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sábado, 20 de abril de 2013

Como arranja dinheiro um pobre para ajudar os ricos?

As más-línguas dirão que o Império contra-ataca. Ainda mal se fechou o dossiê da crise cipriota, durante o qual a Alemanha uma vez mais, foi acusada de querer impor a sua vontade aos países do Sul da Europa com planos de resgate com condições draconianas, um estudo publicado pelo Banco Central Europeu relança o debate alemão sobre a incúria dos países do Sul.
Eric Maurice
Segundo esse estudo, os alemães são “os mais pobres da Europa”, com uma riqueza média inferior à dos espanhóis, dos italianos e até mesmo dos gregos e dos cipriotas.
Não foi preciso mais para que o Spiegel titulasse sobre “A mentira da pobreza. Como os países europeus em crise escondem a sua fortuna”, acompanhado por uma imagem de um velho montado num burro, atirando notas ao vento. “O resgate do euro é equitativo quando as pessoas do país que recebe são mais ricas do que do país que dá?”, pergunta o semanário, acrescentando que “já tarda um debate sobre uma nova partilha do fardo”.
Para além desta guerra de lugares comuns alegremente mantida entre o Norte e o Sul da Europa, o Spiegel levanta uma questão crucial: a Alemanha vai pôr em causa os mecanismos de resgate usados na zona euro? Mas esta questão baseia-se numa perceção errónea. É certo que a Alemanha paga mais do que os outros para salvar os países em crise, mas não é a única nem o faz de maneira desproporcionada. Os planos de resgate em curso e o Mecanismo Europeu de Estabilidade são financiados pelos Estados em função das respetivas populações e riqueza nacional. Acontece que a Alemanha é o país mais populoso e mais rico da UE por isso, é normal que contribua mais, mas de maneira proporcional, à solidariedade criada a partir de 2010.
Mas essa solidariedade – mais friamente chamada união de transferências – não se aplica na Alemanha, em nome dos tratados europeus (atualmente já muito ultrapassados) e do argumento segundo o qual os rendimentos do trabalho daqueles que fazem esforços e respeitam as regras não devem servir para compensar as insuficiências dos que (no Sul) gerem mal as suas finanças e o seu Estado. A conclusão mais simples é a que é fornecida pelo Alternativa para a Alemanha, o novíssimo partido que defende a saída do euro e vai pesar muito na campanha para as eleições legislativas do próximo mês de setembro.
O estudo do BCE vem reforçar este argumento, ao afirmar que os alemães, os mais rigorosos e os mais solicitados, são também os mais pobres. Mas a metodologia utilizada é contestada, porque valoriza mais o património do que o rendimento. Ora – e isso não é surpresa – o estudo também revela que o rendimento médio dos alemães é mais elevado do que o da maioria dos europeus. O que fica demonstrado é que os alemães gerem de maneira diferente a sua riqueza, especialmente, porque quase nunca são proprietários da casa onde moram.
O quadro que se nos apresenta é, portanto, o de uma Europa dividida entre países mais ou menos prósperos e países em grande dificuldade; entre países com grande desemprego e países onde o desemprego está controlado; entre países de onde os jovens saem e países para onde os jovens vão tentar a sua sorte; entre países onde os habitantes têm património mas pouco rendimento e países onde os bens e serviços são acessíveis à maioria das pessoas.
É preciso acrescentar a divisão entre países virtuosos e pecadores? Sob um ponto de vista moral, que alguns no Norte querem impor, não. Mas sob um ponto de vista de repartição da riqueza, da luta contra a corrupção e da ineficácia do Estado, a questão merece ser debatida. Tanto no Norte como no Sul.
Este estudo é recorrente, é a terceira vez que o exponho, mas de tão distorcido com análises limitadas, que merece a insistência, só para termos consciência do que é, realmente, manipulação…
Mas por outro lado... 
“Está em curso um verdadeiro ataque contra o coração da União Europeia”, escreve Christian Rocca, o diretor de IL, o suplemento cultural do jornal Sole 24 Ore:
Um ataque lançado do interior do continente; uma reação endógena à crise económica. A Europa tornou-se o nosso próprio inimigo, a responsável por todos os males nacionais, o alvo de todas as queixas corporativas. Nem sempre foi assim. Até há 20 anos, a Europa era o sonho, a esperança, o desafio de um novo começo: a libertação pacífica dos países de Leste, a reunificação alemã, a abolição das fronteiras, a livre circulação das ideias e das pessoas, Erasmus. Atualmente, temos apenas a Liga dos Campeões para nos lembrarmos de que ainda somos uma União. Quanto ao resto, bem-vindos à Eurolândia, a árida terra do euro, uma união monetária em que as palavras mais aterradoras que um europeu pode ouvir são: “Olá, sou da UE e estou aqui para te ajudar”.
Para ilustrar “os evidentes rasgões” que, nos últimos anos, apareceram na bandeira da União, o IL pediu a 4 intelectuais europeus – o historiador Niall Ferguson, o antigo comissário Peter Mandelson, o eurodeputado Daniel Cohn-Bendit e o chefe de Die Zeit Josef Joffe – que expliquem porquê, segundo Rocca, atualmente, a maior ameaça que pesa sobre o projeto europeu, é a perda de legitimidade do espírito europeu, a sua fraca credibilidade […]. Desta vez, e ao contrário do que é habitual, não bastará “mais Europa, é preciso mais Europa” para sobrevivermos.

