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sábado, 13 de julho de 2013

As vozes dos mentores dos nossos contratempos…

Pelas salas e auditórios da Católica-Lisbon desfilaram por estes dias 500 mais destacados economistas a nível global em diversas áreas, durante o 14º encontro internacional da APET (Association for Public Economic Theory).
O ambiente é completamente formal e fato, gravata ou tailleurs nem vê-los: entre estes destacados peritos, discípulos de Keynes ou Hayek, as combinações ténis-calças de ganga ou chinelos-calções dominam a indumentária, numa altura de muito calor em Lisboa.
“Só os melhores dos melhores estão presentes aqui”, explica Leonor Modesto, professora da Católica-Lisbon e responsável pela organização da APET. “Temos participantes de todo o mundo aqui presentes. Esta é a maior edição de sempre. Contamos com o maior número de participantes”, afirma.
Entrar numa das 15 salas onde decorrem em paralelo as várias apresentações dos trabalhos destes académicos é entrar numa galáxia diferente e ouvir dissertar sobre seguros de saúde na China rural, a competição no mercado de creches, ou a influência dos custos de transporte na economia rural dos países em desenvolvimento.
Nos corredores, os temas são bem mais mundanos, e a crise da zona euro, e em Portugal, é o grande tópico de discussão.
Uma das questões que mais inquieta alguns destes economistas é se a união monetária vai continuar a existir no médio prazo. “É uma questão política. É um compromisso político manter a zona euro tal como ela está. Se não houver um forte compromisso por parte dos alemães ou do Banco Central Europeu, as coisas poderão correr muito mal”, explicou Martin Zagler, professor da Universidade de Viena, Áustria.
“Penso que ainda vai existir e penso que nenhum dos países vai sair da zona euro. Porque existe muita incerteza sobre os custos de saída e isso vai prevenir os governos de darem este passo”, considera Michael Neugart, da Universidade de Darmstat, na Alemanha.
Michele Giurano da Universidade de Salento, Itália, também se mostra otimista sobre a perspetiva europeia: “Temos uma grande crise e não podemos prever o fim dela, mas penso que o rumo desta crise deverá mudar em breve, no final deste ano ou no início do próximo”.
Sobre a dicotomia entre austeridade e crescimento, os economistas dividem-se sobre a sua eficiência. “É um ciclo vicioso e tem o potencial de ciclo vicioso. E por isso penso que é necessário ter uma política equilibrada para corrigir os défices orçamentais. Matar o crescimento ao introduzir mais austeridade seria bastante contra produtivo”, disse Michael Neugart.
“Devemos mudar as políticas económicas dentro da União Europeia, porque cortar orçamentos públicos sem apostar no crescimento económico não vai funcionar, e não tem estado a funcionar”, considera Michele Giurano. “Precisamos de mudar isso, temos de esperar para ver o que acontece na Alemanha depois das eleições. Existe muita austeridade. Precisamos de olhar para a austeridade no médio, longo prazo e não no curto prazo”, defende o italiano.
As eurobonds, a mutualização conjunta da dívida soberana dos países da zona euro, é uma das soluções apontadas pelos académicos. “Sou um grande fã dessa ideia. Havia essa ideia de todos os países terem até 60% do seu PIB em obrigações públicas de dívida europeia. Sempre que o valor ultrapassasse isso, financiava-se localmente. Baixas taxas de juro para os primeiros 60%, um incentivo adicional para reduzir para os 60% e teria taxas maiores para tudo o que fosse superior”, explica Martin Zagler.
“Os alemães deviam dar luz verde às eurobonds”, considera Michele Giurano. “Pode ser uma boa solução para resolver o problema do spread entre a Alemanha e os outros países. Não há razão para termos um spread tão grande.”, diz o professor da Universidade de Salento.
A reestruturação da dívida tem sido apontada por alguns economistas, como o ex-economista-chefe do FMI, Kenneth Rogoff, como uma solução para Portugal. Uns dos casos mais célebres é o da Argentina na viragem do século, mas os economistas alertam para o risco de adotar esta opção. “Talvez não deva ser a primeira opção, porque esta reestruturação impõem um grande fardo nas economias da maneira que torna-se mais dispendioso”, defende Michael Neugart.
“Vai ser uma política perigosa, no longo prazo pode até funcionar, mas no curto prazo vai ser terrível, vai ser muito mau para a zona euro, o euro poderá cair muito”, alerta Michele Giurano, recordando o caso da Argentina: “Eu estive na Argentina depois disto e posso dizer-lhe que foi realmente muito mau. Agora estão a recuperar mas durante 10 anos foi muito mau. É uma política perigosa”.
“Podemos entrar em default sobre toda ou parte da dívida, porque é uma dívida soberana, e podemos fazer o que queremos, o grande problema é que esta dívida pública representa ativos do outro lado e habitualmente são ativos do sistema bancário doméstico. Ao entrar em default sobre toda ou parte da dívida, vamos levar imediatamente todos os bancos à falência. O que é um problema dramático”, explica Martin Zagler.
O professor austríaco estabelece a devida diferença entre o “corralito” argentino e a situação na Europa: “No caso da Argentina, grande parte da sua dívida pertencia aos Estados Unidos. Na Europa, temos o caso de grande parte da dívida ser detida pelos próprios cidadãos ou pelos bancos internos, se perdoarmos a dívida, vai fazer com que os cidadãos tenham menos riqueza, leva a uma redução ainda maior do consumo, os bancos vão à falência porque a folha de balanços dos bancos vão ter só perdas, os bancos vão ter um valor negativo, assim vai haver muitos problemas. Entrar em default em parte da dívida significa que no dia a seguir, os mercados internacionais de capitais não vão emprestar um único euro".
Estranha-se que Vítor Gaspar não seja nomeado entre os 500 melhores economistas mundiais e mais ainda Passos Coelho, que bem precisava de umas aulas de recuperação para ficar a pensar se realmente consegue recuperar o que estragou ou deixou estragar…
Se é um facto, que cada dia vamos confirmando, o que dizia Bernard  Shaw: “Se todos os economistas fossem postos lado a lado, nunca chegariam a uma conclusão” , constatamos também neste fórum (apenas com 500), que há fundamento, apesar de algumas convergências. E curiosamente as convergências dizem respeito às dúvidas sobre a continuidade do Euro, às políticas erradas impostas, ao pouco tempo, à austeridade sem crescimento, às consequências negativas para as economias, ao longo tempo de “recuperação” e também à dependência das eleições alemãs, que é o mesmo que dizer, que temos que entrar no jogo da Alemanha, que domina o esquema.
Entretanto, vai-se confirmando que estas demoras e “incertezas” funcionam para os credores irem sacando o máximo para “perderem” o mínimo. Depois de recuperado o “investimento” especulativo, cada um que se amanhe!
Destaca-se também, que afinal a saída de qualquer membro da Zona euro não acontece, também, porque os custos dessa saída são uma incerteza, ou seja, ninguém sabe, a não ser os (nossos) papões, que do alto da sua ignorância, assustam os cidadãos incautos, com valores de desvalorização incalculáveis (por isso todos diferentes), o que para economistas tão competentes não os abona em nada e dão a entender que trabalho nunca lhes faltará…
A última leitura que faço e registo, é que o nosso Primeiro, que se imola pela austeridade e nos mata com ela, é cada vez mais o único (economista) que não tirou conclusões empíricas de tal modelo, mesmo sabendo das aldrabices e “erros”, que dos diagnósticos, quer da receita (sem confirmação laboratorial), sem sequer dar conta de que está sozinho no meio deste deserto de ideias, embora acompanhado na ideologia…
Se é verdade, o que dizia Edmund Burke, que: “A economia é uma virtude distributiva e consiste, não em poupar, mas em escolher.”, há opções a tomar, não para confiscar, mas para distribuir, exatamente o contrário do que (nos) estão a fazer, talvez por não se tratar de economia…
Como costumo dizer, os economistas são os únicos profissionais que não sabem fazer aquilo para que se prepararam, sem nunca serem avaliados negativamente nem responsabilizados, porque como dizia o economista John Galbraith:  “A economia é extremamente útil como forma de emprego para os economistas.”
Pelo menos não aumentam as taxas de desemprego (na classe)!

