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sábado, 25 de setembro de 2010

Os Bombeiros terão e os Voluntários darão os frutos da semente de um cidadão

Por iniciativa do cidadão “poveiro honorário” e rotário Artur Antunes, os Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, vão poder dispor de auto-escada para acesso aos prédios mais altos das duas cidades, a que se associaram outras entidades e cidadãos, procuram também angariar o valor necessário para a aquisição de um veículo de transporte de grande capacidade de água e potente fluxo.
Dos 900.000 euros necessários para a compra de ambos os equipamentos, cerca de metade foi já angariado. Participe nesta actividade e estará a contribuir para uma boa causa, que poderá ser sua.
Em prol desta causa e para já, estão programadas as seguintes iniciativas:
12 de Setembro, a Junta de Argivai vai organizar uma caminhada;
26 de Setembro, para além do passeio de cicloturismo, às 16h00, o Póvoa Futsal e o Rio Ave jogam no Pavilhão Municipal;
3 de Outubro, Aurora Cunha promove uma caminhada;
9 de Outubro, os Leões da Lapa FC e o Rio Ave jogam, às 17h00, no Estádio Municipal e no dia 31, haverá um mega-jantar no Aqueduto.
Estamos todos convidados e estaremos todos presentes!
Uma iniciativa individual, merece a adesão de ambas as comunidades…

Português e alicerce de novas teorias comportamentais

O neurologista António Damásio lança esta sexta-feira o seu mais recente trabalho, ”O livro da consciência”, onde são abordadas as relações entre a mente o cérebro e a consciência.
Dez anos após a publicação de ”O Sentimento de Si”, o cientista regressa agora com um livro onde explora a relação entre as emoções e a consciência. O autor debruça-se assim num dos mais intrigantes mistérios: saber quem somos.
Há mais de 30 anos que o autor estuda a mente e o cérebro humano, tendo já publicado três obras onde expõe o resultado do seu trabalho (“O erro de Descartes”, “O sentimento de si” e “Ao encontro de Espinosa”).
O Director do Brain and Creativity Institute, da Universidade do Sul da Califórnia foi esta quinta-feira galardoado com o Prémio Honda, atribuído pela Fundação japonesa com o mesmo nome. Esta distinção é uma das mais importantes na área científica e foi atribuída ao cientista português por ter dado uma ”pioneira contribuição para o mundo das neurociências”.
Nunca será demais lembrar, mesmo a quem não sabe, que os trabalhos de António e Hanna Damásio têm contribuído, não só para o conhecimento do cérebro, mas também para o surgimento de várias teorias/interpretações do comportamento humano, em que se basearam os seus autores, concretamente Daniel Goldman, com a Inteligência Emocional e Howard Gardner com as Inteligências Múltiplas.

Um Estado pode matar alguém, que matou alguém?

Teresa Lewis, uma americana de 41 anos, deficiente mental e condenada à morte por conspiração que resultou em duplo homicídio, foi executada às 21h13 locais (2h13 em Lisboa) com uma injecção letal, informou fonte prisional.
Lewis tornou-se a primeira mulher a ser executada desde 1912 na Virgínia (leste dos Estados Unidos).
Apesar da deficiência mental, a mulher foi executada e este facto tornou-a um símbolo da luta contra a pena de morte para os abolicionistas norte-americanos.
Teresa Lewis foi condenada à morte em 2003 por ter mandado matar o marido e um filho deste, para poder receber os respectivos seguros de vida.
Os autores das 2 mortes foram condenados a prisão perpétua.
Mesmo sabendo que “o Estado é responsável pela organização e pelo controlo social, pois detém, segundo Max Weber, o monopólio da violência legítima (coerção, especialmente a legal)”, há alguma coerência moral ao usar a mesma arma (a pena de morte) por que é condenado um cidadão?
Não haverá incoerência na sociedade em geral, em “silenciar” algumas penas de morte e contestar veementemente outras, pondo de lado as “razões” circunstanciais e factuais de cada uma? Em absoluto, a pena de morte, é condenar à morte e matar gente, poder que “Deus” não delegou em nenhum humano!
Conheci há anos uma advogada americana, que defendia apenas condenados à morte e fiquei a saber o que não vemos, nem nos mostram, que a pena de morte é contestada em grande escala, mesmo nos EUA, sobretudo quando acontece uma.
São imensos os casos de inocentes que foram mortos e uns tantos (muitos recentemente) que são libertados após anos no corredor da morte.
Felizmente que, mesmo nos EUA, cada vez menos Estados se dão ao direito de tal “direito”...
Contra TODA a pena de morte, claro!

