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sábado, 24 de dezembro de 2011

...não hoje, mas o ano inteiro. Para TODOS!

QUANDO CHEGA O NATAL 



Contramaré… 24 dez.

A PSP apanhou nas últimas 48 horas 7 carteiristas, 3 homens e 4 mulheres, que atuavam na paragem do elétrico 15, na Praça do Comércio, em Lisboa, e que roubaram 2 turistas.
Em comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP descreve que a detenção dos 3 homens, com idades entre os 42 e os 48 anos, ocorreu na quarta-feira, pelas 11:00, em flagrante delito, depois de terem roubado um I-Phone, no valor de 600 euros, a um turista francês.

Outras CEIAS de outros NATAIS…

na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta casa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.
de José Luís Peixoto

Ecos da blogosfera – 23 dez.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Que os governantes se lembrem, durante toda a Ceia…

O ministro das Finanças garantiu que o corte no subsídio de Natal deste ano "foi uma opção do Governo" mas que a 'troika' insistiu na necessidade de tomar medidas "efectivas e reais" como estas.
"A opção por esta medida foi uma opção do Governo, por imperativo de tomar medidas reais e efectivas de forma atempada para procurar responder ao que nos parecia, já nessa altura, uma dificuldade na execução orçamental de 2011", afirmou Vítor Gaspar perante os deputados da comissão parlamentar que acompanha as medidas do programa de ajustamento português.
O governante havia sido questionado pelos deputados sobre a autoria desta medida (corte de 50% do subsídio de Natal, no limite que excede o valor do salário mínimo nacional) - depois de veiculadas notícias que davam conta que teria sido imposta pela 'troika'.
O ministro das Finanças anunciou que "O défice orçamental ficará com toda a probabilidade na casa dos 4%, bem abaixo dos 5,9%", estipulados no programa com a 'troika' e explicou, que sem a transferência dos fundos de pensões da banca este resultado ficaria nos 7,5%, e que sem o aumento do IVA sobre a electricidade e o gás natural e ainda o corte de 50% do subsídio de Natal, este valor ultrapassaria os 8%.
Vítor Gaspar descartou novas medidas de austeridade em 2012. "Neste momento, os cálculos de que dispomos sugerem que não há qualquer necessidade de medidas adicionais de austeridade".
Tem sido norma deste governo dizer que a troika os mandou fazer isto e aquilo, cortar mais aqui e acolá, sem que ninguém possa confirmar ou desmentir, pela opacidade das reuniões, lavando assim as mãos das coisas más que nos impõe.
E por isso é preciso ter coragem, ou ter as costas (e os bolsos) quentes, para assumir esta medida, tecnicamente inovadora e só ao alcance de grandes génios da economia, de confiscar património pessoal para costurar almofadas desnecessárias, a serem usadas pelo governo para seu próprio conforto e duvidosa competência.
Sr. Ministro das Finanças, que lhe saiba bem a Ceia de Natal e a todos os governantes, mas que não se esqueça(m), nem um minuto de que enquanto gulosamente se banqueteiam, há milhões de portugueses, que terão o prato mais vazio e milhões de crianças que vão pensar que o Pai Natal se esqueceu deles, mesmo os que se portarem tão bem para merecer um mimo.
E para o provar chegam as suas probabilidades (quando nos dará certezas?) de que desenhou um programa de austeridade mais austero do que os funcionários da troika lhe exigiram, que vai funcionar. Só falta apresentar os números e a transparência dos cálculos para justificar as percentagens com que nos quer convencer da “inevitabilidade”…
E para o ano haverá mais medidas de austeridade?
Neste momento, diz NÃO! NESTE MOMENTO…
Cartoon do HenriCartoon

Contramaré… 23 dez.

A Amnistia Internacional Portugal alertou para a possibilidade de graves problemas ambientais, de direito à habitação e ao trabalho decorrentes da venda da participação portuguesa da EDP à China Three Gorges Corporation.
Na China a barragem das Três Gargantas, construída numa grande falha tectónica, tem dado origem a problemas de poluição do rio Yangtzé com secagem de pântanos, destruição de comunidades piscatórias, alternância de secas e de cheias, erosão de terrenos e o aparecimento de doenças tropicais até então quase inexistentes.

EMIGRAÇÃO: Uma máquina de matar sonhos!