Ecos da blogosfera – 13 jul.

Mais “Reformas” = Mais para os “Reformadores”…

A zona euro e o FMI decidiram, a 8 de julho, conceder uma nova tranche de ajuda à Grécia, como contrapartida pelo despedimento de 15.000 funcionários. É a melhor maneira de perder o apoio dos cidadãos à necessária reforma dos serviços públicos, lamenta um editorialista.
A reforma profunda da administração pública é urgente e constitui uma prioridade para o país. A avaliação das estruturas e dos indivíduos, bem como a mobilidade destes, devem ser instituídas com caráter permanente, no funcionamento do serviço público. Só assim poderemos construir um Estado moderno, produtivo e eficaz. Isto diz respeito a todas as reformas. Porque, se forem feitas em benefício do povo grego, essas reformas deverão ter uma repercussão positiva. Mas como, em alguns casos, são feitas de forma desordenada, suscitam a desconfiança do povo que deveria apoiá-las.
Vejamos o caso do processo de mudança iniciado na função pública. A principal finalidade, por exemplo, é o despedimento de 15.000 funcionários. Para não melindrar a opinião pública, fala-se de avaliação, de mobilidade; em resumo, tudo para atingir um objetivo já fixado: os despedimentos! Isto é redutor para a instituição, gera desconfianças e cria um clima político e social negativo, num momento em que é preciso modernizar.
Obsessões ideológicas da troika
Tanto mais que o “procedimento de urgência” foi iniciado, sem que dele resulte qualquer benefício estrutural. Por conseguinte, na realidade, prejudica-se um procedimento muito sério, apenas porque a troika continua a fazer pressão com as suas estranhas obsessões ideológicas. Acontece que um tal procedimento pode pôr em perigo o funcionamento dos municípios, das escolas, dos hospitais e de outros serviços públicos. A gestão das reformas a realizar é um fator que conta para o sucesso dessas mesmas reformas. É difícil fazer reformas, quando quase toda a gente está contra. Bem se viu a má gestão do encerramento da radiotelevisão pública. Agora, os membros do Governo tentam, sem o conseguir, reparar os erros cometidos.
Infelizmente, ao longo dos últimos 3 anos e meio, ouvimos o discurso da “reforma” nos mais variados tons e o facto é que o funcionamento do serviço público vai de mal a pior e quem paga, bem caro, por isso são os cidadãos. O que os deixa ainda mais desconfiados...
Visto de Madrid - “Uma sequência perversa”
O acordo sobre o desbloqueamento de mais €6.800 milhões para a Grécia é praticamente uma “espiral de reincidência”, escreve o jornal El País. Para este diário espanhol, segue a sequência Grécia-UE: incumprimentos, novos compromissos e pagamento de ajuda. Este guião repetido inclui 3 passos. O primeiro é a troika concluir que houve incumprimento das condições negociadas com o Governo do país onde se deu a intervenção. Segue-se o compromisso desse Governo de compensar as tarefas não concluídas, com outras medidas – cortes, reformas ou as duas coisas – ou com a alteração do calendário, com o objetivo de facilitar a entrega da ajuda da UE. [...] Mas não se deve esconder a realidade subjacente a esta sequência perversa: os países resgatados são submetidos a uma pressão que agrava a sua tendência para não cumprir (Grécia) e/ou provoca explosões nos governos que aplicam os cortes (Portugal). Tudo isto se conjuga com uma grave incoerência da parte daqueles que prestam as ajudas: por um lado, insistem na austeridade exigida aos resgatados […] e, por outro, concluem, como fez o FMI, que a austeridade requerida só vem agravar os problemas.

