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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Voluntários jovens, cidadãos maduros

Portugal é o primeiro país a adoptar o modelo da maior rede norte-americana para voluntariado jovem
Jessica Posner, 24 anos, abriu a primeira escola para raparigas na maior favela africana, Kibera. Dá apoio a 5.700 jovens. Aos 15 anos, Pat Pedraja, já salvou dez vidas. Foi diagnosticado com leucemia e decidiu aumentar o registo de dadores de medula óssea - arranjou 8.000 nomes. Ruben Santos, de Lisboa, e Nuno Simões, de Guimarães, são os primeiros portugueses, e diga-se também estrangeiros, a juntar-se ao movimento de 1.200.000 de jovens registados na DoSomething.org. No espaço de um ano, a Associação para o Desenvolvimento TESE pôs em marcha em Portugal o modelo da maior rede de voluntariado jovem do mundo.
As primeiras quatro bolsas da Do Something Portugal vão ser atribuídas nos próximos dias, e para já foram escolhidas as ideias de Ruben e Nuno. O primeiro, de 24 anos, vai desenvolver uma exposição de fotografia itinerante para sensibilizar para os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. O segundo, de 29 anos, quer levar às escolas do país uma mensagem forte: "Se eu tivesse HIV/SIDA, davas-me um abraço?" Podem parecer ideias mais pequenas do que as que povoam o site da mãe norte-americana, mas são o início. Virgílio Varela, coordenador do projecto em Portugal, explica que depois da divulgação no Verão, estão a receber 5 propostas por semana. Já há 1.500 jovens inscritos em www.dosomething.pt.
Como funciona
O sistema é simples de mais para o impacto que tem tido. Há três regras: nada de dinheiro, carros ou adultos. Depois, basta querer apoiar uma causa, ter uma ideia e vontade de a pôr em prática. Nos EUA, as causas onde há mais iniciativas são ambiente, apoio a sem-abrigo e educação. Em Portugal, as causas serão as mesmas. Por semana vão ser atribuídos 300 €, e por mês, 750 €.
Antes de arrancar com o projecto, explica Virgílio Varela, foi preciso diagnosticar a realidade do voluntariado jovem no país. "Encontrámos pouca flexibilidade nas oportunidades, as associações achavam que os jovens eram preguiçosos e alguns tinham de esperar meses até conseguir um lugar." Agora, basta um clique para encontrar oportunidades para um dia ou uma semana, à medida do talento de quem procura, e das associações que forem aderindo.
As candidaturas para as bolsas funcionam online, para jovens entre os 15 e os 30 anos. Nisto, Portugal é diferente dos EUA, onde só são permitidos empreendedores até aos 25 anos. "Tenho visto que a definição de jovem varia de país para país", ri Melanie Stevenson, 26 anos, responsável pela expansão internacional da rede, e que na última semana lançou braços da rede na Austrália, Indonésia e Israel.
"Há um lado educativo sobre empreendedorismo social", explica Virgílio Varela. Em Maio de 2011 espera reunir voluntários e oradores nas áreas de liderança e gestão num acampamento de 2 dias. Nesta primeira fase, a TESE está à procura de patrocinadores, para alargar o leque de parceiros que inclui Instituto Português da Juventude, Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento ou EDP. Nas próximas semanas, uma parceria com a Staples vai apoiar projectos numa de 4 áreas em votação até dia 21.
Nos EUA, o orçamento anual de 3.000.000 de euros tem como fonte principal as empresas e deu mais de 391.000 dólares em bolsas este ano. O resultado está à vista: nascem 3,1 clubes de voluntários por dia. A principal campanha do ano, "Teens for Jeans", recolheu 625.000 pares de calças de ganga, 200.000 enviados para o Haiti.

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