada. Trata-se, segundo o autor de uma inferência correta se a entendermos como uma carência que requer uma solução de emergência, desejavelmente transitória. Não podemos, contudo, considerar que o único problema a resolver é o da habitação.
Numa sociedade cada vez mais globalizante, a pessoa como ser humano, vai sendo progressivamente esmagada pelo determinismo das macropolíticas e dos grandes desígnios da aldeia mundial.

Contramaré… 10 ago.

As seguradoras têm cerca de 6 mil milhões de euros em dívida portuguesa, cerca de metade da dívida soberana detida, indicou a Associação Portuguesa de Seguradores.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Mas é assim tão disparatado? Se é! É DISTÓPICO!

Em economia, mas também na diplomacia ou simplesmente na administração, a dimensão dos países conta. E a dos Estados da UE, demasiado pequenos à escala global, já não é operacional. A solução? Aplicar à Europa o modelo dos Estados Unidos, sugere o jornalista Philip Ebels.
Alfred Heineken fez mais do que apenas cerveja. Também pensou sobre coisas como o futuro da Europa e a melhor forma de agir. "Proponho uma Europa Unida de 75 Estados", escreveu num panfleto publicado no verão de 1992, "cada um com uma população de cinco a 10 milhões de habitantes." Heineken, um idoso criativo, com imenso tempo e dinheiro, era famoso por ter ideias bizarras. E a da sua Europa foi rapidamente esquecida. Infelizmente, porque, 20 anos depois, é mais atual do que nunca.
Demasiado grande e demasiado pequeno
Já foi dito antes, mas nunca com mais verdade do que hoje: os países europeus são demasiado pequenos para resolver as questões internacionais e demasiado grandes para as da vida quotidiana. Longe vai o tempo em que a Alemanha ou a França eram capazes de cuidar de si próprias no palco internacional, para não falar do Luxemburgo ou da Holanda. Daí que exista hoje a NATO, a União Europeia, e – para já – uma moeda única.
Passe-se os olhos pela lista dos maiores países do mundo em termos físicos. O maior Estado da UE, a França, fica em 43º lugar. A Rússia, indiscutível número um do “ranking”, é mais de 26 vezes maior que ela. Tanto a China como os EUA são 15 vezes maiores.
Agora olhe-se para a lista de países ordenada por população. A Alemanha, o país mais populoso da UE, fica em 16º. A China, a mais populosa do mundo, tem um número de habitantes mais de 16 vezes maior. A Índia tem cerca de 15 vezes mais pessoas. Se a UE fosse considerada um país, seria o 7º na lista dos maiores países e 3º em tamanho da população. E, como os funcionários de Bruxelas nunca se cansam de repetir, o 1º na lista das maiores economias.
O tempo em que as pessoas eram ignorantes e obedientes já passou. O tempo em que não incomodavam os seus dirigentes com exigências de transparência, eficiência, democracia e responsabilidade. O progresso tecnológico gerou sempre perturbações políticas, muitas vezes à custa de quem está no poder. A Internet, como a imprensa antes dela, dá às pessoas acesso à informação e poder para criar e distribuir, minando a ordem estabelecida por toda a parte – não apenas no mundo árabe.
É por isso que os Estados fazem o que podem para satisfazer gente cada vez mais exigente e emancipada: descentralizam. Reino Unido, Alemanha, França, Espanha, Itália, todos delegaram poderes nas últimas duas décadas. Quanto mais próximo estiver o poder, mais transparente, eficiente, democrático e responsável é.
O tamanho importa
Tudo o que tem uma função tem um tamanho ideal. Uma caneta pode ser maior ou menor, mas precisa de ser utilizável. O Estado social europeu tem várias funções. Precisa de proteger o seu território em relação ao exterior, defender o Estado de direito, prestar cuidados de saúde, promover a educação, cuidar das estradas e das florestas e – em maior ou menor grau – distribuir a riqueza.
O problema é que cada uma dessas funções tem o seu tamanho ideal e que, num mundo em permanente mudança, continuam a divergir. O resultado não é o Estado deixar de funcionar – apenas deixa de funcionar bem. Como uma caneta do tamanho de uma vassoura ou tão pequena como uma lasca de madeira – continua a ser possível utilizá-la, mas não é muito prático.
É uma tendência que irá manter-se, enquanto a tecnologia continuar a evoluir. A China e outros gigantes em ascensão vão continuar a crescer; os governados vão continuar a contestar os governantes. Até chegar o dia – ou será que já chegou? – em que os Estados europeus atuais vão ser contraproducentes, criando obstáculos desnecessários entre Bruxelas e [por exemplo] Barcelona.
