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sábado, 28 de junho de 2014

A “Fada Confiança” não existe e austeridade trava crescimento

O Fundo Monetário Internacional defende que Portugal, bem como a Irlanda teriam saído a ganhar se tivessem renegociado a dívida dos seus países. Segundo o que refere o documento "The Fund's Lenging Framework and Sovereign Debt", a excepção criada para a Grécia (e posteriormente a Portugal e Irlanda), e que permitiu saltar a renegociação de dívida, foi demasiado rígida por "implicar uma reestruturação de dívida definitiva". E propõem que seja eliminada para dar lugar a uma nova regra que diga que deve haver reestruturação sempre que existirem dúvidas relativamente à sustentabilidade da dívida. 
Os técnicos da instituição defendem que existem vantagens em reescalonar as dívidas quando existem dúvidas de sustentabilidade.  "Comparado com um resgate simples, um reescalonamento pode expandir o financiamento de curto prazo para um país sob pressão e permitir um ritmo mais gradual de consolidação orçamental", sugere o documento.
FMI e Lagarde, insistem no seu melhor (estudos) e no seu pior (práticas)…
Há uma série de estudos, entre eles um formulado pelo economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, que mostrou que a austeridade fiscal provoca exatamente o que os manuais de economia dizem: quanto mais severa a austeridade, maior o travão para o crescimento, mas que não teve consequências práticas, nem arrepiar caminho… Grave, é que este erro teve enormes custos para muitas pessoas, especialmente para as mais vulneráveis, enquanto fez crescer a desigualdade a favor dos mais favorecidos, mesmo e sobretudo nos países em crise, o que leva o ex-economista do FMI a perguntar: Por que e para quem existe o FMI?
A resposta todos conhecemos e sabemos quem paga!
Para ex-economista do Fundo, pedido de desculpas de Lagarde ao primeiro-ministro britânico foi um erro.
Ashoka Mody
“É preciso eu ajoelhar-me?”, perguntou a diretora-executiva do FMI, Christine Lagarde, numa resposta a uma pergunta feita pelo jornalista Andrew Marr, da BBC. Lagarde estava a desculpar-se pelos erros do FMI nas suas previsões de desempenho económico recente do Reino Unido e, mais seriamente, pelas suas críticas anteriores ao programa de austeridade fiscal do governo do primeiro-ministro David Cameron. Agora que essas críticas se transformaram em apoio à austeridade britânica, Lagarde afirmou que o programa de austeridade, ao gerar mais confiança no futuro da economia do Reino Unido, foi um estímulo à recuperação recente.
O pedido de desculpas de Lagarde é um facto sem precedentes, corajoso e equivocado. Ao pronunciá-lo, o FMI comprometeu-se com um princípio económico que goza de um enorme respaldo académico: de que a “Fada Confiança” não existe. E, cedendo à pressão do Reino Unido, o Fundo prejudicou o seu único verdadeiro ativo – a sua independência.
O FMI esquivou-se da responsabilidade por erros de previsão muito mais graves, incluindo a sua incapacidade de antecipar todas as grandes crises da última geração, desde a do México em 1994-95, ao quase colapso do sistema financeiro global em 2008. De facto, durante os 6 a 12 meses que precederam cada crise, o FMI não tinha anunciado nenhuma mudança significativa.
Há quem diga que o Fundo aconselha países em privado, para não desencadear com as advertências públicas a mesma crise que procuram evitar. No entanto, o veterano historiador residente do FMI, James Boughton, encontrou pouca evidência a favor desta tese nos documentos internos do FMI (com possível exceção da Tailândia, em 1997). E o parecer do gabinete de avaliação Interna do FMI ao analisar por que o Fundo não advertiu o surgimento da crise das hipotecas de risco nos Estados Unidos é diretamente mais crítico.
No seu caráter de guardião designado a velar pela estabilidade financeira mundial, a incapacidade do FMI em advertir e antecipar essas crises implica num erro muito mais grave do que a sua postura em relação ao programa de austeridade britânico, um erro do qual derivam custos enormes para muitas pessoas, especialmente para as mais vulneráveis. Por esses erros, o FMI jamais pediu desculpas, menos ainda com a humildade da recente declaração de Lagarde.
O FMI faz bem em refletir sobre os seus erros. No seu discurso pronunciado em setembro de 2003, em Kuala Lumpur, o então diretor-geral do Fundo Monetário Internacional, Horst Köhler, admitiu que as aplicações temporárias sobre o controlo de capitais podem ajudar um país a mitigar os efeitos do fluxo de capital volátil do resto do mundo. Aparentemente reconheceu que o Fundo estava errado ao criticar a Malásia pela imposição de tais controlos no pior momento da crise asiática. Entre os países afetados por essa crise, a Malásia optou por não pedir a ajuda do Fundo e saiu da crise pelo menos tão bem como os outros que o fizeram.
A imposição de controlos sobre a saída de capitais adotados pela Malásia foi uma decisão política controversa. O FMI opôs-se, mas economistas proeminentes – entre eles Paul Krugman – aprovaram a medida. No seu discurso, Köhler declarou que o Fundo tinha tomado nota dessa experiência e irá incorporá-la nas suas recomendações futuras.
No entanto, no contexto da crise atual, a evidência académica esmagadoramente mostrou que a austeridade fiscal provoca exatamente o que os manuais de economia dizem: quanto mais severa a austeridade, maior o travão para o crescimento. Há uma série de estudos que confirmam essa proposta, entre eles um formulado pelo economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, que esses trabalhos resistiram à crítica considerável e deixaram pouco espaço para ambiguidade.
As duas vozes públicas que defendem as propriedades mágicas de austeridade são organismos oficiais, com base na Europa: a OCDE e a Comissão Europeia. A postura da Comissão, em particular, obedece a um compromisso institucional de um ponto de vista em matéria fiscal que não deixa espaço para provas.
Entre as economias do G-7, a Itália é a única que foi pior que o Reino Unido desde o início da Grande Recessão. De facto, o Reino Unido levou todos estes anos para recuperar o PIB de 2008, ficando ainda atrás até da França.
O mais marcante do caso é que no Reino Unido, a crise foi relativamente suave. A queda dos preços no mercado imobiliário foi modesta em relação à Irlanda e Espanha, e, como não havia nenhum boom de construção, tampouco houve uma queda abrupta. Embora no início o governo britânico tenha ignorado os sinais de alerta do banco Northern Rock, que teve de resgatar após uma corrida aos depósitos em setembro de 2007, logo atuou rapidamente para proteger os bancos locais com problemas, ao contrário dos seus homólogos na zona euro. Por estas razões, o Reino Unido deveria ter tido uma recuperação rápida, mas travaram as desnecessárias medidas de austeridade do governo de Cameron.
O pedido de desculpas do FMI foi um erro por 2 motivos. O primeiro é que nunca é uma boa ideia depreciar as evidências académicas, mas especialmente no caso de uma instituição, que como o FMI, depende tão fortemente da credibilidade na sua capacidade técnica e na sua neutralidade. Se as ideias económicas do Fundo são confusas, com que argumentos defenderá as políticas que recomenda?
Além disso, escolher bajular a política errónea do Reino Unido, o Fundo confirmou a sua preferência pelos seus principais acionistas. Durante muitos anos acreditou-se que o FMI é apenas um instrumento da política externa dos Estados Unidos e também é notória a sua tolerância na avaliação anual das políticas económicas do Reino Unido.
Mas tendo em conta este último passo, o FMI prejudicou – talvez fatalmente – a sua capacidade de dizer "a verdade a quem detém o poder". Talvez, então seja inevitável fazer uma pergunta básica: Por que e para quem existe o FMI?
Ashoka Mody, ex-chefe de Missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a Alemanha e Irlanda, atualmente é professor visitante de Economia e Política Internacional na Woodrow Wilson School of Public and International Affairs, da Universidade de Princeton.

