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sábado, 4 de fevereiro de 2012

Sem Carnaval TODA A GENTE leva a mal!

O primeiro-ministro anunciou que não vai ser dada tolerância de ponto no Carnaval aos funcionários públicos e justificou a decisão dizendo que “ninguém perceberia” que tal acontecesse numa altura em que o Governo pretende acabar com feriados.
Concorda que não haja tolerância de ponto? Porquê? Será esta uma boa medida para melhorar a produtividade? Ou vai prejudicar as localidades que dependem desta época festiva?
Em primeiro lugar, este ano há Carnaval, só não haverá(?) tolerância de ponto e não é fácil concordar com tal decisão por várias razões:
1 – Pelo que dizem as normas, uma atividade que se comemora há mais de 5 anos, torna-se uma tradição, o que significa que esta tradição será interrompida, o que nos leva a acreditar que é este ano que acabarão os touros de morte em Barrancos e noutras localidades;
2 – Não é honesto mudar as regras do jogo, imediatamente antes do jogo, quando toda a logística está montada e a agenda anunciada;
3 – Comparar a eliminação de feriados nacionais com a eliminação das tolerâncias de ponto (que não foram incluídas na lista dos primeiros), significa que não tem comparação e que TODA A GENTE perceberia essa diferença;
4 – Pela mesma justificação que o PM atirou ao ar, NINGUÉM PERCEBE por que se mantem todos os FERIADOS MUNICIPAIS, que deveriam ser, TODOS, logicamente eliminados;
5 – Para quem tem memória e a propósito do aumento da produção (não da produtividade) com a eliminação de feriados, este fait divers, cheira a gonçalvismo, com o “dia de trabalho” de 1975, que também não deu em nada;
6 – A história recente mostra que uma tentativa idêntica, iniciativa do atual PR, inclinou-lhe a rampa de saída, o que a repetir-se traria benefícios;
7 – Quem conhece o país (e as suas tradições) sabe que esta está profundamente arreigada a todas as comunidade e coletividades, há dezenas/centenas de anos (saiba-se lá porquê), que a incluem nos programas de oferta turística (veja-se a Madeira) e apostam na área económica, com resultados na restauração;
8 – É fácil perceber que os investimentos feitos pelas localidades que já investiram milhares de euros verão reduzido o retorno e reduzirão a vontade de trabalhar, reduzindo, aqui sim, a produtividade;
9 – O Carnaval é também uma festa tradicional de âmbito mundial, a que nos autoexcluiremos;
9 – Presume-se que a interrupção de atividades letivas programadas não será cancelada, o que deixará as escolas fechadas, os alunos em casa, os pais a trabalhar (se forem Funcionários Públicos) e os professores (Funcionários Públicos) a fazerem de conta.
Por tudo isto, está Passos Coelho sob fogo por não dar tolerância de ponto, com sindicatos, autarcas e oposição contra esta decisão do Governo.
E por mais esta discriminação dos Funcionários Públicos, só se pode pensar que seja mais uma discriminação dos Funcionários Públicos, até que se habituem à sua insignificância e ao silêncio pavloviano…
Esperemos que esta “bombinha de Carnaval” (não) rebente nas mãos de quem a lançou, mas esperemos que seja apenas uma “brincadeira de Carnaval”, a ver se “ninguém leva a mal”…
Por outro lado, em Carnaval andamos nós há muito, porque Carnaval é quando o governo quiser e o povo participar…

Contramaré… 4 fev.

O presidente do Observatório de Combate à Pobreza na cidade de Lisboa, Sérgio Aires, afirma que a falta de dados atualizados está a prejudicar o ataque eficaz ao fenómeno. Neste momento, o fenómeno tem como referência com números de 2009, mas também as metas europeias de combate à pobreza estão desatualizadas.
Ouça na íntegra a entrevista a Sérgio Aires

Não é um problema social, mas evidentemente político!