Heineken, o profeta?
Claro que é um absurdo. Crescemos tão acostumados à atual divisão do continente que qualquer sugestão para mudar recebe um sorriso complacente – na melhor das hipóteses. Mas é assim tão disparatado? Ganhemos um pouco de distância e tentemos ver a imagem no seu conjunto. Não é uma ideia assim tão má, essa dos Estados Unidos Repartidos da Europa.
Teríamos um pequeno governo federal, eleito diretamente, e inúmeros governos locais, de Estados de tamanho similar – não muito diferentes dos EUA. Poderíamos assumir uma posição conjunta no cenário global e, ao mesmo tempo, decidir a nível local se devem ser autorizadas as touradas ou o consumo de marijuana. Muito dos nossos problemas atuais desapareciam: criar um equilíbrio entre os Estados grandes e os mais pequenos, o Norte ter que apoiar financeiramente o Sul.
Heineken chamou-lhe "Eurotopia" – uma fusão de Europa e utopia. Estava perfeitamente ciente do ceticismo que a ideia ia suscitar. Mas tempos radicais impõem medidas radicais. E perante o caminho que tudo leva, prefiro utopia a distopia.

Ecos da blogosfera - 9 ago.

Reposição de NOVELA SEM SUCESSO, em 3 episódios

De volta à Espanha (1/3)
O que se passa em Espanha?, questiona a Europa e sobretudo a Alemanha. "Der Spiegel" pediu a um dos seus jornalistas, filho de trabalhadores imigrantes espanhóis, que regressasse ao país dos seus pais e que descobrisse a origem da crise.
Há alguns meses, fui entrevistado por um homem baixo, rechonchudo, um apresentador de televisão espanhol que nunca tinha visto, mas que todas as crianças em Espanha conhecem: Jordi Évole. Este, costumava ser coapresentador de um talk show noturno. Encontramo-nos num sábado de manhã frio e chuvoso na Porta de Brandeburgo, em Berlim.
Évole pediu-me que lhe falasse da Alemanha – enquanto filho de imigrantes espanhóis, mas sobretudo, enquanto alemão. Queria que eu explicasse o que nós, alemães, estamos a fazer bem e o que eles, espanhóis, estão a fazer de errado. Évole apresenta um dos programas com mais sucesso na televisão espanhola. Trabalha como jornalista de investigação e cómico. 
O que pretendia que lhe dissesse? Que não se pode levar uma economia a sério quando esta se baseia em sol e laranjas e no desenvolvimento excessivo da costa mediterrânica? Que os clubes de futebol espanhóis não deveriam dever 750 milhões de euros de impostos? Que segundo o último estudo PISA, realizado pela OCDE em que se compara os sistemas de educação internacionais, as crianças espanholas que andam na escola não melhoraram, apesar dos recordes das receitas fiscais antes da crise?
“Um país que me deixa louco”
Tenho pensado muito nesta conversa, na crise económica espanhola e se realmente sei o que se passa na minha Espanha. Os meus pais, que eram agricultores em Andaluzia, foram para a Alemanha nos anos 70 e trabalharam numa fábrica de pneus em Hanau, perto de Frankfurt, até se reformarem. O meu pai andou na escola durante 4 anos. Não existiam manuais escolares. A professora costumava utilizar uma enciclopédia antiga. O meu pai chegou até ao volume D, ou até talvez ao F.
De qualquer forma, a educação que o seu país lhe ofereceu foi uma desgraça. Imigrou quando tinha 17 anos. Nasci em Espanha, tenho um nome espanhol, falo fluentemente espanhol, tenho passaporte espanhol e estou feliz por a Espanha ter ganho o Campeonato Europeu de Futebol. Mas vivo na Alemanha, onde estudei e atualmente trabalho.
As recordações mais marcantes que tenho de Espanha têm mais de 25 anos, ainda que já lá tenha estado desde então. São as memórias glorificadas de verão da minha infância. A minha família fazia parte da caravana de trabalhadores imigrantes (onda de imigrantes que veio para a Alemanha após a guerra) que carregava o Opel e conduzia até Espanha todos os anos, passando primeiro por França e, depois, seguindo pela costa mediterrânica até à aldeia dos meus pais. Passávamos mais de 30 horas no carro, parando apenas nas estações de serviço, com um pai fumador ao volante. No banco de trás ia eu, os meus dois irmãos e uma mala. Adorava aquelas viagens.
