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sábado, 3 de dezembro de 2011

Ecos da blogosfera – 3 dez.

Sabe o que é o “crowding out”? Então é um ignorante!

Foto montagem da sapatada do Nikita Khrushchov na ONU
O antigo líder do PSD, Marques Mendes, considera que esta "foi uma semana horrível para o líder do PS" que "saiu muito fragilizado" do debate sobre o OE2012, isto porque António José Seguro recuou na intenção de votar a favor da proposta da maioria, que reduzia o impacto dos cortes nos subsídios de Natal e Férias.
Marques Mendes justifica a oposição interna a Seguro com a influência dos deputados escolhidos por Sócrates e não tem dúvidas: a "tralha socrática faz vida negra a António José Seguro" e considerou ainda que "Seguro deu o dito por não dito" quando se absteve na votação dos cortes nos subsídios de Natal e de férias e acha que "daqui a um ano, Seguro estará a votar contra orçamento".
Pode parecer sinal dos tempos, mas por muito que não gostemos dos deputados que elegemos, mesmo que não votando neles, no papel que a Constituição lhes atribui, de nossos representantes é preciso ter tento na língua e dizer o que deve ser dito sem cavalgar em cima deles.
Vem isto a propósito de o antigo líder do PSD e tantas vezes deputado, Marques Mendes (a atravessar o deserto), ter baixado o nível da “análise” política a tal ponto de chamar aos deputados como ele já foi, de “tralha”…
Fica-se assim sem saber se a “análise” é política, ou partidária, apesar do ressabiamento que Mendes tem em relação a Passos e outros do seu partido. E fica ainda a dúvida se a adjetivação se refere apenas aos deputados socialistas “socráticos”, ou a todos os que agora exercem essas funções no Parlamento, ou a todos os deputados de sempre.
Na 1ª hipótese, o tempo das análises de MM deviam ser contabilizados como Tempo de Antena do PSD.
Na 2ª hipótese, o partidarismo de MM retira-lhe toda a credibilidade da análise, pelo que devia ser dispensado, ou despedido com justíssima causa.
Na 3ª hipótese, fica a sensação de ter uma auto estima tão grande, que se pode traduzir por dor de cotovelo.
Na 4ª hipótese, MM tem que se incluir na “tralha”, o que parece mais plausível, porque do tempo que lá esteve, o que resultou foi esta “tralha” que nos classificam como “lixo”.
Há horas em que o silêncio é a melhor “análise”…
Carlos Costa chama “ignorante” a João Galamba – (com vídeo)
O Governador do Banco de Portugal qualificou de “ignorância” o facto do deputado do PS João Galamba não saber o significado do conceito económico crowding out durante uma audição nas comissões parlamentares de Orçamento e Finanças e de Economia e Obras Públicas. O deputado sentiu-se ofendido e pediu mesmo um “pedido de desculpas”, mas foi ignorado.
“Peço desculpa, isto ultrapassa os limites do bom senso”, disse o governador do BdP. Ainda para João Galamba, afirmou: “É a realidade em que chegamos em Abril, se não quiserem reconhecer a realidade, não a reconheçam, batam com a cabeça na parede, porque a realidade é sempre mais resistente do que a cabeça”, disse, acusando o deputado de “má fé intelectual”.
Na segunda ronda, Carlos Costa não pediu desculpas nem voltou a fazer qualquer referência ao incidente, ignorando o pedido de João Galamba e à saída da comissão, não prestou declarações aos jornalistas e João Galamba também não quis comentar a atitude do governador.
Entretanto, durante uma audição nas comissões parlamentares de Orçamento e Finanças e de Economia e Obras Públicas, o Governador do BdP, um funcionário superior do Estado, teve um comportamento tão inopinado como malcriado e prepotente contra um deputado, que até parecia que ele é que foi eleito e tem poder para insultar quem o foi, com a complacência do presidente da comissão e nenhum reparo de qualquer outro deputado. E a reação do funcionário superior foi de tão baixo nível e num tom tão intimidatório, que até bateu furiosamente na mesa com as mãos, só faltando tirar o sapato, como o camarada Khrushchov …
O que se pode inferir são duas coisas:
A primeira é que o funcionário superior, por lidar com finanças, já está imbuído do poder financeiro, desprezando já a democracia;
A segunda é usar a violência motora e verbal para nos convencer de que ELE é que sabe, menorizando um colega economista, que de certeza absoluta sabe o que é o crowding out, mas numa perspetiva política, que o funcionário superior não domina, mas quer dominar.
Carlos Costa até ganha muito bem, pode saber o que é o crowding out, mas falta-lhe muito para mostrar que é um português de primeira, porque também não vai prescindir dos subsídios de férias e de Natal, para bem da Nação e dos problemas que tem em mãos.
Para não ser acusado de ignorante, fique informado sobre o crowding out, mesmo que não perceba, porque quem sabia e percebia, levou-nos à “tralha” em que estamos…
O Efeito de Crowding Out (em português, Efeito de Deslocamento ou de Evicção) corresponde a uma redução no investimento e de outras componentes da despesa agregada sensíveis às taxas de juro, sempre que o Estado aumenta a despesa pública. Este efeito é justificado pelo facto de existir um mecanismo de transmissão entre o mercado monetário e o mercado de bens e serviços. De facto, quando o Estado aumenta os seus gastos (ou quando reduz os impostos) ocorre, no curto prazo, um aumento da despesa agregada, aumento esse ampliado pelo efeito do multiplicador da despesa. Contudo, o aumento da despesa agregada (e consequentemente dos preços) originará um aumento da procura de moeda por motivo de transacções, que por sua vez irá provocar um aumento das taxas de juro. As taxas de juro poderão aumentar também pela emissão de dívida pública para financiar o acréscimo de despesa do Estado. Este aumento das taxas de juro irá por sua vez provocar uma descida do investimento e de outras componentes da despesa agregada mais sensíveis às taxas de juro. É a esta redução de algumas componentes dadespesa agregada após o aumento das despesas públicas que é dada a designação de efeito de crowding out. Devido a este efeito, o impacto da política orçamental é atenuado, ocorrendo também uma alteração nas componentes da despesa agregada.