Para os jovens europeus dos países em crise, a Austrália em crescimento passou a ser a nova terra das oportunidades. É o que acontece especialmente à nova geração de gregos licenciados que se junta à enorme comunidade de expatriados do seu país espalhada pelo mundo.
Há uns meses que uma onda de homens e mulheres maioritariamente jovens, acabados de desembarcar do avião que os trouxe da Grécia, bate à porta de um enorme edifício da Lonsdale Street no centro da cidade de Melbourne. Este edifício, da década de 1940, alberga a maior comunidade grega residente na Austrália.
Num cenário que faz lembrar a grande corrida ao ouro na viragem do século XX, esta gente viaja até à outra ponta do mundo à procura de uma vida melhor. Ao contrário dos antigos compatriotas, a notoriedade destes novos emigrantes é visível atendendo aos seus diplomas, ganhos à custa de muito esforço em áreas bastante difíceis. "Andaram todos na universidade, engenheiros, arquitetos, mecânicos, professores, bancários, dispostos a fazer qualquer trabalho", afirma Bill Papastergiades, presidente jurista da comunidade. "É um desespero. Estamos todos aterrorizados. Geralmente, chegam apenas com um saco. As histórias que contam são desoladoras e cada avião traz mais", confessou ao Guardian, em entrevista telefónica.
O êxodo é apenas uma parte do drama humano na Grécia, onde a crise da dívida europeia começou. Desde junho que os responsáveis pela comunidade de Melbourne estão a ser inundados com milhares de cartas, emails e telefonemas de cidadãos gregos desesperados para emigrar para um país que, resguardado da turbulência dos mercados globais, é visto agora como uma terra de incomparáveis oportunidades.
Só este ano, foram 2.500 os cidadãos gregos que foram viver para a Austrália, embora as autoridades de Atenas afirmem a existência de mais 40.000 que também "expressaram interesse" em iniciar o árduo processo de mudança para aquele país. Uma "skills expo", com 800 lugares, realizada em outubro pelo governo australiano na capital grega, atraiu uns 13.000 candidatos.
Fuga de cérebros tende a aumentar
Num país preparado para um 5º ano de recessão, com o desemprego a atingir um recorde de 18% – e um índice sem precedentes de 42,5% de jovens sem emprego – a fuga de cérebros terá mesmo de aumentar. A economia australiana, em contrapartida, prevê um crescimento de 4% em 2012. "As pessoas dizem muitas vezes que não querem que os filhos cresçam lá", afirmou Papastergiades. "Há dias recebi o telefonema de um canalizador grego a dizer que já não trabalhava há 8 meses, que tinha 3 filhos em casa e que estava tão desesperado que tinha posto a hipótese de se matar.”
Tessie Spilioti está no grupo dos que já se instalaram na Austrália. "Não há sítio no mundo melhor do que a Grécia e todos os dias tenho saudades do meu país e dos meus amigos", disse Spilioti, que passou a infância na Austrália, antes de se mudar para Atenas, há 27 anos. "Mas a Austrália é um país positivo. É uma terra farta, onde se sente a abundância e as oportunidades", afirmou com entusiasmo. "E isso é o que falta completamente na Grécia. As pessoas estão em pânico, o ambiente é mau, o clima psicológico é mau e as pessoas têm a sensação de viver num cerco. Nunca pensei que iria emigrar, mas com o stress da sobrevivência diária percebi que iria ser muito difícil evoluir."
Prevê-se que duas gerações se percam como resultado da grande crise económica grega. A nova diáspora, segundo os especialistas, vai quase de certeza abranger gente mais nova, com boa formação e multilingue, mas incapaz de sobreviver mais tempo num país com uma economia em queda livre, em parte devido às fortes medidas de austeridade que a Grécia foi forçada a aplicar em troca de ajuda.
Um estudo recente da Universidade de Thessaloniki revelou que a grande maioria dos gregos opta agora por trabalhar no estrangeiro e que a geração mais nova vai para países tão diversos como Rússia, China e Irão. Os inquiridos, na sua maior parte, nem sequer tentaram arranjar emprego no seu país porque não veem futuro numa economia que terá de aguentar rigorosos apertos de cinto pelo menos durante mais uma década.
Votados ao desprezo
Na Austrália, a afluência desanimou outros gregos forçados a emigrar, por questões de pobreza e guerra, na década de 1950 e 1960. Durante anos, a diáspora foi desprezada pelos sucessivos governos de Atenas que se recusaram, inclusivamente, a reconhecer o direito de voto à comunidade étnica de gregos no estrangeiro, mesmo em sítios como Melbourne, cuja próspera comunidade de gregos excede os 300.000. Ver uma juventude talentosa de conterrâneos a chegar agora em massa – quase toda preparada para fazer os trabalhos mais subalternos para sobreviver – foi uma surpresa muito desagradável.
"Há muitos sonhos desfeitos", diz Litsa Georgiou, de 48 anos, que foi viver para Sydney o ano passado com a filha bebé e o marido ateniense. A comunidade está em choque. "Muitos tinham esperança de voltar à Grécia… em contrapartida, todos os dias se ouve a história de alguém que fez uma viagem de 22 horas de avião para se mudar para cá. É horrível pensar que ainda vão ser precisos 10 anos para a Grécia começar a recuperar."
CRISE DO EURO
Austeridade provoca emigração na Irlanda e em Portugal
Ao introduzir uma rubrica sobre emigração durante a crise, The Guardian escreve:
Desde a sua conceção que a UE revelou ser um paraíso para refugiados de guerra, perseguições e pobreza noutras partes do mundo. Mas como a UE enfrenta aquilo a que Angela Merkel chamou a sua pior hora desde a II Guerra Mundial, as circunstâncias parecem estar a mudar. Há uma nova leva de migrantes a sair do continente. Poderá transformar-se em torrente se a crise da dívida continuar a piorar.
Os países mais afetados são a Irlanda, a Grécia e Portugal, todos eles alvo de ajuda financeira da UE/FMI e de orçamentos de austeridade draconiana nos últimos dois anos. “Na Irlanda, onde 14,5% da população está desempregada, a emigração tem vindo a aumentar continuamente desde 2008, altura em que o Lehman Brothers faliu e o mercado imobiliário irlandês atingiu o ponto de rutura. Entre abril de 2010 e Abril de 2011, saíram da Irlanda 40.200 cidadãos com passaporte, excedendo os 27.700 do ano anterior, de acordo com dados oficiais.”
Pelo menos 10.000 portugueses partiram para a antiga colónia de Angola e para Moçambique e o Brasil. Segundo dados do governo brasileiro, o número de portugueses no país passou de 276 mil em 2010 para cerca de 330 mil (mais 54.000).