Depois da conversa com Jordi Évole, decidi voltar a fazer a viagem e conduzir na mesma junto à costa, só que desta vez tenciono parar mais vezes para falar com as pessoas. Quero que me expliquem o que aconteceu à Espanha, há anos que este país me deixa maluco. Não sei ao certo o porquê. Será da incapacidade de produzir algo significativo, do desenvolvimento excessivo ao ponto de repugnar, da audácia com a qual os espanhóis esperam receber ajuda do fundo de resgate?
O terror
A primeira verdadeira grande cidade espanhola que me vem à cabeça é Barcelona. Foi lá que a minha viagem começou. Na altura, não era uma cidade repleta de hotéis de luxo e de tapas no bairro gótico, nem de estudantes de estudos romanísticos que procuram aprender espanhol e descobrir o significado da vida em Barcelona. Na minha infância, ainda não havia circunvalações. O meu pai detestava a confusão criada pelo trânsito, os carros SEAT, a Guarda Civil que nos anos 80 ficou sem a proteção de Franco, mas que continuou com a mesma arrogância. Apesar do calor, a minha mãe obrigava-nos a fechar as janelas do carro. Os vigaristas esperavam pelos carros alemães nos semáforos, dizia ela. Detestava Barcelona.
Hoje, as coisas mudaram. Cheguei depois de o primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy alertar a Europa para a possibilidade de o resgate à banca espanhol custar 100 mil milhões de euros. Antes disso, ele garantira que a Espanha nunca iria precisar de ajuda. Vejo as notícias no meu quarto de hotel. A estrutura é sempre a mesma, podemos dividi-la em duas partes: começam com um cenário de terror e acabam com um conto de fadas. Há cada vez mais pessoas a levantar as suas poupanças; a comunidade autónoma de Espanha, Castela-La Mancha, fechou 70 escolas, a taxa de desemprego está quase nos 25% – este é o cenário de terror. No conto de fadas falam sobre a equipa de futebol espanhola.
Depois de algum tempo a ver notícias em Espanha, percebe-se por que dedicam metade do tempo de antena ao desporto. Se não o fizessem, o povo enlouqueceria. Tudo gira à volta da crise. Mesmo tudo. Um hipermercado abriu 200 vagas e recebeu 12.000 candidaturas. Os licenciados ocultam os seus estudos quando se candidatam a ofertas de emprego para poderem competir com pessoas menos qualificadas. Surgem confrontos nas Astúrias entre os mineiros em greve e a polícia. A venda de cofres está a aumentar.
Isto não são notícias, é puro terror.

Assim é difícil ganhar à pobreza e Reagan fez batota!

Ronald Reagan famosamente disse: "Nós travamos uma guerra contra a pobreza, e a pobreza venceu". Com 46 milhões de americanos - 15% da população - agora computados como pobres, é tentador pensar que ele poderia estar certo.
Olhando-se mais no fundo, a tentação aumenta. A percentagem mais baixa de pobreza desde que começamos a calcular foi 11,1% em 1973. A taxa chegou a 15,2% em 1983. Em 2000, após um surto de prosperidade, ela recuou para 11,3%, e hoje, no entanto, há mais 15 milhões de pessoas pobres.
Ao mesmo tempo, fizemos muitas coisas que funcionam. Da Segurança Social a senhas de comida, a crédito fiscal sobre o rendimento e assim por diante, sancionamos programas que hoje mantêm 40 milhões de pessoas fora da pobreza. A pobreza seria quase o dobro do que é hoje sem essas medidas, segundo o Centro para Prioridades de Política e Orçamento.
Falar que "a pobreza venceu" é como dizer que as Leis do Ar Limpo e da Água Limpa fracassaram porque ainda existe poluição.
Com tudo isso, por que não realizamos mais? Quatro razões:
Um número impressionante de pessoas trabalha em empregos mal remunerados;
Além disso, muito mais famílias são chefiadas agora só por um dos pais, o que lhes dificulta ganhar um rendimento mínimo dos empregos que estão tipicamente disponíveis;
O quase desaparecimento da ajuda em dinheiro para mães de filhos de baixo rendimento - isto é, bem-estar social - em boa parte do país que também contribui;
E problemas persistentes de raça e género implicam uma pobreza maior em minorias e famílias chefiadas por mães solteiras.