Contramarés sem contrapé… 3 dez.

O modelo de recapitalização que permite aos bancos acederem à linha de 12 mil milhões prevista no memorando da troika pode levar o Estado a tribunal.
O Executivo de Passos Coelho não é poupado na carta enviada pelos banqueiros portugueses ao comissário europeu Olli Rehn. Acusando "quebra de direitos e liberdades constitucionais" nas alterações previstas ao Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, a Associação Portuguesa de Bancos fala em “nacionalização” e pondera dirimir a questão nos tribunais.

Crie-se a Europa dos cidadãos, já!

Estará a UE a transformar-se num império governado pela Alemanha? Para o sociólogo alemão Ulrich Beck, devíamos aproveitar este receio generalizado e muito debatido, para estabelecer uma nova organização da União, com base numa verdadeira comunidade de cidadãos.
A Europa já antes realizou um milagre: inimigos passaram a bons vizinhos. À luz da crise do euro, temos uma vez mais de enfrentar a questão crucial: como pode a Europa garantir paz, liberdade e segurança aos seus cidadãos, no meio das tempestades arriscadas que assolam o mundo globalizado? Isto apela para nada menos que um segundo milagre: como pode a Europa da burocracia tornar-se uma Europa dos cidadãos?
Era uma vez… Depois de a dívida grega ter sido reduzida, as pessoas começaram a respirar e a ter esperança: a Europa tinha sobrevivido e estava mesmo suficientemente forte e ágil para superar os seus problemas. Então, o primeiro-ministro grego, George Papandreu, anunciou que queria colocar a questão fatídica ao povo grego num referendo. De repente, veio à tona uma realidade oculta e invertida. Na Europa, tão orgulhosa da sua democracia, alguém que pratique a democracia torna-se uma ameaça para a Europa! Papandreu foi forçado a cancelar o referendo democrático.
Embora ainda há pouco tempo contássemos, para citar o poeta alemão Hölderlin, que "onde há perigo, cresce também a salvação", está agora a aparecer no horizonte uma contrarrealidade nova: onde há salvação, cresce também o perigo. De imediato, insinuou-se na cabeça das pessoas uma questão nervosa: as medidas tomadas para salvar o euro estarão a acabar com a democracia europeia? Será que a UE "resgatada" está a deixar de ser uma União Europeia, tal como a conhecemos, e a tornar-se um IE, um Império Europeu com selo alemão? Esta crise interminável estará a parir um monstro político?
Não há muito, era comum falar-se em termos depreciativos sobre a dissonância dentro da União Europeia. Agora, de repente, a Europa tem um único telefone: toca em Berlim e, de momento, pertence a Angela Merkel.
Derrubar os Potemkin erguidos por países devedores
Alguns alemães acreditam que o seu modelo exerce uma atração magnética sobre os povos da Europa: os europeus estão a aprender alemão, dizem. Mas seria mais realista perguntar: qual é a base do poder em execução? Angela Merkel ditou que o preço de dívidas sem restrições é a perda de soberania.
Esse futuro que ganha forma no laboratório da recuperação do euro como um efeito colateral intencional assemelha-se – hesito em dizê-lo – a uma variante europeia tardia da União Soviética. Uma economia centralizada já não significa elaborar planos quinquenais para a produção de bens e serviços, mas planos quinquenais para a redução da dívida. O poder executivo tem vindo a ser colocado nas mãos de "comissários", autorizados por "direitos de acesso direto" (Angela Merkel) a não hesitar em derrubar os Potemkin erguidos por famigerados países devedores. Todos sabemos como a URSS acabou.
Mas haverá alguma oportunidade no meio da crise? O antigo Presidente norte-americano John F. Kennedy em tempos surpreendeu o mundo com a sua ideia de criar um corpo de paz. Por analogia, a neo-europeia Angela Merkel devia atrever-se a surpreender o mundo com a perceção e iniciativa de que a crise do euro não é apenas uma questão de economia, mas do início da europeização da Europa a partir de baixo, de diversidade e autodeterminação, de um espaço político e cultural em que os cidadãos não se confrontam uns aos outros como inimigos privados de direitos e sugados até à medula. Crie-se a Europa dos cidadãos, já!
A liberdade precisa de um terceiro pilar
O Estado de Direito e o mercado não são suficientes. A liberdade precisa de um terceiro pilar, para se tornar segura: é ele a sociedade civil europeia. Em termos mais concretos, há que construir a Europa e a atividade cívica europeia. Tal prática cívica autónoma, com a concessão de financiamento básico aos jovens desempregados da Europa, iria, sem dúvida, custar muito dinheiro, mas representaria apenas uma fração dos zeros que foram e vão continuar a ser, provavelmente, engolidos pela recuperação dos bancos.
Não devemos ter medo da democracia direta. Sem oportunidades transnacionais para intervenções de baixo para cima, sem referendos europeus sobre os temas europeus que fazem tremer o navio oceânico Europa, a empresa irá falhar no seu conjunto. Porque não fazer eleger diretamente o presidente da Comissão Europeia por todos os cidadãos europeus no mesmo dia, tornando-os, assim, pela primeira vez, europeus no sentido estrito?
Também podia fazer sentido nomear uma nova assembleia constituinte, que, desta vez, conferisse legitimação democrática a uma outra Europa – chamemos-lhe "Comunidade Europeia de Democracias". Isso seria apenas um começo, não a resposta para a crise europeia. Temos que falar da Europa do citoyen, do citizen, do burgermaatschappij, do ciudadano, do obywatel, etc., dados os antagonismos escondidos na fórmula unificadora "Europa dos cidadãos". Como é possível uma democracia europeia sem desautorizar os parlamentos nacionais? Supondo que se reconhece que a aplicação de direitos democráticos envolve e requer muitas vias, pode a autoridade democrática de uma Europa cosmopolita ser acompanhada por um reforço das democracias nacionais nos Estados-membros?
A resposta passa por essa nova Europa não seguir o modelo alemão de euro nacionalismo, mas o de uma emergente Comunidade Europeia de Democracias. E a partilha de soberania tornar-se um multiplicador de poder e democracia.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Ecos da blogosfera – 2 dez.