Numa altura em que o desemprego atingiu um nível recorde na União Europeia, cerca de um quarto dos europeus que tinham, até agora, um nível de vida decente correm o risco de deslizar para a exclusão social. Um fenómeno que compromete as estratégias europeias de luta contra a pobreza.
Dario
Dimitris Pavlópulos tem uma pensão mensal de 550 euros e gasta em medicamentos cerca de 150. O corte de subsídios aos gastos com farmácia obriga-o a escolher entre comprar um litro de leite (1,50 euros) ou aviar uma das receitas que a sua doença exige, porque lhe é impossível suportar as duas despesas.
Manuel G. é um desempregado de longa duração que tem saudades do “mileurismo” das primeiras investidas da crise. Perdeu o emprego de administrativo há 3 anos e já esgotou o prazo em que recebia subsídio de desemprego. Sem rede familiar, vive num quarto alugado e recorre às cantinas sociais e às doações de roupa de uma ONG.
São as vítimas da crise: setores da sociedade que há apenas um lustro faziam parte da classe média, ou média-baixa, são hoje novos pobres. Pessoas que têm de escolher entre uma refeição quente por dia ou aquecer a casa, entre pagar a hipoteca ou comer.
Casos que dinamitam a tradicional imagem da pobreza ligada à mendicidade, agora a pobreza associa-se à normalidade. “Os voluntários de antigamente são hoje os nossos beneficiários”, explica Jorge Nuño, secretário-geral da Cáritas Europa.
Segundo números da União Europeia, em 2009 havia 115.000.000 de pessoas em risco de pobreza e exclusão social no território dos 27 (23,1% da população), “sem contar com os 100 ou 150 milhões que estavam no fio da navalha”, explica Nuño, “porque dois meses de desemprego e uma hipoteca às costas empurram para baixo toda a gente”.
Em 2007, estavam abaixo do limiar da pobreza 85.000.000 de cidadãos europeus (17% da população). Na lista figuram países como a Grécia, a Espanha ou a Irlanda, “mas também França, Alemanha ou Áustria”, sublinha Nuño.
Os exemplos mostram as razões que estão a deixar cada vez mais cidadãos na pobreza: endividamento familiar, falência de Estados pródigos em subsídios ou a existência de trabalhos de má qualidade, como os milhões de empregos perdidos na construção civil em Espanha.
Os jovens estão em situações limites
Como se mede a penúria? Há dois tipos de pobreza, a moderada ou relativa (para pessoas que têm até 60% do rendimento médio do país) e a severa (para os que têm 40% ou menos desse rendimento médio).
“A maioria dos pobres está cada vez mais longe desse limiar. Os pobres estão cada vez mais pobres, mas também é verdade que há pessoas que nunca tinham entrado numa cantina social e, hoje, é lá que comem. As taxas de pobreza cresceram imenso nas crianças – em Espanha, 1 em cada 4 está em situação de pobreza –, e muito entre os imigrantes e os jovens”, explica o sociólogo Paul Mari-Klose, do CSIC.
“Falamos de situações de privação, de não conseguir chegar ao fim do mês, ou de comer carne menos de duas vezes por semana. Mas em Espanha, tal como na Grécia, em Portugal e em Itália, não foi a extensão da pobreza que aumentou muito, mas sim a sua severidade e a sua concentração em determinados grupos. Durante a expansão económica houve muitos jovens que se emanciparam precariamente e, agora, estão em situações limites. Na Islândia houve um enorme aumento da pobreza, sobretudo entre as crianças”, acrescenta Mari-Klose.
A pobreza – segundo as estatísticas do Eurostat em matéria de pobreza e exclusão social – está a cercar países como Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha e países do Leste europeu que entraram recentemente na UE, camadas cada vez mais amplas dos Estados sólidos e algumas camadas de Estados providência que estão com problemas, como a Islândia após a falência do seu sistema bancário.
Mas a média comunitária apresenta uma elevada dispersão. A Bulgária (46,2%) e a Roménia (43,1%) quase a duplicam, segundo o Eurostat. No outro extremo estão a República Checa (14%), a Holanda (15,1%) e a Suécia (15,9%). Espanha ocupa um lugar intermédio, 23,4%. Mas estar a meio da tabela é passar inadvertidamente: a soma do risco estrutural (cerca de 20%, em 2007), do défice de proteção social e o recorde de desemprego (22,8%) apontam para um futuro nada risonho.
A fome tornou-se uma realidade
Aos três núcleos tradicionalmente mais expostos à pobreza – crianças e idosos, mulheres e imigrantes, ou seja, a idade, o género e a etnia, como fatores de intensificação da pobreza – somou-se uma legião de cidadãos sem rótulo num contexto de corte de gastos sociais, o que amplia os efeitos da crise: são “pessoas com um trabalho muito precário, para quem é difícil chegar ao fim do mês e que, ainda para mais, não têm ajudas, pessoas entre os 30 e os 45 anos, com ou sem encargos familiares, e sem subsídios porque têm algum rendimento, que se veem obrigadas a voltar para casa dos pais porque têm uma hipoteca para pagar”, afirma Joan Subirats, da Universidade Autónoma de Barcelona. “Os outros setores estão mais vigiados, mas estas classes médias não estavam sob o foco”, acrescenta.
O estado de inanição de amplas camadas da sociedade europeia não é apenas um problema de índole social, tem também uma projeção política evidente: há cada vez mais cidadãos nas margens do sistema.
Apesar da maioria dos especialistas consultados prevenir para a tentação de fazer dos “novos pobres” as únicas vítimas da crise e sublinhar a deterioração de setores previamente empobrecidos, é inegável que, depois de quase três lustros de vacas gordas e novos-ricos, a crise atingiu em cheio um segmento da população que, até 2007, tinha as suas necessidades básicas asseguradas.
Mas no pesadelo dos novos pobres há muito mais fatores. Entre os membros mais recentes da UE, o principal lastro é um défice estrutural herdado, na sua maioria são países ex-comunistas reconvertidos à pressa, como a Letónia (37,4% de risco de pobreza e exclusão), Lituânia, Hungria, Bulgária e Roménia.
Na Grécia, o fantasma da fome tornou-se uma sangrenta realidade. O reformado Pavlópulos, de 75 anos, é ajudado pela ONG Médicos do Mundo-Grécia. Desde que o primeiro plano de ajustamento (2010) acabou com inúmeros subsídios, o homem gasta a sua pensão em dez dias e, depois, recorre às doações de medicamentos e comida da ONG.
O Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social, em 2010, passou despercebido. Concluía, assim, a Estratégia de Lisboa, que pretendia provocar “um efeito decisivo na erradicação da pobreza”, e arrancava a Estratégia 2020.
Mas a crise fez cair por terra os bons propósitos. O principal objetivo da Estratégia 2020 de reduzir em 20.000.000, nesta década, o número de pobres, ameaça tornar-se letra morta.
DESEMPREGO - As duas facetas da Europa
“Europa recebe subsídio de desemprego”traz em manchete o Gazeta Wyborcza, comentando os últimos valores do desemprego do Eurostat. "O número de desempregados europeus aumentou quase um milhão durante o último ano, para cerca de 24 milhões, situando-se agora a taxa de desemprego europeu num recorde de 10,4%."
A situação é extrema na Europa do sul, nomeadamente em Espanha e na Grécia, onde cerca de 1 em cada 2 jovens está desempregado e as condições laborais são “dramáticas”.
Do lado oposto está a Áustria, com a taxa de desemprego mais baixa da UE, 4,1%, e outros Estados-membros do norte: Holanda (4,9%) e Alemanha (5,5%). O diário Gazeta Wyborcza constata:
O fosso entre o Norte próspero e o Sul dominado pela crise está a aumentar. Se observarmos o mercado de trabalho, estes são virtualmente dois mundos diferentes.

Ecos da blogosfera - 3 fev.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Para os que beatificam a EDUCAÇÃO dos EUA…

O sonho americano (George Carlin)
Muitos acreditam erradamente que George Carlin está a falar de sociedades secretas, como os Iluminatti, o Grupo de Bilderberg, ou a Maçonaria, mas a realidade é muito mais simples.
Basta conhecer um pouco de teorias económicas e sociais, bem como da História recente e qualquer cidadão mais ou menos informado saberá quem são os DONOS DO MUNDO que menciona.
Entre a classe tradicionalmente proprietária, uma pequeníssima parcela tornou-se tão absurdamente abastada, que coloca, literalmente, governos nacionais de joelhos com a simples ameaça de abandonar investimentos, enquanto os governos estão presos aos seus territórios e aos seus contribuintes. Essa elite mundial, dona do capital financeiro, não tem limites, trafica mundialmente com o seu jogo sujo (bom, para ser sujo tinha que ter regras, e nesse jogo eles é que fazem as regras).
Caso se incline para as teorias da conspiração e acredita no poder das sociedades secretas, que existem e espalham a sua influência, tenha em mente que antes de mais nada tem mais poder do que o dinheiro.
E tudo começa nos Sistemas Educativos!