Uma receita de Orçamento de Estado, criativa e inovadora, qb, mas em "economês"

A vice-presidente do governo espanhol, María Teresa Fernández de la Vega, afirmou que este é o orçamento da "recuperação, da estabilidade e da confiança" e afirmou que "as contas do orçamento são austeras e rigorosas" e incluem "ajustes fiscais que exigem um maior esforço aos rendimentos mais elevados e apoiam as pequenas e médias empresas".
Uma das medidas mais polémicas do Orçamento será o aumento da tributação em 44% em vez de 43% para quem recebe mais de 120 mil euros. Aos contribuintes que ganhem um rendimento acima de 175 mil euros será aplicada uma taxa de 45%, duas medidas que afectarão cerca de 165 mil contribuintes.
Na anunciada reforma das pensões em Espanha, a par deste aumento de 1% no valor das pensões mínimas está o aumento da idade de reforma dos 65 para os 67 anos de forma progressiva, com a aprovação do Orçamento assegurada através do acordo entre o PSOE, com o PNV, o Partido Nacionalista Basco.
A recuperação de emprego em Espanha está a ser mais demorada e tal indicação obrigou o Executivo a elevar em 0,4% a estimativa anterior do desemprego, de 18,9% para 19,3%. No entanto, María Teresa Fernández de la Vega, indicou que o Orçamento para 2011, a reforma laboral e a reforma das pensões vão fazer com que o emprego cresça.
Está visto, que qualquer profissional, sem conhecimentos de Economia, era capaz de fazer um orçamento com os mesmos ingredientes, só não saberia explicar como, aumentando o imposto em 1% e 2% a pouca gente com mais rendimento, aumentando 1% aos mais pobres, aumentando o desemprego, aumentando a idade de reforma para diminuir o desemprego, se consegue a “recuperação da estabilidade e da confiança”.
Mas não nos podemos queixar, porque os economistas dos sistemas estudaram todos nas mesmas escolas e mais dia, menos dia, vamos apanhar pela mesma medida (grande).
Inovação, por inovação, mais vale a tecnológica!
Bem diz o Ricardo Pereira, que a Economia foi inventada, para provar que a Astrologia é uma ciência exacta…
Nota - As notícias acima, que deram origem ao comentário, estão em “economês”, se fosse em português, seria mais ou menos assim e não haveria dúvidas:

Sem Psicólogos nas escolas, melhor se sentirá a necessidade. Elementar…

Cerca de 300 escolas ou agrupamentos de escolas estão sem serviço de psicologia, uma vez que ainda não foi autorizada a abertura de vagas para a contratação destes profissionais, revelaram hoje à lusa representantes do Grupo PSISCOLAS.
“O número de agrupamentos que estará este ano lectivo sem serviço de psicologia rondará os 300. Utilizando um intervalo médio de 1200 a 1500 alunos por agrupamento, podemos sugerir que entre 360 mil e 450 mil alunos estão neste momento sem este serviço”, afirmou Pedro Teixeira, sustentando que “a maioria dos psicólogos contratados em anos anteriores para desenvolvimento de projectos nas escolas está, desde 31 de Agosto, desempregada, a aguardar pacientemente e na total incerteza que seja autorizada a abertura de vagas para o corrente ano lectivo”.
As únicas excepções, de acordo com Pedro Teixeira, dizem respeito às contratações feitas pelos agrupamentos TEIP (territórios educativos de intervenção prioritária) e pelos agrupamentos com autonomia especial, já autorizadas a contratar psicólogos.