Merkozy plagiam as ideias e os passos de Passos…

A saída de Portugal do euro é uma "eventualidade" para a qual o primeiro-ministro diz que "temos de estar preparados". Ainda assim, Pedro Passos Coelho considera que "a implosão do euro seria uma catástrofe e provocaria a recessão à escala global" e que ditaria o fim da União Europeia. "Não haverá solução duradoura para a União Europeia se não regressarmos à disciplina financeira", alerta.
A chanceler alemã Angela Merkel disse no Parlamento (alemão), que a Europa está prestes a criar uma união orçamental. "Não estamos apenas a falar sobre uma união orçamental, estamos prestes a realizá-la", afirmou, acrescentando que serão necessárias "regras rígidas, pelo menos para a zona euro".
Na quinta-feira Merkel e Sarcozy estiveram a debater formas de "repensar e refundar a Europa", um plano que pretendem apresentar na Cimeira de Bruxelas, a 9 deste mês.
Na entrevista do porta voz do governo de Vítor Gaspar, Passos Coelho afastou a “inevitabilidade” da saída do euro e da sua derrocada, embora tivesse dado a entender nesta notícia, contrariando relatos de outros media) que há um Plano B, embora seja público que Merkozy não o tem, o que pode ajudar a Europa nessa “eventualidade”…
E curiosamente, sublinhou que a solução para a UE, não para os cidadãos europeus, está no regresso(?) à disciplina financeira, que é o mesmo que dizer, regular os Estados e deixar desregulados os Mercados…
Agora vem a Angela dizer (no parlamento alemão), que a Europa (dela) está prestes a criar uma União Orçamental, dando a entender que desta vez não é paleio e é mesmo para ir para a frente, acrescentando que serão necessárias regras rígidas (disciplina financeira imposta aos outros países), pelo menos para a zona euro, exatamente o que prognosticou PPC. Coincidência!
Só não se entende por que a dupla Merkozy não gosta do “perlesidente” da CE, Durão Barroso, que até já deu provas de ser especialista em derrocadas, como fez cá no burgo e vão atrás das ideias de um iniciado, que nem tem a certeza do que propõe…
De uma maneira ou de outra, estamos feitos e eles é que nos fazem a cama (à espanhola) em que nos vamos deitar…

Contramarés sem contrapé… 2 dez.

Ponto final no impasse político da Bélgica. Ao fim de 535 dias sem Governo, os 6 partidos flamengos e francófonos, que se encontravam em negociações desde Agosto para tentar solucionar a crise de governação e que constituía recorde mundial, chegaram ontem à noite a acordo para formação de um novo Executivo.