Contramaré… 13 jul.

A Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, não gostou dos protestos na Assembleia da República e ameaçou mudar as regras de acesso às galerias. Depois dos protestos e da gritaria, usou uma frase para resumir a situação, o que já antes tinha feito sobre Guantánamo e o terrorismo.. “Não podemos deixar, como dizia a Simone de Beauvoir, que os nossos carrascos nos criem maus costumes”.

A escritora francesa inspirou-se nesse sentimento quando escrevia sobre os horrores da II Guerra Mundial, referindo-se à opressão nazi.
Manifestantes exigem demissão do Governo e eleições imediatas nas galerias do Parlamento

Assunção Esteves e a abominável citação: "...deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes"

sexta-feira, 12 de julho de 2013

O “Estrago da Nação” atestado e comparado, lá fora…

Em Lisboa a terapia de choque quase derrubou o Governo. Em Vílnius serve para reclamar uma adesão mais rápida à zona euro. Que lições retirar deste percurso cruzado?
Lisboa tem mais em comum do que parece com o antigo tigre báltico, na presidência da UE desde 1 de julho. Ambos os países confrontados com as violentas recessões dos últimos anos reagiram com políticas de ajustamento zelosas e drásticas.
Duas horas de diferença horária, 3.300 quilómetros de distância: tudo parece separar a Lituânia de Portugal. De avião é preciso fazer uma longa travessia para unir as duas capitais situadas nos confins da União Europeia. No torpor do verão ambos os países se lembraram, cada um à sua maneira das boas recordações dos europeus: a Lituânia e o seu enérgico Presidente, Dalia Grybauskaité, cinturão negro de karaté, iniciaram a presidência rotativa europeia entre os 28 a 1 de julho, mesmo a tempo de receber a Croácia.
Portugal e o seu primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, escaparam à justa a uma crise, após a súbita demissão de um dos pilares do Governo, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar. Foi um sério revés para um Estado que desde há 2 anos recebe auxílio da zona euro e do Fundo Monetário Internacional.
A cada um o seu destino, a cada um as suas dores de cabeça, numa Europa onde a distância gera na melhor das hipóteses indiferença e, na pior, prejuízos ou hostilidade: na Lituânia os sobressaltos da vida política portuguesa não interessam às massas. Preocupam-se sobretudo com a ignomínia dos vizinhos russos e bielorrussos, o que incita o país a cada vez mais querer entrar no jogo europeu. E, em Lisboa como na restante Europa Ocidental, ninguém reparou que o longínquo parceiro ia copresidir durante 6 meses aos destinos de 500.000.000 de europeus.
Há 3 anos que os portugueses têm os olhos em Atenas, Madrid, Berlim, Paris, ou.... Washington. Sem grande esperança de ver a luz ao fundo do túnel, querem sobretudo políticos locais, que há 2 anos se desfazem em esforços sob os auspícios da “troika” que os financia.
Dose cavalar de remédio lituano
Nestes tempos de crise da zona euro, as 2 capitais constituem as 2 faces da mesma moeda, e têm mais em comum do que pode parecer. A Lituânia também sabe o que é a recessão e o ajustamento.
Em 2009, arrasado pela crise financeira, o antigo “tigre báltico” desmoronou-se: uma recessão de 15%, a mais violenta da Europa, e um acordar doloroso após o “milagre” dos anos pós-soviéticos. O Governo de centro-direita da altura recusou o oposto do seu vizinho letão, e passar pelo pente fino do Fundo Monetário Internacional. Administrou ao seu próprio país uma verdadeira dose cavalar de remédio, sem recorrer à desvalorização da sua moeda.
Os funcionários viram os seus salários reduzidos, de acordo com o seu escalão, entre 5 e 50%. Os Ministérios dispensaram uma parte dos seus efetivos. Como isso não foi suficiente até os reformados foram afetados. Um programa apoiado pelo parlamento, sem insurreição popular. Os problemas ainda não estão todos resolvidos. Longe disso. Mas a retoma já começou. “Não gostas da austeridade? Experimenta o comunismo!” – é o dito popular em voga nas margens do Báltico que resume o estado de espírito local.
Portugal, por seu lado, escapou ao comunismo mas não ao FMI – e aos fundos de auxílio da zona euro (“Gostas da austeridade? Experimenta uma troika!”). Depois de 10 anos a viver acima das suas possibilidades, o país colocou em marcha um plano de ajustamento de grande amplitude com a esperança de recuperar em 2014 o acesso aos mercados financeiros. Uma perspetiva ainda incerta, uma vez que o país ainda está a meio do percurso.
As zelosas reformas de Portugal
Apesar da resistência cada vez maior da população, os dirigentes portugueses não hesitaram, também eles, a fazer prova de algum zelo. Entre os países da zona euro que recebem auxílio, é talvez o único a ter antecipado as exigências dos financiadores. Até agora os dirigentes portugueses e a “troika” insistiram sobretudo no saneamento das contas públicas, deixando um pouco de lado as reformas estruturais. O que não impede uma enorme recessão, com o risco de alimentar o desespero profundo do desemprego massivo.
O sucesso relativo da Lituânia, onde o salário mínimo não chega aos €300, não causa inveja aos portugueses. Mas, por outro lado, os contratempos do paciente português não metem medo aos dirigentes lituanos. Dalia Grybauskaité e o seu Governo só têm uma ideia em mente: aderir o mais rapidamente possível à união monetária, idealmente, afirmam, a 1 de janeiro de 2015.
Nada nos diz que os dirigentes do euro, afetados pelas dificuldades de Portugal e da Grécia tenham a mesma pressa. É mesmo expectável que escolham aprofundar a zona euro antes de a alargar ainda mais. Mas vai ser preciso encontrar argumentos muito sólidos para dissuadir um muito determinado Dalia Grybauskaité.