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Ecos da blogosfera – 22 dez.

Afinal a CRISE é muito amiga do AMBIENTE...

"Face à crise actual, a procura por projectos desta natureza têm crescido", disse Ana Lopes, responsável pelo projecto da Lipor, “Horta à Porta” - Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto, que prevê a criação de 2 novas hortas por ano.
Segundo Ana Lopes, atualmente existem quase 1.900 pessoas em lista de espera, muitas em concelhos onde ainda não existem hortas, o que impulsiona a Lipor a continuar a desenvolver este projecto. A ideia da Lipor é "tentar dar resposta às necessidades da população, procurando fortalecer as parcerias já estabelecidas, mas também fomentando novas que se possam vir a gerar". "Têm-se verificado diferentes motivações para as inscrições, mas este ano há de facto uma procura por questões de necessidade", salientou a responsável.
O “Horta à Porta” é um projecto que tem por base um trabalho de cooperação com impactos ambientais, agrícolas e sociais significativos, uma vez que promove boas práticas ambientais, através da agricultura de modo biológico caseiro.
Quem diria que a crise seria motivadora para a consciencialização ambiental, objetivo que décadas de formação e sensibilização não conseguiram?
Quem diria que a crise obrigaria ao consumo de produtos agrícolas biológicos, prevenindo doenças pela eliminação de produtos químicos que constam das letras pequeninas das lindas embalagens dos supermercados?
Quem diria que a crise levaria à ocupação dos tempos livres de muitos reformados e desempregados, criando-lhes rotinas para evitar a depressão?
Quem diria que a crise conseguiria oferecer quintais cultiváveis a quem vive em apartamentos, contribuindo assim para a redução da importação de produtos hortícolas?
Quem diria que a crise poderia trazer “vantagens”, principalmente para os “mais desfavorecidos”?
Quem disse, enganou-nos, porque não eram precisas tantas “benesses”… porque nem só de vegetais vive o homem!

Contramaré… 22 dez.

A partir de 1 de Janeiro de 2012, os doentes vão pagar mais pelas taxas moderadoras, por cada exame efectuado no âmbito das urgências e há actos de enfermagem, como a administração de uma vacina ou a mudança de um penso, que vão passar a ser cobrados.
Para pedir uma nova receita médica, chamada de “consulta médica sem o utente”, paga 3 euros.
A taxa moderadora para a consulta no domicílio (que inclui lares) passa de 4,80 euros para 10 euros.

Ao menos no Natal “deem” de prenda algumas VIDAS!

Vários doentes com paramiloidose, mais conhecida como “doença dos pezinhos”, entraram no hospital de Santo António, no Porto, para falar com a administração hospitalar ou com a direção clínica, ameaçando não abandonar a unidade de saúde "até terem uma resposta". Mas, segundo relatou um dos doentes, já lhes foi comunicado que "não havia disponibilidade de agenda" para serem recebidos.
Os doentes afirmam-se “desesperados”, uma vez que se não tomarem o Tafamidis "rapidamente" ficarão com “demasiados sintomas” e serão remetidos para transplante hepático. A operação implica vários riscos para a saúde, como a perda de qualidade de vida e a probabilidade, em 20%, de morte.
O fármaco foi aprovado em julho pela Agência Europeia de Medicamentos, com a designação comercial de "Vyndaqel", e em novembro pela Comissão Europeia. Mas até agora o Hospital de Santo António "não o disponibilizou aos pacientes".
170 portugueses em situação limite
Os dados avançados em março por Teresa Coelho, da Unidade de Paramiloidose do Santo António e que conduziu o ensaio clínico onde o Tafamidis foi testado, revelam que há 1.213 doentes com paramiloidose em Portugal. Desse universo, 740 já foram transplantados e 256 estão excluídos da toma do medicamento porque já têm muitos sintomas da doença. Apenas 170 poderão tomar o Tafamidis.
O Tafamidis, que segundo a Pfizer é o "primeiro e único medicamento aprovado atualmente para retardar o compromisso neurológico periférico em doentes com paramiloidose no início dos sintomas", foi autorizado pela Comissão Europeia no final de novembro. Na altura, o presidente da Associação Portuguesa de Paramiloidose afirmou existir um "prazo de 90 dias" para que o Tafamidis pudesse ser prescrito aos doentes portugueses, estimando-se estar disponível no início do próximo ano.
A concentração é mais uma ação de protesto realizada pelos doentes, que lutam há anos pelo acesso ao medicamento. Em outubro, reuniram-se em Vila do Conde para "apelarem" às autoridades de saúde o acesso ao Tafamidis e em setembro entregaram na Assembleia da República uma petição a exigir a prescrição imediata do fármaco.
Porque estou no epicentro da calamidade, já aqui trouxe este tema e este “problema”, que só o é na medida em que tem custos elevados e poderá estragar a gestão rigorosa do super gestor e ministro da Saúde, assim como a contabilidade dos funcionários de 5ª, ou 7ª categoria da troika.
Cabe aqui perguntar a quem de direito quanto custa uma vida humana, na perspetiva destes robots governantes. E cabe também duvidar da competência dos srs. da troika, quando em cada visita que fazem, (r)emendam as suas anteriores previsões e remendam as medidas que eles próprios tinham proposto, aumentando os cortes nos custos (no caso e agora na SAÚDE) aumentando os sacrifícios e riscos dos utentes do SNS, mostrando, escancaradamente que se enganaram, mais uma vez e que navegam à vista (em reuniões ocultas e números escondidos)…
E quem sofre diretamente tem que ficar mais indignado do que nós e tem que se empenhar mais do que nós, para se manterem vivos e poderem exigir o direito à vida.
Chocante é a resposta da administração hospitalar/direção clínica do hospital de Santo António, justificando a nega ao encontro solicitado, por indisponibilidade de agenda, mas que tresanda a indisponibilidade dessa gente!
E choca também a ineficácia de uma petição à AR, onde os nossos representantes e também dos paramiloidóticos, em vez das “conversas de café”, de escárnio e mal dizer a que nos obrigam a assistir, e não haja um só que se indigne e denuncie esta insensibilidade, este veredicto de morte, que pende sobre todos os atingidos.
Se os transplantes foram interrompidos e o fármaco não lhes é administrado, que lhes sobra a não ser a espera no corredor da morte, com mais sofrimento do que os condenados nos países onde o Estado pode matar quem matou? A diferença é que os paramiloidóticos não mataram ninguém, mas estão condenados e as suas famílias, por efeitos colaterais…
Ao menos no Natal, deixem-se de hipocrisias e “ofereçam” a prenda do Tafamidis!

