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sábado, 19 de novembro de 2011

Ecos da blogosfera – 19 nov.

“Há mar e mar há fazer e falar”… Nada!

“O Uso do Mar” foi o ponto de partida da conferência “Ciclo Rotas de Futuro: Re…Descobrir o Mar”, na qual o assessor para os Assuntos do Mar do Presidente da República destacou “o enorme potencial de Portugal” no que respeita às questões do mar, tais como o clima, a geografia, os recursos naturais e a biofísica.
“Há dificuldade em fazer uma economia relevante do mar em Portugal”, alertou, sublinhando que “Há 5 anos definimos a Estratégia Nacional do Mar, mas até hoje não conseguimos passar à acção”.
“Este Governo tem uma maior compreensão em relação ao mar. Acredito que desta vez vão existir alterações no que respeita à economia do mar”, disse Tiago Pitta e Cunha, recordando “a decisão de, em vez de se fazer um TGV, fazer uma linha de mercadorias mista a ligar o porto de Sines a Espanha e outra a ligar o porto de Aveiro a Valladolid”.
Todos os dias vejo o mar, sorte que nem todos tem, mas vejo-o sempre sem poesia, mas como um lugar vazio de oportunidades de trabalho e riqueza, ali à mercê de quem o queira explorar.
Antes das eleições, tanto o PR, que acabou com a frota pesqueira, mas que pelos vistos se quer redimir de tal pecado, não parou de chamar a atenção para esse filão que temos e não lapidamos. Ao mesmo tempo, o CDS-PP desfazia-se em apelos e promessas, de que o mar é que era… e tanto insistiram que acreditei (ainda tenho uma grande dose de inocência)…
Eleições realizadas, contabilizados os votos e formada uma maioria absoluta, foi indigitada uma militante do CDS-PP (advogada de formação e deputada durante ano e meio) como “Super ministra” para a Agricultura, o Mar, o Ambiente e o Ordenamento do Território e continuamos a acreditar que iria, na área do Mar, aplicar de imediato as medidas já estudadas para implementação das teorias e vontades, que ajudassem à economia nacional e ao investimento nessa área.
Afinal, quem vem falar sobre o tema, é o assessor do Presidente da República para os Assuntos do Mar, que foi falar e ainda por cima apresenta como medida (sobre política do mar) a construção de duas linhas (férreas) mistas de mercadorias…
A criação de conhecimento científico em ciência e tecnologia do mar, para promover políticas que incentivem a sua exploração, e a ligação com o mundo empresarial são as principais conclusões do Encontro do Mar, concluído em Faro.
Entretanto, pelo que se concluiu de outro “Encontro do Mar”, de estudos do ministério do Mar, nada! E parece que é preciso fazer mais estudos (que devem estar mais do que feitos), sem que se avance para o investimento e a exploração da fonte de riqueza…
Voltamos ao paleio e nada de políticas concretas e imediatas… Paleio! Esperemos sentados…
Uma delegação com elementos responsáveis pela captação de investimentos no Brasil vai visitar os Estaleiros de Viana do Castelo para "analisar" as condições de futuros negócios.
"Será uma visita para perceber as condições de funcionamento da empresa, o seu trabalho e estudar possíveis negócios que podem ser impulsionados por estes agentes, cuja atividade é captar investimento de e para o Brasil", explicou a mesma fonte.
E se não bastasse o paleio, aqui está uma medida sobre um estaleiro que constrói barcos, também para a pesca, ameaçado de fechar, ou de ser vendido a terceiros, quando, se o CDS-PP e a sua ministra fossem politicamente honestos, deveria constar à cabeça da lista de meios para implementação das suas promessas. Isso é que era bom! Ainda vamos pagar aos brasileiros, daqui a uns anos, para nos construírem os barcos da nossa inércia…
O Governo vai avaliar na próxima semana a situação das barras da Póvoa de Varzim e Vila do Conde de forma a encontrar uma solução urgente para o seu desassoreamento, que terão que ser feitos "a curto prazo". A ministra, Assunção Cristas anunciou no debate na especialidade do OE2012, que o seu ministério está ainda empenhado para que esta situação "não se repita no futuro".
Mas há uma medida sobre o Mar, anunciada pela ministra “super”, que não aumentando a capacidade pesqueira, promete fazer uma revisão a um porto de mar de pesca artesanal, com a inocência de prometer que será uma solução a curto prazo e que a situação nunca mais se repetirá. E eu, desde que me conheço, que já assisti a mais de 10 operações idênticas, que se repetem por razões cientificamente conhecidas por vários estudiosos e académicos especialistas, de quem ouvi ao vivo as causas do problema e estas consequências, rio-me desta “super solução” e mais se riem os pescadores…
E estes “pescadores” de votos em águas turvas já enjoam e vão-me tirando a inocência, a esperança dos marítimos e a credibilidade dos eleitores nas promessas, deixando depressa a nu a incompetência da simples “boa vontade”…
Mas ainda há gente grande, que acredita em SUPER HERÓIS!
E nós é que somos putos…

Contramarés sem contrapé… 19 nov.

O indicador da actividade económica acentuou a queda e registou em Outubro a pior leitura desde Abril de 2009. Os dados são do Banco de Portugal e revelam o que já se esperava: uma deterioração da economia e do consumo. As leituras dos indicadores de conjuntura são mês, para mês, mais pessimistas, registando uma diminuição pelo 11º mês consecutivo, cenário que deve agravar-se nos próximos meses e deverá ser ainda mais visível no próximo ano.

Dilema, ou certeza? Pouca gente suporta a verdade!