Ecos da blogosfera - 28 jun.

É preciso espantá-los, os maus…

O destempero que corre à solta no Grupo Espírito Santo (GES) conseguiu o impossível: uma passadeira de elogios a Passos Coelho por ter recusado o que só podia mesmo recusar - salvar o GES através de um empréstimo bilionário da Caixa Geral de Depósitos e do BCP. Realmente, o espírito ufano que se lembrou de ir bater à porta do primeiro-ministro para salvar o grupo - e não o banco - criou ali uma maravilhosa oportunidade política para que Passos se engalanasse com as mais perfumadas flores liberais.
André Macedo
É um detalhe, mas deve ser sublinhado: bem ou mal, hoje é moeda corrente os bancos recorrerem a dinheiro do Estado. Há até um fundo com dinheiro público para esse efeito. Por isso, se o BES o tivesse feito (e não fez - optou por um aumento de capital privado) estaria sintonizado com o ar do tempo e não podia ser motivo de escândalo. O que seria um despropósito era o Governo dar instruções à Caixa e ao BCP para que ajudassem as empresas dos Espírito Santo a sair da aflição.
Podemos especular se outros governos noutros tempos teriam feito o mesmo, e aí devemos reconhecer que a longa mão pública já não consegue ser o fundo perdido que foi - e ainda bem. A Caixa já não pode entrar nesses filmes em nome de um etéreo interesse nacional; e as poucas multinacionais com sede em Lisboa já não são o recreio onde empresários e gestores se juntam aos políticos de ocasião para fabricar negócios e evitar falências provocadas pela má gestão, mas não só.
Se há coisa boa que a recessão nos trouxe é essa: a ideia dos campeões nacionais levantados sob ambição desmesurada dos Governos é chão que já deu uvas. Passos fez, portanto, o óbvio. Disse não a Ricardo Salgado. Mas o óbvio tem consequências. A desordem que se instalará no GES - reestruturações, vendas e falências de dezenas ou centenas de empresas direta ou indiretamente ligadas à família - terá efeitos positivos no país (talvez uma concorrência mais saudável), mas alguns serão muito dolorosos.
Embora menos excitante, este ponto é mais relevante do que o confronto Salgado-Ricciardi. As consequências desta quermesse dos Espírito Santo - ou garage sale, como lhe chamaria o Financial Times - é coisa que ainda iremos ver; mas é neste castelo a desfazer-se que se encontra uma das chaves da transformação da economia nacional.
Passos Coelho esteve, para já, à altura dos acontecimentos. Assumiu a intenção de não intervir no GES com uma franqueza que para muitos terá soado a derrota: o Governo já não é dono do país. Mas o capítulo seguinte também interessa: como o espaço do poder económico-financeiro nunca fica vago e com os Espírito Santo em queda, quem ambiciona ficar com o lugar?
Tendo em conta os antecedentes (conhecidos) esperemos melhores energias, com magia b(r)anca,,,
Antes de prestar depoimento no Departamento Central de Investigação e Acção (DCIAP), o presidente do BES, Ricardo Salgado, liquidou a última de 3 rectificações à sua declaração de IRS, na qual se esqueceu de declarar 8,5 milhões de euros de rendimentos obtidos em Angola.
De recordar que a 15 de Dezembro de 2006, numa entrevista ao semanário Expresso, Ricardo Salgado alertou para a importância de respeitar os compromissos com o Fisco: "As pessoas têm de aprender que têm de pagar impostos porque se fogem aos impostos estão a prejudicar a sociedade como um todo".
Em causa estão indícios de inside trading, um estrangeirismo que designa a negociação de valores mobiliários com conhecimento de informações relevantes que ainda não são do domínio público.
Altos quadros do Grupo Espírito Santo são citados na Visão e na Sábado, revista que noticia que o presidente do Grupo, Ricardo Salgado, foi alvo de escutas no âmbito no âmbito da investigação conduzida pelo Ministério Público à actuação da Akoya. Também José Maria Ricciardi, presidente do BES Investimento, é citado na “Sábado”. 

Contramaré… 28 jun.