Ecos da blogosfera – 21 dez.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Uma fábula manipulada para enganar menino/as…

“Papá, o que é a crise?” Em vez de referir termos como “taxas de interesse” e “dívida pública”, para responder, um economista sugere que se compare com o célebre conto dos 3 porquinhos e do lobo mau.
As crises surpreendem-nos sempre. Talvez o mais surpreendente seja, porém, a semelhança dos comportamentos na sua origem. Repetem-se tantas vezes que a sabedoria popular preservou esse processo sob a forma de fábulas e contos. Se voltássemos a ler com os nossos óculos do presente o célebre conto dos Três porquinhos, encontraríamos as razões por trás da crise do euro: seria, em suma, a crise do euro contada às crianças.
O conto apresenta uma metáfora evidente da crise – o lobo mau – e das suas causas – o comportamento dos três little pigs [PIGS, “porcos” mas também acrónimo de Portugal, Itália, Grécia, Espanha, os países menos virtuosos da zona euro]. Mas está repleto de aspetos subtis e a sua moral não é nada evidente.
A casa de palha: os mais fracos
Por um lado, retrata as aparências multiformes da negligência – a cabana de palha e a casa de madeira –, que mostram que o enfraquecimento da construção económica e social pode ser alcançado através de diversos caminhos. Por outro lado, descobrimos que não é necessário ser excessivamente prudente e prevenido: a casa de tijolos não é suficiente para se proteger do lobo que consegue entrar passando pelo cano da chaminé. Moral da história, sem astúcia nem clarividência – a marmita que espera pelo lobo na chaminé –, até as construções sociais mais resistentes correm perigo.
Simbolizadas por casas de palha, as sociedades mais frágeis são aquelas que carecem de espírito competitivo, de crescimento e de coesão social. Desde a introdução do euro, em 2002, a Itália, Portugal e Espanha registaram uma perda de competitividade em relação à Alemanha de 9%, 12% e 19%, respetivamente. Os privilégios das corporações – amplamente representadas nos parlamentos e governos desses três países – impediram a realização de reformas que teriam atacado algumas rendas que beneficiam a coletividade. Nos locais onde essas rendas prosperaram, a competitividade, a estrutura produtiva e a balança de pagamentos sofreram consequências. A preservação do bem-estar fez com que se investisse cada vez menos na riqueza; e as desigualdades sociais aumentaram.
A casa de madeira: Itália e Bélgica
Tal como a casa de madeira do conto, as sociedades que não souberam gerir as suas dívidas públicas e privadas também são frágeis. O caso da Itália e da Bélgica serve de exemplo: em 1999, estes dois países divulgaram o relatório mais elevado da zona euro no que diz respeito às dívidas públicas e ao PIB (113%). A considerável diminuição das taxas de interesse que resultou da adesão ao euro permitiu economizar imenso no serviço da dívida que os governos belgas – ao contrário dos da Itália – utilizaram para reduzir esta última em vez de financiar despesas comuns.
Os Três porquinhos da Walt Disney têm um final feliz: os porquinhos que construíram uma casa de palha ou de madeira escapam às presas do lobo mau graças à hospitalidade do seu irmão mais astuto e prevenido do que eles.
Acabámos de ver diversas formas de prevenção e negligência, mas quem é o lobo mau? O que lhe abre o apetite? E que astúcias o podem deter?
O lobo: a especulação
O lobo do conto ilustra o que se obtém quando se nega um perigo evidente. Encarna uma aparência exterior – no nosso caso, representa a especulação –, mas na verdade, é a consequência de uma rejeição da realidade. Esta negação, caso dure muito tempo, provoca uma acumulação de desequilíbrios cada vez mais difíceis de controlar. Portanto, quanto mais a sociedade, ou a classe política, continuar a ignorar a realidade, mais o lobo – a especulação – é perigoso.
É a sucessão de acontecimentos que torna a fábula um modelo esclarecedor: relembra-nos que, quando a negligência dos negligentes desperta o apetite do lobo – especulação, deixa de haver qualquer prevenção suficiente para proteger quem quer que seja, incluindo os prevenidos. Prova disso são os indícios de contágio destes últimos dias, que se alargam aos países mais virtuosos do norte da Europa, os quais não conseguem travar.
A água a ferver: a astúcia
É nesta altura que entra a astúcia: na capacidade de reconhecer que o empenho dos mais fortes não se pode limitar a um dever cívico de assistência, mas deve, pelo contrário, assumir a conotação de uma mobilização de urgência. Não é o sentido cívico do contribuinte germano-finlandês ou austríaco que estabelecerá a dimensão do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), ou as responsabilidades do BCE em termos de estabilidade financeira.
É a astúcia que deve motivar intervenções de natureza excecional capazes de encarnar uma ameaça credível relativamente à especulação – capazes de a “queimar”, para retomar a imagem do conto – e de a afugentar. De acordo com a fábula, só se os negligentes se tornarem prevenidos e se os prevenidos se tornarem astutos é que os países da Eurolândia conhecerão um final feliz e o euro, um belo futuro.
Nota - Não costumo, aqui, contrariar artigos de opinião que eu próprio seleciono, mas no caso presente, ao reparar que nos PIGS (PIIGS) faltava um I, de Irlanda e que este país não entrava na fábula, distorcendo a análise e que não eram 3 porquinhos, mas 5, fui espreitar a identificação do autor (Giovanni Majnoni) e constatei que é um alto funcionário italiano do Banco Mundial. Como o caso da Irlanda tem mais a ver com a falência do seu sistema financeiro, fiquei elucidado…