Talvez alguém dissesse: “Que dilema desgraçado”. Não é desgraçado porque não é sem graça. É um dilema até certo ponto, pois depende muito da valoração de cada um. Para quem a verdade vem primeiro, o amor será sempre um pouco sem graça. Aos que enxergam o amor mais na frente, a verdade é que se torna sem graça. Ora, que seria do amor se não tivesse graça? O que pensar da verdade sem um pouco de amor? E o que dizer, então, do amor sem verdade?
Essa relação entre verdade e amor nas situações conflituantes do dia a dia não é de fácil compreensão, tampouco de fácil realização. Quase sempre ficamos em maus lençóis. Como falar a verdade sem desgraçar alguém? Como promover a verdade sem causar ódio ou dano às pessoas? E o que fazer quando amamos demais, ao ponto de nos abestalharmos? O amor deixa-nos tolos, abobados e bestas?
Tomemos muito cuidado com o que estamos a fazer connosco e aos filhos no tocante à educação. Os filhos precisam respeitar e vislumbrar nos pais um modelo de comportamento ético. Pais infiéis geram filhos infiéis. Pais mentirosos geram filhos mentirosos. Pais ignorantes geram filhos ignorantes e assim por diante. Numa época em que as famílias de modelo patriarcal estão em demolição pela ausência da figura do pai, no sentido da sua omissão e da sua liderança, as famílias acabam se maternalizando por demais, uma vez que a liderança e a disciplina, tão próprias aos pais para formar os filhos em geral, ficam restritas aos zelo das mães, que não poupam esforços e sacrifícios para fazer as vezes do próprio pai dentro da família. Porém, mesmo que a família nuclear esteja bem composta, o que está a tornar-se cada vez mais raro, pois encontramos, com mais frequência, as famílias fragmentadas, ainda assim não se percebe uma preocupação explícita dos pais em disciplinar os filhos; combinar horário; afastar a mentira; falar com autoridade; cumprir regras; fidelidade no matrimónio... 
Atitudes como estas, cada vez menos presentes no convívio familiar, demonstram que acima do amor deve vir o compromisso com a verdade, que está na linha da lei e da formação da personalidade. Imagine a primeira reação de um filho ao flagrar os pais na mentira.
Todos nós devemos aprender mais com a verdade, e não fugir dela. Engraçado, não suportamos a verdade. Na maioria das vezes, preferimos o amor à verdade. Queremos muito mais massajar o nosso ego com carinhos e afagos, ouvindo o que se gosta, afirmando o que se pensa, do que ouvir a verdade; que precisamos corrigir isto ou aquilo, pedir desculpas quando ofender alguém, assumir as consequências pelos malfeitos. Não podemos mais “deixar p’ra lá”, esquecer e fazer de conta que nada aconteceu. Errou, tem que aguentar as consequências, a fim de se evitar não repetir os erros.
Em decorrência disto, estamos a produzir pessoas menos resistentes às adversidades da vida, ao sofrimento, à dor. O erro está justamente na formação. Não devemos só passar a mão na cabeça dos filhos toda a vez que eles errarem e chorarem, mas precisamos mostrar-lhes, pelo diálogo e pela conduta, que é possível aprender com os erros, e que o sofrimento é uma ótima escola.
O facto é simples: Poucos de nós suportam a verdade. Entre o amor e a verdade é preciso considerar algo. Nenhum dos dois é suficiente e absoluto para viver bem. Só o amor nos deixa tontos, meio que vulneráveis diante das atrocidades da natureza humana. Só a verdade pode gerar homens totalitários e absolutos, incapazes de recuar, de relevar, de se soltar um pouco, de se desprender das convicções e assumir que precisa mudar.
Verdade demais pode afastar os nossos amigos, uma vez que ninguém é perfeito. Amor demais pode arrastar-nos para a bobagem, na medida em que se perde a admiração e o brilho. Em geral, é muito perigoso quando escolhemos uma em detrimento da outra. O mais razoável seria escolhermos uma e outra nas nossas ações, e não uma à outra. Verdade e amor não se excluem, mas completam-se admiravelmente.
Depois deste devaneio sobre a verdade e o amor, você ainda concorda com a tão honrosa expressão atribuída a Aristóteles: “Amicus Plato, sed magis amica veritas” - “Amigo de Platão, mas mais amigo da verdade”?
Jackislandy Meira de M. Silva, Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Especialista em Metafísica

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Ecos da blogosfera – 18 nov.