“Check-in” para uma zona de desconforto…

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De uma palmeira que já não há
Colher a flor que já não dá
E algum amor talvez possa espantar
As noites que eu não queria
E anunciar o dia...
Tom Jobim/Chico Buarque

Neste Novembro despedaçado, uma fuga pode ajudar a acalmar a alma e iludir o espírito. Assim, vou ali e já venho. Nem levo mala para despachar. Basta-me uma mochila. Chego cedo, sento-me no café do aeroporto e fico a admirar a paisagem humana. São tantas as histórias que por ali pululam… Sim, porque um aeroporto é como um templo, um lugar para chorar pelos que partem ou, ainda mais forte e bonito, pelos que voltam. Entre uma coisa e outra, há o Céu. Acho que não é preciso aprofundar a metáfora.
Naquela montra de emoções, retenho-me numa. Pelo que pude perceber, o João está a migrar para São Paulo. Tem muitos amigos o rapaz. E uma família tão ruidosa como plena de carinho. Há abraços longos e comentários encorajadores: “Vai dar tudo certo”; “É o melhor que tens a fazer”; “Um dia isto melhora e tu voltas”; “A mãe não pode ir no Natal, mas visito-te nos teus anos”.
Não conheço o João e não sei quando ele faz anos. Mas espero que a sua mãe possa cumprir a promessa. O primeiro aniversário no exílio é sempre algo um pouco triste. E é de exilados que fala este texto. De uma legião de portugueses que tem vindo a concluir (não exactamente por gosto) que a saída mais rápida para os problemas do país, cada vez mais, é o aeroporto.
Vou ali e já venho. Faço uma pequena digressão mas retornarei ao tema principal. Tenho a mania de, quando falo do passado a um interlocutor mais jovem, perguntar se ele já estava vivo na época em questão. Nem me passa pela cabeça indagar se o indivíduo já havia nascido. O que me interessa é saber quando é que alguém começou a viver (diverte-me a consequente ideia de que antes de “já estar viva” a pessoa “ainda estava morta”).
Mas ninguém é obrigado a viver uma só vida. Não que isso tenha algum mal ou seja vergonhoso. Tivera eu a sorte de encontrar uma vida que me servisse como um fato italiano de bom corte. Ficaria logo com ela. No limite, se o dia-a-dia provocasse manchas visíveis ou rasgões incómodos, mandava-a para a tinturaria ou para o alfaiate. Mais vale uma boa vida remendada do que uma vida nova desengraçada e sem conserto.
Quem migra muda de vida. Migrar é uma das experiências mais intensas que o ser humano pode viver.
Há quase 21 anos (30 de Novembro de 1990), eu era um João (só que em vez de na Portela, no Galeão), como esse que, para fazer-se de forte, segura as lágrimas frente aos seus entes queridos. Eu era um João fugindo de um lugar sem horizontes, cansado de bater em portas fechadas, farto de apanhar das estatísticas, sedento de qualquer coisa que pudesse parecer com uma oportunidade. Salvou-me a realidade de haver um país do outro lado do oceano que, ouvira dizer, mantinha laços culturais com o meu e onde as pessoas falavam a mesma língua.
João, mesmo sem te conhecer (e permita-me o tratamento por tu) emociona-me a tua coragem e desejo-te toda a sorte do mundo. Que o meu outro país seja também a tua casa (e agradeço-te por ter permitido que o teu se tornasse a minha). Não tenhas demasiadas ilusões mas nunca pares de sonhar. Celebra os dias bons mas tem paciência com os maus. Se estás prestes a renascer, lembra-te que não existe parto sem dor.
João, mesmo que agora doa o facto de teres que ir embora não por opção mas por falta de opções, cedo ou tarde essa mágoa com o teu país (arrisco dizer, nosso) passará. Sempre passa. Porque uma pessoa até pode ser tirada do seu povo, mas esse povo nunca sairá de dentro da pessoa.
João, entra no teu voo, fecha os olhos e, se o for o caso, abra o choro. A TAP também serve para isso, para quem parte é último colo de mãe. Depois, quando estiveres mais tranquilo, olha pela janela e verás apenas o infinito. Que é o que te espera.
E de uma coisa tem a certeza, rapaz: quem fica também se exila (pois quem parte leva um bocado de nós). Podemos ser Francisco, Hugo, Fabiano, Paola, Eduardo, Filipe, Ana, Margarida, mas no fundo, no fundo, somos todos Joões.
Edson Athayde

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Ecos da blogosfera – 1 dez.