Contramaré… 3 fev.

O jornal Global Times, órgão oficial do Partido Comunista Chinês, advertiu hoje a Europa que a China "tem atualmente muito mais influência económica" no mundo e "não precisa de dançar ao ritmo europeu". A União Europeia é o maior parceiro comercial da China, mas o comércio da China com o Japão e a Coreia do Sul já ultrapassou o comércio entre a China e os 27 da UE, salienta o editorial sobre a visita de Angela Merkel à China.

Está tudo preparado para o receber e o aCorrentar!

A 13ª edição do Correntes d’Escritas foi apresentada, quando faltam três semanas para o início do Encontro de Escritores de Expressão Ibérica, que se realiza de 23 a 25 de Fevereiro, na Póvoa de Varzim.
O envolvimento de um grupo de patrocinadores e parceiros é absolutamente essencial para que o maior evento literário do país continue a acontecer. O município gastará 35.000 euros, valor apoiado em 50% pelo Instituto do Turismo de Portugal. De resto, embaixadas, editoras, empresas e o Casino da Póvoa, cientes da conjuntura financeira actual, cooperam com a Câmara Municipal para realizar o Correntes d’Escritas e partilhar com o público os seus escritores.
Mas, o Encontro de Escritores de Expressão Ibérica é mais, muito mais, do que números e orçamentos. Trata-se de 55 pessoas com histórias para contar, emoções a transmitir, gargalhadas a partilhar. E é isso que, de 23 a 25 de Fevereiro, poderá esperar.
Na Sessão de Abertura, dia 23, às 11h00, no Casino da Póvoa, conhecer-se-á o escritor e a obra vencedora do Prémio Literário Casino da Póvoa, serão anunciados o Prémio Correntes d’Escritas/Papelaria Locus, o Prémio Correntes d’Escritas/Fundação Dr. Luís Rainha e o Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d’Escritas/Porto Editora e lançada a Revista Correntes d’Escritas 11, totalmente dedicada a Eduardo Lourenço.
Às 15h00, no Auditório Municipal, D. Manuel Clemente irá proferir a Conferência de Abertura.
O ex-líbris do Correntes d’Escritas são as Mesas de Debate, quando centenas de pessoas, acomodadas nas cadeiras, nas escadas, no chão ou mesmo em pé, partilham emoções com os intervenientes.
Participar no Correntes d’Escritas é, também, estar a par das novidades literárias. Reconhecido como uma oportunidade para a apresentação de novidades no sector editorial e livreiro, o Encontro acolhe várias sessões de lançamentos de livros, quer na Casa da Juventude quer no Axis Vermar.
As sessões nas escolas locais e no Diana Bar, com estabelecimentos de outros concelhos, são aguardadas pelos alunos com muita expectativa. Juntamente com os professores, preparam estas sessões e participam com entusiasmo.
A Biblioteca Municipal irá acolher a exposição “Aproximações”, fotografias de Jorge Barros. Na mesma altura será feito o lançamento do álbum de fotografias do mesmo fotógrafo, “As Ilhas Desconhecidas”, que contará com cantares alentejanos e açorianos protagonizados pelo grupo “À Capella”.
No dia 25 de Fevereiro, às 18h30, no Auditório Municipal, serão anunciados os vencedores da 4ª edição dos Prémios de Edição LER/ Booktailors 2011. Estes serão os prémios atribuídos: Prémio Edição (Carreira); Prémio Designer/Artes Gráficas; Prémio Editora Revelação; Prémio Editora do Ano; Prémio Tradutor; Prémio Livreiro; Prémio Livraria Independente; Prémio Jornalista ou Crítico Literário; Prémio Blogosfera e Internet de Edição; Prémio Campanha de Divulgação de Autor Português. Aqui poderá consultar os finalistas.
Faltam 21 dias para a festa começar. Está tudo preparado para o receber. Não falte.
Recomendo, vivamente!

Ecos da blogosfera - 2 fev.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A “pós democracia” será a 4ª via para a instabilidade?

A Coreia do Sul registou em janeiro o seu primeiro défice em 24 meses devido à forte queda das exportações em consequência da crise económica mundial, revelou o Governo de Seul.
No primeiro mês de 2012, a Coreia do Sul registou um défice da balança comercial de 1.500,2 milhões de euros contra um superavit de 2.219 milhões de euros em dezembro de 2011.
O fator decisivo que motivou o défice comercial de janeiro foi a abrupta descida das exportações que caíram 6,6% face ao mesmo mês de 2011 e corresponde à primeira queda em 27 meses, com a venda de produtos no valor de 31.722 milhões de euros.
Ou seja, desde que começou a crise e a “inevitável” política de austeridade, o mercado sulcoreano começou a registar uma descida de vendas e naturalmente de lucros, o que se estenderá naturalmente a todas as economias emergentes, pela simples razão de as compras a esses países diminuírem drasticamente, por muito barato que vendam e à custa dos baixos salários.
Os analistas oficiais e acólitos dos mercados, mesmo sabendo que o crescimento desses países se baseia no baixo preço dos produtos, produto dos baixos salários que pagam e à inexistência de legislação laboral, que fere os direitos humanos, sabem também que por muito barato que continuem a colocar produtos no mercado, se não houver dinheiro no bolso dos consumidores, a produção tornar-se-á excedente, as vendas cairão, o crescimento será negativo e o tão apregoado MILAGRE cessará… E sabem, como há muito alertam os mais conceituados economistas, que a austeridade tem este “defeitozinho”, de resultar em pobreza, em menos consumo, em menos economia, no fecho de empresas, em menos emprego, no CAOS, com repercussões a nível mundial, quer no plano individual, quer dos próprios Estados.
É claro que quem o tem, e cada vez mais, não está preocupado. Quem tinha algum começa a perceber que o vai perder de ano para ano até ao limiar da pobreza. Quem não tinha nada, nada vai ter e nem por estarem habituados se habituarão à ideia de pertencerem a uma casta sem dignidade.
E por tudo isto, o exército dos INDIGNADOS aumentará as fileiras, com as (r)evoluções sociais que mesmas causas do passado repetirão no presente (envenenado) os efeitos que se escondem, mas que estão latentes no quotidiano de todo o cidadão, fruto da nova “ideologia” e dos empreiteiros desta pós democracia…
Só não vê quem não quer ver e quem não quer ver só quer usurpar…
Até quando? Porque há limites para a capacidade de sofrimento, mesmo dos portugueses, Dr. Vitor Gaspar!