O presidente dos EUA, Barack Obama, pediu ao Congresso para aprovar uma ajuda financeira de 500 milhões de dólares destinada a "treinar e equipar" os rebeldes sírios que combatem tanto o presidente Bashar al-Assad como o grupo extremista sunita Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
Obama sempre relutou em apoiar os rebeldes sírios com armas, temendo que estas pudessem cair nas mãos de extremistas. Para críticos, a relutância do líder americano abriu espaço para grupos extremistas, como o EIIL.
Oficialmente, o apoio dos EUA aos rebeldes sírios foi limitado logo no início do conflito, em março de 2011: 287 milhões de dólares em material não letal. Entretanto, a CIA participou de um programa secreto de treino militar dos rebeldes moderados na Jordânia.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Quem maltrata meus filhos, minha boca amarga!

“Antigamente tinha 6 teorias sobre o modo de educar as crianças. Agora tenho 6 filhos e nenhuma teoria.” Lord Rochester
Vários autarcas dos concelhos afectados pelo anunciado encerramento de 311 escolas do 1.º ciclo do ensino básico não sabem o que vai acontecer aos jardins-de-infância acoplados a alguns desses estabelecimentos.
A hipótese chegou a ser posta em cima da mesa, nalgumas das reuniões mantidas com os autarcas, mas a comunicação final do Ministério da Educação e Ciência (MEC) não se refere especificamente ao futuro dos estabelecimentos da rede pré-escolar. Daí que esteja lançada a confusão.
“Chegámos a ser notificados para nos pronunciarmos também sobre uma proposta de encerramento de uma série de jardins-de-infância, mas o fax que recebemos é ambíguo. Refere-se ao encerramento de escolas EB1 e Jardins-de-Infância e nós ficamos sem perceber o que é que está em causa”, adiantou Paulo Pereira, vice-presidente da Câmara de Baião, que é o concelho onde mais estabelecimentos de ensino fecham com a reorganização da rede escolar: 11.
Em Moimenta da Beira, onde 6 escolas já não deverão reabrir as portas em Setembro, o autarca José Eduardo Ferreira diz-se também confuso sobre a matéria. “Na tipologia das escolas a encerrar encontra-se a inscrição EB1/JI [Jardins-de-Infância]; posso admitir que se trate de um mero lapso, mas a verdade é que ninguém sabe o que é que o ministério pretende fazer sobre isto”, declarou, para explicar que as 6 escolas cujo encerramento foi decretado têm acoplados jardins-de-infância. “Vamos ter que esclarecer isto com o Ministério da Educação, que tem a obrigação de se mostrar disponível para estas conversações, lamento é que não o tenha feito antes de nos confrontar com uma decisão que nos chegou via fax na madrugada do dia 23 para 24”, acrescentou.
À semelhança do que aconteceu com as escolas do 1.º ciclo, o processo de reajustamento da rede de jardins-de-infância está a decorrer, “sendo este autónomo do da reorganização da rede escolar do 1.º ciclo, já que as crianças que frequentam os jardins-de-infância não estão abrangidas pela escolaridade obrigatória”, segundo explicou fonte do gabinete do ministro Nuno Crato. Reconhecendo que “quando se realizaram as reuniões sobre as escolas do 1.º ciclo, também foram trabalhadas propostas relativas aos jardins-de-infância”, a mesma fonte disse que as autarquias ainda não receberam informações sobre esta matéria, porque “o reajustamento da rede de jardins-de-infância ainda está a decorrer”. O processo, acrescentou, “deverá ser finalizado em breve”, sendo que nada obsta a que um jardim-de-infância possa manter-se aberto, “independentemente de a escola do 1º ciclo acoplada ser encerrada”.
Preocupado com essa possibilidade, o vice-presidente da Câmara de Baião avisa desde já que deslocar crianças de “3, 4 e 5 anos levanta problemas mais graves” à autarquia e aos pais. “Estamos a falar de uma educação de proximidade que espero não venha a ser posta em causa”, disse, explicando que na reunião que a autarquia manteve em Abril com representantes da Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares foi proposto o encerramento de 3 jardins-de-infância: Lordelo, Ladoeiro e Senhora.
O autarca de Moimenta da Beira concorda que “transferir os alunos do pré-escolar para estabelecimentos que, nalguns casos, ficam a mais de 20 quilómetros, coloca problemas muito sérios aos quais terá que ser o ministério a responder”. Nestes casos, “o transporte fica muito mais caro, nomeadamente porque obriga ao uso de cadeirinhas”, sublinha também Francisco Almeida, membro da Fenprof, dizendo-se convencido de que o anúncio do encerramento de jardins-de-infância “ficou para mais tarde, porque o ministério não protocolou com as câmaras o transporte destas crianças, não podendo nestes casos, como fez com as escolas, chegar e impor a decisão”.
Mais uma medida para desmotivar a natalidade e continuarmos com o défice de nascituros.
Pondo de parte os polémicos encerramentos das EB1, que só chateiam as populações atingidas, mas mais essas crianças e mesmo pondo de parte o rigor duvidoso das escolas escolhidas, que só chateiam as populações atingidas, mas mais essas crianças, pelas notícias que pré-anunciaram as decisões do MEC, ninguém imaginava que os fechos também incluíam os jardins-de-infância, pela simples razão de nos pormos na situação dos pais das criancinhas, que não têm culpa da imbecilidade dos adultos, sejam ministros ou serviços dependentes… Mas pelos vistos, o impensável acontece ou pode acontecer, simplesmente, e pronto!
Parece que a primeira razão para o encerramento de jardins-de-infância, segundo o MEC, que confirma as propostas feitas, está na não obrigatoriedade deste grau de ensino, obrigatoriedade que depende do mesmo ministério… Pelos vistos, o impensável acontece ou pode acontecer, simplesmente, e pronto!
Quando o Ministério da Educação e Ciência vem dizer que o reajustamento (encerramento) da rede de jardins-de-infância ainda está a decorrer e que processo deverá ser finalizado em breve, quer dizer que há mesmo jardins-de-infância que vão ser encerrados… Pelos vistos, o impensável acontece ou pode acontecer, simplesmente, e pronto!
E quando são os autarcas a chamarem a atenção para o óbvio, que deslocar criancinhas de 3, 4 e 5 anos para mais de 20 quilómetros, dá vontade de perguntar qual é a preparação e as competências pedagógicas e conhecimentos sobre o desenvolvimento das crianças, e até de economia, pelos problemas graves que gera, não tanto, mas também às autarquias, mas sobretudo aos pais e mais ainda às criancinhas… Pelos vistos, o impensável acontece ou pode acontecer, simplesmente, e pronto!
Sabemos todos ou desconfiamos, que esta medida de encerramento de estabelecimentos do 1.º ciclo tem por trás tentativas de “economizar” uns tostões, escondendo-se atrás de sublimações pedagógicas, mas se forem apresentados estudos económicos rigorosos, estes cairão por terra. Já há 40 anos, estando eu na direção de uma EB2,3, para justificar a construção de uma nova escola numa freguesia de um concelho, pegando apenas nos custos anuais de transporte dos alunos daí provenientes, concluí, contas feitas, que 5 anos bastariam para pagar o novo edifício, oferecendo melhor qualidade de vida para os jovens utentes. No caso dos jardins-de-infância, o “prejuízo” não vem apenas do uso de cadeirinhas, mas apenas pelo preço desse transporte… Pelos vistos, o impensável acontece ou pode acontecer, simplesmente, e pronto!
O que transparece é que está a transferir-se competências do MEC para a Secretaria de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, se entretanto o governo não imputar essas despesas para as autarquias e declinando-as… Pelos vistos, o impensável acontece ou pode acontecer, simplesmente, e pronto!
E eles tão preocupados com a natalidade e tão fixados nas criancinhas (dos outros)…
Viva a proximidade da família!
Abaixo a “pedagogia”!