Ecos da blogosfera – 20 abr.

E por falar em consensos…

Nestes dias dei-me conta de que estava a pensar sobre o quanto é importante uma boa formação de opiniões, até mesmo para convivermos melhor em sociedade, expressar com mais objetividade as nossas ideias, ajudar os outros a formarem as suas, dirimir equívocos, afastar incoerências. Paira sobre nós um certo relaxamento em relação a isso. A nossa malemolência em lidar com o assunto é absurda.
Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Vejam que alguns de nós passam anos a fio dentro de uma Universidade ou de uma Escola tentando construir algo, uma carreira talvez, um arcabouço de informações, uma base a mais para crescer na vida, enfim, mas quando somos consultados simplesmente não temos que dizer. No entanto, quer entremos ou não numa Universidade, o certo é que muitos de nós, senão todos, passamos a vida toda e não conseguimos sequer formar, tampouco viver das nossas opiniões, o que mostra como não somos senhores de nós mesmos. Num ponto, Heidegger estava certo: “A maioria dos homens não pensa por si mesmo; não julga com a própria cabeça; não decide por conta própria: pensa, julga, decide conforme ouvem dizer dos outros”. Creio que está na hora de aprender a pensar com a própria cabeça. Ser cabeça bem-feita e não cabeça cheia, no dizer de Montaigne, uma recorrente no pensamento de Edgar Morin.
Absortos numa cultura capitalista democrática de interesses meramente económicos que, de vez em quando, abandona os seus ideais democráticos e dá lugar às ditaduras mais toscas e aberrantes como aquelas vistas recentemente em cadeia internacional com proporções violentas na Tunísia, no Egito e agora, no Iémen, tal como na Líbia, sentimo-nos seriamente vulneráveis quanto à solidez de algumas opiniões enraizadas na ética, na tolerância e no amor. A ditadura é a prova cabal de que “o controlo da expressão leva à morte da expressão” (Márcia Tiburi). Se com expressão a democracia é o que é, o que dizer então sem ela!
Tão logo nascemos, de imediato os nossos pais descarregam sobre nós os mais belos pensamentos, os mais velhos conselhos de respeito e de bons costumes, fruto de uma tradição herdada pelos nossos avós ou pela família inteira. O certo é que nem sempre se percebe a tradução de velhos ensinamentos em vida. Refiro-me a velhos não por serem menos ou mais importantes do que os novos, mas porque afirmam uma tradição distante de nós. Não é por serem velhos ou antigos que não prestam, mas por não virem acompanhados de ação, de vida, de autenticidade. É aquela história, dar conselhos é razoavelmente maravilhoso, mas vivê-los, aí são outros quinhentos. Não é em vão que o corriqueiro ditado popular teima em vigorar: “As palavras passam, mas os exemplos arrastam”. Quantas vezes não ouvimos dos nossos pais: “Meu filho, cuidado com as companhias, com a bebida, com as drogas, ...”. No entanto, quantos pais ou familiares não têm os mesmos cuidados, o mesmo zelo, acabando por errar muito mais.
Para a maior parte de nós, pouco importa o que acontece debaixo dos nossos narizes ou à nossa volta. Na verdade, damos mais interesse ao que há dentro de nós, da subjetividade, ao nosso eu arranhado, aos nossos recalques, às culpas e aos ressentimentos. A atmosfera que nos arrebata não é a que está fora, mas a que está dentro de nós. Respondemos muito, mas muito mais aos estímulos da nossa subjetividade e distraímo-nos, voluntariamente ou não, para o que responde o outro, para o que pensa o outro, para o que precisa o outro, para o que sente o outro... Vamos destruindo aos poucos toda uma construção ou desconstrução de valores dada às formas da nossa mais inata causalidade. Segundo Kant, há, em nós, uma intuição inata de ver ou perceber as coisas. É, portanto, esta dimensão que a Escola, a Universidade, os pais, os amigos e familiares, a sociedade e mesmo nós, cada um de nós, deve dinamizar para melhor formar opiniões que visem o diálogo e a desconstrução de preconceitos. Resgatando, assim, a luminosidade de novas pessoas, o fulgor de novos sujeitos que deem também importância ao que está fora, perto e longe, a alteridade, o altruísmo, a caridade, o apreço pelo diferente.
Na minha opinião, a sociedade não pode ficar órfã de homens e mulheres adeptos de uma boa leitura; afeitos à música; dedicados à família; focados no trabalho; zelosos da cidadania; fiéis à sua religião; comprometidos com a verdade; fazedores da justiça; eleitores da honestidade e não da força económica; sabedores e cumpridores da ética; protagonistas do amanhã; formadores de si mesmos.
Qual a sua opinião? Por que não tenta começar a expressá-la agora mesmo?

Contramaré… 20 abr.