Contramaré… 21 dez.

O rendimento real agrícola por trabalhador aumentou 6,7% este ano na União Europeia, mas em Portugal observou-se uma quebra de 10,7%, indicam as primeiras estimativas do Eurostat.
As maiores subidas registaram-se na Roménia (43,7%), Hungria (41,8%) e Irlanda (30,1%). Ao contrário, Bélgica (-22,5%), Malta (-21,2%) e Portugal (-10,7%) apresentaram maiores quebras.

“Quando se cria emprego, cresce a liberdade.” Óbvio!

O presidente do Governo espanhol chamou todos os espanhóis para uma tarefa a favor do futuro de Espanha e pediu ajuda para enfrentar sacrifícios difíceis, ao considerar que esta tarefa ultrapassa as possibilidades de qualquer Governo e insistiu que os esforços necessários terão frutos positivos no futuro.
Para fazer face à grave situação económica, o líder do PP apresentou um conjunto de medidas, estabelecendo um patamar mínimo de 16,5 mil milhões de euros de cortes no défice público em 2102. A primeira dessas medidas é a Lei de Estabilidade Orçamental, a aprovar até ao final do ano, e que prevê uma progressiva redução da dívida até 60% do PIB em 2020.
Rajoy, que considerou vital o "culminar do processo de saneamento do sistema financeiro", preconiza ainda, como medidas essenciais, a actualização das pensões a partir de 1 de Janeiro de acordo com a inflação, a taxa ‘zero’ nas contratações da Função Pública – com novas entradas apenas nas Forças e Corpos de Segurança do Estado –, a reestruturação e supressão de entidades, organismos e agências públicas e a redução de gastos correntes de funcionamento da administração. A transferência de todos os feriados possíveis para as segundas e sextas--feiras, de modo a evitar as ‘pontes’. Numa medida de incentivo às PME, o IVA só passará a ser pago ao Estado depois de as facturas serem cobradas. Além disso, garantiu que não é sua intenção subir os impostos.
Mariano Rajoy afirmou que o controlo do défice poderá gerar problemas a curto prazo se não for acompanhado de medidas de estímulo ao consumo e ao investimento. Contudo, frisou que o controlo do défice é a única saída para a crise a longo prazo.
O futuro primeiro-ministro espanhol destacou o crescimento económico e a criação de emprego como prioridades do executivo, que “não pode estar alheio” às dificuldades do país.
"Quando se cria emprego, cresce a liberdade. Temos que semear com urgência, se queremos que nasça o quanto antes possível a nova colheita de emprego", disse. "Concentrar todos os nossos esforços na criação de emprego, reservar um lugar para os nossos filhos num mundo em mudança e governar com transparências", ao destacar as principais tarefas do novo Executivo.
Como se vê, tanto faz estar o partido X, ou Y no governo, aqui como em qualquer país em “crise”, que a receita é mais ou menos a mesma, com doses diferentes dos mesmos ingredientes. E o primeiro passo é pedir aos cidadãos a aceitação de sacrifícios para pagarem uma fatura que não foram eles que fizeram e o segundo é jurar que os frutos compensatórios já vem a caminho.
Até aqui nada de novo!
De novo, em relação às medidas que nos foram impostas, há algumas e socialmente relevantes, apesar de o PP ser considerado um partido de direita e o nosso de centro-esquerda (ah! ah! ah!).
Para começar, anuncia-se o montante”exato” dos cortes e uma redução da dívida até 2020. Por cá, de números exatos só sabemos os dos Euromilhões e de resto só quando se tropeça em buracos.
Depois, vem o saneamento financeiro, voluntariamente, antes que vá lá a troika dizer que é preciso oferecer dinheiro à banca, e como cá, serão os espanhóis a desembolsar.
Já como inovações, muito mais macias comparativamente às medidas do nosso governo, serão actualizadas as pensões (não há congelamento) de acordo com a inflação, não haverá contratações (mas não haverá despedimentos) na Função Pública, exceto nas Forças de Segurança do Estado, reestruturarão e suprimirão entidades, organismos e agências públicas (como cá se prometeu) e reduzirão os gastos correntes de funcionamento da administração (as tais gorduras com que nos encheram).
Quanto a impostos, garante-se que não haverá subidas (também cá ouvimos isto) e que o IVA (que é mais baixo que o nosso e não é referido qualquer aumento) só será pago depois da sua cobrança, como incentivo às PME (o que cá não foi aceite). Como folclórico (tem sempre que haver algo), os feriados serão transferidos para a 2ª e a 6ª-feira, para evitar ‘pontes’.
Como se vê, há mais caminhos, mesmo que mais longos, para se chegar ao mesmo destino!
Finalmente! Há um chefe de governo que tem a lucidez de dizer o óbvio, que só a austeridade não leva senão à pobreza e dependência e que é preciso estimular o consumo e o investimento, para o crescimento! Gasparzinho, afinal havia outra…
E ao contrário do que tem feito os outros PIIGS, Mariano Rajoy quer dar destaque e prioridade ao emprego (cá apostou-se completamente no contrário), como um combate a favor da liberdade e da inclusão (e da própria economia) para que não deixemos de herança aos nossos filhos a penúria e a dependência ad eternum
Finalmente, em Espanha promete-se transparência, enquanto por cá tal ainda não é possível, só porque a contabilidade está no setor da numerologia, que nem secretário de Estado tem…
Para melhor (in)compreensão das diferenças entre as medidas tomadas em Espanha e em Portugal, é bom não esquecermos que em Portugal o salário mínimo é de 485 € e em Espanha é de 748,30 €, o que nos induz a pensar que seria lógico que tudo fosse ao contrário. Mas não é! Porque em Espanha há espanhóis (de sangue quente) e em Portugal há portugueses (de sangue frio)...
Boa sorte para as medidas de Rajoy e que provem que Passos/Gaspar estão na direita radical, que são excedentários e que devem deixar a nossa zona de (des)conforto e EMIGRAR!