Isto é que é “Aproximação de Culturas”… lusófonas

Porque a Aproximação de Culturas está adormecida no ano da sua celebração, ao menos que aproximemos, todos os dias e anos, a cultura lusófona, aproximando-nos. Por isso fomos ao blogue lusófono “Estrolabio”, buscar a mensagem e o vídeo. "Alô, irmãos!".
Temos um grande prazer em trazer aqui ao nosso Terreiro Narf e Manecas Costa, artistas unidos pelo idioma comum. Narf é um cotado cantor galego, Manecas Costa é um dos artistas mais conhecidos da Guiné-Bissau, um exímio cantor e executante na guitarra, um grande, grande artista.
Um galego e um guineense cantando... em Moçambique, no Teatro Avenida do Maputo. Um quadro lusófono perfeito. Vamos ouvir com atenção - "Alô, irmão!":

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

2 GRANDES artistas da comunicação

texto de valter hugo mãe
Isabel Lhano e valter hugo mãe
O trabalho de Isabel Lhano tem sido sempre o de franco acolhimento do seu interlocutor, procurando criar empatias e afectos que se fundem numa visão positiva e libertadora da vida. A benignidade que inspira a maioria das suas telas é sobretudo uma atitude ética que procura no homem uma redenção – embora muito pragmática, terrena e não mística –, claramente resultando numa estética do belo, como anteriormente já escrevemos. Acompanhar o trabalho desta pintora tem sido um exercício de crescente entusiasmo, que advém do facto de a encontrarmos em constante procura de um novo modo de expor as suas magníficas capacidades técnicas no encalço de complexas representações da figura humana, sempre presente, sempre entronizada, seja a partir da sua robustez, seja a partir da sua delicadeza.
A recondução do processo aos extractos do corpo, como diria Bernard Noël, intensificando presenças, ainda que numa lógica de recorte muito específico, tem levado esta pintora a uma preciosa e invulgar pesquisa do figurativo. Tendo, no passado, abordado os troncos e os braços, as pernas ou os rostos (uma das suas séries mais profícuas terá sido a enorme colecção de retratos que nos últimos anos produziu), agora Isabel Lhano encontra nas mãos o tema suficiente para o seu discurso de nuances da sensibilidade.
O desenho da mão é talvez o mais temido do corpo humano. A máquina privilegiada que este é, encontra na mão um dos seus pontos mais elaborados que, indubitavelmente, resulta num desafio considerável à capacidade de representação de qualquer artista. A corajosa opção por ampliar e criar expressão bastante a partir deste complexo elemento, mostra-nos Isabel Lhano no seu melhor. Ainda mais porque, não contente com uma abordagem apenas linear do tema, a artista supera, em várias telas, o pendor unicamente realista da imagem para, encontrando a realidade – e isso é que é espantoso –, chegar à abstracção, pela impressionante profusão de dedos e suas difíceis correspondências. Para isto, a pintora representa o jogo entre quatro mãos que, baralhadas e entrelaçadas nessa quase delirante permissividade mecânica que advém das múltiplas articulações, acabam manifestando um lado labiríntico do toque.
As mãos que se vêem nestas telas são como entidades completas, bastam-se a si mesmas para o que importa no discurso desta exposição. Ficam como seres inteiros que se recebem mutuamente e se relacionam produzindo no espectador um efeito imediato de conforto, ansiedade, rejeição, paixão, cumplicidade, etc.. A mestria assim conseguida é assinalável, ainda aliada a uma gestão curiosa das cores que, exclusivas para cada quadro, revelam a oficina de precisão da pintora. Em cada imagem encontramos uma sugestão narrativa, e não apenas a inerte captação do tema. Estamos longe de intenções meramente decorativas, e o mais que se vê tende a transmudar as mãos aos nossos olhos, apenas pelo efeito macroscópico e pelo cromatismo. As mãos acabam por parecer ninhos ou nós, plantas carnívoras ou flores abertas, bichos tentaculados, cabelo gigante, e o que mais a imaginação de cada um quiser ver. Ao contrário do que se esperaria, esta também é a arte da fantasia e, rigorosamente, a arte do sonho.
Isabel Lhano está no seu melhor. Claro que já lhe reconhecemos mestria no domínio dos corpos, desde sempre, como nos impressionava com os seus panejamentos e todas as transparências (é até com saudades que o dizemos. Saudades das suas mulheres clássicas metidas em véus e saias esvoaçadas), mas após vinte e cinco anos de carreira encontra uma força admirável que, de exposição para exposição, muda o eixo fundamental do seu trabalho, criando enfoques sempre novos no figurativo, impedindo que se esgote e surpreendendo sem falhar. Esta é mais uma prova disso. A prova de que a pintura estará sempre salva enquanto uma pintora assim trabalhar.