A incerteza é a única certeza que PPC nos transmitiu…

O primeiro-ministro considerou que o maior risco que Portugal enfrenta neste momento "é o risco de declínio económico" e recordou que a previsão de uma quebra de 3% do PIB para 2012 pode não concretizar-se e ser pior devido a "razões externas". Nesse cenário, o governante admitiu que o Executivo teria de tomar novas medidas que não quis antecipar.
Passos Coelho notou ainda que apesar de o Orçamento para o próximo ano trazer alguma recessão, "também é uma condição de crescimento da economia". "Vamos dar um passo atrás para depois darmos dois passos em frente", argumentou, acrescentando que todos os sacrifícios agora exigidos destinam-se a que no final de 2012, e "sem alguma batota conjuntural, consigamos bastar-nos com os impostos que temos".
Sobre o desmembramento do euro, o primeiro ministro afirmou que "temos de estar preparados para todas as eventualidades", mas vincou que esse "é um cenário que não podemos admitir".
Não vão faltar análises às palavras ditas, mais ou menos coladas, mais ou menos distanciadas, mais ou menos…
Mas uma coisa é certa e que fique claro, se as coisas não correrem como descritas já sabemos de quem será a culpa de se concretizar o pior: as razões externas. Toma, que já há álibi…
Disse o PM, que TODOS reconhecem e TODOS OS PORTUGUESES também, que o Orçamento para o próximo ano vai trazer alguma(?) recessão, mas que ESSA É UMA CONDIÇÃO DE CRESCIMENTO DA ECONOMIA. Ora, tendo em conta que NEM TODOS reconhecem isso e até contrariam e até tem mais crédito do que ele e do que o ministro das Finanças (Austeridade: suicídio, ou assassinato em série?), é claro que vamos dar dois passos atrás para depois darmos um passo em frente, o que nos pode, apenas, evitar o abismo…
E mesmo reconhecendo que há riscos associados à consecução dos objetivos anunciados, o PM “garante” que todos os sacrifícios agora exigidos (a alguns), no final de 2012 e sem batota conjuntural (tirando as razões externas?), vão-nos bastar os impostos que temos. Mas à cautela (as almofadas passaram de moda) num cenário desses, mais que provável, admitiu tomar novas medidas, o que prova essa probabilidade... 
Sobre o desmembramento do euro, de que agora pouca gente tem dúvidas, o PM contramaré, afirma que há que estar-se preparados para todas as eventualidades, TODAS, menos a desse cenário, que não pode admitir, ou seja, TODAS MENOS UMA, que é "inevitavelmente" a inevitável…
Ficamos entendidos! A incerteza é a única certeza que PPC nos transmitiu…

Contramarés sem contrapé… 1 dez.

63 eurodeputados enviaram hoje uma carta às autoridades norte-americanas denunciando a violação dos direitos humanos de Bradley Manning, o soldado acusado de ter sido a fonte da informação do site Wikileaks. "Manning é acusado de ajudar o inimigo, o que pode ser punível com pena de morte, e isso é inaceitável", disse Marisa Matias do BE, sublinhando que "os direitos humanos devem ser respeitados em todo o mundo, incluindo nos Estados Unidos".

A ressurreição da EXTREMA DIREITA xenófoba?

Das sombras da crise pode emergir uma nova Europa. Uma Europa onde predominam o desencorajamento e a desconfiança para com os políticos, o nacionalismo e a islamofobia. Ameaças bem mais graves do que as que fazem pairar os números da dívida, escreve o Aftonbladet.
Um estudo atípico, intitulado “O novo rosto do ciberpopulismo”, foi apresentado no início de novembro pelo think-tank Demos, que perguntou a 10.000 militantes de extrema-direita de toda a Europa como é que veem a evolução da sociedade.
O Demos encontrou esses ativistas no ambiente onde eles evoluem, ou seja, nas redes sociais, com o objetivo de fazer uma análise da “nova direita” a partir do raciocínio dos seus próprios atores.
São extremamente ativos na Web, mesmo quando votam, manifestam e, de tempos a tempos, se envolvem noutros objetivos. O movimento reúne gente tão diferente como os arruaceiros da English Defence League e responsáveis políticos estabelecidos como Geert Wilders na Holanda ou Jimmie Åkesson na Suécia.
Uma "internacional" de indivíduos que não gostam de estrangeiros
Os seus membros não têm confiança nos responsáveis políticos nem no sistema jurídico. Votam, mas duvidam que o seu voto possa mudar alguma coisa. Nas suas fileiras encontramos sobretudo homens – a maior parte deles são jovens (dois terços dos ciberativistas têm menos de 30 anos).
É um cibermovimento transfronteiriço que, paradoxalmente, milita pelo restabelecimento das fronteiras. Uma “Internacional” constituída por indivíduos que não gostam de estrangeiros.
A extrema-direita europeia engloba várias tendências e movimentos e é sempre fácil cair na tentação de generalizar. Mas, na Europa, existe uma franja relativamente numerosa da população que tem medo de ver a sua identidade nacional desaparecer. A quem a integração europeia e a globalização assustam.
A Europa já fez a experiência do nacionalismo – o que conduziu à guerra e ao genocídio. Deveria, por isso, manter-se atenta. No entanto, parece não ser esse o caso.
As botas estão guardadas e prontas a serem usadas
Quando se fala nos défices, ouvimos muitas vezes dizer que é primordial restaurar a confiança dos mercados na Europa e nos seus países-membros. Por isso, a confiança dos cidadãos é fundamental. Sobretudo a dos jovens. Mas os líderes políticos europeus não parecem preocupados.
Por enquanto, o resultado da gestão da crise económica é um agravamento das desigualdades e a marginalização de grandes segmentos da sociedade. É na Grécia que se sentem os piores efeitos desta cura de austeridade: num ano, 400.000 pessoas perderam o seu emprego. Um quarto da população vive agora abaixo do limite da pobreza.
Quem se segue nesta lista? O que vai acontecer em Itália, agora que Berlusconi saiu? A atual situação parece ser um exemplo típico da maneira como não se deve tratar as pessoas se se quer evitar uma explosão social. Nos armários de sapatos da Europa, as botas estão guardadas e prontas para serem usadas.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ecos da blogosfera – 30 nov.

