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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Consciência e Responsabilidade Social. Até que enfim!

Cerca de 35.000 refeições são deitadas fora todos os dias, tudo porque não existe uma rede eficaz de recolha e redistribuição das mesmas.
A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) reconheceu que 7% das 500.000 refeições confeccionadas diariamente vão parar ao lixo, ou seja, 12.775.000 por ano. Para inverter a situação, há um projecto para criar um sistema nacional que permita um melhor aproveitamento.
Segundo o secretário-geral da AHRESP, o problema "decorre da lei que é taxativa e impede o aproveitamento das refeições". Em causa estão as refeições produzidas todos os dias para as cantinas e refeitórios de hospitais, sistemas prisionais, escolas, universidades e outra restauração colectiva. "Mesmo assim, não é um grande desperdício. Todos os dias são confeccionadas cerca de 500.000 refeições", refere.
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) refere, porém, que não há lei nenhuma que impeça os restaurantes de aproveitarem os excedentes alimentares e entregá-los às pessoas mais carenciadas. "Se essa distribuição implicar o transporte das refeições, então devem ser asseguradas as condições ideais através de viaturas preparadas para o quente ou frio", explicou fonte da autoridade.
Conscientes de que as dificuldades são cada vez maiores, a AHRESP e ASAE têm reunido para criar uma rede que responda às necessidades crescentes das pessoas. "Não há recolha, distribuição, nem uma rede eficaz. Queremos um sistema nacional com os parceiros da sociedade civil, os produtores, distribuidores e restauração", garante José Manuel Esteves.
"É UMA ESTUPIDEZ HAVER FOME": António Costa Pereira
Correio da Manhã – Como surgiu a ideia de criar uma petição contra o desperdício alimentar?
António Costa Pereira Há cerca de 3 anos, estava a ajudar uma instituição e pensei ir buscar as refeições que sobravam no refeitório de uma empresa. Eram cerca de 100 refeições por dia. Descobri que não era possível, porque a lei não o permitia. Pensei que era uma estupidez haver portugueses com fome e comida deitada fora.
CM – Que apoios tem?
ACP – Neste momento, algumas autarquias e instituições.
CM – Quantas assinaturas já recolheu?
ACP – Em Julho coloquei a Petição on-line. Já está nas 45 mil assinaturas.
É de salientar o trabalho isolado do Comandante António Costa Pereira, quando deitou mãos à obra de iniciar a Petição, de modo a consciencializar os cidadãos para esta enormidade que é o haver comida a mais e ir para o lixo, enquanto a fome vai crescendo e as pessoas definhando e sofrendo.
Fruto do sistema neoliberal, de que há muita gente que não gosta de ouvir falar e até nega a sua existência. Mas, para aumentar o paradoxo, parece que a lei não permitia a distribuição dessas refeições que sobravam de vários catering, razão do aparecimento da Petição.
Felizmente, a AHRESP e a ASAE aderiram ao movimento, demonstrando uma Consciência e Responsabilidade Social, que só lhes fica bem e que se espera que venha alargar-se a mais empresas, mesmo fora do ramo alimentar, para que seja o País inteiro a ganhar essa consciência, que nos torne cidadãos do mesmo país, com responsabilidades repartidas, não por caridade, mas por direito.

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