Um dia estaremos todos CONTRA o acordo da troika…

A classe média será a mais afetada pelas medidas do Orçamento do Estado para o próximo ano, seguindo-se os funcionários públicos e os reformados, revela um estudo de mercado da Deloitte.
O corte dos subsídios de férias e de Natal poderá representar uma redução até 30% no rendimento anual dos funcionários públicos em 2012, numa altura em que os trabalhadores do privado consideram ter estas prestações "em risco".
De acordo com o estudo, cerca de 46% dos funcionários do setor público, verá reduzido em 15% o respetivo rendimento anual em 2012 e os agregados com rendimento anual superior a 60 mil euros (60%) terão uma diminuição de 30% do rendimento no próximo ano.
Fernando Ulrich monstrou-se contra o corte das reformas dos ex-trabalhadores da banca, no âmbito dos cortes anunciados pelo Governo para os subsídios de férias e Natal para os reformados e funcionários públicos. E explica porquê: os fundos de pensões da banca "têm o capital" necessário, ao contrário dos regimes do resto da população.
Fernando Ulrich não lê pela minha cartilha e eu não leio pela dele, naturalmente, dado que vivemos em mundos diferentes e eu gostaria de ir para o Paraíso que desconheço, enquanto ele conhece os “paraísos fiscais”, que são o nosso inferno, aqui e agora.
E basta ver o enviesamento do seu raciocínio, que o leva a considerar um CONFISCO que o governo que ele admira (por razões que não explicou) pense em corta nas reformas dos ex-trabalhadores da banca, porque há capital para tal e pelos vistos não o há para os Funcionários Públicos e Pensionistas, o que lhe basta para não se indignar, nem classificar a atitude do governo que ele admira (provavelmente por ser discricionário)…
Se há dualidade de critérios, há dualidade de tratamentos e há dualidade de categorias de portugueses, como no tempo do Império Colonial…
Mas onde está o dinheiro que os pensionistas descontaram durante 36/40 anos?
E como classifica (criminalmente) os cortes de 2 salários aos portugueses de 2ª, que mais não é do que o incumprimento de um contrato?
“Apelo para que acabem as conferências de imprensa da troika. Poupem-nos de ter de ouvir funcionários de 5ª ou 7ª linha não eleitos democraticamente. Venha a união política, que aí o meu voto conta para eleger a senhora Merkel”, afirmou o presidente do BPI.
Mas apesar de as cartilhas serem diferentes, graças à dualidade de pensar e de avaliar as situações, estou plenamente de acordo com Fernando Ulrich, ou melhor, ele é que está de acordo com tudo que tenho aqui comentado há meses, ao denunciar a usurpação de soberania, com uns senhores estrangeiros a falarem no nosso país como se fosse “tudo nosso”, com uma encenação consentida e até promovida pelo governo de que ele gosta…
E repete o que aqui tenho repetido, podo em causa a (in)competência daqueles “troikianos”, que os mais papistas achavam o máximo e que eu pensava que eram de 2ª, mas pelos vistos são funcionários de 5ª ou 7ª (ele lá sabe), não foram eleitos democraticamente e mexem-se por aqui como se isto fosse deles, humilhando os governantes e os técnicos (banqueiros incluídos) e apagando a vontade do povo expressa nas eleições. Só que Ulrich devia ver mais longe e ir pensando que qualquer dia temos a primeiro ministro o Vítor Constâncio, como aconteceu na Grécia e na Itália…
E como estou farto de dizer, em abono da autoridade democrática, agora Ulrich faz eco da ideia de reestruturação política da UE, com federalização, ou união política, para que os dirigentes europeus sejam TODOS ELEITOS com os nossos votos!
E acabou por borrar a escrita e as "boas intenções" ao declarar que não vão ser os bancos a apoiar a economia do país... Bolas para tanto patriotismo e tão altos ideais "democráticos"!  Não basta ter um microfone...
Mas um dia estaremos todos de acordo… não só sobre as medidas da troika impostas à Banca, mas sobre todas as medidas impostas a TODOS OS PORTUGUESES, com base na qualificação destes funcionários de 5ª ou 7ª categoria!

Contramarés sem contrapé… 18 nov.

O presidente executivo da Galp, Manuel Ferreira de Oliveira, referiu que a empresa "está a cortar salários todos os dias" através da diminuição da massa salarial por via de extinção de prémios e remuneração variável.
Questionado sobre a recomendação da 'troika', que aconselha o sector privado a cortar salários, a resposta foi directa: "Preferia que fossem criadas condições para aumentar a produtividade", já que, quando os trabalhadores passam a efectivos, "mudam de comportamento" e "essa é a doença que nós temos no mercado de trabalho".

Não desejes aos outros o mal que te persegue!