Ecos da blogosfera – 12 jul.

Resguarde a sua face no Face!

Todas as manias que alguns amigos tinham no mundo real passaram para o Facebook na mesma proporção do seu crescimento. A rede social tem mais de 1.000 milhões de utilizadores e muitos são culpados de comportamentos, por vezes, muito irritantes.
Ana Rita Guerra
Com base em compilações na internet, comentários de utilizadores e experiências quotidianas, deixamos uma lista das 10 coisas mais irritantes que os seus amigos fazem no Facebook.
Nota: esta lista é puramente recreativa, embora haja livros que falam de "regras de etiqueta" para o Facebook.
1. Lavar roupa suja
É o equivalente a assistir a uma discussão de fazer corar a Cicciolina. Alguém que publica impropérios, denuncia, ameaça ou insulta no seu mural e identifica o alvo, para todos verem. É a receita para um desastre virtual, que ou termina com a eliminação da publicação ou se desenrola em comentários infindáveis. Cuidado para quem tiver colegas ou o patrão adicionados no Facebook: um episódio deste género pode estragar a reputação que demorou a construir.
2. Chantagear os amigos
Toda a gente conhece aquela pessoa que, quando arranja um emprego novo faz chantagem emocional aos amigos. Ninguém é obrigado a ir comprar 20 frascos à perfumaria só porque o amigo está lá a trabalhar. O mesmo - e principalmente - é válido para os esquemas em que se ganha dinheiro "facilmente" num site. É terrível intimar os amigos a inscreverem-se em algo que parece bom demais para ser verdade.
3. Abrir mensagens de chat só para pedir votos
A ver se nos entendemos: é proibido fazer concursos no Facebook em que o vencedor é determinado pelo número de "gostos". Se as empresas cumprissem esta regra, evitava-se o ritual de ter pessoas a abrirem janelas de chat só para pedirem "por favor, eu nunca peço nada, mas pode pôr "gosto" nesta foto? obrigado." Mais estranho ainda quando se trata de contactos com quem nunca usa mensagens instantâneas.
4. Partilhar demasiada informação sobre os filhos
E não é por uma questão de segurança, é mesmo pela sanidade dos amigos. Há pais que fazem questão de partilhar, passo a passo, o progresso dos filhos entre as fraldas e o penico, de forma bastante gráfica e explícita. Sem embargo de ser uma aventura excitante, se calhar nem todos os amigos de Facebook querem ter essa imagem na cabeça antes de saírem para jantar.
5. Identificar metade dos amigos em fotos que não têm nada a ver
Uma pessoa entra na conta do Facebook e tem 25 notificações. "Uau", pensa, até se aperceber que são comentários e gostos numa foto com gatinhos ou um pôr-do-sol onde foi identificado. Identificar 50 amigos numa foto genérica é a melhor maneira de irritar metade deles.
6. Escrever frases soltas e enigmáticas
A ideia deve ser chamar a atenção, atrair pena ou suscitar curiosidade. De outra forma, não se percebe que alguém escreva: "OH MEU DEUS NÃO ACREDITO QUE ISTO ACONTECEU." E quando um amigo pergunta o que se passa, a resposta é genérica, como "não posso dizer" ou "nem imaginas, digo-te em privado." Se era para dizer em privado, porque é que publicou metade? Já existe um termo para isto: chama-se "Vaguebooking". Isto é, escrever estados vagos no Facebook.
7. Partilhar fotos com lições de vida
Ok, já percebemos, é muita profundidade e filosofia. Começou por escrever frases feitas nas legendas de fotos onde aparece a fazer beicinho. Agora são imagens de casais à chuva, arco-íris no Brasil e pegadas na areia com um ensinamento de vida. Algumas vezes com erros ortográficos, como "voçê" e "à tempo para tudo." O excesso matou o interesse destes postais, e nem frases de Hemmingway salvam a coisa.
8. Publicar avisos de privacidade ou lendas urbanas
Todos temos aquele amigo que não recebeu o memorando e continua a publicar comunicados pessoais de privacidade, que avisam o Facebook para não se meter nos seus estados e não usar as suas fotos, citando o tratado de Roma ou de outra cidade qualquer. Ainda sobrevivem também as lendas urbanas, sobre donativos que uma qualquer empresa vai fazer por cada partilha, sobre discursos que Bill Gates nunca fez ou sobre abelhas gigantes na Polinésia.
9. Publicar 2.598 auto fotos iguais
Os smartphones tornaram fácil tirar uma foto a si próprio com as câmaras frontais, e há quem tire o máximo partido desta funcionalidade. As "selfies" eram extremamente populares no MySpace e migraram na perfeição para o Facebook. Mark Zuckerberg, para quando um filtro de imagens redundantes?
10. Escrever na terceira pessoa
Foi giro no início, mas começou rapidamente a soar estranho e agora é apenas enervante. Só o Jardel continua a fazer isso. Aliás, o próprio Facebook percebeu que se tinha chegado a um ponto sem retorno e mudou as perguntas que faz aos utilizadores. Um pouco arrepiante, é um facto, mas pelo menos agora faz perguntas diretas de resposta direta: "em que estás a pensar? que estás a fazer? o que estás a sentir"? E não "como está a Rita a sentir-se?"
Recomenda-se o cumprimento escrupuloso dos 10 mandamentos, para bem de uma sã “amizade” e se não quer publicar mensagens em catadupa (uma recomendação dos “especialistas) e já que se pode agendar, recomendo a leitura do artigo:

E Portugal “nesta” História ainda pertencerá à África?