Contra o aumento da idade da reforma, na França… protestar, claro!

Pela segunda vez em 15 dias os franceses protestaram nas ruas.
Comecemos pelos números: 230 acções de rua e 2.900.000 de pessoas, segundo os sindicatos. Os protestos contra a reforma das pensões foram dos mais fortes e concorridos de sempre no país. 
Em causa, o projecto de lei sobre a reforma das pensões que prevê o aumento da idade mínima da reforma de 60 para 62 anos até 2018: a medida foi mal recebida pelos franceses e tem sido uma prova de fogo à resistência do presidente francês, que já se afirmou incorruptível. "Esse assunto não se negoceia", afirmou Sarkozy.
Sindicatos e Governo enfrentam-se num braço-de-ferro que dá corpo ao mal-estar da sociedade francesa. Manifestações foram mais significativas do que a adesão à greve
Quanto à reforma da lei das pensões, a rejeição é maioritária: 59% dos franceses estão contra a passagem dos 60 para os 62 anos da idade mínima para a reforma até 2018, e 63% apoiam os grevistas e os manifestantes. Entre os que têm de 18 a 24 anos, 80% apoiam os que não querem que vingue a lei do Governo de Sarkozy.
Os sindicatos franceses convocaram hoje, mais 2 novas jornadas de manifestações, para os dias 2 e 12 de Outubro, depois de mais um dia de greve.
Para o dia 2 de Outubro, as centrais operárias francesas convocaram manifestações em todo o país, enquanto o protesto do dia 12 inclui uma greve.
"Não. Com o presidente da República, não retiraremos este projecto de reforma, porque é necessário e é razoável", defendeu o primeiro-ministro francês François Fillon.
A guerra dos números é como cá, a atitude do Governo, é como em toda a Europa, parecem todos do mesmo partido/ideologia, mas não são.
A atitude dos franceses é que é diferente e representa uma mais-valia na defesa dos seus/nossos direitos, contra a falácia do aumento do tempo de vida, que mais não é do que arrecadar durante mais tempo os descontos para a reforma e diminuir os anos de retorno, se as pessoas não morrerem antes, fugindo à regra da longevidade.
E com mais isto, os ciganos lá foram, embora digam que voltarão, não à ribalta noticiosa, mas a França.

As percentagens sem números podem ser falácias

A UNICEF revelou, que o número de crianças que morre antes de atingir os cinco anos de idade caiu para 1/3 desde 1990, muito embora o número actual continue a ser preocupante e ainda esteja longe da meta acordada para 2015.
Segundo os dados deste organismo da ONU, em 2009, perderam a vida 8.100.000 de crianças antes do seu 5º aniversário contra os 12.400.000 registados em 1990, tendo ocorrido 60 mortes por cada 1.000 nascimentos em 2009 contra 89 em 1990.
Apesar disto, a UNICEF notou que das «cerca de 22.000 crianças com menos de 5 anos que morrem por dia, 70% delas acontecem ainda no seu 1º ano de vida», e que a Índia, a Nigéria, a RD do Congo, o Paquistão e a China contabilizam quase 50% destas mortes.
Falar-se em 1/3 sem se referir o número que corresponde ao todo, não diz nada, ou pode dizer alguma coisa, mas não sobre a situação real do problema.
Mas é preciso dar boas notícias e aqui vai, só não sabemos se é “boa”.

A “tortura do sono” afinal ainda se pratica?

