Portugal tem “um padrão atípico, em termos europeus”, de prevalência de perturbações psiquiátricas, com números que se aproximam aos dos Estados Unidos, país com maior prevalência no mundo, disse o coordenador do estudo nacional sobre saúde mental, Caldas de Almeida.
O primeiro estudo que faz o retrato da saúde mental em Portugal insere-se na iniciativa mundial dos estudos epidemiológicos da Organização Mundial de Saúde (OMS), é coordenado pela Universidade de Harvard nos Estados Unidos e envolve 24 países, tendo até hoje criado a “maior base de dados do mundo”, com mais de 100 mil pessoas entrevistadas.
Os primeiros resultados do estudo revelam que os mais afectados são as mulheres e os jovens dos 18 aos 24 anos e, dentro destes dois grupos, especialmente aqueles que estejam separados, viúvos e divorciados e tenham níveis de literacia baixos e médios.
Para além de medir a prevalência das doenças mentais, o estudo também tem como objectivo “impacto destas doenças na produtividade de um país, em termos de incapacidade, de faltas ao trabalho, de doenças físicas” e também na utilização dos serviços de saúde, explicou Caldas de Almeida e acrescentou, que “uma das razões principais da realização deste estudo foi ter evidência científica que ajude no desenho e na implementação da saúde mental”.
“Coisas boas e más”
No caso de Portugal, o estudo analisou o acesso aos serviços de saúde e constatou que existem “coisas boas e más”. Segundo Caldas de Almeida, “os cuidados primários, clínica geral, têm uma acessibilidade muito boa em termos europeus, enquanto os serviços especializados já não têm uma performance tão boa, em relação à média na Europa”.
A pesquisa nacional tem objectivos específicos, que coincidem com os europeus, pretendendo obter uma análise de dados em torno de três grandes temas: o peso das doenças mentais a nível europeu, a influência do género nos problemas das doenças mentais e a influência das desigualdades sociais e económicas nos problemas da saúde mental.
“Vamos ter, no fim, um manancial de dados que vai ser muito importante para percebermos qual é a origem de muitos problemas. Vamos encontrar muita informação que vai ser muito importante no futuro”, antecipa Caldas de Almeida.
Se repararem, no Estudo de um post anterior, Corta-se na Saúde! Uns chazitos não resultam?, que é o mesmo desta notícia, foi conduzido pelos investigadores do Grupo de Investigação em Serviços Sanitários do Instituto de Investigação Hospital del Mar (IMIM), de Barcelona, enquanto nesta se diz que o mesmo Estudo é coordenado pela Universidade de Harvard nos Estados Unidos, o que não é a mesma coisa.
Na notícia anterior, diz-se que foram realizadas entrevistas a 62.971 adultos, enquanto nesta se diz que foram mais de 100.000 pessoas entrevistadas.
Não é que sejam importantes as discrepâncias apontadas, mas deixam mal na fotografia os media que divulgaram o Estudo.
Não acrescento mais comentários aos que já fiz no post referido para não me repetir, mas não queria deixar de sublinhar a ausência de soluções para o problema, pelo responsável português, que se contenta com o manancial de dados.
E para que servem os dados, se não para procurar erradicar as causas?
Sem comentários:
Enviar um comentário