A percentagem de crianças na sociedade alemã diminui com os anos, mas a pobreza infantil cresce. Pelos dados oficiais, ela atinge hoje 15% dos menores no país.
A Alemanha é o país europeu com a menor percentagem de jovens com menos de 18 anos na população: eles representam 16,5% do total. Noutros países do continente, como França, Reino Unido e Holanda, a percentagem supera os 20%. Na Turquia, é ainda maior: 1 em cada 3 habitantes tem menos de 18 anos.
E tudo indica que a tendência de cada vez menos crianças se vai manter na Alemanha nos próximos anos. O país tem hoje 13.100.000 de habitantes com menos de 18 anos, 14% menos do que em 2000.
Mas, enquanto as taxas de natalidade diminuem, a pobreza infantil cresce no país. Desde 1965, o número de nascimentos por ano caiu quase para metade, de 1.300.000 para 680 mil. Já o número de crianças consideradas pobres multiplicou-se por 16 no mesmo período.
De acordo com um estudo apresentado em agosto pelo Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha (Destatis), 15% das crianças na Alemanha são pobres ou estão ameaçadas pela pobreza. A maioria delas vive em lares comandados por apenas uma pessoa: mais de 1/3 das crianças que vivem com mãe ou pai solteiro estão ameaçadas pela pobreza.
Pobreza: conceito relativo
Mas o que é ser pobre num país rico como a Alemanha? O relatório do Destatis baseou-se num critério definido pela União Europeia. Conforme esse critério, as crianças são consideradas pobres quando a renda dos pais é inferior a 60% do rendimento médio das famílias do país. Na Alemanha, essa renda média corresponde hoje a 11.151 euros por ano, ou 929 euros por mês.
Já para a OCDE, é pobre a família que ganha menos de 50% da renda média anual, o que diminui a percentagem de crianças pobres na Alemanha para 8,3%.
Pelos critérios da ONU, porém, a Alemanha tem 2.500.000 de crianças vivendo abaixo da linha da pobreza, ou 19% do total.
Ao contrário do que acontece em muitos países do mundo, ser pobre na Alemanha não significa passar fome, mas alimentar-se pior do que a média, ter um acesso mais difícil à educação e menos opções de lazer. Principalmente um acesso mais difícil à educação leva à chamada "pobreza hereditária".
Também decisivo para a qualidade de vida é o nível de bem-estar social de um país. Enquanto na Alemanha, por exemplo, quem recebe 11 mil euros por ano é considerado pobre, em Portugal quem recebe 6 mil euros por ano já não está nessa categoria.
Além da relatividade do conceito de pobreza evidenciado por esses números, as pessoas em Portugal podem levar uma vida melhor do que os alemães na mesma faixa de rendimento devido a outros fatores, como o ambiente familiar e as relações sociais.
O contraste torna-se mais acentuado quando a comparação é feita com outros países do mundo. Cerca de 2.600.000.000 de pessoas vivem com menos de 2 dólares por dia. Destas, 1.000.000.000 vive até mesmo com menos de 1 dólar por dia.
A situação é especialmente grave na região Sul da Ásia e na África subsaariana. Nestas áreas, 3/4 das pessoas dispõem de menos de 2 dólares por dia. Não há como relativizar esse tipo de pobreza.
Muitos não levam a sério a pobreza na Alemanha
A pobreza na infância muitas vezes não é levada a sério, mesmo estando presente de forma reiterada na imprensa alemã. Esta é a opinião do cientista político e pesquisador da área da Educação, Christoph Butterwegge. Segundo ele, isso ocorre por cinco motivos:
Primeiro, a imagem da pobreza que predomina entre os alemães é impregnada pela situação de extrema miséria existente em muitos países pobres. Diante disto, a pobreza na Alemanha não é tão "espetacular";
Segundo, que as crianças sejam o principal grupo atingido pela pobreza é algo  relativamente novo na Alemanha. No período imediatamente após a II Guerra Mundial, a pobreza atingia mais os idosos, principalmente as mulheres;
Terceiro, os educadores muitas vezes não reconhecem os problemas das crianças mais pobres por pertencerem à classe média e não terem, portanto, noção das condições de vida e de habitação dos seus alunos;
Além disso, Butterwegge considera que entre a população alemã existe a opinião generalizada de que os pobres são culpados pela sua situação social porque não sabem lidar com o dinheiro, são preguiçosos ou bebem demais;
Por fim, o especialista diz que predomina entre a população o pensamento erróneo de que a pobreza infantil em Colónia ou em Kassel é sempre muito menos grave do que na Cidade do Cabo, em São Paulo ou em Calcutá. Por isso nem valeria a pena perder tempo com o assunto.
Muitos políticos e pesquisadores avaliam que o auxílio preventivo às crianças atingidas pela pobreza acaba por sair mais barato para a sociedade do que os gastos posteriores com pessoas que necessitarão de atendimento por problemas de saúde, desemprego e envolvimento com o crime. Mesmo assim, programas de auxílio que considerem esta perspectiva são até agora exceção.
Günter Birkenstock
Afinal, ninguém está livre do mesmo mal que deseja aos outros…
Mas afinal o que é ser pobre?
Em muitas das publicações que aqui fiz sobre a pobreza, sempre chamei a atenção para os vários e variados critérios, alguns dos quais são aqui referidos, o que nos leva de imediato a pensar que as estatísticas é que fazem o número de pobres que queremos “encontrar”, dependendo do critério utilizado.
Para a União Europeia, que deve ser o nosso padrão, é pobre quem tem pais com um rendimento inferior a 60% do rendimento médio das famílias do seu país;
Para a OCDE é pobre a família que ganha menos de 50% do rendimento médio anual, o que reduz logo o número de pobres;
Para o Banco Mundial está na pobreza extrema quem viver com menos de 1 dólar por dia e na pobreza moderada quem viver com 1 a 2 dólares por dia;
Para os EUA, a linha de pobreza corresponde a um "plano económico de alimentação" (nível mínimo recomendável de despesas com alimentação) multiplicado por 3.
Conceitos, critérios, números…
Mas PARA OS POBRES a definição resumida do conceito de pobreza é esta:
“Pobreza é fome, é falta de abrigo. Pobreza é estar doente e não poder ir ao médico. Pobreza é não poder ir à escola e não saber ler. Pobreza é não ter emprego, é temer o futuro, é viver um dia de cada vez. Pobreza é perder o seu filho por uma doença trazida pela água não tratada. Pobreza é falta de poder, falta de representação e liberdade”.

Ecos da blogosfera – 17 nov.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Contra a "cultura do ódio", mas errando nas fontes…

Uma campanha contra a "cultura do ódio" promete causar polémica com montagens que mostram líderes mundiais a beijarem-se.
Trata-se da primeira campanha da fundação “Unhate”, criada pela Benetton, cujo objetivo é "contribuir para a criação de uma cultura de tolerância que combata o ódio" e busca "contrastar a cultura do ódio e promover a aproximação de pessoas, religiões e culturas, além da compreensão pacífica das motivações dos outros".
"Embora o amor global seja uma utopia, o convite a não odiar, a combater a cultura do ódio, é um objetivo ambicioso, mas realista", afirmou Alessandro Benetton, vice-presidente do grupo Benetton. "Com esta campanha, decidimos dar ampla visibilidade ao ideal de tolerância e convidar os cidadãos de todo o mundo a refletir sobre como o ódio nasce principalmente do medo do outro e do que não nos é familiar."
A campanha tem "um toque de ironia e de provocação construtiva", mas as "simbólicas imagens de reconciliação" entre líderes mundiais que costumam divergir em questões políticas e religiosas "estimulam a reflexão" sobre como o diálogo deve superar as divergências.
Bento XVI e Ahmed Mohamed el-Tayeb
Obama e Chavez
Merkel e Sarkozy
Kim Jong-Il e Lee Myun
Mahmoud Abbas  Benjamin Netanyahu
Obama Hu Jintao
Uma campanha a favor da utopia do “amor global”, original, mas com pouca eficácia nos objetivos, mas que como marketing já atingiu os seus obetivos comerciais.
Há criatividade, há provocação, mas pouco centrada na realidade, já que as fontes dos males do mundo não estejam diretamente entre as divergências destes homens, nem nestes assuntos da agenda, mas entre os interesses dos homens do sistema financeiro e adversários da democracia e o POVO, como nos apresenta escarrapachado o nosso cartoonista Henrique Monteiro.
O BEIJO

Contramarés sem contrapé… 17 nov.