Impor uma idade limite para a criança abandonar a sesta no jardim-de-infância é habitual em Portugal, mas pediatras e especialistas avisam que pode representar uma “tortura” e ser indicador de má qualidade de uma instituição.
Há crianças de 3 anos que deixam de cumprir o tempo de descanso após o almoço por decisão de instituições.
“Um bom Jardim-de-infância tem a obrigação de ter 2 salas: uma para as crianças de qualquer idade que precisem de dormir a sesta e outra onde ficarão a brincar as restantes”, defende o pediatra Mário Cordeiro. O especialista lembra que dormir a sesta é uma necessidade fisiológica e que “não deixar dormir uma criança que precisa é quase tortura e não é por impedir de dormir a sesta que dormem melhor à noite”.
A investigadora do Departamento de Pedagogia da Universidade de Évora Assunção Folque recorda que os Jardins-de-infância da rede pública “não têm em geral condições físicas e organizacionais para oferecer a possibilidade” de sesta. “Mas isto deve-se ao facto de em tempos estas instituições terem apenas contemplado o tempo curricular e não o de apoio à família (mais de 5 horas de atendimento)”, justifica, destacando que a sesta deve ser uma possibilidade “a la carte” e não uma imposição ou proibição.
Outro problema são os horários rígidos para dormir impostos pelas creches e infantários. Por vezes impõem às crianças que permaneçam deitadas sem dormir e igualmente que se levantem antes de terem satisfeito a necessidade de sono, acrescenta a especialista em pedagogia infantil.
Pondo de lado o que se sabe sobre o desenvolvimento infantil, necessidades, hábitos, etc., a sesta é uma instituição em muitos países e em muitas empresas, (por razões de produtividade) cada vez mais aconselhada, mesmo às pessoas adultas, pelos benefícios que traz, na área comportamental, seja criança, adulto ou idoso. Quem a pratica, pode aferir da cientificidade/empirismo desta prática e discordar até dos especialistas (se não a praticam).
O que faz a notícia, para além da norma imposta, é a falta de espaços  físicos e referir-se “no ensino público” (e o caso citado nem é público).
Viva a sesta, que vamos à festa!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Lusofonia rima com empatia/antipatia

Grandes personagens da cultura brasileira prestaram esta quarta-feira, em São Paulo, uma homenagem com clima intimista ao escritor português José Saramago, falecido em Junho. O evento contou com a presença da viúva do vencedor do prémio Nobel da Literatura, a espanhola Pilar del Río; com o cantor Chico Buarque e com o director de cinema Fernando Meirelles, entre outros.
"José Saramago escreveu literatura. Ele era um escritor. Brindemos pela palavra viva de Saramago e sua literatura", disse Danilo Santos de Miranda, o Director Regional do Sesc. Para ele, actualmente não há produção literária com compromisso, algo muito diferente do que fez Saramago, que, "não separava a voz política de sua literatura".
Pilar del Río começou com a leitura de fragmentos, num palco negro sobre o qual apareciam impressas em letras brancas trechos de obras como "Ensaio sobre a Cegueira" e "O Evangelho segundo Jesus Cristo", entre outras.
Vestida totalmente de preto, assim como os demais participantes, à excepção de Chico, que estava de roupa castanha, a viúva do escritor foi a única que fez sua leitura por trás da tela sobre a qual se projectavam os textos, numa simbologia do que ela representava para o escritor.
Entre os textos eram exibidas imagens extras do documentário "José & Pilar", com Saramago a falar sobre a sua experiência de vida e do seu ateísmo, em tom bastante irónico. As actrizes Denise Weinberg, Ligia Cortez e Bete Coelho, entre outros, também leram partes da obra de Saramago. O fragmento final ficou por conta de Chico Buarque.
Saramago era um homem "com uma grande lucidez e clareza. Era o campeão de inimigos", entre eles os capitalistas e o catolicismo, disse, antes do acto, Fernando Meirelles, que dirigiu a adaptação para o cinema de Ensaio Sobre a Cegueira e produziu José & Pilar, cuja estreia mundial acontece no próximo sábado no Festival do Rio, definiu o documentário como "muito revelador" e afirmou: "Se não fosse por Pilar, Saramago não teria sido do tamanho que foi. Ela era seu complemento".