Contramaré… 2 fev.

Movimento liderado pelo arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles defende a restauração da monarquia e que D. Duarte de Bragança é o “único e legítimo pretendente ao trono”.
Os subscritores falam numa “ameaça de perda de soberania” e admitem que os portugueses têm razão para não confiar no futuro. O “Manifesto: Instaurar a Democracia, Restaurar a Monarquia” visa combater o enfraquecimento das “estruturas democráticas, a visível delapidação dos valores morais na política”, o estado “caótico” da Justiça e a “aparente dependência das mais diversas forças de influência”.

Só jogos de malabarismo! Não passam de mentiras…

As medidas aprovadas na cimeira de 30 de janeiro - o tratado de estabilidade e o plano de crescimento económico - servem, na melhor das hipóteses, para reparar os erros cometidos no passado ano e meio. No pior dos cenários, não passam de mentiras, diz o colunista Xavier Vidal-Folch.
“Os líderes dedicam grande parte do tempo das cimeiras a discutir como tiram a pata da poça em que a meteram na cimeira anterior”, sussurra um protagonista da alta política da UE.
A inanidade das discussões circulares e recorrentes sobre a Grécia, Portugal ou o tamanho do fundo de resgate confirmou quão difícil é tirar a pata. Fincada, pelo menos, desde que Merkel e Sarkozy libertaram da lâmpada (Deauville, 19 de outubro de 2010) o duende da falência de um parceiro, oculto na quitação (descida do valor das obrigações) aos seus credores privados.
O conclave deu duas magnas contribuições para a sequência de teimosias: a luz verde a um falso Tratado de Estabilidade e a aprovação de um plano de crescimento que não é um plano. Uma piada. Ou só parece ser?
Digamos que o tratado é necessário para garantir a disciplina dos parceiros do euro e desenhar, ou abrir caminho, às consequentes compensações a favor do crescimento. Que é dizer muito.
O Parlamento Europeu “expressa as suas dúvidas sobre a necessidade” do acordo (resolução de 18 de janeiro) e o bom Wolfgang Munchau (Financial Times de 30 de janeiro) multiplica-as: “É desnecessário”, porque as suas disposições podiam ser acordadas pela via legislativa normal e porque “incentivará” as políticas recessivas, demasiado restritivas.
Combatem moinhos de vento ilusórios
Digamos que não têm razão e que faz falta um tratado que corresponda ao seu pomposo título “de Estabilidade, Coordenação e Governo na União económica e monetária”. Pois bem, o texto só corresponde à ideia de “estabilidade”, de disciplina orçamental. Falta o resto do título.
Há que repetir à saciedade que apenas o artigo 9 (dos 16 existentes) manda “promover o crescimento económico”. E prescreve que os subscritores “adotaram as ações e medidas necessárias” para tal. Mas continua sem concretizar nenhuma. Continua sem ter caráter obrigatório. Continua sem prever multas a quem não o fizer. Continua sem ameaçar levar ao Tribunal do Luxemburgo quem não cumpra essa obrigação…
E, em contrapartida, tudo isso está estipulado ao milímetro contra quem não cumpra a obrigatoriedade de reduzir o défice. É nessa assimetria que se estriba a piada. Vende-se o produto como ferramenta para impulsionar os dois pólos da política económica e só se desenvolve um.
Mas há mais. A 5ª versão do texto, a que chegou ao conclave, é ainda mais retorcida que a anterior. Os [novos] retoques são essenciais não porque o sejam, mas porque o seu bizantinismo retrata como os inspiradores e redatores dos textos adoeceram: combatem moinhos de vento ilusórios (as mais recônditas vias de incorrer em défice e contornar as sanções) como quixotes loucos.
Jogos de malabarismo
Para a boa gente não contagiada basta dizer que uma das obsessões desses retoques é a de dar poder a qualquer governo para perseguir um parceiro incumpridor se a Comissão se inibir. Talvez o texto seja necessário, amigo Wolfgang, mas será inútil.
Porque todas as atuações históricas neste âmbito, que marginaram ou minimizaram o poder das instituições – desde a agenda de Lisboa de 2000 à rebelião de Paris e Berlim para contornarem as sanções de Bruxelas por não cumprirem o Pacto de Estabilidade em 2003 – desembocaram no local que ninguém quer recordar: a irrelevância.
O outro falso engodo é a “Declaração” para relançar o crescimento económico. O assunto preocupa a dupla franco-alemã – a última a dar-se conta de que se o PIB baixa não chega sequer para pagar as dívidas – desde a sua bilateral de 9 de janeiro, a primeira ocasião em que propuseram trocar o cilício por vitaminas. Berlim-Paris, Comissão e Conselho usaram, para isso, duas técnicas de comprovada ineficácia. Uma, é tirar das gavetas (como na Agenda de Lisboa) os belos propósitos e planos esquecidos: emprego juvenil, financiamento das PMEs. A outra é passar o rastilho para o orçamento comunitário e recolocar as partes. O dinheiro remanescente, não gasto no passado nem devolvido aos governos, não passa de uns trocos, cerca de 30 milhões. E talvez seja precipitado reorganizar os 82 milhões de euros dos fundos estruturais e de coesão ainda não atribuídos para os dois anos (2012 e 2013) que restam das atuais perspetivas financeiras septenais. De qualquer modo, é enganoso.
Esses fundos já estão orientados para o crescimento: estradas, escolas, estações de tratamento de lixo. E desde a “Estratégia de emprego do Luxemburgo” (1997) nem um cêntimo deve ser dedicado a projetos que não criam emprego. Não há, por isso, um único euro novo. Só jogos de malabarismo.
EMPREGO - Bem-vindos à Desempregolândia, o novo país-membro da UE!
“Vinte e cinco milhões de desempregados, uma população equivalente à de um país de grande dimensão da UE. Bem-vindos ao 6º maior país da UE, a Desempregolândia!”exclama o România liberă, no dia seguinte ao Conselho Europeu de Bruxelas. “Constituído maioritariamente por jovens entre os 18 e os 24 anos, este país é uma prova viva de que as coisas se agravam, tendo em conta que a economia europeia continua a deslizar para a recessão”. Neste contexto, o diário de Bucareste constata, com pena, que “foi o 16º em 2 anos e apesar de os 27 terem finalmente discutido a retoma do crescimento e o relançar do emprego, existem grandes hipóteses de mais uma vez se ter organizado uma cimeira em vão. Os obstáculos e a divisão são omnipresentes".