A primeira coisa a fazer, se quisermos tirar as pessoas da pobreza, é que os empregos paguem salários decentes. Não há atualmente um número suficiente desses empregos na nossa economia. A necessidade de bons empregos estende-se muito além da crise atual. Precisaremos de uma política de pleno emprego e um investimento maior em educação e em estratégias de desenvolvimento profissional no século 21 para termos alguma esperança de romper o mal-estar económico vigente.
Este não é um problema específico deste momento. Sofremos uma inundação de empregos mal remunerados nos últimos 40 anos. A maior parte do rendimento de pessoas na pobreza provém do trabalho. Segundo os dados mais recentes disponíveis do Departamento do Censo, 104 milhões de pessoas – 1/3 da população - têm rendas abaixo do dobro da linha da pobreza, menos de 30.625 euros para uma família de 3 pessoas. Elas lutam para pagar as contas a cada mês.
50% dos empregos do país paga menos de 27.401 euros por ano, segundo o Economic Policy Institute. 25% paga menos que a linha da pobreza para uma família de 4, menos de 18.536 euros anuais.
As famílias que podem colocar outro adulto a trabalhar saem-se melhor, mas as mães (e pais) solteiras não têm essa opção. A pobreza em famílias com filhos chefiadas por mães solteiras excede os 40%.
Os salários dos que trabalham em empregos na metade inferior estão estagnados desde 1973, tendo aumentado apenas 7%.
Não é que a economia como um todo estagnou. Houve crescimento, muito até, mas limitou-se ao topo. A perceção de que 99% de nós fomos deixados no pó pelo 1,0% do topo (alguns muito mais atrás do que outros) chegou muito mais tarde do que deveria - Rip Van Winkle e pior. Foi preciso a Grande Recessão para chamar a atenção das pessoas, mas os factos já se vinham acumulando há tempos. Se despertamos, podemos agir.
Os empregos mal remunerados afligem dezenas de milhões de pessoas. Na outra ponta do espetro de baixo rendimento, temos um problema diferente. A rede de segurança para mães solteiras e os seus filhos apresentou um grande rombo nestes anos. Esta é uma causa importante para o aumento dramático da pobreza extrema nestes anos. O Censo diz-nos que 20,5 milhões de pessoas ganham rendas abaixo de metade da linha da pobreza, menos de 7.656 euros para uma família de 3 - até 8 milhões desde 2000.
Por quê? Uma razão substancial é a quase extinção do sistema de bem-estar - agora chamado Assistência Temporária a Famílias Necessitadas, ou Tanf (na sigla em inglês). Em meados dos anos 90, mais de 63% dos filhos de famílias pobres recebiam ajuda assistencial, mas esse número encolheu na última década e meia para aproximadamente 27%.
Um resultado: 6 milhões de pessoas não têm outro rendimento além das senhas de alimentos. As senhas proporcionam um rendimento de 33% do rendimento da pobreza, perto de 5.077 euros para uma família de 3. É difícil imaginar como elas sobrevivem.
Mas pelo menos temos as senhas de alimentos, que têm sido uma poderosa ferramenta anti recessão nos últimos 5 anos, com o número de recetores subindo de 26,3 milhões em 2007 para 46 milhões hoje. Por contraste, o sistema de bem-estar fez pouco para contrabalançar o impacto da recessão. Embora o número de pessoas que recebem ajuda em dinheiro tenha crescido de 3,9 milhões para 4,5 milhões desde 2007, muitos Estados na verdade diminuíram o tamanho das suas folhas de pagamento e reduziram os benefícios dos mais necessitados.
Minorias
A raça e o género têm um enorme papel na determinação da persistência da pobreza. As minorias são desproporcionalmente pobres: cerca de 27% dos afro-americanos, latinos e índios americanos são pobres, contra 10% dos brancos. As disparidades de riqueza são ainda maiores. Ao mesmo tempo, os brancos constituem o maior número dos pobres. Este é um facto que merece ênfase, pois as medidas para aumentar o rendimento e prover suporte ao trabalho ajudarão mais os brancos do que as minorias. Mas não podemos ignorar a raça e o género, quer porque apresentam desafios particulares, quer porque boa parte da política para a pobreza é fundada nessas questões.
Nós sabemos o que é preciso fazer - fazer os ricos pagarem a sua justa cota de gestão do país, aumentar o salário mínimo, fornecer assistência médica e uma rede de segurança decente, etc.
Realisticamente falando, porém, o desafio imediato é conservar o que temos. O representante Paul Ryan e os seus pares ideológicos cortariam tudo, da Segurança Social ao Medicare e a lista toda, e dariam mais isenções fiscais para as pessoas do topo. Robin Hood estaria revirando-se na campa.