Esquecemo-nos disso frequentemente, mas fazer parte da UE permitiu a países como a Espanha e a Itália desenvolverem-se economicamente abandonando as suas aspirações coloniais. Um exemplo igualmente válido para o futuro da União, defende um politólogo holandês.
“A África começa nos Pirenéus.” Este aforismo foi frequentemente atribuído a Alexandre Dumas, mas foi utilizado em 1959 por Albert Camus. Essa frase horroriza os espanhóis. Se há continente a que os espanhóis nunca quiseram ser associados, é África.
De facto, desde 1898, data da independência de Cuba, ficou absolutamente claro que a Espanha deixou de ser um império. Mas, durante muito tempo os espanhóis perguntaram-se se não poderiam, ainda assim, continuar a ser a capital cultural da América hispânica. Durante o regime de Franco, a elite política acreditava que Espanha ainda podia impor a sua grande autoridade de potência mas, com a morte do ditador em 1975, a ilusão de um império mundial espanhol também desapareceu.
“A última carruagem do comboio da Europa”
Em 1976, os antifranquistas optaram definitivamente pela Europa. Ao decidirem distanciar-se das pretensões imperiais da Espanha, perceberam que deviam juntar-se à Comunidade Europeia. Preferiam, como eles próprios diziam, “estar na última carruagem do comboio da Europa do que ser a líder da América hispânica”.
A adesão à Europa significou uma democratização e uma modernização de Espanha. O PSOE [Partido Socialista Operário Espanhol] foi reanimado por capitais alemães e o PCE [Partido Comunista Espanhol] que, em 1976, era de longe o maior partido dos trabalhadores, não resistiu ao eurocomunismo. Os franquistas fundaram um partido, o Partido Popular [PP, atualmente no poder], que acolheu com entusiasmo a democracia liberal. Foram construídos ou modernizados caminhos de ferro com a ajuda dos fundos europeus. A Catalunha e o País Basco tiveram a oportunidade de se desenvolverem económica e culturalmente. A cidade olímpica de Barcelona (1992) e o Museu Guggenheim de Bilbau (1997) foram os orgulhosos símbolos de um desenvolvimento económico e social espetacular nas regiões autónomas.
Quem conheceu a Espanha de Franco só pode estar surpreendido com as evoluções políticas e económicas que tiveram lugar ao longo dos últimos 30 anos. O país conseguiu isso com o apoio da UE mas também, em grande parte, apoiando-se nas suas próprias forças. O PIB dobrou ao longo dos 10 primeiros anos após a adesão e voltaram a dobrar ao longo dos 10 anos seguintes.
Uma alternativa para a Holanda
Durante o mesmo período, a economia holandesa conheceu uma expansão que, na verdade, foi um pouco menos rápida que a da Espanha, mas ainda assim considerável. Também para a Holanda a Europa foi uma alternativa geopolítica às suas aspirações imperiais. Mal a II Guerra mundial acabou, a Holanda assistiu à luta pela independência dos nacionalistas indonésios. O império mundial holandês estava reduzido a proporções mínimas. Mas os políticos previdentes viram na colaboração europeia uma alternativa para a Holanda que, até ali, se tinha podido considerar uma “pequena grande potência”.
Naturalmente, isto também é válido para a Itália que, após o fracasso da conquista da Etiópia, foi obrigada a renunciar às suas pretensões imperiais e também ela deu consigo na “última carruagem do comboio da Europa”. Há 30 anos, o sistema político era dominado por 2 partidos completamente corruptos, os democratas-cristãos liderados por Giulio Andreotti e os socialistas chefiados por Bettino Craxi. 10 anos depois, em 1994, esses partidos foram abandonados pelos seus eleitores. O PCI, o Partido Comunista Italiano, transformou-se em Partido Democrático em 1991. O MSI [Movimento Social Italiano], o partido fascista, passou a ser a Alleanza Nazionale [Aliança Nacional], um partido democrático (1995). Depois, surgiram a Liga do Norte e o Forza Italia de Berlusconi. É um milagre que o sistema parlamentar italiano imposto pelos aliados se tenha revelado estável. Essa estabilidade deve-se, tal como o crescimento económico, em parte não negligenciável, à cooperação europeia.
Berlusconi menos corrupto que Andreotti
É bem certo que Berlusconi é corrupto, mas em termos de amizades com mafiosos, não está certamente à altura de Andreotti e de Craxi. A legislação em que se apoia a condenação de Berlusconi foi outrora adotada para lutar contra a corrupção dos socialistas e dos democratas-cristãos. É, por isso, necessário rendermo-nos às evidências: para a Espanha, para a Holanda mas também para a Itália, a adesão à Europa foi um grande sucesso, tanto no plano geopolítico como económico.
O alargamento da UE à Europa Central inscreve-se num contexto completamente diferente. É a consequência imediata do desmantelamento da União Soviética. Para os países que sofreram o jugo comunista, a adesão à União Europeia representou uma libertação e, em certo sentido, um regresso ao berço.
É certo que podemos ter opiniões diferentes sobre, por exemplo, a introdução do euro, mas a ideia de que o projeto europeu falhou é, sob um ponto de vista histórico, um absurdo. Os opositores do projeto europeu são os anarco-nacionalistas. Aqueles a quem os alemães outrora chamavam os Kleinstaaterei

Contramaré… 12 jul.