Pelo menos 224 cidades estadunidenses aplicam normas que criminalizam a situação dos desabrigados ou pessoas sem lar no país (sem abrigo).
Um estudo de National Law Center on Homelessness & Poverty assegura que cidades com maior quantidade de pessoas sem lar, conhecidos como homeless, contam com mais medidas na contramão desta prática, como passar a noite em lugares públicos, mendicidade, armazenamento de pertences na rua e realizar necessidades fisiológicas na via pública. Algumas cidades promulgaram restrições que castigam grupos ou indivíduos por servir comida a gente sem lar.

Assim estamos mesmo “feitos ao bife”!

Mario Monti, Lucas Papademos e Mario Draghi têm uma coisa em comum: trabalharam para o banco de investimento norte-americano. Não se trata de um acaso mas de uma estratégia de influência que talvez já tenha atingido os seus limites.
Sanchez
São sérios e competentes, pesam os prós e os contras, estudam cuidadosamente os dossiês antes de se pronunciarem. A economia é o seu pecado de estimação. É raro encontrar-se filhos da Luz como estes, que entram no Templo na sequência de um longo e meticuloso processo de recrutamento. É, ao mesmo tempo, um grupo de pressão, uma espécie de clube de recolha de informação, uma rede de ajuda mútua. São os companheiros, mestres e grão-mestres levados a "difundir no universo a verdade encontrada na loja".
Os seus críticos acusam esta rede de influências europeia tecida pelo banco norte-americano Goldman Sachs (GS) de funcionar como uma loja maçónica. Em graus diferentes, o novo presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, o presidente designado do Conselho italiano, Mario Monti, e o novo primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, são figuras totémicas das malhas apertadas dessa rede.
Ex-comissários e responsáveis de bancos centrais
O primeiro foi vice-presidente do Goldman Sachs International para a Europa, entre 2002 e 2005. Era o "associado" que tinha a seu cargo o departamento de "empresas e países soberanos", o mesmo que, pouco antes da sua chegada, tinha ajudado a Grécia a camuflar as suas contas, graças ao produto financeiro "swap" sobre a dívida soberana.
O segundo foi conselheiro internacional do Goldman Sachs, de 2005 até à sua nomeação para a chefia do Governo italiano. De acordo com o banco, a sua missão era dar pareceres "sobre os assuntos europeus e os grandes dossiês de políticas públicas mundiais". Mario Monti foi um homem que "abriu portas", um homem cuja tarefa consistia em penetrar no centro do poder europeu para defender os interesses do GS.
O terceiro, Lucas Papademos, foi governador do Banco Central grego entre 1994 e 2002. Nessas funções, desempenhou um papel não esclarecido na operação de camuflagem das contas públicas levada a cabo com a ajuda do Goldman Sachs. Além disso, o responsável pela gestão da dívida grega é Petros Christodoulos, antigo corretor do banco norte-americano em Londres.
Dois outros pesos pesados da rede Goldman na Europa tiveram igualmente um papel na crise do euro: Otmar Issing, antigo membro da comissão executiva do Bundesbank e antigo economista principal do Banco Central Europeu; e o irlandês Peter Sutherland, administrador do Goldman Sachs International, que participou, nos bastidores, no resgate da Irlanda.
Recolher informações de forma legal
Como foi constituída esta rede de fiéis e intermediários? Nos Estados Unidos, este círculo mágico é integrado por antigos responsáveis da instituição que se passaram, com armas e bagagens, para o mais alto nível da função pública. Em contrapartida, na Europa, o Goldman Sachs tornou-se o apóstolo de um capitalismo de relações.
Mas, ao contrário dos seus concorrentes, este banco não está interessado em diplomatas reformados, em altos funcionários nacionais e internacionais e, ainda menos, em antigos primeiros-ministros ou ministros das Finanças. O Goldman tem sobretudo na mira responsáveis de bancos centrais e antigos comissários europeus.
A sua tarefa prioritária consiste em, de forma absolutamente legal, recolher informações sobre operações futuras ou sobre a política de taxas de juro dos bancos centrais. O banco gosta de colocar os seus homens, sem nunca deixar cair a máscara. É por isso que os seus sequazes escondem essa filiação, quando dão uma entrevista ou realizam uma missão oficial.
Bem relacionados, estes "ex-" conversam sobre isto e aquilo com os seus interlocutores. As línguas soltam-se diante de personagens de tamanha monta. Como se diz coloquialmente, os interlocutores percebem de que lado sopra o vento. As informações confidenciais circulam depois nas salas de negociação do banco.
Um antigo associado do Goldman Sachs no BCE, um antigo intermediário à frente do Governo italiano, um próximo do poder na Grécia: segundo os seus críticos, o banco dispõe hoje de uma extraordinária cadeia de agentes em Frankfurt, Roma e Atenas, que poderá vir a revelar-se útil nestes tempos de tormenta.
Antigas cumplicidades revelam-se menos úteis
Acontece que, para lá das aparências, o governo Goldman na Europa, no pico do seu poder antes e durante a tempestade financeira de 2008, talvez já tenha esgotado o seu estado de graça.
De facto, as antigas cumplicidades mantidas por antigos responsáveis de bancos centrais experientes, mobilizados para mexer os cordelinhos, revelam-se agora menos úteis perante políticos sensíveis à impopularidade dos profissionais do mundo das finanças, considerados culpados pela crise. Onde o Goldman Sachs podia utilizar facilmente os seus talentos, uma série de casos colocou contra ele o poder público. Num planeta financeiro complexo e técnico, a lista de endereços já não basta, face a uma nova geração de industriais menos tolhidos pelo respeito pelo establishment.
Os patrões europeus que partiram à conquista do mundo libertaram-se dos cruzados da alta finança ao estilo SG. A exigência de valorização do acionista, os requisitos de transparência e o ativismo dos contrapoderes (órgãos de comunicação, ONG, investidores institucionais) tendem a enfraquecer o "efeito rede".
Nota – Ultimamente tenho comentado pouco os posts publicados, por serem opiniões de grandes figuras de grandes jornais, que por coincidência “confirmam” as minhas crenças e a leitura que faço da realidade, como acontece neste artigo, que diaboliza, com o indicador apontado, a comédia antidemocrática e os atores a soldo dos interesses financeiros. Até podia assinar por baixo, mas basta mesmo concluir com: “Assim estamos mesmo “feitos ao bife”!”