Ecos da blogosfera – 20 dez.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Contramaré… 20 dez.

A produção na construção em Portugal caiu 9,7% em outubro face a setembro, a 2ª maior descida entre os Estados-membros da UE e recuou 11,3% em termos homólogos, avançou o Eurostat e apenas a Eslovénia apresentou números piores.
Na zona euro, a produção na construção caiu 1,4% em outubro, ao passo que no total dos 27 da UE o saldo negativo foi de 1,3%.

O CURRÍCULO sem ARTE: a subversão da EDUCAÇÃO!

Uma tela de linho, de tamanho médio, custa cerca de 30 euros. Se juntarmos tintas, desgaste de pincéis e outros materiais serão mais 20. A mão-de-obra depende muito do tipo de pintura. Uma pintura pode ser feita nalguns minutos ou demorar vários dias. De qualquer modo, consideremos um tempo médio de 3 dias de trabalho. Tudo por junto, pintar uma tela tem um custo de produção à volta dos 200 euros.
Uma tela de Picasso com 70 x 60 centímetros atingiu recentemente num leilão o preço de 43 milhões de euros. Uma tela de Kandinsky com 40 x 70 centímetros foi vendida por 12 milhões.
Dou outro exemplo curioso. Em 1917 Marcel Duchamp comprou na Quinta Avenida um urinol. Não terá pago mais do que algumas dezenas de dólares. Levou o sanitário para o estúdio, virou-o 90 graus, assinou R. Mutt e chamou-lhe "A fonte". Hoje é considerada umas das obras-primas do século XX. Apresentada a concurso numa exposição, não só não foi exibida como acabou em cacos, deitada para o lixo. Ao longo da vida, Duchamp, sempre aflito de dinheiro, fez cerca de uma dezena de réplicas, verdadeiros falsos assinados R. Mutt e datados de 1917. Em 1999, uma dessas réplicas foi vendida a um colecionador grego por uma1.600.000 euros.
Não existe nenhum outro produto que tenha um valor acrescentado tão descomunalmente alto como a arte. A tal ponto que se pode mesmo considerar que na arte tudo é valor acrescentado e os materiais, custos de produção e mão-de-obra não têm o mínimo significado.
Este facto subverte totalmente a lógica da economia. Nem sequer a lei da oferta/procura explica este fenómeno. Em arte a procura não se situa tanto na questão da propriedade mas, entre outras coisas, no usufruto, no desejo de ver, de partilhar a experiência da observação de algo que se considera culturalmente relevante. Daí que, com o tempo, as mais importantes obras de arte tendam a ir parar a Museus. Quantas mais pessoas querem ver uma determinada obra, maior é o valor de mercado atribuído.
Não há nenhuma racionalidade neste mecanismo. A valoração mercantil deste tipo de produtos não segue nenhum método objetivo. Depende do contexto, do tempo histórico e da evolução cultural. Certas obras muito valorizadas num determinado período decaem noutros e o contrário é uma evidência. O urinol deitado para o lixo em 1917 é hoje disputado por colecionadores e Museus. Van Gogh nunca vendeu um quadro em vida.
Vem esta reflexão a propósito de uma reportagem televisiva que vi recentemente onde alguns galeristas "ensinavam" como investir em arte. Disseram todos o trivial. Frequentar galerias e exposições, recolher o máximo de informação sobre autores, preços e leilões. Diversificar a "carteira". Ou seja, fazer aquilo que invariavelmente irá conduzir a um rotundo fracasso nas escolhas, ou investimentos se se preferir.
Impressionou-me a banalidade dos argumentos desta gente que se diz especialista. A história demonstra que só a arte que não é do agrado geral ou não é compreendida numa época pode tornar-se importante no futuro. E isto por uma razão simples. O processo evolutivo da arte assenta numa radical inovação. Numa constante expansão do campo de atuação cultural. Ou dito de outro modo, a arte que marca será sempre incompreensível no momento em que é feita. Já que antecipa o futuro.
É por isso que as grandes coleções, aquelas que hoje enchem os Museus, nunca foram feitas com base no que era aceite, na informação disponível ou naquilo que estava na moda. Nasceram de apostas pessoais, tão subjetivas quanto a subjetividade inerente à sua realização pelos artistas. Fizeram-se com risco, cumplicidade, partilha. E sempre, sempre, contra a opinião dos especialistas.
Deixem-me terminar com uma historieta elucidativa. Nos anos 80, alguém que julgava ser um grande colecionador português, aproveitou a passagem por Lisboa do diretor de um dos melhores Museus de arte moderna e contemporânea do mundo, para lhe mostrar a sua coleção. Ele viu e no fim disse: “De facto tem aqui uma série de belas molduras”.
Leonel Moura