A novidade é adiantada pelo “Diário Económico”, sem atribuir a nenhuma fonte. De acordo com o jornal, o ministro Paulo Macedo terá de encontrar novas poupanças que terá de somar aos 487 milhões de euros que já estava obrigado a reduzir no âmbito do Orçamento do Estado.
O da Saúde será, assim, aquele com mais capacidade de acomodar um novo aperto nas despesas. Oficialmente, o gabinete de Paulo Macedo não confirmou a notícia, remetendo esclarecimentos para Maio, altura em que devem ser anunciadas as medidas concretas.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Assim, será o fim da linha e sem bilhete de volta…

Trajetória da dívida pública continua a subir, já que em setembro de 2012 era de 120,2% do PIB, e em dezembro do ano passado correspondia a 123,6% do produto, segundo dados do Banco de Portugal (BdP).
A dívida das administrações públicas ascendeu aos 209.000 milhões de euros em fevereiro deste ano, segundo o BdP, o equivalente a 126,3% do PIB.  
De acordo com o Boletim Estatístico do Banco de Portugal, a dívida total das administrações públicas era de 208.857 milhões de euros no final de fevereiro, um valor que, em janeiro, era de 208.464 milhões, na ótica de Maastricht que é utilizada pela troika e pela União Europeia, ou seja, um aumento de 393 milhões de euros no trimestre, o que dá uma média mensal de 131 milhões. 
A manter-se este ritmo e as mesmas circunstâncias, quer dizer que no fim do ano teríamos que acrescentar 1.572.000.000 euros à dívida, o que confirma quem diz que nunca conseguiremos pagar a dívida. Tudo que se disser em contrário terá que ser provado ou é conversa da treta... E ponto final.
Apesar de não ser muito “letrado” nestas coisas de finanças e economia, e por isso, recorrendo ao Relógio da Dívida do jornal The Economist e fazendo fé nos dados que nos são disponibilizados, mesmo reparando que a Dívida Pública em 2012 refere 116,3% do PIB e que na realidade de atingiu os 123,6% do PIB, isso só quer dizer que a realidade é muito pior do que nos pintam…
Olhando-se para a tabela, e basta reparar na variação anual da percentagem do PIB e na Dívida por Pessoa, mais reforçada fica a tese de que não é só a economia portuguesa que está em espiral recessiva e que não há alternativa (se não se mudar de linha, travar a tempo e substituir o maquinista), mas que somos nós, os cidadãos portugueses, que já estamos no meio de um furacão destruidor dos bens pessoais e iremos contra o muro que está ao fundo do túnel…
Ano
Dívida Pública
(em Euros)
% do PIB
Variação
(ano anterior)
Dívida por Pessoa
(em Euros)
2011
174.651.000.000
99,1
- 47.952.041.096
16.412,20
2012
198.617.000.000
116,3
+ 23.966.000.000
18.643,90
2013
205.570.000.000
127,7
+ 6.953.000.000
19.279,00
2014
212.523.000.000
139,2
+ 6.953.000.000
19.914,40
Fonte: The global debt clock – The Economist
Tudo o mais é retórica barata, que nos fica muito cara…
Haja decência e humildade que chegue para os governantes confessarem a sua impotência e tomarem uma atitude consentânea e redentora…
Haja decência!

Ecos da blogosfera – 19 abr.