Ecos da blogosfera – 16 nov.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ELES levaram-nos a isto! ELES é que nos vão salvar?

A chegada de um Governo tecnocrata à Grécia e a Itália pode acalmar o nervosismo dos mercados, mas também pode ser um incentivo para os partidos populistas que apontam o défice democrático no seio da UE, argumenta Gideon Rachman.
A chegada de um primeiro-ministro tecnocrata à Grécia e a Itália não foi saudada com um aplauso universal. Há quem lamente o facto de a nomeação de Lucas Papademos e Mario Monti, que não foram eleitos, confirmar pura e simplesmente a natureza elitista e antidemocrática do projeto europeu.
Talvez confirme. Mas há algo que pode ser dito a favor dos tecnocratas no meio de uma crise financeira. Sentem-se perfeitamente à vontade no mundo das curvas de rentabilidade e das obrigações garantidas. Percebem os países estrangeiros e também os seus mercados. Se alguém for ao seu gabinete, é pouco provável que peçam subornos, ou lhe apalpem o rabo. Como não aspiram a uma carreira a longo prazo na política, conseguem tomar decisões difíceis.
Os tecnocratas europeus tendem a ter credenciais incontestavelmente semelhantes. Comparemos o currículo de Mario Monti, Lucas Papademos e Mario Draghi, o novo presidente do Banco Central Europeu. Todos eles são economistas e estiveram nos EUA. Todos eles desempenharam cargos de topo na burocracia da União Europeia. Mario Monti e Mario Draghi trabalharam para o Goldman Sachs.
Estas qualificações agradam aos mercados e aborrecem os antiglobalistas. Mas a Europa e o mundo no seu todo têm motivos para esperar que Mario Monti e Lucas Papademos façam um milagre. Se os tecnocratas não o conseguirem fazer, os extremistas estão a postos para entrar em ação.
Partidos em ascenção contra as elites
Na Grécia, cerca de um quarto dos eleitores dizem preferir partidos da extrema esquerda e mais de 8% apoiam a direita nacionalista. Em conjunto, os extremistas políticos na Grécia têm agora mais apoio do que os dois principais partidos. É provável que a política italiana, depois da demissão forçada de Silvio Berlusconi, seja confusa durante um tempo. Mas a Itália gerou fortes movimentos de comunistas e de extrema direita no passado. Entretanto, Umberto Bossi da Liga do Norte diz que vai ter o gosto de pertencer à oposição – de onde pode atacar a UE, os imigrantes e os italianos do sul.
A radicalização política é uma realidade tão visível nas nações credoras da Europa como nas devedoras. Marine Le Pen, da Frente Nacional de extrema direita, vai ter um grande impacto nas eleições presidenciais de 2012, em França, mesmo que não venha a ganhar. Na Holanda, o Governo depende agora dos votos do Partido da Liberdade, de Geert Wilders, em segundo lugar nas sondagens. Na Áustria, o Partido da Liberdade de extrema direita está empatado nas sondagens com o Partido do Povo, no Governo. Na Finlândia, o nacionalista Verdadeiros Finlandeses continua a ganhar terreno e facilmente ultrapassará os 20% nas sondagens.
Todos estes partidos em ascensão são contra as “elites”, estejam elas em Bruxelas, em Wall Street ou nos seus próprios governos. São hostis à globalização e à imigração, particularmente do mundo muçulmano. Alguns partidos da extrema direita europeia, como o Jobbik na Hungria, continuam a explorar os tradicionais temas antissemitas. Há outros, porém, como o de Geert Wilders na Holanda, que são fortemente pró-Israel, talvez por verem no estado judaico um aliado num confronto de civilizações com o mundo muçulmano.
Temas económicos e euroceticismo
Mas os populistas europeus estão cada vez mais apostados em acabar com o gueto eleitoral da hostilidade para com a imigração – e, em vez disso, dão realce a temas económicos e ao euroceticismo, com um alcance maior.
Todos os partidos populistas são profundamente eurocéticos em relação à UE, que encaram como a promotora da maior parte das coisas que abominam: multiculturalismo, capitalismo internacional, erosão das fronteiras nacionais e eliminação das moedas nacionais.
Marine Le Pen faz campanha pela retirada de França do euro, pela imposição de barreiras pautais e pela abolição do acordo de Schengen sobre a livre circulação de pessoas na UE. Geert Wilders, outrora um político anti-islâmico centrado num único assunto, acabou de anunciar que está a investigar a possibilidade de a Holanda abandonar o euro e regressar ao florim. As sondagens mostram uma maioria da população flamenga arrependida de ter aderido à moeda única europeia.
Neste momento, por toda a Europa, não existe um partido de extrema direita, nem de extrema esquerda capaz de ganhar umas eleições. Em geral, os partidos convencionais ainda são capazes de se juntar para afastar os extremistas. Mas continuaria a ser um erro crasso ignorar populistas e extremistas.
Evitar rutura desordenada do euro
Estes grupos já são suficientemente poderosos para influenciar fortemente o debate. Os políticos convencionais em nações credoras como a Finlândia, a Holanda e a Eslováquia dizem que, depois do financiamento grego, provavelmente não conseguiriam votar um novo crédito à Itália – os eleitores revoltar-se-iam e virar-se-iam para os extremos políticos. Em França, os debates sobre imigração e política económica foram claramente puxados para a direita pela Frente Nacional.
Tudo isto acontece numa situação económica má – mas ainda não catastrófica. Imagine-se, no entanto, a paisagem política europeia se os bancos começassem a fechar, as pessoas perdessem as suas poupanças e os seus empregos e houvesse mais uma profunda recessão. Nessa altura, os eleitores estariam suficientemente desesperados e desiludidos e optariam pelos partidos extremistas em números muito maiores.
Há pois uma grande aposta na capacidade de os tecnocratas estabilizarem as economias nacionais, acalmarem os mercados obrigacionistas e evitarem mais uma crise financeira e uma rutura desordenada do euro.
O problema é que Mario Monti, Lucas Papademos e Mario Draghi são pessoas muito capazes, mas não fazem milagres. Há o perigo de a situação na Europa ter chegado a um ponto que nem mesmo os mais determinados e brilhantes tecnocratas conseguem inverter a situação.
OPINIÃO
A ideologia dos tecnocratas é a austeridade.
“A única coisa sobre a qual todos concordam é o facto de estarmos na fase política da crise económica e que a tecnocracia está a ganhar terreno” escreve em El Paíso editorialista Joaquín Estefanía, no dia seguinte à nomeação do antigo comissário europeu Mario Monti e do antigo banqueiro central Lucas Papademos respetivamente à liderança dos Governos italiano e grego.
Os tecnocratas não são puros espíritos, mas têm a sua ideologia, tal como os políticos que substituem e os outros cidadãos, e chegam ao poder para aplicar uma política económica específica: a mesma ditada por Merkel com o apoio incondicional de Sarkozy e que consiste em administrar fortes doses de austeridade aos países do sul em troca do resgate da zona euro [...]. A crise diz aos perdedores “lamentamos imenso o que vos aconteceu, mas as leis da economia são impiedosas e vocês precisam de se adaptar, reduzindo as proteções das quais beneficiam. Se procuram enriquecer, terão primeiro de aceitar mais precariedade; eis o caminho que vos levará ao futuro”.