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Ecos da blogosfera – 19 dez.

Aproveitamento e exploração da SOLIDARIEDADE…

A Comissão Europeia apresentou um conjunto de novas medidas para incentivar o financiamento das empresas sociais, entidades que "têm por objecto a realização de objectivos sociais e não a maximização dos lucros".
"Trata-se de um sector em expansão na Europa, que representa já 10% do conjunto das empresas europeias e emprega mais de 11.000.000 de assalariados. Embora estas empresas recebam com frequência apoio das autoridades públicas, o investimento privado, através de fundos que investem na actividade empresarial de natureza social, continua a ser vital para o seu crescimento", aponta Bruxelas.
Nesse sentido, o executivo presidido por Durão Barroso quer introduzir um novo conceito, os "Fundos Europeus de Empresariado Social", para que os investidores possam identificar facilmente os fundos que se dedicam ao investimento em empresas sociais.
A Comissão Europeia, desinteressada que está em resolver os problemas que interferem negativamente no quotidiano dos cidadãos, aposta antes em medidas para incentivar o financiamento empresas sociais, que substituem o Estado nas suas obrigações, ficando-lhes mais barato, porque o seu objetivo não é o lucro. Isto significa uma poupança de dinheiros que são desviados para o setor privado empresarial, que até dá algum paras as empresas sociais, em troca das benesses que os Estados lhes proporcionam, enquanto se demitem das suas responsabilidades.
Para tal, estas empresas são apoiadas pelas autoridades públicas, mais umas migalhas do setor privado, que ainda ganha com a caridadezinha na redução dos impostos (com alguns truques badalhocos), o que serve a todos, menos aos cidadãos, presos e indefesos dessa rede de interesses. Daí que, quanto mais se fomentar o crescimento de empresas sociais, melhor ficarão os homens do capital e os governantes, porque os “homens bons”, quase sempre distraídos, vão dando conta do recado.
O chamado 3º setor, ou sociedade civil, já representa 10% de todas as empresas europeias e “emprega” mais de 11.000.000 de assalariados, que contam na sua maioria com a “boa vontade” de voluntários, sobretudo reformados e jovens, "por dá cá aquela palha" e a consciência do dever.
Esta é mais uma etapa da via neoliberal, que aposta na eliminação dos direitos constitucionais, na precariedade do emprego, no combate ao sindicalismo, no isolamento individual, na dependência crónica e por consequência no assistencialismo institucionalizado, que leva à exclusão social e política, para bem do capital.
Para eternizar as conquistas das finanças e dos seus atores, que a crise lhes conferiu, cá temos Durão Barroso, como presidente da CE a dar uma mãozinha ao sistema, gerando uns "Fundos Europeus de Empresariado Social", que serão infinitamente menores do que o FEEF e permitirão que os mesmos continuem a chafurdar na gamela em que comem todos os porcos.
É a (re)construção de classes (só duas), a institucionalização do ASSISTENCIALISMO generalizado, e nós a assistirmos e a contribuirmos para o nosso próprio desconforto e penúria, até ao desespero generalizado.
Obrigado Durão! Só não és duro com Merkozy, que te humilham a toda a hora e nem dignidade tens para te demitires…
O ASSISTENCIALISMO é a deformação da assistência, a obrigação que contraem os governos com os seus cidadãos, inscrita numa CONSTITUIÇÃO, na qual se assinala o caráter de dignidade de todo o ser humano, sem distinções de tipo algum, e pela qual o governo ha de assisti-los no que se refere à subsistência mínima básica como no caso dos seguintes direitos:
- Moradia a pessoas sem lugar (direito à moradia);
- Albergues;
- Refeitórios públicos;
- Cuidados sanitários.

Contramaré… 19 dez.