E ainda dizem que é uma campanha contra os políticos

A França divulgou detalhes sobre patrimónios pessoais do primeiro-ministro e ministros na internet. Especialista aponta tendência mundial para maior clareza, mas o défice nesse tópico ainda é generalizado, de Mianmar à Alemanha.
Na noite de 15 de abril, o primeiro-ministro francês, o socialista Jean-Marc Ayrault, e os seus 37 ministros divulgaram no site oficial do governo dados detalhados sobre as suas finanças e bens – ou seja, todos os imóveis, poupanças, joias, ações ou automóveis que possuem. A iniciativa veio em resposta ao recente escândalo em volta do ex-ministro do Orçamento, Jérôme Cahuzac, que mantinha uma conta bancária secreta no estrangeiro.
A oposição conservadora criticou duramente a divulgação online, alegando tratar-se de uma manobra para desviar a atenção do caso Cahuzac. A ambivalência quanto à medida também se refletiu nos dois principais jornais do país: enquanto o Libération anunciava "O fim de um tabu", o Le Figaro denunciava "o strip-tease da República".
Escândalo como catalisador
Segundo os dados publicados, o património de Ayrault seria de cerca de 1,55 milhões de euros – só as 2 casas que possui no oeste da França somam 1,2 milhões de euros. O ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius, declarou bens no valor de mais de 6 milhões de euros, incluindo uma apartamento em Paris (2,75 milhões de euros), 2 casas de campo, e participação na casa de leilões Piasa, no valor de mais de 1 milhão de euros. Durante certa época circularam boatos de que Fabius possuiria uma conta secreta no estrangeiro.
O presidente François Hollande não teve que revelar o seu património, pois já o fizera ao assumir o cargo, em maio último. Segundo estes dados, possui imóveis no valor total de 1,17 milhões de euros, assim como um seguro de vida de 10 mil euros. Fontes do Palácio Eliseu afirmam que esses valores praticamente não se alteraram desde então.
O escândalo protagonizado por Jérôme Cahuzac lançou o governo da França, socialista, numa profunda crise. Afinal, durante a sua campanha eleitoral, Hollande prometera uma república irreprovável, em contraposição ao governo dos seus antecessores, conservadores. Durante meses, o ministro do Orçamento – que era considerado um pilar do governo e renunciou em março – vinha a mentir ao público francês sobre a conta secreta que há 20 anos mantinha no estrangeiro.
No futuro, Paris quer obrigar todos os deputados e senadores a declararem publicamente o seu património pessoal. Na próxima semana, o gabinete planeia aprovar um projeto de lei em prol de mais transparência e moral na política francesa.
Alemanha longe do ideal
Se depender das normas vigentes, a Alemanha encontra-se bem longe do ideal de transparência financeira total. Os deputados devem declarar toda a fonte de rendimentos acima de 1.000 euros por mês, ou de 10.000 euros por ano. No entanto, não precisam indicar a quantia exata, mas apenas uma de três categorias de ganhos em que se enquadram.
A primeira e a segunda abarcam quantias menores, na casa dos milhares, enquanto na categoria 3 estão todas as entradas únicas ou regulares acima de 7.000 euros. Assim, quer um político receba 7.001 ou 70.000 euros por uma palestra, segundo as regras atuais, só precisa indicar "categoria 3".
O Bundestag (câmara baixa do Parlamento) reconheceu a insuficiência desse mecanismo e, a partir do 2.º semestre de 2013, os deputados alemães terão que declarar todos os ganhos até 250.000 euros, divididos em 10 categorias. O rastilho dessa mudança na regulamentação foi o candidato social-democrata à chefia de governo, Peer Steinbrück, que vinha a receber somas excessivamente elevadas pelas suas palestras.
Salve-se quem puder no Reino Unido
No Reino Unido, o elemento deflagrador para uma reforma das regras de transparência patrimonial foi outro. Em 8 de maio de 2009, o jornal Daily Telegraph publicou as primeiras informações secretas sobre como os políticos fraudavam os seus gastos.
Deputados de todos os partidos britânicos vinham, por exemplo, embolsando os custos de residências secundárias em que não moravam ou que nem sequer existiam, ao mesmo tempo que mandavam reformar as suas casas reais com o dinheiro dos contribuintes.
"Para muitos, o escândalo dos gastos dos parlamentares foi um evento decisivo da recente história política britânica", observa Daniel Hough, estudioso da corrupção da Universidade de Sussex. "A severa crítica ao sistema político fez muitos deputados refletirem sobre o real sentido da atuação política."
Atualmente o país possui um novo órgão encarregado de fiscalizar as faturas dos políticos, além de um conjunto de regras progressistas. "No Reino Unido, os parlamentares têm que tornar públicas as suas fontes de rendimentos paralelos, até ao último euro e centavo", explica o ativista Timo Lange. Esse grau de transparência é algo que a sua organização, a Lobbycontrol, gostaria de levar para a Alemanha.
Clareza escandinava
Também noutras partes do mundo se sonha com clareza. Em Mianmar, no sudeste asiático, os deputados reivindicam uma lei anticorrupção nos moldes da Malásia e de Singapura. "Logo que ela esteja em vigor, essa lei vai exigir dos detentores do poder que expliquem como chegaram à sua riqueza", diz o deputado Thein Nyunt.
A região onde há maior transparência sobre este assunto é possivelmente o norte da Europa. "Nos países escandinavos, por exemplo, há a possibilidade de se ter acesso às declarações de impostos dos rendimentos de todos os cidadãos, durante um certo espaço de tempo", menciona o líder dos social-democratas no estado da Baviera, Florian Pronold, que afirma agir, ele próprio, como um "deputado de vidro", em relação a assuntos financeiros. "Acho que nunca haverá essa tradição na Alemanha", prossegue, pois as culturas políticas são muito diversas. Ainda assim, ele acredita haver uma tendência mundial no sentido de maior transparência. "É irreversível a tendência de cidadãos e cidadãs realmente ficarem a saber quanto os seus deputados recebem, e se exercem atividades paralelas", resumiu.

Contramaré… 19 abr.

Thomas Herndon, doutorando em Economia, não acreditou quando descobriu o erro de Rogoff e Reinhart e chamou a namorada que o confirmou. No início, também os professores Robert Pollin e Michael Asch, não acreditaram.
Rogoff e Reinhart leccionam em Harvard e já trabalharam para o FMI, onde ocuparam altos cargos. Antes, Rogoff foi economista-chefe no banco de investimento Bear Stearns. Reinhart trabalhou para a Fed, passando antes por Yale e pelo MIT.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A montanha parou um Coelho e aferrolhou Portas…