Balanço: boas ideias, vários e bons relatórios, mas pouca vontade “política”

A Cimeira da ONU terminou, após 3 dias de debate dos líderes mundiais, que mostraram boas ideias, mas poucos resultados concretos.
Embora todos os participantes tenham reiterado a vontade política de cumprir o compromisso para acabar com a miséria no mundo e fazer mais eficazes as ajudas ao desenvolvimento, ideias inovadoras, como criar um novo imposto sobre transacções financeiras, têm a oposição de muitos países.
Muitos países em desenvolvimento pediram durante a Cimeira da ONU aos países ricos que a crise económica global não diminuísse a ajuda ao desenvolvimento, e reivindicaram uma reformulação da arquitectura financeira global que respondesse melhor à geopolítica actual.
A Alemanha lembrou a necessidade de um bom Governo para conseguir desenvolvimento e progresso.
A presença mais esperada do dia era a do Presidente dos EUA, Barack Obama.
No discurso de Barack Obama, que ocorreu na cimeira da ONU, o Presidente dos EUA afirmou hoje, ao apresentar a nova estratégia norte-americana para a ajuda ao desenvolvimento que “A comunidade internacional deve melhorar a sua acção para atingir os objectivos de luta contra a pobreza em 2015”.
"Enterremos o velho mito segundo o qual a ajuda ao desenvolvimento não passa de uma acção de caridade que só serve os nossos interesses", afirmou Obama, que prosseguiu: "E rejeitemos o cinismo segundo o qual certos países estão condenados a uma pobreza perpétua”.
Abstenho-me do balanço, sem declaração de voto.

7 (n.º mágico) x 3 = 21 (3 x mágico)?

A escola EB1 Várzea de Abrunhais, de Lamego, que no ano passado tinha colocado a aldeia no mapa ao ser escolhida pela Microsoft para integrar a rede mundial de escolas inovadoras do mundo, fechou as portas. Os 32 alunos da EB1 de Várzea de Abrunhais - que dispunham de wireless e em cujas aulas os Magalhães trabalhavam conectados com o quadro interactivo - foram transferidos para um centro escolar onde não há telefone nem Internet.
Mais 2 escolas portuguesas foram seleccionadas para integrar a rede mundial de escolas inovadoras: a Secundária de Lagoa, nos Açores, e a EB 2,3 de Nevogilde, em Lousada.
À semelhança da EB 1 Várzea de Abrunhais, a escola EB 2,3 de Nevogilde, em Lousada, foi seleccionada este ano para integrar a rede mundial de escolas hi-tech. Com cerca de 800 alunos, há muito que os sumários dispensam papel e esferográfica, o livro de ponto é digital, onde os professores escrevem os sumários, marcam as faltas, os trabalhos de casa e escrevem observações, o que pode ser visto pelos pais em casa. A dinamização de uma rádio e de uma webtv são outras das marcas distintivas desta escola, cujos alunos recorrem aos blogues para quase tudo.
A 2ª escola portuguesa a ser chamada para participar no fórum mundial de escolas inovadoras, na África do Sul é a Secundária de Lagoa, nos Açores, onde os quadros a giz também já desapareceram e cada turma pode trabalhar on-line, 24 horas por dia, sete dias por semana.
O Secretário de Estado da Educação garantiu que, no próximo ano lectivo, os pais poderão fazer as matrículas on-line em todo o país.
Não há telefone, nem internet, mas vai haver e câmaras de vigilância. Calma!
Mesmo ciente de que as TIC não são mais do que instrumentos, que aliados aos tradicionais, que não substituem, mas complementam e pensando mesmo, que se há-de provar que não são nenhuma mais-valia para as aprendizagens, o facto não deixa de ser notícia.
Ao contrário do que a notícia sugere, que não “circula” papel em algumas destas escolas, é bom frisar que o computador (impressoras) veio aumentar em milhares% o gasto de papel, com a consequente necessidade de maior abate de árvores para o fabrico do mesmo e com resultados negativos para o ambiente.
Mas quando os números é que comandam a vida, é a vida!