Contramarés sem contrapé… 16 nov.

O ministro da Saúde revelou que existem 1.000 médicos especialistas a mais nos hospitais portugueses e que em 2012 o SNS terá um défice de 200 milhões de euros.
Governo abriu mais 82 vagas em pequenas unidades de saúde e oferece remuneração extra aos clínicos que optem por fazer lá o internato.

Charada: O início do fim é logo após o fim do início?

O ministro da Economia foi ao Parlamento declarar 2012 como o ano em que a crise acaba, mas depois esclareceu que se estava a referir ao início do fim da crise. Na primeira reunião de debate do Orçamento de Estado na especialidade, Santos Pereira considerou que as medidas que o governo está a pôr em marcha são fundamentais para a reviravolta a partir de 2013.

Ecos da blogosfera – 15 nov.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Petição? EXIGÊNCIA! Pedir é admitir a iniquidade…

Para: Presidente da República, Assembleia da República, Primeiro-Ministro 
Exmo. Senhor Presidente da República
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República 
Exmo. Senhor Primeiro Ministro
Proponho a suspensão do subsídio de férias e natal dos deputados da Assembleia da República e detentores de cargos públicos, por período idêntico ao congelamento dos mesmos subsídios aplicado a todos os funcionários públicos, de empresas do estado e pensionistas.
Os senhores têm a obrigação moral de dar o exemplo nesta matéria uma vez que também estão ao serviço do estado sendo do estado que recebem os vossos vencimentos.
Atentamente,
Os signatários (eu assinei)
Tendo em conta as palavras do Senhor Presidente da República, a sua seriedade e a sua coerência, de certeza que será o primeiro a “renunciar” a tal bónus, pelas razões que ele próprio invocou e assinará esta Petição.
Tendo em conta, que o exemplo vem de cima, seguramente que a Senhora Presidente da Assembleia da República seguirá o gesto do PR e assinará esta Petição.
Tendo em conta o reforço das medidas da troika, que o Senhor Primeiro Ministro achou por bem almofadar, não será de esperar outra atitude da sua parte, que não seja seguir a dos seus superiores hierárquicos e assinará esta Petição.
Tendo em conta que a maioria dos Deputados aprovou 12 ordenados para um grupo especial de portugueses, seria desonestidade democrática aceitarem 14 ordenados, ficando fora do esforço nacional e todos assinarão esta Petição.
Tendo em conta que todos detentores de cargos públicos são os mais interessados na salvação da nossa soberania (e do seu lugar) no mais curto período de tempo e por isso, todos assinarão esta Petição.
Se os visados vierem a receber o que decidiram que para nós era patriótico, será moralmente inadmissível e politicamente provocatório! Até podem recuar, mas nunca lavarão as mãos da tentativa de abuso de serem juízes em causa própria, com benefícios pessoais e a Mal da Nação!
Assinemos! AQUI

Contramarés sem contrapé… 15 nov.

Angela Merkel, está a tentar acelerar a reforma do tratado da União Europeia e quer que todos os 27 Estados-membros o aprovem até ao final de 2012. O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, deverá apresentar um relatório já em Dezembro sobre como as propostas de mudança poderiam ser conduzidas.
Há também quem acredite que as medidas mais rigorosas podem ser tomadas à mesma, contra membros da Zona Euro, sem alterar o tratado.

Há duas democracias? Uma para os credores e outra para os devedores?