O Governo vai poupar 600 milhões de euros nos orçamentos ministeriais e cortar outro tanto através na segurança social, saúde, educação e empresas públicas, através de medidas que estavam previstas para 2014 e que serão antecipadas para este ano. A decisão será tomada na semana que vem, anunciou o primeiro-ministro.
No ‘briefing' do conselho de ministros, que aprovou cortes orçamentais nos Ministérios, o secretário de Estado do Orçamento assumiu que "todos os serviços públicos vão ter agora menos recursos".
O governante avança que foram aprovadas medidas de redução de despesa para atingir uma diminuição de 0,5% do PIB (cerca de 800 milhões de euros) que afecta despesas de pessoal, de serviços e outras despesas correntes, remetendo o detalhe das medidas e as áreas mais afectadas para quando for apresentado o Orçamento Rectificativo, que "não deverá ser entregue antes do meio de Maio".
O ministro adjunto, Miguel Poiares Maduro, realça que nesta redução de despesas estão incluídas poupanças com a reprogramação de fundos comunitários, bem como com a renegociação dos contratos das PPP rodoviárias, cujo objectivo "é elevado agora para 300 milhões de euros". "O Governo não deixará de equacionar a possibilidade de adopção de medidas de natureza fiscal se este objectivo não atingido nesta renegociação das PPP".
Outra medida passa pela fixação de uma taxa nos subsídios de desemprego e de doença, salvaguardando mínimos de subsistência conforme tinha sugerido o Tribunal Constitucional.
O Executivo decidiu que os duodécimos que estão a ser pagos desde o início do ano aos funcionários públicos e aos pensionistas se referem aos subsídios de férias e não de Natal, isto depois do Tribunal Constitucional ter decretado inconstitucional o corte dos subsídios de férias. Desta forma, os subsídios de Natal serão pagos, como habitualmente, em Novembro e os ajustes que terão de ser feitos dos impostos, sê-lo-ão em Novembro.
E bastaram 6 (seis) dias para Pedro mentir pela enésima vez (Jesus previu 3 vezes)!
Não deixa de ser esotérico tudo que diz respeito a números oficiais, sejam valores nominais, sejam percentuais, o que dá a ideia de que para além dos “erros” da folha de Excel, os dados estarão viciados, com uns pozinhos a mais, o que origina uma exponenciação dos resultados…
Sobre a percentagem do valor correspondente à retificação constitucional do TC, já se disse que corresponderia a 0,7%, 0,8%, 1,0%, 1,1% e…
Sobre o valor nominal correspondente à retificação constitucional do TC, já se disse que corresponderia a mais de 1.000 milhões de euros, a 1.100 milhões, a 1.250 milhões, a 1.300 milhões, a 1.350 milhões, a 1.400 milhões e…
O próprio governo, que se saiba, nem quantificou um valor nem outro.
Assim sendo, PPC talvez tenha razão e não tenha mentido, porque pelos vistos, para eles, economistas e analistas, 600 ou 800 milhões “é tudo igual ao litro”, dentro do rigor que tem demonstrado até agora… Do “tarólogo” já nem dá vontade falar…
Mas se apontarmos para 1.200 milhões de euros o valor nominal correspondente à retificação constitucional do TC e o PM tinha dito que eram 600 milhões de euros retirados aos orçamentos ministeriais e outros 600 milhões na área social, ou seja 50% para cada área visada, com 800 milhões só da área social, ou os ministérios vão ter um corte menor do que o anunciado, ou vão cortar, mais uma vez, mais além da troika…
Mas, Peres Metelo, fazendo umas contas por alto, logo após as “medidas” anunciadas, chegou aos 1.100, 1.200 milhões de euros, só na área social. Assim sendo, mas esperemos por outros cálculos, continuam a ir além do além da troika… Mentindo!
Sobre as PPP, pronto, é só ameaças e enquanto houver um infiltrado no governo, quanto mais tarde melhor (para os “muchachos”)! Vão enganar o “ceguinho”!
O cómico, neste circo que só tem “palhaços pobres” (de inteligência e ética política) é a substituição ad hoc (ou o chamado “trocadalho do carilho”), dos duodécimos correspondentes ao subsídio de Natal, que por iniciativa própria e sem alterarem a Lei do Orçamento, alteraram-no por subsídio de Férias e só o pagarão em Novembro, como “subsídio de Férias na Neve”… Esta deve ser do Portas!
O dramático, nesta tragicomédia, é que não há uma medida concreta, quantificada, quando o governo e os partidos “sapata” exigem constantemente à oposição que apresente medidas concretas…
Este governo já nem precisa de mais avaliações da troika (já está avaliado pelos portugueses) para mostrar o que vale! São tantas e variadas as criancices e “gasparespertices”, que nem eles tem consciência disso e por isso são inconscientes…
Rico povo, que tão pobres governantes tem! E não merecia…

Ecos da blogosfera – 18 abr.