Ecos da blogosfera - 27 jun.

Alimente estas ideias…

“Qualquer simples problema pode tornar-se insolúvel se fizermos um número suficiente de reuniões para o discutir.” Arthur Bloch
Quando somos apanhados desprevenidos, é mais provável cairmos em hábitos antigos e ineficazes, como a mentalidade de combate. Se não formos nós a iniciar a conversa difícil, ou se o problema surgir do nada, cumpra estas ideias básicas: conteúdo claro, tom neutro, frases moderadas. Assim, quando o desentendimento surge, é mais provável que consiga chegar a um resultado produtivo - e emergir com a sua reputação intacta.
Erro 1: Cedemos a uma mentalidade de combate
Quando as conversas difíceis se tornam tóxicas, é normalmente porque cometemos um erro importante: cedemos a uma mentalidade de combate. Isto transforma a conversa num jogo de soma zero, com um vencedor e um vencido. A realidade, porém, é que quando deixamos que as conversas assumam este tom - sobretudo no escritório - toda a gente fica mal e toda a gente perde. O verdadeiro inimigo não é a pessoa com quem conversamos, mas a própria mentalidade de combate, que poderá ser derrotada com estratégia e talento.
Erro 2: Tentamos simplificar demasiado o problema
Se o tema da discussão fosse claro, o mais provável é que não estivéssemos a discutir. Como é desanimador tentar resolver vários assuntos ao mesmo tempo, muitas vezes tentamos misturá-los e criar um "Über-Problem" menos complexo. Acontece que a existência desse monstro é, frequentemente, uma ilusão. Para evitar a simplificação excessiva, lembre-se que, se o assunto não fosse complicado, não seria tão difícil falar dele.
Erro 3: Não transpomos respeito suficiente para a conversa
A chave para evitar a simplificação excessiva é respeitarmos o problema que tentamos resolver. Para evitar a mentalidade de combate é preciso ir mais longe - respeitarmos a pessoa com quem falamos e a nós mesmos. Reagirmos de uma maneira de que mais tarde nos possamos orgulhar, evitará que percamos as estribeiras se o outro for abertamente hostil.
Erro 4: Insultamos... ou fazemos ouvidos moucos
Medo, raiva, embaraço, defesa - podemos ser invadidos por muitos sentimentos desagradáveis durante uma conversa que preferíamos não ter. Alguns reagem confrontando o outro com maior agressividade, outros apressam-se a suavizar as coisas. Podemos mesmo ir passando de uma atitude contraproducente para a outra. Em vez disso, escolha o meio-termo. Diga exatamente o que quer. As emoções difíceis não vão evaporar-se, mas com a prática aprenderá a concentrar-se no resultado que deseja, apesar delas.
Erro 5: Reagimos a estratagemas de boicote
Mentir, ameaçar, obstruir, usar o sarcasmo, gritar, ficar em silêncio, acusar, ofender-se: as conversas difíceis podem apresentar um arsenal de estratagemas de boicote (lá porque você está a tentar ultrapassar a mentalidade de combate, não quer dizer que o outro também esteja). Mas também dispomos de um conjunto de respostas potenciais, que vão do passivo ao agressivo. Novamente, o mais eficaz é posicionarmo-nos a meio: desarmar o ardil, lidando diretamente com ele. Por exemplo, se o outro deixou de lhe responder, pode dizer, simplesmente, "Não sei como interpretar o teu silêncio".
Erro 6: Deixamo-nos "apanhar"
Toda a gente tem um ponto fraco. E quando alguém descobre o nosso - seja inadvertidamente, com um tiro no escuro, seja porque quer mesmo magoar-nos - é ainda mais difícil não ceder à mentalidade de combate. Talvez o seu ponto fraco esteja ligado ao seu trabalho - pode sentir, por exemplo, que o seu departamento não obtém o respeito que merece - ou pode ser algo mais pessoal. Seja o que for, demore tempo a tentar identificá-lo. Saber onde é vulnerável, ajudá-lo-á a ficar controlado quando alguém o atingir.
Erro 7: Ensaiamos
Se temos a certeza de que uma conversa vai ser difícil, é instintivo ensaiar o que vamos dizer. Mas uma conversa difícil não é uma performance, com um ator e uma audiência. Uma vez que tenhamos iniciado a discussão, o nosso "adversário" pode reagir de muitas maneiras. Tendo um guião em mente, a nossa capacidade de escutar eficazmente e de reagir em conformidade, ficará obstruída. Em vez disso, devemos preparar-nos, perguntando: 1. Qual é o problema? 2. O que dirá o outro que é o problema? 3. Que resultado prefiro? 4. Que tipo de relacionamento prefiro ter com o outro? Também podemos pedir à outra pessoa que faça o mesmo antes da reunião.
Erro 8: Partimos de princípios pré-concebidos acerca das intenções do outro
Os otimistas tendem a assumir que qualquer desacordo não passa de um mal-entendido entre duas pessoas bem-intencionadas. Os pessimistas podem sentir as diferenças de opinião como verdadeiros ataques mal-intencionados. Na ambiguidade de uma conversa difícil, costumamos esquecer que não temos acesso às intenções de ninguém, a não ser às nossas. Lembre-se de que tanto você como o outro estão a lidar com esta ambiguidade. Se ficar embatucado, uma frase útil é, "Estou a perceber, à medida que falamos, que não compreendo completamente como tu vês o problema". Admitirmos que não sabemos pode ser uma maneira poderosa de pôr a conversa nos eixos.
Erro 9: Perdemos de vista o objetivo
A chave numa conversa difícil é nunca perder de vista o objetivo. Ajude a evitar este erro, entrando na conversa com um resultado preferido que seja claro e realista, sabendo que tipo de relacionamento prefere ter com o outro e tendo refletido sobre quaisquer obstáculos que possam interferir. (Lembre-se de que "ganhar" não é um resultado realista, visto que dificilmente o seu adversário aceitará o resultado "perder"). Se fez o exercício descrito no Erro 7, será mais fácil e é menos provável que seja desviado do seu caminho, quer pelos estratagemas de boicote, quer pelas suas próprias emoções.
Texto baseado no livro de Holly Weeks, Failure to Communicate: How Conversations Go Wrong and What You Can Do to Right Them