Quanto do nosso mar podia ser emprego para Portugal

Num congresso sobre as potencialidades marítimas, o Presidente da República Cavaco Silva defendeu que Portugal deve influenciar a UE a apoiar mais este sector estratégico para o País.
O PR tem tentado que os empresários portugueses se aventurem na exploração económica do mar. Esse foi, aliás, o mote da sua intervenção no 25 de Abril deste ano, considerando que "o mar é o desígnio de Portugal", sublinhando que será um "pólo de desenvolvimento" da economia nacional. Ontem, Cavaco Silva apelou a que em Portugal se pense nos "portos do futuro" e à União Europeia aconselhou a tirar do papel as "auto-estradas do mar".
"Espanta muitos, dada a importância estratégica dos nossos portos, que possamos discutir meses e anos a fio o TGV ou o novo aeroporto de Lisboa sem que paremos um pouco para pensar nos portos do futuro", afirmou. Para o PR será importante que a União Europeia apoie de forma "generosa e sustentada" as "auto-estradas do mar", vias de comunicação intra-europeias, nomeadamente através da remoção do excesso de procedimentos administrativos, bem como a necessidade dos portos nacionais se modernizarem e praticarem taxas de utilização mais competitivas.
Cavaco defendeu novos rumos que permitam a "exploração cabal" do mar, com políticas públicas destinada a fomentar o investimento privado nos sectores marítimos, com novos investimentos no cluster marítimo e com mais investigação. "Cabe-vos agora, a vós, não ficarem à espera do que o Governo vá fazer ou não fazer", notou, tanto mais que, afirmou na altura, 70% da riqueza produzida no mundo transitam no mar.
Neste encontro, que reuniu empresários e economistas, o presidente da Associação Oceano XXI e da Comunidade Portuária de Aveiro, António Nogueira Leite e também conselheiro económico do Presidente do PSD, corroborou as palavras de Cavaco Silva, frisando que, directa e indirectamente, a economia do mar representará em Portugal 11% do PIB, 12% do emprego, 17% de impostos indirectos e 15% de margens comerciais geradas na economia portuguesa.
Único comentário a fazer: plenamente de acordo com a mensagem (não necessariamente com os mensageiros), como já tenho explicitado por aqui e continuarei, porque só os cegos é que não vêem o mar que temos e a riqueza que ele nos pode proporcionar, em vários vectores económicos.
Haja investidores, que “mão-de-pesca” não falta.