Mais 2 (maus) exemplos de 2 portugueses de 1ª…

Sintoma da nossa pobreza: o homem mais rico de Portugal terá colocado, para efeitos fiscais, nas despesas da sua holding facturas referentes a tampões higiénicos, artigos de mercearia, massagens e cintos de crocodilo.
Ficamos ainda a saber, que Américo Amorim terá considerado umas férias ao Brasil com a família (mulher, filhas, genros e netas) uma viagem de negócios dedutível em sede de IRC. E bem pode o inspector das finanças questionar de que negócios trataram em Belo Horizonte os netos do magnata...
Em Portugal, cumprem as suas obrigações fiscais os desgraçados e os que trabalham por conta de outrem. Pagar ao Fisco é coisa de pobre. Um rico não suja as mãos com declarações fiscais. Come-as ao pequeno-almoço. Há muito que o povo diz e repete: pagar e morrer quanto mais tarde melhor.
O ministro Pedro Mota Soares, que chegou de Vespa à tomada de posse do Governo de Passos Coelho, desloca-se agora num Audi topo de gama, que custou 86.000 euros, numa altura de cortes nos subsídios de Natal e de férias de funcionários públicos e pensionistas e em que se pede contenção aos portugueses.
Estes dois exemplos de pessoas com alto estatuto económico, um, e político, o outro, mostram bem a contradição entre o que lhes vai na alma e as palavras/atos.
No primeiro caso, embora ninguém possa atirar a primeira pedra, temos que concordar que o tamanho da pedra é bem diferente e não havia necessidade… Caramba! O português mais rico de Portugal tem o arrojo de durante 3 anos incluir nas declarações de IRC 3.100.000 euros de despesas individuais, só para poupar uns míseros 750.000 euros (o que dava para comprar 8 carros e umas lambretas) ao Fisco? Bem dizia ele que não era rico, mas um simples trabalhador, mas gasta mais em minudências do que um trabalhador a sério durante toda a vida, com os impostos já descontados…
Que a multa não lhe seja leve!
No segundo caso, mesmo com algum respeito pela militância e boa fé que se sentia neste ministro, não é o trocar de lambreta para um carro topo de gama que nos escandaliza e o descredibiliza, mas o facto de ser o ministro dos Assuntos Sociais, encher-nos os ouvidos com “os mais desfavorecidos”, quase sempre com uma lágrima ao canto do olho e ainda culpar o anterior governo por esta mordomia de marajás…
Que a consciência lhe fique pesada!
E nem um nem outro darão qualquer outro contributo ao SEU país, dispensando o subsídio de férias e de Natal, em 2012, com que terão de aguentar os que não podem fugir ao (con)FISCO!

Contramarés sem contrapé… 30 nov.

O WikiLeaks ganhou um prémio de jornalismo na Austrália, terra natal do seu fundador Julian Assange, pelo combate em prol da "liberdade de expressão e da transparência". Criado em 2006, divulgou documentos classificados do exército norte-americano e cerca de 250.000 telegramas diplomáticos, foi reconhecido pelo seu "excecional contributo para o jornalismo" na entrega anual dos Walkley Awards.