Não nos devemos enganar. Não é certo que as coisas fiquem como estão.
A riqueza e a renda do 1,0% do topo crescem à custa de todos os demais.
O dinheiro gera poder, e o poder gera mais dinheiro. Esse é um círculo verdadeiramente vicioso.
Uma política de mudança infalível necessariamente envolveria fazer as pessoas da classe média perceberem os seus próprios interesses económicos. Se votarem nos seus próprios interesses, elegerão pessoas que provavelmente estarão mais alinhadas com as pessoas com rendimentos mais baixos e também com elas. Enquanto as pessoas da classe média se identificarem mais com as pessoas do topo do que com as de baixo, estamos condenados. A quantidade obscena de dinheiro que corre para o processo eleitoral torna as coisas ainda mais difíceis.
Mas a história mostra que o poder popular, às vezes, vence. Foi o que ocorreu na Era Progressista, há um século, e na Grande Depressão também. A desigualdade bruta daqueles tempos produziu uma amálgama de insatisfação popular, organização, jornalismo sensacionalista e liderança política que atacaram os grandes - e crescentes - problemas estruturais da desigualdade económica.
O movimento pelos direitos civis mudou o curso da história e expandiu-se para o movimento das mulheres, o movimento ambientalista e, mais tarde, o movimento pelos direitos dos gays. Será que poderíamos ter dito no dia anterior à aurora de cada um deles que ele ocorreria, para não dizer que teria sucesso? Será que Rosa Parks sabia? Nós temos os ingredientes. Em primeiro lugar, a demografia do eleitorado está a mudar. As consequências disso não serão automáticas, por certo, mas criam uma oportunidade. A nova geração de jovens - em geral desiludidos com o poder encrustado em todas as instituições e, por isso, tendentes ao libertarismo - está madura para uma nova política da honestidade. As pessoas de baixo rendimento participarão se houver candidatos que falem das suas situações. A mudança precisa vir de baixo para cima e da liderança sinergética que a extrai. Quando as pessoas decidem que não aguentam mais e há candidatos que defendem o que elas querem, elas votarão de acordo com isso.
Já vi dias de promessas e dias de escuridão, e vi-os mais de uma vez.
A história é toda assim. As pessoas têm o poder se o usarem, mas precisam perceber que isso é do seu interesse.
*Peter Edelman é professor de direito na universidade de Georgetown e autor, mais recentemente, de "So rich, So poor: Why it's so hard to end poverty in America?” ("Tão rico e Tão pobre: Porque é tão difícil acabar com a pobreza na América?")
Claro que as causas da pobreza nos EUA, não tem nacionalidade, nem é endémica e hoje em dia estão espalhadas por todo o mundo, principalmente nos países mais ricos, produzindo os mesmos efeitos (claro!), pela simples razão de se terem implantado as mesmas políticas liberais e neoliberais, cujas consequências são estas. E tudo porque a ocidente e a oriente o “sonho americano” foi sonhado por toda a gente, sem terem consciência de que um sonho não é a realidade…
Da análise de Peter Edelman, mesmo deixando números e percentagens de fora, a primeira e relevante causa da pobreza crescente, bem como na Europa, é o CRIME de se pagar tão pouco a quem trabalha (com a conivência e até a iniciativa de governantes), que nem chega para a sobrevivência, aumentando-se a percentagem da apropriação das mais valias dos “promotores” (patrões) e reduzindo-lhes ainda todas as comparticipações para a Segurança Social (e impostos) e cortando todos os direitos dos que são empurrados para as situações de miséria. Tudo previamente planeado.
Não deve ser de todo inocente, que o articulista cite Ronald Reagan (presidente desde 1981 a 1989), um dos mais ferozes inimigos dos fracos e muito amigo dos fortes, que acabou por falecer com Alzheimer, sem se saber quando começou a doença (diz-se que em 1994)…
E o mal é que deixou seguidores, no seu país e em tantos outros (com a sua partenaire, Margaret Thatcher à frente da legião), que perpetuam ainda hoje o sofrimento dessas (in)consequências.
Todos os governantes deveriam ser obrigados a fazer testes periódicos de sanidade mental e psicológica, porque a História só nos projeta heróis de pés de barro e cabeças loucas…
Por isso, e sabendo que dinheiro gera poder e o poder gera mais dinheiro e que isso é um círculo  vicioso e verdadeiramente viciado, não é com pacifismo que ganharemos a paz com estes pobres de espírito…