Os esforços para salvar o euro não podem continuar indefinidamente contra a vontade dos eleitores, escreve Charlemagne no Economist.
Em praticamente 2 dias, a Europa exigiu a cabeça de dois dirigentes políticos. Primeiro, o primeiro-ministro grego, George Papandreu, prometeu demitir-se e, depois, em Itália, Silvio Berlusconi fez o mesmo. Havia algum tempo que os dois dirigentes estavam numa situação difícil mas a causa imediata da sua queda é clara: o ultimato que lhes foi lançado pelos dirigentes da zona euro na cimeira do G-20, em Cannes, para que reformassem as respetivas economias… fosse como fosse.
Em Cannes, foram quebrados dois tabus. Pela primeira vez, os dirigentes da zona euro aceitaram a ideia de um dos membros entrar em incumprimento e sair do euro. (E, depois de o impensável se tornar possível, porquê ficar só pela Grécia?) Foi também a primeira vez que os dirigentes interferiram de modo tão decidido na política interna de outros países.
É verdade que a União Europeia influencia há muito as políticas nacionais. Recorde-se em que medida, no Reino Unido, as divisões entre os conservadores quanto à Europa contribuíram para a demissão de Margaret Thatcher, em 1990, até que ponto os novos membros se transformaram para aderir à UE, ou a reforma das finanças públicas realizada em Itália, em 1999, para o país poder entrar para o euro. E a crise fez cair os primeiros-ministros da Irlanda e de Portugal, depois de os 2 países terem precisado de ajuda externa.
Ainda assim, alguma coisa mudou. Os europeus consideram-se uma família; discutem mas ninguém põe em causa o direito de um membro fazer parte do clã. Mas, em Cannes, os dirigentes da zona euro deixaram claro que os membros da família podem ser abandonados ou mesmo deserdados. Há quem encare isto como um ataque às democracias nacionais por parte da elite europeia, quer não eleita, quer autoproclamada (como no caso da dupla franco-alemã "Merkozy", Angela Merkel e Nicolas Sarkozy). Muito foi escrito sobre a subjugação da Grécia, o berço da democracia, durante a segunda ocupação alemã.
Resposta conduzida pela Alemanha e França
Boa parte do que foi escrito é disparate. A Itália e a Grécia optaram livremente por aderir ao euro e todos os clubes têm regras de comportamento. Numa união monetária, a irresponsabilidade de um dos membros põe em perigo o bem-estar dos restantes. Se não estivessem tão fortemente endividadas e escleróticas, a Itália e a Grécia não enfrentariam hoje tantas dificuldades.
Os países que lhes prestaram assistência financeira têm direito a impor condições, para garantir que os seus empréstimos sejam re-embolsados. A alternativa às imposições da zona euro é ficarem à mercê do mercado. E, quando é precisa uma resposta, esta será inevitavelmente conduzida pela Alemanha e pela França.
Contudo, as acusações dos críticos têm algum fundamento. A UE foi a âncora da democracia para muitos países, como por exemplo a Espanha. Mas, se a crise se mantiver, a austeridade se prolongar e a zona euro proceder à sua integração, para se salvar, a legitimidade da iniciativa será prejudicada. Os sacrifícios seriam mais suportáveis, se os atos dos credores indicassem que estes acreditam enfrentar uma ameaça à sua existência.
"Quebra de confiança"
Mas em vez de mobilizarem todos os seus recursos para fazer face à crise, estes procuram limitar a sua responsabilidade. O facto cria a sensação de que há duas medidas: um tipo de democracia para os credores e outro para os devedores. Toda a gente é obrigada a entender os condicionalismos que pesam sobre Angela Merkel. Mas, quando Papandreu fala de referendo, está a cometer uma "quebra de confiança".
Além disso, os devedores suportam os custos dos erros dos credores. No caso da Grécia, o FMI queria (acertadamente) que o programa de ajustamento se centrasse em reformas estruturais que promovessem o crescimento; os europeus deram prioridade à redução do défice. Uma recessão superior à prevista significaria que a Grécia seria obrigada a estabelecer objetivos orçamentais cada vez mais estreitos, que implicam cada vez mais austeridade.
O primeiro resgate incluiu empréstimos a 3 anos a taxas de juro punitivas, sem redução da dívida. O último oferece à Grécia taxas baratas durante 30 anos, com uma dedução de 50% para os detentores privados de obrigações. Pelo menos uma destas opções estava errada e nenhuma das duas bastaria para salvar a Grécia. A Alemanha aceitou demasiado tarde a necessidade de reforçar e tornar mais flexível o fundo de resgate. Se o tivesse feito mais cedo, a crise poderia ter sido contida mais facilmente e com custos menores.
Primeiro, combater o incêndio
Neste momento, a prioridade deve ser combater o incêndio. A Itália está a arder e o resto da zona euro pode ser devorada por esse fogo. As decisões não podem ficar dependentes das vicissitudes de 17 parlamentos nacionais. E se a Alemanha continuar a travar o Banco Central Europeu será o mesmo que insistir em que se utilizem baldes de água, em vez de camiões cisterna.
Contudo, a longo prazo, a zona euro irá precisar de novas regras de combate a incêndios. Os tratados da UE terão que ser revistos. Os membros do euro terão que cumprir regras orçamentais mais rígidas e aceitar o controlo intrusivo de terceiros. A perda de soberania será mais aceitável para os devedores, se os credores aceitarem a necessidade de, em devido tempo, emitirem “eurobonds” conjuntas.
Para o sistema funcionar, são precisas instituições independentes. Muita gente preferiria a não eleita Comissão Europeia a um organismo intergovernamental dominado pela dupla Merkozy. Além disso, a Comissão atuaria como uma ligação vital entre os 17 membros do euro e os 10 não membros, impedindo o tipo de Europa a duas velocidades agora abertamente defendido pela França. Mais Europa não deveria significar mais Sarkozy e menos mercado único.
Salvar o euro exige mais sacrifícios de alguns, mais generosidade de outros e uma mudança fundamental por parte de todos. Valerá a pena? Mais cedo ou mais tarde, a pergunta deve ser apresentada aos cidadãos. E a verdadeira alternativa deve incluir a opção de abandonar o euro. Agora que este tabu foi quebrado, a zona euro deveria começar a pensar na melhor maneira de permitir a saída daqueles que não podem, ou não querem, viver segundo as regras alemãs.