Novela francesa(?) regressa com capítulos nucleares…

Regressa a teoria da conspiração ao caso do ex-director do FMI, Dominique Strauss-Kahn, acusado de violar uma empregada de hotel em Nova Iorque: um jornalista de investigação norte-americano levanta a suspeita de que o seu telemóvel, desaparecido desde o dia em que ele foi detido, estaria a ser vigiado por pessoas ligadas ao partido do Presidente francês.
Uma investigação do jornalista Edward J. Epstein para a “New York Review of Books” e avançado ontem também no “Financial Times” baseia-se em documentos cedidos pelos procuradores e a defesa do ex-dirigente socialista, que na altura do escândalo, em Maio, era o político que mais franceses queriam ver como o próximo Presidente da República.
Na versão resumida da investigação, publicada ontem no "Financial Times", Epstein cita “várias pessoas próximas” do director-geral do FMI, segundo as quais ele foi informado por uma “amiga a trabalhar temporariamente como investigadora para a UMP” de que pelo menos um email que enviara à mulher através do seu Blackberry “tinha sido lido nos escritórios” do partido do presidente Nicolas Sarkozy, o alerta terá levado DSK “a suspeitar que poderia estar sob vigilância electrónica em Nova Iorque”.
A intenção de DSK seria pedir a um amigo que fizesse uma peritagem ao telemóvel, no regresso a Paris. Segundo os registos telefónicos, naquela manhã, DSK usou o aparelho para avisar a filha que chegaria tarde ao almoço que tinham combinado. Mas, horas mais tarde, a caminho do aeroporto, ter-se-á apercebido de que o tinha perdido.
Apesar de o Blackberry nunca ter sido encontrado, Epstein adianta que o circuito de GPS (que possibilita a localização do aparelho) foi desligado ao início da tarde e, dados recolhidos recentemente, indiciam que não terá chegado a sair do Hotel Sofitel.
O ministro do Interior francês rejeitou a possibilidade de ter havido um complot contra o ex-diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn.
Eptein disse-se convencido de que houve uma tentativa para "fazer fracassar" a candidatura de Dominique Strauss-Kahn à presidência, mas o jornalista não quis classificar o que houve como um "complot político" totalmente montado.
O “Le Monde” deste fim de semana destaca as novas revelações que alimentam as suspeitas de um complot contra o ex-chefão do FMI no escândalo sexual em Nova York e também uma investigação sobre uma rede de prostituição no norte da França vinculada a ele.
O conservador “Le Figaro” ataca mais uma vez a esquerda francesa e o candidato socialista às eleições presidenciais François Hollande baseado no polémico acordo firmado entre o PS e os ecologistas. Além de querer desmantelar o parque nuclear francês, o candidato Hollande derrapa mais uma vez ao sugerir que a França está pronta para renunciar ao seu direito de veto no Conselho de Segurança da ONU.
“Libération” dedica a sua manchete ao discurso de sexta-feira do presidente Sarkozy atacando a linha adotada pelo seu adversário socialista de diminuir a dependência do país da energia nuclear. No seu discurso, com ares de campanha eleitoral, Sarkozy quis tirar a credibilidade do acordo entre os socialistas e os ecologistas sustentando que a energia nuclear é um tema ligado à soberania nacional. Na manchete, o jornal parodia o título de um filme e atribui a Sarkozy uma frase cheia de ironia: "Nuclear, meu amor".
Nada de novo de que não se desconfiasse e se entendesse como plausível, se relermos o que AQUI se disse e indo mais longe, veja-se o que AQUI é descrito.
De novo, apenas a redução da desconfiança ao partido de Sarkozy, excluindo os EUA, alguns pormenores sobre o caso de que se diz que há provas e um tema “novo” da agenda da campanha eleitoral francesa, que passa pelo desmantelamento do parque nuclear francês, que o candidato socialista quer, ou pela sua manutenção, que o atual presidente parece defender com “garras e presas”… E entrando o NUCLEAR, qualquer bomba pode rebentar, a qualquer momento.
Esperemos por novos capítulos, mas sobretudo pelo final, já em 2012, porque dele depende o “jogo do eixo” e o nosso próximo futuro.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ecos da blogosfera – 29 nov.

Os CONFISCADOS e os INIMPUTÁVEIS

O Parlamento aprovou o corte nos subsídios de Natal e de férias, numa versão aligeirada: atingirá rendimentos brutos acima de 600 euros, sendo a sua aplicação progressiva até aos 1.100 euros, a partir dos quais o corte será total.
As alterações valem para pensões e para a função pública.
A injustificação
Constituição da República Portuguesa - Artigo 13.º - Princípio da igualdade
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.
Apesar de não se saber ao certo o número de Funcionários Públicos e de Pensionistas, extrapolamos dos números parciais e respetivas percentagens, que foram anunciadas pela maioria na Assembleia da República.
Nota: Dos inimputáveis, fazem parte os deputados, os detentores de cargos públicos, os trabalhadores privados, os administradores e os banqueiros.

Contramarés sem contrapé… 29 nov.

O Ministério das Finanças disse que as negociações para a compra do banco BPN pelo BIC serão fechadas nos próximos dias, estando a ser negociados os "últimos detalhes". A troika já tinha dado autorização ao Governo para liquidar o BPN, caso falhassem as negociações para vender ao BIC, por 40 milhões de euros, o banco nacionalizado em 2008.

A ditadura do comissariado: uma revolução em curso!