Ai os filhos da pata! E nós aqui a ser “Excelizados”…

Um dos trabalhos académicos que sustenta as políticas de austeridade está a ser posto em causa devido a erros nos cálculos de Excel.
De acordo com um trabalho académico desenvolvido pelo estudante de doutoramento Thomas Herndon e pelos seus professores Michael Ash e Robert Pollin, da Universidade de Massachusetts, o trabalho apresentado em 2010 por Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff, que encontrou um efeito negativo entre endividamento e crescimento económico, errou ao concluir que um elevado nível de dívida condena uma economia a um crescimento lento.
Segundo o estudo, elaborado por estes dois académicos da Universidade de Harvard (Estados Unidos), os países com um rácio de dívida pública acima dos 90% do PIB assistem a uma contracção média das suas economias de cerca de 0,1% por ano (crescimento do PIB de -0,1%).
Agora, Herndon, Ash e Pollin recriaram os cálculos feitos para 20 economias desenvolvidas no período pós-II Guerra Mundial e, num 'paper' de revisão do trabalho de Reinhart e Rogoff, concluíram que os países com um rácio da dívida pública daquela dimensão tiveram um crescimento do PIB de 2,2%, apenas um ponto percentual abaixo da taxa de crescimento observada em países com menores rácios da dívida.
Segundo os autores, na base dos problemas estiveram os cálculos feitos para o período pós-Guerra: um erro de código que faz com que 5 países tenham sido excluídos das médias entre 1946 e 2009 (Austrália, Bélgica, Áustria, Canadá e Dinamarca), um sistema de ponderação pouco convencional usado nas estatísticas e a exclusão selectiva da Nova Zelândia.
Este erro específico está a despertar as atenções porque Reinhart e Rogoff incluíram dados da Nova Zelândia em 1951, ano em que a dívida do país excedia 90% do PIB e a economia caiu 7,6%, mas excluíram dados também da Nova Zelândia para o período entre 1946 e 1949, quando a dívida também ultrapassou os 90% mas o crescimento foi forte.
Esta é uma importante crítica académica, mas também com implicações políticas, uma vez que o trabalho desenvolvido por Reinhart e Rogoff é visto como sustentáculo do pensamento económico pós-crise.
O 'paper' agora criticado de Rogoff e Reinhart é, segundo o Nobel da economia Paul Krugman, um dos dois que sustentam o "edifício intelectual da economia da austeridade". O outro, refere, é o apresentado em 2009 por Alberto Alesina e Sílvia Ardagna, sobre os efeitos macroeconómicos da austeridade.
Segundo Krugman, um forte crítico das políticas de austeridade que estão a ser levadas a cabo em vários países, também este trabalho falhou ao não saber distinguir entre episódios em que a política monetária estava ou não disponível.
Entretanto, Rogoff e Reinhart responderam a esta crítica no Finantial Times, em que afirmam que os seus dados são semelhantes aos agora encontrados para o crescimento individual dos países, mas que essas "fortes semelhanças não são o que os autores optaram por enfatizar".
Ainda assim, admitem que Herndon, Ash e Pollin têm razão no erro de código que omite alguns países das médias e que influencia a taxa de crescimento dos países com dívida acima de 90% do PIB, mas afirmam que o efeito é "felizmente" atenuado pelo peso dado à taxa de crescimento do PIB média para os vários níveis de dívida considerados”.
Já não há dúvidas de que a fraude intelectual, a incompetência de seguidores e o aproveitamento político conivente estão na base de tudo de errado que nos aconteceu e aos povos dos países em situação idêntica!
Convém dizer que cada notícia sobre este assunto traz outros dados que este não refere. Basicamente, os dois “académicos”, Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff, autores do estudo e do Excel, foram economistas-chefe do FMI…
Os dados foram manipulados, com omissões de países, de anos e resultados…
Sabendo agora, que estes cálculos justificam e sustentam a austeridade e se tivermos em conta que em 2010 a dívida de Portugal era de 86% do PIB, inferior portanto aos 90%, quer dizer que fomos vítimas do efeito colateral de uma bomba financeira porque não se justificaria o resgate. Só no final de 2011, Portugal atingiu os 99,0% do PIB. No final… E infelizmente, em 2012, chegamos aos 122,5%...
Afinal o Gaspar vai ter que atualizar o seu Excel e encaminhá-lo aos seus amigos da troika…

Contramaré… 18 abr.

O Iraque executou 21 homens condenados por terrorismo, todos de nacionalidade iraquiana, a mais recente de uma série de execuções coletivas que suscitaram críticas das Nações Unidas, da União Europeia e do Reino Unido, assim como de organizações internacionais de defesa dos direitos humanos como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch.
Com estas execuções, sobe para 50 o número de aplicações da pena de morte no Iraque desde o início do ano. Em 2012, o Iraque executou 129 condenados.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