Contramaré… 27 jun.

Os cortes deverão incidir sobre os salários acima de 1.500 euros. O diploma do governo PSD-CDS ainda está em consulta pública e só deverá chegar à Assembleia da República no dia 3 de julho.
O governo Passos Coelho ressuscitou um diploma do anterior governo, do ex-primeiro-ministro José Sócrates, para aplicar reduções de 3,5% a 10%, que vigoraram entre 2011 e 2013, para salários acima dos 1.500 euros.
Na nova versão, os cortes poderão ser mantidos até 2018, estando prevista uma redução de 20% no próximo ano.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Prognósticos antes do início do fim

Como se aguentariam os argumentos da nossa elite política, jurídica e financeira se fossem transpostos para o discurso do seleccionador?
Passos Coelho: A selecção evidencia sinais de retoma encorajadores. Depois da recessão profunda com a Alemanha estabilizámos com os Estados Unidos e, agora, estamos muito bem posicionados para suprir o défice de 4 golos contra o Gana. É errado dizer que a nossa tarefa fica mais fácil se a Alemanha gastar mais golos contra os americanos. Dependemos inteiramente de nós e não podemos aligeirar o esforço - se fosse preciso marcávamos 7 ou 8. Se correr mal? Bom, aí a culpa será sempre do juiz. Da partida.
Paulo Portas: Sei que não estive presente no jogo duro contra a Alemanha - estava a tratar de patrocínios para a selecção. E que cheguei tarde ao jogo com os Estados Unidos - estava a escolher o lugar do estágio no Qatar. Ainda assim cheguei a tempo de meter o Varela em campo e de dar um contributo importante para o empate nos descontos. Sobre o jogo com o Gana só tenho a dizer que o que for positivo será resultado da minha influência. Se correr mal? Deixarei o comando. Adivinharam: será uma decisão irrevogável.
O presidente do Tribunal Constitucional: Os jogadores ao serviço da Federação Portuguesa de Futebol são equiparáveis ao estatuto de trabalhador em funções públicas, pelo que devem beneficiar de protecção especial. Pedir aos meus jogadores um esforço adicional de 4 golos contra o Gana, no meio desta humidade, viola o princípio da igualdade face aos restantes portugueses. Em suma: é inconstitucional. Se correr mal? Não estou a dizer que Portugal não pode ganhar ao Gana por 4 - não pode é fazê-lo só com estes jogadores.
António José Seguro: Precisamos de mais tempo para o apuramento - temos de negociar uma fase de grupos com mais jogos. A equipa não deve treinar neste clima sufocante e recessivo, precisa é de crescimento. Proponho umas idas terapêuticas ao Chimarrão. Ali está fresco, o restaurante é suficientemente grande para treinarmos e tem muita proteína. Se correr mal? Renovei contrato há pouco tempo e os estatutos da Federação não permitem novas lideranças oportunistas. Mas permitem lutas greco-romanas. Na lama.
António Costa: Precisamos de mais tempo para o apuramento - temos de negociar uma fase de grupos com mais jogos. Temos de capacitar a equipa, que não deve treinar neste clima sufocante e recessivo. Os jogadores precisam de crescimento. Saibamos mobilizar a equipa com umas idas terapêuticas ao Chimarrão - está fresco, o restaurante é suficientemente grande para treinar lá dentro e tem muita proteína. Já alguém disse isto? Sim, mas reparem como eu digo com muito mais gravitas.
Cavaco Silva: Eu avisei antes do jogo contra Alemanha. Eu avisei antes do jogo contra os Estados Unidos. E aviso agora. Está húmido, a estrela da equipa está a jogar em esforço, há lesionados por toda a parte, os ganeses correm e jogam muito e ainda temos de superar um défice de 4 golos para passarmos. De que precisamos? De consenso no balneário sobre a necessidade de golearmos o Gana. E eu não sinto esse consenso. Se correr mal? Eu avisei.
Ricardo Salgado: Andámos este tempo todo a dizer que o Cristiano Ronaldo estava a 100% e que tudo iria estar a postos e, afinal, o CR7 está a 50% e a equipa de rastos. Sei o que parece - mas a culpa é do preparador físico. Eu nem sabia que o Cristiano andava a gelo no joelho. É preciso recuperar a esperança. Amanhã voo para Acra e a seguir para Berlim, para tentar um último esforço de qualificação. Se correr mal? Vou para um novo conselho estratégico de apoio à selecção e aqui o meu colega da equipa técnica passa a seleccionador. Será a renovação. Completa.