Ecos da blogosfera - 1 fev.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Pobreza na Europa: A omissão de dados assusta, os números reais serão assustadores!

Em apenas 2 anos, o total pulou para 115.000.000 de pessoas. Os dados só vão até 2009.
Segundo o jornal espanhol El Pais, a crise acrescentou 30.000.000 de europeus às estatísticas dos que vivem no limite entre a classe média e a pobreza. Em 2007, eram 85.000.000 de pessoas, 17% da população da região no limite da pobreza. Em 2009, o número saltou para 115.000.000 (23%), quase 2 vezes a população da França (65 milhões de pessoas). Os números devem ser ainda piores, porque não contabilizam os efeitos da piora da crise no ano passado.

Na Europa, uma pessoa é considerada de classe média quando possui um rendimento mínimo de 7.980 euros anuais ou 665 euros por mês.
Tenho um alerta da Google para as notícias sobre a pobreza, que ciclicamente perpassam pelo Brasil (com planos e atos), por Angola (com preocupação e boas intenções), por Portugal (com painéis e discursos) e de vez em quando pela Europa (mais sobre a Grécia) e pela ONU (com Relatórios e lágrimas de crocodilo)…
Desta vez, as notícias sobre a pobreza na Europa, baseadas num artigo do “El Pais”, apenas viu a luz do dia em jornais brasileiros, o que não deixa de ser entendido, no mínimo, como esconder o lixo debaixo do tapete.
De destacar, desde logo, que os dados disponíveis para a Europa se referem a 2007, com 85.000.000 cidadãos no limiar da pobreza e a 2009 com 115.000.000, mais 30.000.000 (de pessoas).
Tendo em conta que a atual crise estalou em 2008 e que no primeiro ano a percentagem da pobreza aumentou 6%, se entrarmos com os números de cidadãos europeus no limiar da pobreza, em 2010 e 2011, os piores anos para a classe média, mesmo sem dados sérios, podemos desconfiar que tudo piorou exponencialmente. Mas se projetarmos 2012, em que as piores medidas já foram implementadas, piorando ainda mais (se é possível) o nível de vida e a repartição da riqueza (no caso dos sacrifícios), não demorará muito, se não atingimos já, aos 50%.
Perante este cenário, só nos cabe expressar uma preocupação, que se resume à acomodação e à inércia dos 99% de massacrados, por 1% de algozes, que por ironia do destino são escolhidos pelas próprias vítimas…
Convém sublinhar, que os pobres de antes continuam pobres e os novos pobres são pessoas como nós, da classe média (ainda) alta, média e baixa, que descerão em breve ao inferno da carência do essencial. Por isso o mais inexplicável e incompreensível é ouvir muitos dos espoliados (da classe média) defenderem com unhas, dentes e muita fé, este caminho que nos leva, A TODOS, ao abismo da pobreza, que não terá retorno nas próximas décadas…
Se quiser ler na totalidade a matéria aqui sucintamente descrita: Como a pobreza ganhou terreno nas classes médias

Contramaré… 1 fev.

Um tribunal acaba de condenar um sem-abrigo a multa de 250 euros por tentar furtar um polvo e um champô, no valor de 25,66 euros. Entretanto, a Jerónimo Martins está a ser alvo de reprovação por – face ao valor do furto - ter decidido avançar com um processo que terá custado milhares de euros aos portugueses e defende-se: manteve a queixa para estabelecer o exemplo e não "dar sinais errados à comunidade".