A realidade, o embuste, os artistas e a tragicomédia…

Volvidos quase 2 anos desde que foi desenhado o programa de ajustamento da troika para Portugal, olhar para as previsões então feitas para as contas públicas parece uma visita a um mundo delirante e é hora de voltar à realidade.
O governo ameaçou com a demissão e Vítor Gaspar congelou o funcionamento do Estado: culpa do Tribunal Constitucional e da sua recusa em aceitar os artigos inconstitucionais do Orçamento do Estado para este ano. Foram cerca de 1.200 milhões de euros, 0,7% do PIB previsto para este ano, valor que, a julgar pela reacção do governo e da troika, põe em causa todo o programa português. Fazendo as contas às sucessivas derrapagens nas previsões para o défice público desde o lançamento do ajustamento, nota-se que o chumbo do Constitucional representa qualquer coisa como 18% das derrapagens totais dos orçamentos de Vítor Gaspar.
Em 2011 Passos Coelho decidiu “ir além da troika”, forçando um défice de 4% com receitas extraordinárias, mas a derrapagem acumulada no défice neste período poderia saltar para mais de 12 mil milhões, diluindo o peso da decisão do TC para 10% das derrapagens totais.
Ao ano do “brilharete” de ir além da troika, seguiu-se a realidade. Os ganhos conquistados em 2011 foi quase totalmente desperdiçado no ano passado. Para o ano, o cenário é idêntico.
Considerando o valor do PIB com que Portugal deverá chegar ao final deste ano, podemos calcular que durante a vigência do programa (2011-2014) Portugal devia acumular um défice máximo equivalente a 16,8% do PIB. As últimas previsões, contudo, apontam já para um défice total de 20,8% no período - um valor já muito ajudado com receitas extraordinárias.
Dívida, desemprego e recessão
Com as derrapagens nas previsões, além do défice também os cálculos da trajectória da dívida ou da recessão que a economia ia acumular no período ficou longe do antecipado.
Bruxelas e o FMI calculavam que a economia portuguesa entre 2011 e 2014 iria acumular uma contracção do PIB de 0,3% - défice de 2,2% e 1,8% em 2011 e 2012, seguido de crescimento de 1,2% e 2,5% em 2013 e 2014 -, valor que agora saltou para uma contracção total de 6,6% entre 2011 e 2014. É neste indicador que reside também a explicação para as previsões feitas sobre o desemprego, que no entender do governo e da troika começava em queda acentuada já em 2014, em que deveria chegar aos 12,5%. Actualmente a taxa de desemprego vai nos 17,5% e ainda em tendência ascendente.
Quanto à dívida pública, a troika previu que a dívida portuguesa não passaria do pico de 114,9% do PIB, este ano, valor que dada a contracção maior que o esperado corresponde todavia a uma dívida de 123,6% do PIB.
O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho escreveu uma carta ao secretário-geral do Partido Socialista, António Seguro, onde marca uma reunião para discutir medidas alternativas às 4 chumbadas pelo Tribunal Constitucional (TC).
A troika reúne também, esta quarta-feira com o secretário-geral do PS, António José Seguro, na sede do partido, a pedido da troika.
Para a direção do PS, o encontro solicitado por Passos Coelho "não é mais do que um golpe de teatro para fingirem que estão abertos ao diálogo". Socialistas dizem que o País está perante a "encenação de um governo encurralado" e que o convite e a carta do primeiro-ministro é apenas para a "troika ver".
O Presidente da República mostrou-se satisfeito com o anunciado encontro desta quarta-feira entre o líder do PS, António José Seguro, e o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
Só faltava esta armadilha contra António José Seguro, depois de todas as que lhe têm montado no seu próprio partido.
A troika apresenta a factura ao PS.
Paulo Gaião
A mais recente encenação que Paulo Portas e o seu mensageiro Pires de Lima fazem há semanas da crise no governo, revelou finalmente o seu alvo: o próprio líder do PS.
Passos sabe de tudo e aprova. O plano foi montado com antecedência porque o governo sempre soube o que o esperava no Tribunal Constitucional.   
Como Portas se mostra um parceiro pouco fiável, Passos ganha espaço de manobra para garantir um apoio mais amplo, alargado ao PS, em relação às novas medidas que permitam viabilizar a próxima tranche da troika.
Escreveu então a Seguro a convidá-lo para conversações
Para a carta vir mais armadilhada, Passos colocou uns pozinhos de políticas de crescimento, a pedra de toque  da agenda política do PS desde há meses.    
O objectivo é chutar o ónus da recusa para os socialistas.  
Seguro não tinha margem para recusar o encontro com Passos. Hoje lá estará (talvez Portas esteja por detrás do reposteiro)    
Como é que o líder socialista sai desta?  
Perante Passos deve lembrar que o governo tem uma maioria parlamentar. Quem lhe comeu a carne (o que restava dela), que lhe roa os ossos.
Perante a troika e o chumbo das suas propostas fora da caixa, o líder do PS vai ter de subir a parada.
A história  está muito acelerada, com etapas que se esgotam rapidamente. As políticas de crescimento já não medram em terra queimada.
O “não pagamos” pode estar cada vez mais próximo do PS.
Em Berlim e Bruxelas seria um escândalo ver os socialistas neste caminho.
Mas no campo interno podia ser o Grito do Ipiranga de Seguro no PS, perante a ala esquerda do partido que sempre lhe tirou o tapete, o Bloco de Esquerda e o PCP.
Mário Soares e Manuel Alegre, os pais da Europa Connosco, certamente que lhe darão uma ajuda. 
E os portugueses podem estar à espera desta palavra mágica que os liberta: “não pagamos”.
Não seria necessária uma lista tão detalhada dos falhanços nas previsões da troika e de Gaspar, como as do artigo do i, basta sentir e ver a realidade, a de cada um e a dos vizinhos, para se saber que os atuais governantes, guiados pelos funcionários da troika não dão conta do recado. Mas pior, é a insistência em medidas que os próprios patronos da troika já concluíram e confessaram que não resultam, quer financeiramente (com o tal engano do “multiplicador”), quer socialmente (com o pedido de contenção na austeridade nos países intervencionados, feito pela chefe do FMI, para evitar convulsões), quer economicamente (pela recusa da Banca nos apoios às empresas, denunciada por Lagarde e pelo PM). Inexplicavelmente, querem que continuemos a palmilhar o caminho para a falência e a pobreza generalizada, mesmo contrariados e contestados por muitos outros analistas e especialistas estrangeiros, que concluem que nos querem empurrar para o abismo, sem retorno.
É linear, que mais um crescendo de confiscos, a continuação da eliminação de direitos básicos do contribuinte, a recusa (ideológica e teimosa) de o Estado cumprir os seus deveres constitucionais (e humanistas), sabendo-se antecipadamente, de experiência feita, que nada de melhor (para o quotidiano do cidadão contribuinte) nos espera, todos esperam um explosão social, que querem evitar, por escancarar (envergonhando-os) a falta de jeito dos “desenhadores” dos projetos e o rigor dos “cálculos de estabilidade” (não se faz uma coisa sem a outra), o que não é nada abonatório para quem quer contraditar o óbvio.
E é por isso, que de repente, a última chance é colar o PS à tragédia, na tentativa de “converter” os seus simpatizantes (pelo silêncio), em apoiantes do governo e da troika, quando o próprio PM não consegue calar o seu parceiro de governo e muito menos os seus simpatizantes, que o elegeram para salvar a Pátria, como tinha prometido.
Claro que isto é puro teatro, tragicomédia, talvez “revista à portuguesa”, a que o PR responde com um sorriso à “bolo-rei”, que se assemelha ao sorriso da hiena…
E enquanto a reunião com Passos/Seguro decorre e se aguarda pela reunião Troika/PS, espera-se que, coerentemente, se institucionalize uma rutura, definitiva e sem retorno, que obrigue todos os responsáveis a redesenhar o futuro de um País e de um Povo, que não é “rato de laboratório”, nem “gato com o rabo entre as pernas”…
E que o PS se vá virando para o outro lado, que é o que se deve fazer quando, dormindo, se tem pesadelos…
Afinal estão a tratar apenas de 0,7% do PIB previsto (pela troika e governo) para este ano e mal iria se não soubessem tapar este buraquinho, comparado com os colossais buracos do BPN (e outros bancos), da Madeira, das PPP, das fugas aos impostos, dos offshores, dos “jogos de casino” das Empresas Públicas, das mordomias ministeriais, das Fundações, etc…
Quem atirou o fósforo para o mato, que apague o fogo!
Nota – Comentário feito e agendado durante a manhã e antes da reunião. 