Ecos da blogosfera - 26 jun.

Uma narrativa profunda para interiorizar profundamente…

Papa Francisco entrevistado por Henrique Cymerman

Contramaré… 26 jun.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) justificou a greve marcada para julho com o facto de o Ministério da Saúde não cumprir o acordado com os profissionais.
Sérgio Esperança, da FNAM, aproveitou para culpar o ministério pela degradação dos cuidados prestados e justificou, por isso, que “é momento de dizer basta” e de “dar um murro na mesa”.
“A continuarmos assim, o Serviço Nacional de Saúde provavelmente ficará numa situação residual e deixará de ter as carreiras médica como tem tido até aqui”, apontou, acusando Paulo Macedo de nos últimos dias estar a ter uma atitude de “bombeiro” e de “andar a apagar fogos”.
Os médicos chegaram a um “ponto limite” e entendem, por isso, que chegou o momento de se rebelarem contra a atual política do Governo de Passos Coelho, disse.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

O papão era cabeçudo e feito de papelão…

Partidos de extrema-direita têm dificuldades em conciliar posições muitas vezes antagónicas. Mas o holandês Wilders e a francesa Le Pen afirmam que o objetivo de formar um grupo parlamentar será mantido.
O político holandês Geert Wilders afirmou que o Partido para a Liberdade (PVV), do qual é líder, a francesa Frente Nacional e outras siglas eurocéticas falharam na tentativa de formar um grupo de extrema-direita no Parlamento Europeu. "Infelizmente não conseguimos cumprir o prazo de até 24 de junho para formar um grupo com outros 6 partidos para o Parlamento Europeu", declarou.
Para formar um grupo, que permite maior visibilidade e mais receitas, são necessários pelo menos 25 parlamentares que representem 7 países.
O número de deputados não é o problema – os partidos eurocéticos têm dificuldade em conciliar pontos de vista por vezes antagónicos. Para chegar ao grupo, faltaram 2 países aos eurocéticos. Além da Frente Nacional e do PVV, participaram das negociações o austríaco Partido da Liberdade (FPÖ), a italiana Liga do Norte e o flamengo Vlaams Belang, da Bélgica.
Uma associação com o partido polaco, Congresso da Nova Direita (KNP), foi avaliada, mas as suas posições homofóbicas e contra os direitos das mulheres desagradam a Wilders. "O PVV deseja fazer um grupo, mas não a qualquer preço", disse.
O holandês, que é conhecido pelas suas posições contra o Islão, indicou que a colaboração entre os 5 partidos será mantida com o objetivo de formar um grupo antes do final do ano com novos parceiros.
Wilders e a líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, fizeram um acordo antes das eleições europeias, com o objetivo de "destruir a partir do interior" a União Europeia.
Andaram os candidatos a eurodeputados a assustarem os eleitores com o papão da extrema-direita, querendo-nos convencer de que viria aí o fim do mundo (como se nós já não estivéssemos perto) se ganhasse as, que até ganhou na França, para agora chegarmos à conclusão que o bicho era de papelão…
E nós convencidos de que nos partidos eurocéticos, da extrema-direita, era tudo por tudo contra todos, quando se vem a verificar que as “bestas” também têm “valores”, que se chocaram e até dificultaram a formação de um grupo parlamentar, na tentativa de terem acesso a financiamento, funcionários e mais tempo para falar no plenário e mais outras regalias…
Registe-se que entre os “valores” que estiveram na origem da dissidência esteve a homofobia de uns, os direitos das mulheres, que o holandês não aceita, embora ele próprio seja contra o Islão…
Resta-lhes ainda o objetivo de tentarem destruir a União Europeia, a partir de dentro do sistema, mas limitados nas mordomias que lhes facilitariam tal tarefa e por conta do contribuinte europeu. De todo o modo, e tendo em conta o ditado chinês que diz que “os papagaios de papel só voam contra o vento”, esperemos que escarrapachem no Parlamento Europeu os abusos dos poderes e dos poderosos de Bruxelas, sobretudo se forem contra os europeus, mesmo que não sejam da raça que dizem defender…
Ainda faltam aqui os “populistas” e outros “demagogos” que de tão ameaçadores que os pintaram, se revelaram balofas figuras, que se desfizeram em gases inócuos…
Isto de assustar o povo, que é velho, continua a dar resultados, para os mesmos, que não se dizem da extrema-direita, mas pela prática não andarão muito longe…
Os “valores” de uns é que são diferentes dos “valores” dos outros, mas no fim, não sobra troco para ninguém…

Ecos da blogosfera - 25 jun.