Ahmed Samir Assem, fotógrafo de 26 anos, que filmava as manifestações em frente à sede do Exército egípcio na última segunda-feira,  gravava imagens de atiradores, quando um deles se vira para ele e dispara, registando a própria morte.
Nessa segunda-feira, mais de 50 pessoas morreram num ataque que a Irmandade Muçulmana atribui ao Exército e, este último, a terroristas armados.


quinta-feira, 11 de julho de 2013

SURPRIIIIISE! Não há pilim, democracia “suspensa”…


Reacções dos partidos à decisão do Presidente da República (Clique AQUI para ouvir as declarações em 5 vídeos)
Na reação às palavras do presidente, a oposição diz não acreditar na solução encontrada por Cavaco Silva. Já os partidos da coligação mostram-se disponíveis para um compromisso de salvação nacional, mas querem primeiro analisar a decisão de Cavaco Silva.
A imprensa dá hoje conta da surpresa geral perante as declarações do Presidente da República, quando se esperava apenas que desse o seu aval ao novo elenco governativo proposto por Passos Coelho e Paulo Portas.
O Diário Económico escreve que Cavaco Silva agravou a crise política.
Segundo o jornal, "espantando a classe política, o Presidente da República rejeitou ontem o acordo de Governo proposto por Passos Coelho e Paulo Portas e deixou um ultimato ao PSD, PS e CDS: que assinem "nos próximos dias" um compromisso de salvação nacional. Cavaco rejeitou também a exigência do PS e do Bloco de Esquerda de antecipar eleições para setembro deste ano, acenando com o risco de um 2.º resgate, mas impôs desde já um prazo de validade a este Governo: Passos e Portas ficam até 2014, data em que termina o programa de ajustamento, e nessa altura o país vai a eleições".
O Jornal de Notícias refere que Cavaco chumba acordo PSD-CDS e quer PS na Solução.
Segundo o jornal, "contrariando todos os vaticínios, também avançados pelo JN, o Presidente da República não passou, ontem, um cheque em branco à maioria PSD-CDS para que governe a seu bel-prazer. Pelo contrário. O que resulta da sua comunicação ao país é um regime de "tutela" de Passos Coelho a partir de Belém. Com prazo de validade e "caderno de encargos" definido".
O Correio da Manhã adianta que Cavaco exige salvação nacional.
Segundo o jornal "o Presidente da República exige a presença do PS num "compromisso de salvação nacional" com o PSD e o CDS até junho de 2014, quando começa o período pós-troika e serão marcadas eleições antecipadas. Numa surpreendente mensagem aos portugueses, Cavaco Silva disse que o Governo está em "plenitude de funções", mas acrescentou de seguida que "chegou a hora da responsabilidade dos agentes políticos". "As decisões que forem tomadas nos próximos dias irão condicionar o futuro dos portugueses durante vários anos". Segundo o Chefe de Estado, a entrada do PS num entendimento com o PSD e o CDS "é a solução que melhor serve quer o interesse nacional, quer o interesse de todos os partidos".
O Público escreve que Cavaco Silva impõe solução presidencial.
Segundo o jornal, "o Presidente da República surpreendeu o país ao chamar a si a iniciativa de forçar "um compromisso de salvação nacional" com os três partidos que assinaram o Memorando de Entendimento: PS, PSD e CDS. Nesse acordo, Cavaco Silva quer ver bem definido o "calendário mais adequado para a realização de eleições antecipadas" a coincidir com o final do programa de assistência financeira em junho de 2014. O Presidente deixou claro que o atual Governo se encontra "na plenitude de funções". Ou seja, recusou para já a solução proposta pelo primeiro-ministro e pelo líder do CDS".
O Jornal de Negócios adianta que Cavaco rejeita remodelação e reclama acordo com o PS.
Segundo o jornal, "esperava-se ontem que o Presidente da República desse o seu aval ao novo elenco governamental proposto por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, depois de passar uma reprimenda aos líderes dos 2 partidos da coligação. O que se assistiu, para espanto de quase toda a gente, foi um discurso opaco, onde a pouco e pouco se foi percebendo que Cavaco Silva acabara de rejeitar a solução proposta pelo primeiro-ministro, não quer que este Governo cumpra o mandato até ao fim e reclama um "compromisso de salvação nacional" que inclua os socialistas”.
O jornal i escreve que Cavaco quer governo de salvação nacional e eleições em 2014.
Segundo o jornal, "nem eleições, nem novo governo PSD/CDS. Contra todas as expetativas, Cavaco Silva propôs ontem a formação de um governo de salvação nacional que reúna PSD, CDS e PS. E que garanta o governo do país até junho de 2014 - altura em que termina o programa de ajustamento e em que se avançaria então para as eleições legislativas. A mensagem presidencial caiu que nem uma bomba nas sedes partidárias. Os partidos, que se preparavam para reagir logo a seguir à declaração de Cavaco Silva, fizeram marcha atrás e atrasaram as declarações".
A declaração de Cavaco Silva a apelar a um "compromisso de salvação nacional" que envolva PSD, CDS e PS foi noticiada por vários meios de comunicação internacionais.
El País - O diário espanhol titulava no seu site: "O Presidente português pede um 'compromisso de salvação nacional'” e destacava a intervenção de um Presidente que até agora fora "um agente ativo apesar de silencioso na crise política que viveu o país".
BBC - O site britânico noticiou a intervenção de Cavaco com o título: "Presidente de Portugal rejeita eleições antecipadas". A BBC recorda ainda que após 2 anos de recessão, o desemprego em Portugal está acima dos 17,5% e a economia deve contrair 2,3% este ano.
Financial Times - O diário económico britânico também noticiou no seu site a declaração de Cavaco, sublinhando que o Presidente apelou a "um acordo entre os partidos" que levaria a eleições antecipadas em 2014.
Wall Street Journal - O site do diário económico norte-americano destaca as palavras de Cavaco Silva com o título: "Presidente de Portugal apela a partidos para se juntarem em pacto orçamental". E recordou que o País está mergulhado numa "recessão dolorosa".
AFP - A agência noticiosa francesa ouviu nas palavras de Cavaco Silva um "apoio à coligação" de Governo "para virar a página da crise". Mas a AFP sublinha ainda que o Presidente português apelou a um acordo entre os 3 partidos que assinaram o memorando de entendimento com a troika.
Reuters - A agência noticiosa americana sublinhou que Cavaco Silva pediu um acordo "de salvação" nacional que inclua a oposição. Afirma ainda que esta "decisão inesperada" vem acrescentar "incerteza" à crise política no País.