Ecos da blogosfera – 17 abr.

Dívidas são Finanças e reparação de guerra é MORAL!

Depois de a Grécia apurar que a Alemanha lhe deve mais de 162.000 milhões de euros em reparações de guerra, o tom do diálogo começa a subir entre os dois países que já ponderam recorrer aos tribunais internacionais para resolver a disputa.
Catarina Falcão
Mais de 560.000 mortos, 70.000 judeus enviados para campos de concentração, 50% das infraestruturas destruídas e 75% da indústria em ruínas foram o resultado de 3 anos de ocupação nazi na Grécia. Agora, 69 anos depois da saída das tropas de Hitler do país e na mesma semana em que consegue desbloquear a próxima tranche do empréstimo da troika, a Grécia mostra-se disposta a ir até às últimas consequências para que lhe sejam reavidos mais de 162.000 milhões de euros em reparações de guerra que nunca foram pagas na totalidade pela Alemanha - com juros de mora. Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças alemão já acusou os gregos de irresponsabilidade por trazerem esse assunto de volta à discussão pública, mas Dimitris Avramopoulos, ministro dos Negócios Estrangeiros, avisou que Atenas não vai esquecer o passado e que serão, em última instância, os tribunais internacionais a decidir.
Depois de o jornal diário grego “To Vima” ter difundido que a Comissão nomeada pelo governo grego em Novembro do ano passado para avaliar o montante de reparações de guerra em dívida pela Alemanha tinha apurado que o valor devido à Grécia era de cerca de 162.000 milhões de euros, as críticas germânicas não se fizeram esperar. Schäuble desvalorizou o assunto considerando as conclusões do relatório do governo “irresponsáveis”. “Em vez de iludir as pessoas na Grécia, seria melhor mostrar-lhes o caminho para as reformas que precisam fazer”, disse o ministro alemão.
A resposta da Grécia, onde o relatório ainda é secreto, conhecendo-se apenas o valor monetário apurado por um conjunto de analistas, não tardou. O ministro dos Negócios Estrangeiros que está a estudar o relatório e a melhor maneira de o utilizar, disse que as reformas para melhorar a situação financeira do país estão a ser levadas a cabo e que as reparações da II Guerra Mundial são um assunto à parte. “Não há qualquer relação entre os dois assuntos. Uma coisa são as reformas financeiras que a Grécia está a fazer neste momento e outra são as reparações de guerra. Este é um assunto pelo qual os sucessivos governos gregos se batem há muitos anos e caberá aos tribunais internacionais decidirem se o caso está ou não encerrado”, disse Avramopoulos.
Advogado em causa própria
Desde o início da crise, em 2010, muitas associações, cidadãos a título individual e políticos têm recuperado o tema da falta de pagamento por parte da Alemanha das reparações de guerra acordadas após o final da II Guerra Mundial, não só em resposta ao comando germânico das políticas de austeridade que têm sido impostas, mas também como uma possível solução para a falta de financiamento que a Grécia atravessa. A petição online para a Alemanha “honrar as suas obrigações para com a Grécia”, pagando os empréstimos e as reparações pelas “atrocidades cometidas durante a guerra” já conta com mais de 190.000 assinaturas.
Uma das vozes mais activas nesta reivindicação é Notis Marias, deputado eleito pelos Gregos Independentes e professor de Assuntos Europeus na Universidade de Creta. O deputado grego explicou que, na sua opinião, o país “deve recorrer a todos os meios diplomáticos e legais, incluindo tribunais internacionais e outras organizações para reaver o dinheiro”. Uma alegação que segundo o professor de Direito Internacional do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Francisco Pereira Coutinho, pode ter viabilidade junto do Tribunal Internacional de Justiça. “É fundamentalmente um problema político, mas se a Alemanha não pagar, poderemos eventualmente ter um novo processo no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), agora iniciado pela Grécia, em que se discutirá se este pode apreciar factos que sejam anteriores à sua constituição e se a Grécia tem ou não direito a indemnização” explicou o académico.