Um filme a estrear brevemente, bem perto de si…

Enquanto prosseguem as negociações sobre o perdão da dívida grega, a Câmara de Atenas fornece duas refeições por dia a trabalhadores que foram despedidos, em consequência dos planos de austeridade, e que se encontram ameaçados pela fome. Uma situação que alguns gregos não hesitam em comparar com os tempos da Ocupação.
A cena é a mesma, todos os dias: à hora do almoço, uma multidão silenciosa aglomera-se diante das grades da Câmara de Atenas, a dois passos da praça Omonia. Quantos são? Cem? Muitos mais?
"À noite, são duas ou três vezes mais", diz, suspirando, Xanthi, uma mulher jovem que a Câmara encarregou de "controlar a multidão". O ambiente fica tenso, quando os portões finalmente se abrem e as pessoas formam uma longa fila até ao balcão onde lhes é entregue uma Coca-Cola light e uma espécie de puré de batata, numa tigela de plástico.
Ouvem-se gritos e discussões. Tem de ser tudo muito rápido: a distribuição demora apenas meia hora. No meio de um certo número de marginais e de idosos que usam roupas velhas, destaca-se de imediato uma nova categoria de cidadãos, até agora pouco habituados a mendigar alimentos.
A maior parte deles recusa-se a falar com os jornalistas. "Têm vergonha", comenta Sotiris, de 55 anos, que ficou no desemprego, depois de ter trabalhado 20 anos numa companhia de seguros. "Mas, na Grécia, os subsídios de desemprego só duram um ano", recorda.
Na Grécia, chamam-lhes "neoprobres" ou "sem abrigo com iPhone": trabalhadores despedidos pelas muitas PME que faliram, funcionários despedidos na sequência das medidas de austeridade adotadas nos últimos dois anos.
Todos eles ficaram no desemprego, depois de o crédito ao consumo os ter levado ao sobre-endividamento, durante os anos de abundância. Que não estão muito distantes: entre 2000 e 2007, a Grécia ainda apresentava a prometedora taxa de crescimento de 4,2% do PIB
Crianças de estômago vazio
Depois da crise bancária de 2008 e do anúncio da catástrofe de um défice orçamental recorde de 12,7% do PIB, no fim de 2009, assistiu-se à queda, como de um castelo de areia, de uma economia com bases demasiado frágeis para poder resistir ao jogo da especulação dos mercados.
Trabalho ilegal, fraude fiscal, administração ineficaz: os males são conhecidos e uma grande parte da população reconhece a necessidade das reformas estruturais exigidas por "Merkozy", como se chama aqui à dupla Angela Merkel-Nicolas Sarkozy, que domina as negociações em Bruxelas. Mas os programas de austeridade impostos ao país desde a primavera de 2010 causam mal-estar.
Afetam sobretudo os assalariados e os reformados, que viram os seus rendimentos diminuir, ou mesmo desaparecer, quando foram despedidos, ao mesmo tempo que os impostos, retidos na fonte, aumentavam de forma exponencial. Resultado? Em dois anos, o número de pessoas sem residência fixa aumentou 25% e a fome tornou-se uma preocupação diária para alguns.
"Comecei a preocupar-me quando vi, primeiro uma, depois duas, depois dez crianças que vinham à consulta de estômago vazio, sem terem feito nenhuma refeição na véspera", conta Nikita Kanakis, presidente da secção grega da ONG Médicos do Mundo. Há dez anos, esta ONG francesa abriu uma antena na Grécia para dar resposta ao afluxo súbito e em massa de imigrantes clandestinos sem recursos.
"Desde há um ano, são os gregos que nos procuram. Pessoas da classe média que, tendo perdido os direitos sociais, deixaram de poder ir aos hospitais públicos. E, nos últimos seis meses, também distribuímos alimentos, como nos países do terceiro mundo", refere Kanakis, que pergunta: "O problema da dívida é real. Mas até onde podem ir as exigências de Bruxelas, quando crianças que vivem apenas à distância de três horas de voo de Paris ou Berlim deixam de poder ser tratadas ou alimentadas?"
Na quinta-feira, registou-se uma cena insólita no coração de Atenas, na praça Syntagma, mesmo em frente ao Parlamento: agricultores vindos de Tebas, a 83 km da capital, distribuíram gratuitamente 50 toneladas de batatas e cebolas. Anunciada na televisão, a distribuição acabou por se transformar rapidamente num motim.
"Espremer ainda mais os mais pobres"
Toda a gente se lançava sobre as bancas. Mais uma vez, gritos e disputas. "Não víamos nada assim desde a Ocupação", comenta, indignado, Andreas, que observa o espetáculo à distância. A ocupação alemã, durante a Segunda Guerra Mundial, provocou uma fome terrível, que se mantém gravada na memória de todos.
Mas o facto de a palavra ser repetida tantas vezes, para descrever a fome que atinge a classe média, constitui também uma referência aos ditames de Bruxelas e, mais ainda, de Berlim. "De três em três meses, ameaçam-nos com a falência imediata e mandam-nos espremer ainda mais os mais pobres. O dinheiro que nos prometem? São empréstimos, que servem apenas para pagar aos nossos credores!", protesta Andreas.
Empregado numa empresa de navegação, ri-se, quando fala da possibilidade de o 13º e o 14º mês de salário serem suprimidos no setor privado. Como muitos outros empregadores, o seu não lhe paga o salário há alguns meses. "Os patrões invocam a crise para não pagarem aos empregados", queixa-se.
Em seguida, volta-se para o antigo Palácio Real, onde funciona o parlamento, e acrescenta: "Ali, há 300 cretinos que seguem um Governo que não foi eleito pelo povo. Será que eles alteraram a sua qualidade de vida? Os funcionários da assembleia continuam a ganhar 16 meses de salário e, em Bruxelas, ninguém se rala com isso."
Longe de ter, como em Itália, provocado um sobressalto nacional perante a crise, Lucas Papademos, o primeiro-ministro "tecnocrata" nomeado em novembro, brilha pelo silêncio. Enquanto o país negoceia, mais uma vez, a sua sobrevivência, prometendo novas medidas de austeridade, a única entrevista que concedeu foi ao… New York Times.
Andreas não tem dúvidas: "Vivemos numa ditadura económica. E a Grécia é o laboratório onde se testa a resistência dos povos. Depois de nós, será a vez dos outros países da Europa. A classe média vai deixar de existir."

Ecos da blogosfera - 31 jan.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O IV Reich avança? Se não oferecermos RESISTÊNCIA!