A presidente do Brasil envolveu-se directamente na privatização da EDP, com desfecho esta semana. As 2 empresas brasileiras candidatas, ambas com capitais estatais, têm sido afastadas das preferências, em favor das propostas alemã e chinesa. Mas os brasileiros estão dispostos a dar tudo até à avaliação final. Não só porque insistem ter a melhor proposta, mas também porque crêem que a administração e os accionistas da EDP estão a condicionar Passos Coelho.

Aliados, mas não tanto…

domingo, 18 de dezembro de 2011

Ecos da blogosfera – 18 dez.

Governo diz-se INCAPAZ de gerir Segurança Social!

O primeiro-ministro estima que quando atingir a idade da reforma o valor da sua pensão seja "sensivelmente metade" do que seria sem as alterações introduzidas pelo anterior Governo socialista no sistema de Segurança Social.
Sobre o futuro do sistema de Segurança Social, Passos Coelho defendeu que o caminho passa pela introdução de "um pilar privado para efeitos de financiamento das reformas", tendo como base a aplicação de um “plafond” mais baixo às pensões a serem pagas pelo sistema público.
"Isso está inscrito no programa eleitoral do PSD" e "esse deve ser o caminho para o futuro. Isso acontece em outros países e acontece aqui ao lado em Espanha", declarou.
Com esse novo sistema, de acordo com o líder do executivo, "qualquer que tenha sido a carreira contributiva, os pensionistas sabem que não obterão da Segurança Social uma pensão superior a um determinado valor e que, portanto, devem fazer aplicações (geridas ou não pelo Estado), de forma a terem uma pensão mais generosa do que está estabelecida".
Já nos vamos habituando às ideias falaciosas de PPC, provavelmente com boas intenções, mas seguramente por limitações técnicas e uma crença no dogmatismo ideológico.
Qualquer gestor político dos interesses dos seus eleitores e concidadãos, não poderá ter outro obetivo que não seja a defesa dos seus direitos e dos seus investimentos, fazendo as contas necessárias para que a tal sustentabilidade seja o paradigma.
Quando o PM vem palpitar (sem qualquer estudo que o sustente) que o valor da sua pensão e a de todos os trabalhadores e contribuintes para a Segurança Social seja reduzida para metade da de 2007, devia ficar preocupado com isso, mas prefere dizer que tal se deve a alterações introduzidas no sistema de Segurança Social pelo Governo anterior, em vez de se empenhar e anunciar a anulação dessas alterações e a sua retificação, cuja competência está atribuída a qualquer governo capaz e sério.
Mas contrariando-se, como faz parte do seu discurso, Passos Coelho vem defender que o futuro da Segurança Social passa pela entrada dos privados no sistema, para complementarem as reduções anunciadas e forçadas por ele próprio. E é ele próprio a dizer que tal estratagema até está inscrito no programa eleitoral do PSD e que esse deve ser o caminho.
Cabe perguntar, se afinal as reduções das pensões são fruto das medidas do governo anterior, ou uma aposta do PSD, de PPC e deste governo. Com a mentira nos queres convencer!
Fala-se também num limite para o montante das pensões, para que as chamadas reformas milionárias (de quanto?) não continuem a vazar o cofre da Segurança Social, só não se entende (mas não deve ser para entender) que esse limite será igual, independentemente do que tenha sido descontado durante a carreira contributiva, assim do tipo dos seguros que cobram mais por valores que não estarão cobertos no caso de acidente.
E fazendo o papel dos promotores dos PPR (dos privados), PPC vem aconselhar que no futuro os pensionistas devem fazer aplicações, geridas ou não pelo Estado, de forma a terem uma pensão mais generosa do que a estabelecida pelas suas medidas de insustentabilidade… Esquece-se de avisar que se um governo de um país não consegue garantir a assunção dos seus compromissos, pagando as pensões correspondentes aos respetivos descontos, muito menos garantias haverá pelas entidades privadas, que o presente nos mostra serem mais frágeis do que uma pena ao vento… Esquecimento, ou omissão?
Mas o que importava para os seus eleitores e concidadãos do PM era conhecerem os cálculos efetuados pelos técnicos da Segurança Social e as medidas alternativas para a sustentabilidade do direito e da propriedade das quantias dos descontos.
Contra “paradigmas” falaciosos com que nos enchem os ouvidos e nos querem lavar a mente, que dizem que quem está no ativo é que paga as pensões de que se aposentou, fixemo-nos em alguns dados, reportados ao presente:
1 – Anos de desconto para a REFORMA: 40 anos;
2 – ESPERANÇA DE VIDA média: cerca de 78 anos (cerca de 75 para os homens e 81 para as mulheres);
3 – IDADE DA REFORMA: 65 anos;
4 - Anos de recebimento efetivo da REFORMA: 13 anos (10 para os homens e 16 para as mulheres).
Sem fazer contas (quem te que as fazer que as faça) salta logo à vista, que descontamos durante 40 anos e recebemos apenas durante 10 (os homens) e 16 (as mulheres)! Onde raio anda o dinheiro dos restantes 30 anos (para os homens) e 24 (para as mulheres)?
Aqui há mesmo gato! E parece, parece, que bastava mexer no montante dos descontos para que os direitos não fossem entortados…
Ou terá algo a ver com a transferência do fundo de pensões da Banca para o Estado e a milagrosa almofada?
Aqui há uma ninhada, já não se sabe se de gatos, se de ratos, mas que os há, há!
Vamos lá a refazer as contas e esconder o rabo…