(…o FMI analisa com detalhe as provas práticas da austeridade…)

Que é como quem diz: velocidade ‘ilimitada’ até 120 km/h…

A ANACOM proibiu os operadores de telecomunicações de qualificarem como ilimitadas as ofertas de internet, chamadas de voz e envio de mensagens (SMS) quando na realidade aplicam restrições ou limites, e deu 90 dias às empresas para corrigirem a situação.
Em comunicado, a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) diz que os operadores “só poderão usar a expressão ‘tráfego ilimitado’ ou ‘chamadas/SMS ilimitadas’ quando as ofertas em questão sejam efetivamente sem limites ou sem restrições” durante todo o período do contrato.
A proibição do regulador surge após reclamações de consumidores que subscreveram ofertas deste tipo por estarem convictos de que as mesmas envolvem um acesso sem restrições e sem limitações aos serviços, já que são “ilimitados”, mas que depois constataram que afinal estavam sujeitas a determinados limites.
Por isso, agora, os operadores têm 3 meses para adequarem os seus suportes de comunicação, procedimentos e documentos contratuais à decisão da ANACOM.
O regulador frisa que “esta situação tinha que ser corrigida” e que “não se pode anunciar uma oferta como ‘ilimitada’, ou usar outra expressão que leve os consumidores a retirar essa conclusão, criando depois restrições a essa oferta, “induzindo os consumidores em erro e contrariando as exigências legais de transparência e adequação da informação a disponibilizar ao público”.
Contudo, admite a existência de medidas restritivas ou condicionamentos de tráfego de internet nas ofertas ilimitadas “em circunstâncias excecionais”, por exemplo, para evitar que seja esgotada a capacidade num segmento de rede.
“As medidas têm uma duração limitada, devendo a normalidade ser reposta logo que cessem as circunstâncias excecionais que as justificaram e devem ser equitativas no tratamento dos diferentes utilizadores com o mesmo tarifário/pacote”, sublinha o documento.
A ANACOM reforça que os operadores têm que disponibilizar, nas condições da oferta, “informação clara e transparente” sobre eventuais medidas que possam vir a aplicar e suas repercussões na qualidade do serviço.
E foram precisos 12 anos (pelo menos) para a Autoridade Nacional de Comunicações chegar à conclusão de que a interpretação da palavra ‘ilimitada’ tinha limites… O que não teve limites durante todo este tempo foi o poder abusivo e ilimitado dos operadores de telecomunicações, mas também a tolerância da ANACOM com esta publicidade enganosa…
E falta ainda passarem os olhos pela velocidade contratualizada e a que realmente nos é fornecida, eliminando o ‘até’, bem como pela obrigação de fornecerem os contratos escritos, mesmo em letras pequeninas…
Não é à toa que os lucros das operadoras, que antes da crise era já 3 vezes superiores aos da banca e agora são 4 vezes mais…
Vamos lá a ver o que acontece nestes próximos 90 dias, para ver quem manda no país ou se há um “Estado” dentro do próprio Estado…
Se o ridículo matasse…

Contramaré… 25 jun.

O número de insolvências de empresas em Portugal continua a subir, e nos primeiros 5 meses do ano o valor total registado no Ministério da Justiça aumentou 8,1% face a igual período do ano passado. Até maio deste ano foram registadas 3.797 insolvências de empresas em Portugal, de acordo com os mais recentes dados da IGNIOS.
Nos primeiros 5 meses de 2014, à semelhança do que aconteceu em igual período do ano passado, os sectores mais afetados por insolvências foram os da Construção e Obras Públicas (18,6%), Outros Serviços (17,9%), Comércio a Retalho (16,5%), Comércio a Grosso (12,0%) e Restauração (7,2%).

terça-feira, 24 de junho de 2014

Quem nos come a “carne” ainda nos rói a saúde (privada)…

Um especialista mundial em nutrição acusa as organizações internacionais de saúde de cederem aos interesses da indústria ao ponto de elaborarem uma pirâmide alimentar e recomendarem alimentos que nem sempre são os melhores para evitar doenças.
Colin Campbell, pela primeira vez em Portugal, é um bioquímico norte-americano especialista em nutrição na saúde e autor do Estudo da China ("The China Study"), o maior estudo epidemiológico sobre o efeito da alimentação e estilo de vida na saúde.
Convidado como orador principal, num seminário sobre nutrição, subordinado ao tema "Factos e mitos", promovido pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Macrobiótico de Portugal, Colin Campbell diz que o principal mito que subsiste "tem a ver com o facto de as pessoas continuarem a olhar para a carne como a principal fonte de proteínas". "Isso está errado. Uma alimentação rica em verduras e legumes também fornece proteínas", disse o defensor de uma dieta completamente isenta de carne, peixe e lacticínios.
Uma das conclusões fundamentais que emanam do seu estudo, publicado em 2005, é que o "principal problema de saúde está associado aos lacticínios e ingestão de carne", uma afirmação que considera "válida" quase 15 anos depois.
De acordo com este estudo, que produziu mais de 8.000 associações significativas entre diversos fatores alimentares e várias doenças, o consumo de carne, peixe e derivados de leite é responsável por doenças degenerativas modernas, como o cancro e a diabetes.
Questionado sobre por que motivo então as conclusões do seu estudo nunca foram aplicadas a nível mundial na alimentação e acatadas pelas associações ligadas à saúde, designadamente a OMS e organizações relacionadas com as doenças degenerativas, Colin Campbell escuda-se na força dos lóbis da indústria alimentar. "Não podemos esquecer que a Pirâmide alimentar que vemos é ditada por uma série de fatores, sendo um dos principais a influência de determinados sectores da indústria alimentar. Os lóbis paralelos que existem, ligados aos sector alimentar, são fortes, poderosos e continuam a ditar as regras gerais da alimentação, incluindo o que se inclui na Pirâmide Alimentar", afirma.
Sobre a importância para a saúde, nomeadamente para o reforço do sistema imunitário, dos bacilos vivos contidos nos iogurtes, Colin Campbell reconhece que "os iogurtes têm mais benefícios do que o leite", mas sublinha que "esses benefícios não são suficientes para que o iogurte substitua o valor dos legumes na comida vegetariana".
Quanto aos chamados peixes azuis, que cada vez mais estudos consideram fundamental para a saúde cardiovascular e o combate a doenças como o cancro, o responsável reconhece igualmente alguma importância, mas descarta-os como necessários. "O peixe é, sem dúvida, o que tem melhor ratio - se comparado com a carne - de Omega 3 e Omega 6. Contudo, podemos substituir o peixe por outros alimentos, como sementes e vegetais, que também nos conferem esses benefícios", explicou.
Confrontado com os vários estudos recentes que apontam cada vez mais para a importância do consumo de carne branca, peixe e lacticínios, contrariando as teses que resultam do Estudo da China, Colin Campbell aponta novamente o dedo à indústria alimentar e ao seu peso na determinação das regras gerais da alimentação.
Segundo o especialista norte-americano, a Associação Americana de Dietistas, uma das principais em todo o mundo, tem o controlo dos currículos das pessoas que depois aconselham todas as outras em termos alimentares (isto na realidade americana), sendo que estas associações "são, na sua maioria, cofinanciadas pelas grandes empresas de bebidas, farmacêuticas e alimentares". "Ora, isto acaba por ser uma bola de neve de informação, se o ponto inicial - a Associação - sobrevive através dessas empresas, então a formação que passam vai muito ao encontro do que essas empresas pretendem. Como sabemos, pouco mudou em termos do que são as regras gerais alimentares, tendo em conta que muito mudou em termos de estudos e dados apresentados. A maioria das regras alimentares é financiada pelas empresas que produzem esses alimentos", acusou.
O tema central não será tanto o da nutrição e as suas vertentes, mas o poder dos lóbis, no caso, no setor da alimentação, que passam sempre por cima de qualquer barreira moral, a qualquer preço (alto e por baixo da mesa), mesmo pondo em risco a saúde pública…
Mas o crime não se situa apenas na realidade americana, passa também pela Europa, com ligações aos EUA (claro!) e noutros setores, concretamente no que aos fármacos diz respeito.
Já em 2011, aqui no “Contra”, demos a conhecer o assunto, e vale a pena reler, para ficarmos cientes, não só da força dos lóbis (crime organizado e legalizado em certos países e tolerado na UE), mas das táticas tão simples, que se traduzem em promiscuidade e suborno
A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar decide o que colocamos no nosso prato. Mas as suas ligações com a indústria são muitas – e os consumidores estão a pagar.
Nós somos o melhor ingrediente nutricional para quem nos alimenta…