Notas alemãs de 1910 a 1942
O número dois do governo alemão defendeu que se os gregos não cumprirem os objectivos, então terá de ser imposta de fora uma liderança, a partir da União Eu
ropeia. Na véspera da cimeira europeia, Philipp Roesler tornou-se no primeiro membro do governo alemão a assumir a paternidade da ideia segundo a qual a troco de um segundo programa da troika, um comissário europeu do orçamento seria investido de funções governativas em Atenas, retirando ao governo legítimo, funções essenciais.
Numa entrevista, o número dois de Merkel afirma: “Precisamos de maior liderança e monitorização relativamente à implantação das reformas. Se os gregos não estão a ser capazes de conseguir isto, então terá de haver uma liderança mais forte vinda de fora, por exemplo, da União Europeia”.
O governo grego ficou em estado de choque com a ameaça da próxima ocupação. O ministro grego das Finanças pediu à Alemanha para não acordar fantasmas antigos – a Grécia esteve ocupada pelas tropas nazis durante a II Guerra. “Quem põe um povo perante o dilema de escolher entre assistência económica e dignidade nacional está a ignorar algumas lições básicas da História”, disse Venizelos, lembrando “que a integração europeia se baseia na paridade institucional dos estados-membros e no respeito da sua identidade nacional e dignidade”. “Este princípio fundamental aplica-se integralmente aos países que passam por períodos de crise e têm necessidade de assistência dos seus parceiros para o benefício de toda a Europa e a zona euro em particular”.
O documento que defende a ocupação de Atenas foi divulgado pelo “Financial Times”. Está lá escrito que para ter acesso ao segundo programa de resgate, a Grécia terá de ser obrigada “a transferir a soberania nacional para a União Europeia, em matéria de orçamento, durante algum tempo”. O texto sugere que “um novo comissário do orçamento nomeado pelo eurogrupo ajudará a implementar reformas”. “O comissário terá largas competências sobre a despesa pública e um direito de veto contra decisões orçamentais que não estejam em linha com os objectivos orçamentais e a regra de dar total prioridade ao serviço da dívida”.
Esta tentativa alemã de governar Atenas pode ser estendida a outros países, como Portugal.
Uma fonte do governo alemão disse que esta proposta não se destina apenas à Grécia, mas a outros países da zona euro em dificuldades que recebem ajuda financeira e não são capazes de atingir os objectivos que acordaram.
O deputado europeu Paulo Rangel admitiu que em Portugal todos os riscos são possíveis. “Quando vemos os sinais de alarme crescerem, o que eles documentam não é tanto a ideia de que Portugal pode entrar em bancarrota, é mais profundo do que isso. Se não houver uma solução sistémica para a zona euro, os países mais vulneráveis, entre os quais Portugal, vão sofrer e pode-se gerar uma situação de descontrolo”, disse. Rangel reagiu violentamente à “ideia de propor a nomeação de um comissário para tratar das matérias orçamentais da Grécia”. “Seria o princípio do fim, e insustentável para a democracia europeia, a nomeação de um governador para um território do império, como fez Napoleão”, disse. Rangel defendeu o avanço para o federalismo: “Precisamos de caminhar para uma federação que trate os Estados em paridade, porque o que temos hoje é uma constituição aristocrática, de uns países com mais peso do que outros”.
Depois de terem deixado “fugir” um documento para o Financial Times e depois de o terem negado, eis que o governo alemão assume a paternidade da ideia de a troco de um 2º programa da troika, um comissário europeu seria investido de funções governativas em Atenas, retirando ao governo legítimo (mas já com um PM ilegítimo), funções essenciais, obrigando a Grécia a transferir a SOBERANIA NACIONAL para a UE. Mas esta tentativa alemã de governar a Grécia poderia ser estendida a outros países, como Portugal!
O governo grego, em estado de choque com esta ameaça, levou o ministro grego das Finanças a PEDIR À ALEMANHA PARA NÃO ACORDAR FANTASMAS ANTIGOS, em que a Grécia esteve ocupada pelas tropas nazis durante a II Guerra, considerando esta medida como MAIS UMA OCUPAÇÃO…
O governo português, por omissão na notícia, a tal hipótese disse nada… Mas veio Paulo Rangel admitir que Portugal corre todos os riscos, contrariando o “otimismo” do nosso PM e concluiu que esta ideia posta em prática seria o princípio do fim, e insustentável para a democracia europeia, comparando-a com a nomeação de um governador para um território do IMPÉRIO, como fez Napoleão…
Já há quem chame a este “sistema”, Made in Germany, de pós democracia, que podemos traduzir, sem complexos, por ditadura dos credores, ou sem preconceitos, por “IV Reich”.
E haja resistência!
“A mulher que caminhava no frio.” A expressão do Süddeutsche Zeitung resume a receção, no mínimo, fresca do desempenho de Angela Merkel no Conselho Europeu do dia 30 de janeiro. De facto, a chanceler conseguiu impor em apenas dois meses, e praticamente sozinha, o pacto fiscal aos seus parceiros europeus, mas passou a ficar com “a imagem da malvada comissária da austeridade”observa o Spiegel Online, e “suscita na Europa o medo de um domínio estrangeiro”. A culpa é da proposta de enviar um comissário do orçamento para Atenas para obrigar os gregos a controlar as suas contas. “Veneno político”, considera o Spiegel, “a confissão de um fracasso”acrescenta o Tagesspiegel, que compreende totalmente que em Atenas as comparações com um “Gauleiter” da época nazi tenham vindo a aumentar cada vez mais:
Se ao menos se tratasse apenas de uma falta de sensibilidade histórica, com a qual os alemães pressionam os gregos, poderíamos remediá-la com um pouco de habilidade diplomática. Mas não é este o caso. A proposta mostra que a comunidade monetária deixou claramente de ser desejada. Neste momento, trata-se do rico contra o pobre, do forte contra o fraco. […] Os gregos já têm a troika (FMI, UE e BCE), não precisam de um interveniente suplementar que refaça as suas contas num quadro. A nova tranche de ajuda que está atualmente a ser discutida deverá criar um equilíbrio entre as reformas e o crescimento. Para tal, é preciso muito dinheiro, tempo e – sim – também é precisa confiança.

Contramaré… 31 jan.

O reator 2 da estação de Byron, a cerca de 153 quilómetros a noroeste de Chicago, paralisou às 10:18 de segunda-feira depois de ter perdido energia. Os geradores a diesel começaram então a fornecer energia à central e foi ventilado vapor para arrefecer o reator a partir da parte da central onde as turbinas produzem eletricidade e não do próprio reator nuclear, informaram e explicaram as autoridades americanas.