Ecos da blogosfera – 11 jul.

Pirómanos que ajudam a apagarem os fogos postos…

Para fugir aos inspetores são tomadas mil e uma precauções. Na Alemanha, os vários fabricantes de carros de bombeiros tinham comprado telefones pré-pagos, sem assinatura, para comunicar discretamente entre si. Exatamente como os traficantes de droga de Baltimore na série de culto The Wire!
No caso dos transportes aéreos de carga – setor onde Bruxelas aplicou, no ano passado, pesadas multas num total de €169.000 milhões – os quadros dos grandes grupos (UPS, Panalpina, Kühne & Nagel, Deutsche Post, Deutsche Bahn, etc.) tinham criado endereços de correio eletrónico específicos no Yahoo! para não terem de utilizar as suas caixas de correio nas empresas. A pessoa encarregue de gerir este cartel era fã de plantas. Por isso criou um “clube de jardinagem” com os seus colegas para falar de “espargos” ou de “curgetes”. O nome de cada legume designava, na verdade, um mecanismo de sobretaxa específico.
Muitas vezes, esta sofisticação é a explicação para a longevidade de um cartel. Mas mesmo o que se acabou de descrever foi descoberto. Tal como muitos outros. Chega sempre o dia em que um dos membros do clube denuncia os seus camaradas. Por vezes são estes informadores no seio de uma empresa implicada que vendem a dica, e nem sempre pelas razões que nos querem fazer crer. Um funcionário europeu lembra-se de ter visto chegar ao seu escritório um quadro que trazia debaixo do braço todos os documentos que comprometiam a sua empresa. Um cavaleiro andante? Na verdade, a pessoa que organizava esse cartel tinha um caso com a mulher do famoso “delator”, que encontrara uma forma simples e eficaz de se vingar...
O “clube de jardinagem”
A maioria das vezes são as próprias empresas que denunciam os cartéis em que participaram. Por vezes estes funcionam tão bem que ganham cada vez mais membros, enquanto o grau de fidelidade se vai diluindo. Acontece, às vezes, que a obstinação de Bruxelas sobre um determinado setor meta medo aos vizinhos. O “clube de jardinagem” partilhava os mesmos hangares que as grandes transportadoras aéreas de carga (Air France-KLM, British Airways, Air Canada...), todas severamente punidas em 2010 pela Comissão por outro cartel. “Isso levou a alguma reflexão e explica, em parte, que a Deutsche Post tenha denunciado os seus camaradas jardineiros”, afirma um perito. Mas a razão mais comum é muito mais simples: muitas vezes a trama é descoberta quando uma das empresas do cartel é comprada. O novo proprietário apercebe-se e, para não ser incriminado, prefere denunciar o que se passava para trás.
Quando se quer “abanar” um cartel é preciso agir depressa. Muitas vezes são os membros do grupo a pensar nisso e ao mesmo tempo. Podem ter trabalhado em conjunto durante anos, mas é raro que confiem uns nos outros. E só o primeiro a chegar à Comissão que beneficia de imunidade total. Esta questão é tão importante que, por vezes, as empresas reclamam perante o Tribunal de Justiça europeu a “classificação de chegada” adotada pela Comissão Europeia para os informadores. A diferença pode significar dezenas de milhões de euros em multas. Para hierarquizar a lista de arrependidos, Bruxelas tem de ter em consideração a hora de chegada, mas também o valor acrescentado que cada um tenha trazido à investigação.
Com um “arrependido” tudo fica mais fácil para a Comissão. Organização do cartel, objetivos, número de membros: as confissões dão uma visão de conjunto às autoridades. Mas, antes da sentença são precisas provas: documentos contundentes, mensagens de correio eletrónico suspeitas… O tipo de documentos que só se consegue obter com uma rusga policial de surpresa, como são as inspeções-surpresa dos funcionários europeus. Chegam em grupos, recusam-se a subir juntos no mesmo elevador para evitar que um infeliz acidente os bloqueie lá dentro durante horas e vasculham armários e computadores. As mensagens de SMS e os telefones portáteis também são inspecionados. Às vezes encontram papéis de divórcio e mensagens das amantes. Mas, o mais normal é encontrarem o que foram procurar.
A Europa sabe com o que pode contar
Uma vez, um empregado apavorado atirou todos os papéis comprometedores para a sanita. Quando o advogado da empresa se apercebeu foi o pânico total. Os empregados tiveram de ir procurar os documentos comprometedores na coluna de esgoto do prédio. Um pouco amarrotados e sujos mas perfeitamente utilizáveis.
Agora toda a Europa sabe com o que pode contar. Mais vale colaborar com Bruxelas para evitar uma multa pesada. Ver os nomes que denunciaram cartéis junto da Comissão nos últimos 10 anos é como dar a volta ao mundo: encontra-se de tudo .... menos franceses, exceção feita à ex-Rhône-Poulenc, que denunciou há cerca de 15 anos 2 cartéis diferentes, incluindo o das vitaminas.
É pouco. Na Alemanha os grupos económicos ficaram traumatizados pelo escândalo de corrupção da Siemens e há 10 anos que não hesitam em “denunciar”.
Também os grupos italianos não são reconhecidos por serem diligentes na matéria. Em 2002, a italiana Deltafina enfrentou a interdição, ao denunciar um cartel que regulava o mercado transalpino de tabaco em bruto. Terá tido medo da sua própria audácia? Na reunião seguinte com os membros do cartel, o grupo avisou os outros que os tinha denunciado. Um tipo de comportamento formalmente proibido por Bruxelas. A Deltafina perdeu a imunidade e teve de pagar uma multa como as outras empresas. Os reflexos culturais têm uma vida difícil.