Ecos da blogosfera - 24 jun.

E nós a pensar que, com tanta rebaldaria, já não havia regulação

A organização WikiLeaks difundiu documentos sobre alegadas negociações secretas internacionais acerca de transações financeiras – em que Portugal também estará envolvido – e que pretendem a desregulação dos mercados em todo o mundo.
A organização WikiLeaks difundiu o texto da proposta sobre o alegado TISA, Trade in Services Agreement (Acordo sobre Serviços de Transações) em que estão envolvidos 50 países, incluindo Portugal, e que movimentam um total de 68,2% dos serviços de transações a nível global.
De acordo com a organização fundada pelo australiano Julian Assange, os Estados Unidos e a União Europeia são os principais proponentes do acordo, assim como autores das principais propostas de alteração, pretendendo a inclusão de normas que possam permitir o movimento de informações entre países.
Segundo a WikiLeaks, trata-se de uma “importante manobra de falta de transparência” em que se encontram envolvidas todas as partes que participam no acordo que estará a ser atualmente negociado.
O documento TISA foi classificado e devia ser mantido como secreto durante as negociações que ainda decorrem e nos 5 anos após entrar em funcionamento.
Apesar das falhas na regulação durante o início da crise financeira global, em 2007 e 2008, e dos apelos para a implementação de estruturas de regulação, os proponentes do TISA pretendem desregular os serviços dos mercados financeiros em todo o mundo, segundo a WikiLeaks.
O anexo da proposta que tem como título “Financial Services Annex” determina regras que podem permitir a expansão financeira das multinacionais – sobretudo as que têm sede em Nova Iorque, Londres, Paris e Frankfurt – para outros pontos do mundo “evitando as barreiras da regulação”.
Da proposta, segundo a WikiLeaks, conclui-se que sobretudo os Estados Unidos querem promover o fluxo de informações financeiras, empresariais e pessoais entre os vários países envolvidos através de novas tecnologias.
De acordo com a organização, as negociações TISA decorrem atualmente à margem do Acordo Geral sobre Transação de Serviços (GATS) e da Organização Mundial de Comércio (OMC).
O TISA está a ser construído para que venha a ser compatível com o Acordo Geral sobre Transação de Serviços para que, segundo a WikiLeaks, no futuro venha a ser assinado pelos participantes da OMC que mostrem reticências sobre o assunto.
Ausentes dos cerca de 50 países envolvidos na negociação estão os países emergentes BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), porque a natureza do TISA pode enfraquecer posições em futuras negociações sobre transações e serviços.
O texto da proposta saiu da ronda negocial do último mês de abril, a 6.ª desde o 1.º encontro mantido em abril de 2013.
A próxima reunião está marcada para segunda-feira e deve prolongar-se até ao dia 27, em Genebra, Suíça.
Atualmente os países e regiões da OMC que negoceiam o TISA são: Austrália, Canadá, Chile, Taiwan, Colômbia, Costa Rica, Hong Kong, Islândia, Israel, Japão, Liechtenstein, México, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Panamá, Paraguai, Perú, Coreia do Sul, Suíça, Turquia, Estados Unidos e ainda os países da União Europeia, incluindo Portugal.
A China e o Uruguai já demonstraram interesse em participar nas negociações mas até ao momento não foram incluídos.
E pronto! Temos mais 5 anos para o assalto final e a concretização das Teorias da Conspiração. Entretanto, a Austrália vem já desmentir a participação em tal “negócio”, mas não desmente as movimentações…
O primeiro-ministro australiano desmentiu as informações da organização WikiLeaks sobre a participação de Camberra em alegadas negociações internacionais para a desregulação do setor financeiro.
Segundo os documentos, o TISA prevê que informações sobre as contas bancárias locais e outras informações de ordem financeira possam vir a ser facilmente transferidas para outros países, através de novas tecnologias.
O Sindicato dos Serviços Financeiros da Austrália disse ao jornal The Age que as negociações "são um perigo real" porque pode destruir a regulação efetiva que protege a Austrália da crise financeira internacional.
O mesmo sindicato avisa que o acordo TISA pode provocar uma vaga de desemprego no setor financeiro australiano.