Um retrato revisitado do neorrealismo…

“Under milk wood” de Paula Rego
“Qual é o teu valor de mercado, mãe? Desculpa escrever-te uma pequena carta, mas estou tão confuso que pensei que escrevendo me explicava melhor.
Vi ontem na televisão um senhor de cabelos brancos, julgo que se chama Catroga, a explicar que vai ter um ordenado de 639 mil euros por ano na EDP, aquela empresa que dava muito dinheiro ao Estado e que o governo ofereceu aos chineses.
Pus-me a fazer contas e percebi que o senhor vai ganhar 1750 euros por dia. E depois ouvi o que ele disse na televisão. Vai ganhar muito dinheiro porque tem o seu valor de mercado, tal como o Cristiano Ronaldo. Foi então que fiquei a pensar. Qual é o teu valor de mercado, mãe?
Tu acordas todos os dias por volta das seis e meia da manhã, antes de saíres de casa ainda preparas os nossos almoços, passas a ferro, arrumas a casa, depois sais para o trabalho e demoras uma hora em transportes, entra e sai do comboio, entra e sai do autocarro, por fim lá chegas e trabalhas 8 horas, com mais meia hora agora, já é noite quando regressas a casa e fazes o jantar, arrumas a casa e ainda fazes mil e uma coisas até te deitares quando já eu estou há muito tempo a dormir.
O teu ordenado mensal, contaste-me tu, é pouco mais de metade do que aquele senhor de cabelos brancos ganha num só dia. Afinal mãe qual é o teu valor de mercado? E qual é o valor de mercado do avozinho? Começou a trabalhar com catorze anos, trabalhou quase sessenta anos e tem uma reforma de quinhentos euros, muito boa, diz ele, se comparada com a da maioria dos portugueses. Qual é o valor de mercado do avô, mãe? E qual é o valor de mercado desses portugueses todos que ainda recebem menos que o avô? Qual é o valor de mercado da vizinha do andar de cima que trabalha numa empresa de limpezas?
Ontem à tardinha ela estava a conversar com a vizinha do terceiro esquerdo e dizia que tem dias de trabalhar catorze horas, que não almoça por falta de tempo, que costumava comer um iogurte no autocarro mas que desde que o motorista lhe disse que era proibido comer nos transportes públicos se habituou a deixar de almoçar. Hábitos!
Qual é o valor de mercado da vizinha, mãe? E a minha prima Ana que depois de ter feito o mestrado trabalha naquilo dos telefones, o “call center”, enquanto vai preparando o doutoramento? Ela deve ter um enorme valor de mercado! E o senhor Luís da mercearia que abre a loja muito cedo e está lá o dia todo até ser bem de noite, trabalha aos fins de semana e diz ele que paga mais impostos que os bancos?
Que enorme valor de mercado deve ter! O primo Zé que está desempregado, depois da empresa onde trabalhava há muitos anos ter encerrado, deve ter um valor de mercado enorme! Só não percebo como é que com tanto valor de mercado vocês todos trabalham tanto e recebem tão pouco! Também não entendo lá muito bem – mas é normal, sou criança – o que é isso do valor de mercado que dá milhões ao senhor de cabelos brancos e dá miséria, muito trabalho e sofrimento a quase todas as pessoas que eu conheço!
Foi por isso que te escrevi, mãe. Assim, a pôr as letrinhas num papel, pensava eu que me entendia melhor, mas até agora ainda estou cheio de dúvidas. Afinal, mãe, qual o teu valor de mercado? E o meu?”
Francisco Queirós

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ecos da blogosfera - 30 jan.

Depois da “KAHNzoada” ainda querem roer os ossos?

“Cego guiando outro cego” (detalhe), de Pieter Bruegel
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, ganhou um apoio de peso para a sua campanha eleitoral. O partido da primeira-ministra da Alemanha anunciou, que Angela Merkel defende a sua reeleição.
A chanceler vai participar de alguns encontros de campanha eleitoral junto com o presidente da França, informou o secretário-geral da CDU, partido democrata-cristão de Merkel, no Conselho Nacional do UMP, partido de Sarkozy. O anúncio já era esperado, já que o presidente francês tinha apoiado a reeleição da primeira-ministra alemã em 2009 e pelo facto de os dois partidos terem relações próximas e fazerem parte da mesma "família política".
"A CDU está certa de que a França precisa de um presidente forte no poder, como é o caso de Nicolas Sarkozy. O país estará em boas mãos", disse Gröhe.
Críticas a François Hollande
O secretário alemão referiu-se ao principal rival de Sarkozy, o candidato do Partido Socialista François Hollande, como alguém que insiste em "conceitos empoeirados". "Senhor Hollande, nenhuma das suas vagas declarações traz respostas aos problemas urgentes da nossa época. A recusa em fazer reformas difíceis, como a da idade mínima de aposentadoria, enfraquece a competitividade de nossas nações", provocou Gröhe.
Recentemente, Hollande havia declarado que, se for eleito, vai propor em janeiro de 2013 um "novo tratado franco-alemão".
Depois do assassinato político de Strauss-Kahn, que ameaçava a reeleição de Sarkozy, ficará sempre a nódoa da dúvida, também por causa das causas das dívidas…
Deposto o candidato mais forte e eventual vencedor das presidenciais francesas, emergiu entre os socialistas François Hollande, que também se apresenta como provável vencedor à 2ª volta, razão por que o dueto Merkozy anda nervoso, por haver quem seja capaz de se opor às suas políticas desastrosas e propondo medidas alternativas e mais sociais (democratas), contra os mercados e os especuladores. Se assim não fosse, que raio tinha a Alemanha que apoiar um candidato estrangeiro a um país estrangeiro? É TUDO DELES!
Vai daí, porque a Sra. Merkel defende a reeleição de Sarkozy (dava-lhe muito jeito) em consequência vai emprestar o seu peso para a sua campanha eleitoral, o que pode abafar o homem, que até pequenino… Complementando, a CDU (alemã) acha que a França precisa de um presidente forte no poder (e eu também) e acham que Sarkozy é o paradigma, como ficou provado… É caso para dizer, que o que é bom para a Alemanha não é bom para os outros países, nem para a França, mas os franceses lá saberão quais as melhores linhas para se coserem…
Mesmo tendo consciência (terá?) de que se está a meter onde não é chamado, o secretário alemão em vez de mostrar as virtudes de Sarkozy, ataca o candidato que o pode derrubar, de forma tão convincente, que apenas diz que tem conceitos empoeirados, que as suas vagas declarações não traz respostas aos problemas urgentes da nossa época, a ponto de recusar a idade mínima de aposentadoria. Como se vê, as afirmações do alemão são ainda mais vagas e vácuas…
No fundo, no fundo, o que os cristãos alemães temem é que Hollande rasgue o atual tratado franco-alemão e exija um novo e seguramente diferente, que lhes retire a supremacia arrogante e os “conceitos empoeirados” que vem sempre à tona, na hora das imolações…
Mas vai ser bom, numa só eleição, ver dois ídolos de pés de barro a caírem, se os deuses forem justos… Só por isso, obrigado Merkel!