Quase Filosofia, quase Sociologia, quase Política…

Num outro blogue em que “trabalhei”, por razões circunstanciais “conheci” joão-luís de medeiros, um escritor açoriano, radicado nos EUA, e que escreve regularmente no blogue RTP-Açores - Blog Comunidades, para a comunidade açoriana, um Memorandum, textos que têm subtileza e profundidade, que não nos permite classificá-los e daí o Quase…
Deste acaso, nasceu uma amizade, breve, mas que começa a dar frutos, porque recebi, em 1ª mão o texto que se segue, de que vão gostar, seguramente e relê-lo, ao texto e ao autor.
Um “obrigadaço” ao escritor, uma saudação a todos os compatriotas na diáspora e neste caso em especial, aos açorianos.
Memorandum
joão-luís de Medeiros
Escravos da ditadura do sucesso...
Alguém deveras preocupado com a sorte da humanidade escreveu que “pode adquirir-se a liberdade, mas nunca recuperá-la”. Creio tratar-se de um pensamento simplesmente profundo, com sabor a tragédia, e que parece trazer notícias duma ansiedade urgente que teima em pairar por sobre o tecto movediço das épocas que a humanidade tem procurado galgar...
Viemos aqui para conversar sobre a Liberdade. É um risco. Não estamos isentos do mau jeito de sermos apodados de aleivosia na trivialização do conceito. Requiescat in pace! Não vamos enveredar pelos labirintos estreitos das liberdades em saldo: a liberdade de ensopar uma bebedeira, ou a liberdade de ser preguiçoso; a liberdade de adiar a liberdade alheia, como quem brinca às liberdadezinhas na companhia clandestina duma ‘gêsha’ medianamente educada...
Continua a ser praticada entre nós um tipo de liberdade maligna: manter activa a cortina de fumo que impossibilita uma Comunidade de ver, ouvir (muito menos apreciar) aqueles companheiros que, lucidamente, se recusam a figurar na ementa cosmética da vulgaridade existencial.
Não seria novidade dizer-se que as instituições cívico-culturais da nossa praça continuam a subsistir apesar da inospitalidade do ambiente envolvedor: não dispõem do número de público culturalmente exigente para acicatar a desejada operacionalidade. E pronto: está em parte justificada a mornidão da sua apatia...
De modo semelhante, o signatário deste “memorandum” pode talvez beneficiar da inocente vantagem relacionada com o reduzido número dos seus leitores. Já esclareço melhor: o suposto “desassossego” e a provável insistência evangelizadora das suas opiniões não chegam a constituir “perigo” público...!
Entre nós, observa-se a liberdade da indiferença – que é uma espécie de erva daninha que invade os “alegretes” da liberdade, e que empecilha o itinerário vivificante das ideias. Pois alevá!*
Somos por vezes levados a suspeitar que a diáspora lusófona continua à espera dum messias. Sabemos que os ornamentos, as indumentárias, os desfiles são instrumentos que podem tapar alguns buracos das enfermidades comunitárias, mas não aperfeiçoam as atalhadas do futuro. Há já bastante tempo fomos alertados para uma das conclusões do aristotelismo: “o homem pode, conhecendo o bem, praticar o mal, vencido pela paixão...”
Entrementes, atrevo-me a repetir aquilo que me ensinaram há meio século (admitindo, embora, que nem sempre o tenha posto em prática): precisamos de trabalhar mais no miolo das coisas, em silêncio, numa atitude imaginativa, adulta, bem programada. Quanto menos fachada, melhor! À míngua de vitórias colectivas, temos de congregar o valioso capital humano emanado daquelas (silenciosas) vitórias individuais que não obedecem aos decretos narcísicos da ditadura do sucesso.
Por outro lado, há derrotas que funcionam como “compasso-de-espera” de futuras vitórias. Pessoalmente, não aceito a ideia de ter perdido batalhas por gosto ou por imperativo do destino. Considero-me um simples “teimoso” imigrante dos “estados-unidos do planeta”. Sim, caríssimas(os): trago no bornal da minha existência várias derrotas, aliás esperadas (alea jacta est) por quem se sentiu atraído pela “feliz culpa” da trincheira ética onde não há ambições egotistas, mas entusiasmos éticos...
Se estivermos de acordo, vamos analisar que o tipo de pobreza da nossa comunidade é porventura mais complexo do que a pobreza clássica dos (materialmente) deserdados. Claro que a pobreza não é castigo da Providência, porque é afinal efeito duma causa frequentemente endossada aos deuses... Vamos continuar a trabalhar (sempre pelo preço da chuva!) para ajudar os pobres a pensar. De resto, o pobre que pensa é um revolucionário que dispensa esmola…
Vamos, pois, procurar humanizar o perfil do pseudo-perdedor – aquele que vive algures longe dos palcos do delírio orgíaco da superficialidade onírica. Sim, refiro-me àquele que permanece vitorioso de si próprio. De resto, numa comunidade que se confessa amante do “evangelho da Igualdade”, a obsessão pela divinização do sucesso individual oferece matéria para uma aturada reflexão. Talvez um dia possamos confirmar se as “crises” são meras pausas na prosperidade do caos, ou fazem parte do misterioso pacote das “vacinas” de recurso contra o ‘balho-furado’ do sucesso.
Entretanto, vamos “botar” sentido aos novos delfins da bancocracia açor-lusitana  – escravos muito bem engravatados, adeptos fervorosos da simpática ditadura do sucesso...
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Rancho Mirage, Califórnia
Setembro, 2010
* “Pois alevá!” – é uma expressão açoriana, que não conhecia e penso que se traduz por “Assim seja!”
Texto de apresentação e foto da autoria de Lélia Nunes daqui
João-Luís de Medeiros é natural da ilha de São Miguel, Açores, e vive nos Estados Unidos desde finais de 1980. Antes de emigrar, trabalhou no sector privado empresarial, e após a instauração da Democracia em Portugal, foi eleito parlamentar à Primeira Legislatura da A.L.R. (Horta, Faial, 1976); mais tarde, serviu como representante açoriano na Assembleia da República (Lisboa, 1978).
As suas publicações em poesia e prosa estão dispersas algures em jornais e revistas da diáspora lusófona. Desde 1976, é colunista-convidado da imprensa comunitária (coluna Memorandum). É co-autor do livro "Em Louvor do Divino" (1993); recentemente, publicou o seu primeiro livro de poemas intitulado "(Re)verso da Palavra" (2007).
João-Luís de Medeiros é licenciado ‘cum laude' em Humanidades e Ciências Sociais (University of Massachusetts, Dartmouth); mais tarde, obteve o Mestrado em Ciências de Recursos Humanos (Chapman University, Orange, California).