Contramaré… 11 jul.

O Banco de Portugal recusa quaisquer responsabilidades na supervisão aos contratos de cobertura de risco “swap” celebrados entre empresas do sector empresarial do Estado e a banca, ideia deixada pelo vice-governador Pedro Duarte Neves na comissão de inquérito que está a analisar estes instrumentos de gestão de risco financeiro, que, no final do ano passado, ameaçavam causar perdas totais de 3.000 milhões de euros às referidas empresas, entre as quais Metro de Lisboa, Metro do Porto e Carris.
Apesar de negar as responsabilidades, o vice-governador da entidade liderada por Carlos Costa não sabe quem será o supervisor com competência sobre os contratos “swap”.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

“Depois da tempestade vem…” a tormenta!

João Ferreira do Amaral considera que a instabilidade política no país “é um papão que se está a acenar” porque o que está em causa “é normal num país democrático”.
O economista e professor adiantou que a demissão de ministros, a conversação entre os líderes dos partidos da coligação do Governo e a instabilidade política provocada “é normal” e que não se trata de “golpes de Estado nem de situações de a rua tomar conta do poder”.
Para o professor, “é normal que um Governo de coligação se possa desfazer, se possa compor ou não, e se não se puder compor que haja eleições”.
João Ferreira do Amaral observou que a questão da instabilidade política “afeta os mercados no início porque é uma surpresa, mas depois estabilizarão”, acrescentando que, se houver um outro Governo com a mesma coligação, “a confiança será a mesma da que existia antes”.
Caso haja perspetivas de eleições, o professor frisa que, para os mercados, “isso não significa que se vá entrar em paranoia”, até porque o Partido Socialista sempre se considerou “amarrado ao memorando de entendimento”.
Para o economista, “Portugal é o primeiro caso de insucesso dos programas [de ajustamento]”, porque a Grécia, embora com resultados “desastrosos, foi sempre acusada de não cumprir”. Já Portugal “cumpriu e não melhorou nada a situação”, afirmou.
“Toda a gente sabe que Portugal não poderia voltar aos mercados sem ajuda”, independentemente da instabilidade política, disse João Ferreira do Amaral, considerando que isso significa que o programa da troika “não teve êxito e criou disfunções na economia e no emprego” com as quais vai ser “muito difícil de lidar no futuro”.
“Verdadeiramente e sem margem para dúvidas, porque aqui já não há a desculpa de saber se [Portugal] cumpriu ou não cumpriu”, a situação atual “pode levar a uma reflexão da Europa sobre este tipo de programas”, acrescentou.
A questão da reflexão e da eventual mudança da atuação das entidades europeias tem a ver, segundo João Ferreira do Amaral, com a “consciencialização progressiva de que Portugal chegou a um bloqueio”, ou seja, “já não tem grande capacidade com este programa de consolidar as suas finanças públicas porque a economia já não permite isso”.
Apesar de me inclinar, quase sempre, para concordar com as análises de João Ferreira do Amaral, no caso de tudo o que decorreu na cena política na semana passada, aceito a “normalidade” processual, mas não é fácil aceitar essa mesma “normalidade” no que diz respeito ao comportamento individual dos seus principais intervenientes, por serem pessoais, no caso de Gaspar e por serem estratégias político-partidárias, no caso de Portas, num e noutro caso com absoluto desprezo pelas consequências, a recaírem sobre o país e os cidadãos.
E se é certo, que a “crise” política está a funcionar como ameaça “terrorista”, é preocupante saber-se que mesmo que houvesse (não vai haver) eleições (estou a comentar antes da “decisão” do PR e a agendar para depois) e mudasse o governo (para o PS…) os mercados já sabem que tudo continuaria na mesma, por saber que o Partido Socialista, não sendo do centro, também não é da esquerda e pratica (também, tão bem) políticas de direita, como no passado recente, aceitando um neoliberalismo soft, que se traduz no (pseudo) “pragmatismo” ou 3.ª via (inventada pelo copofónico Blair)…
Importante e denunciador é JFA dizer, sem papas na língua nem “rodriguinhos”, que Portugal é o 1.º caso de insucesso dos programas de ajustamento (desenhados pelas troikas), que não teve êxito, antes gerando um desastre na economia e consequentemente no desemprego, problemas que comprometerão, à la longue, o futuro do nosso país, que só poderá “salvar-se” do afogamento, se os nossos “amigos” (que nos atiraram à água) nos lançarem uma boia de salvação e algum oxigénio…
Faltou nesta análise a exigência de desculpas dos estrategas da desgraça, o ressarcimento aos cidadãos pelos malefícios infligidos, com base numa responsabilização jurídica, que redundou neste progressivo bloqueio a que conduziram Portugal…
Mas se estivermos apenas à espera da boa vontade dos nossos filantropos, bem podemos esperar sentados, a não ser que o “novo” Vice-Primeiro-Ministro tenha paleio bastante para os levar ao confesso, sobretudo ao cumprimento da penitência, o que será difícil, pelas diferenças confessionais entre democratas-cristãos e luteranos/calvinistas… E ainda há os ateus!
Será mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha! Mas haja fé, demais…

Ecos da blogosfera – 10 jul.