As mudanças políticas na Grécia, em Itália e em Espanha são a prova de que os líderes europeus alteram o equilíbrio de poder entre a sociedade e o Estado, a economia e a política, sem que saibamos onde é o lugar dos cidadãos, afirma o filósofo francês Etienne Balibar.
O que é que aconteceu na Europa entre a queda dos Governos grego e italiano e o desastre da esquerda espanhola nas eleições de domingo passado? Um episódio na história das mudanças políticas que se fazem à pressa a reboque da crise financeira? Ou antes a passagem de um limiar no próprio desenvolvimento desta crise, produzindo o irreversível ao nível das instituições e do seu modo de legitimação? Apesar das incógnitas, é preciso correr o risco de fazer um balanço.
As peripécias eleitorais (como aquela que muito provavelmente terá lugar em França dentro de seis meses) não sugerem grandes comentários. Percebe-se que os eleitores consideram que os governos são os responsáveis pela crescente insegurança em que hoje vive a maioria dos cidadãos dos nossos países e não têm grandes ilusões sobre os seus sucessores (mesmo sendo preciso fazer ajustamentos: depois de Berlusconi, percebe-se que Monti, por enquanto, bata todos os recordes de popularidade).
A questão mais grave diz respeito à viragem institucional. A conjugação das demissões sob pressão dos mercados que fazem subir e descer as taxas de juro, com a afirmação de um “diretório” franco-alemão no seio da UE e a entronização dos “tecnocratas” ligados à finança internacional, aconselhados ou supervisionados pelo FMI, não pode deixar de provocar debates, emoções, inquietações, justificações.
Revolução em curso
Um dos temas mais frequentes é o da “ditadura de comissariado” que suspende a democracia com o objetivo de recrear a sua possibilidade – noção definida por Bodin nos alvores do Estado moderno e mais tarde teorizada por Carl Schmitt. Hoje, os “comissários” não podem ser militares ou juristas, são necessários economistas.
Foi o que escreveu o colunista de Le Figaro, a 15 de novembro: “O perímetro e a duração do mandato [de Monti e de Papademos] deve ser suficientemente duradoura para permitir a eficácia. Mas devem, tanto um como o outro, ser limitados para garantir, nas melhores condições, o regresso à legitimidade democrática. Não é necessário que se possa dizer que a Europa só se faz às custas dos povos”.
A esta referência, no entanto, prefiro uma outra: a de uma “revolução a partir de cima” que, acossada pela necessidade (o colapso anunciado da moeda única), tente os líderes das nações dominantes e a “tecnoestrutura” de Bruxelas e de Frankfurt.
Sabemos que esta noção, inventada por Bismarck, designa uma mudança de estrutura da “constituição material”, em que os equilíbrios de poder entre a sociedade e o Estado, o económico e o político, resultam de uma “estratégia preventiva” por parte das classes dirigentes.
Não é isto que está prestes a acontecer com a neutralização da democracia parlamentar, a institucionalização dos controlos orçamentais e a fiscalização pela UE, a sacralização dos juros bancários em nome da ortodoxia neoliberal? Sem dúvida que estas transformações estão a ser germinadas já há muito tempo, mas nunca foram reivindicadas a título de uma nova configuração do poder político.
Wolfgang Schäuble não estava, por isso, errado quando apresentou como uma “verdadeira revolução” a futura eleição do presidente do Conselho Europeu por sufrágio universal, o que conferiria ao novo edifício o seu halo democrático. No entanto, a revolução está em curso ou, pelo menos, está esboçada.
Fim da Europa como projeto coletivo

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Ecos da blogosfera – 28 nov.

Zona Euro em contrarrelógio?

Portugal está a dar passos no sentido de solucionar a situação de crise, mas é necessária uma resposta ao nível europeu e rápida, se não o euro pode mesmo acabar. Esta é a opinião de dois jornalistas editores de economia do Financial Times (FT) e do New York Times (NYT) e acrescentam que a Europa tem agora 3 semanas para dar uma resposta à Zona Euro.
Já sobre Portugal, Wolfgang Munchau, do FT, e Raphael Minder, do NYT, sublinharam que a situação no nosso país se confunde com a da Zona Euro, uma percepção que influencia os mercados. Prova disso mesmo é o caso do corte no rating, por parte da Fitch, com impactos directos no sector financeiro.
Este “tetralema”, ficamos ou não ficamos na Zona Euro, o Euro resiste ou imola-se, já cheira mal, já cansa e agrava a vida de todo um continente. Se realmente só faltam 3 semanas para o xeque mate, que passem depressa porque os decisores são lentos e uns “empatas”.
E é preciso que gente de fora nos venha confirmar que a nossa crise está colada à crise do Euro, para além da responsabilidade dos nossos governos de há 20 anos e que por muito que façamos e muita fome passemos, nada mudará, enquanto não mudar a baixa estratégia Merkozy, desvirtuando a DEMOCRACIA, usurpando SOBERANIAS, ultrajando a HISTÓRIA DAS NAÇÕES e achincalhando a DIGNIDADE DOS POVOS.
Finalmente aparece alguém com responsabilidades a colocar a mão na ferida, a lembrar a necessidade de regulação os mercados financeiros e a “lembrar” que quem originou a crise ajude a pagá-la…
Ajudar a pagar, ou pagá-la TODA?
Michel Barnier: "Pedimos aos privados que participem na...
Como Comissário Europeu para os Mercados Financeiros, Michel Barnier está na linha da frente, na luta contra a crise económica e financeira. Dá corpo à necessidade que a União Europeia tem de regular os mercados financeiros. O comissário crê que a crise que atingiu a Europa teve origem nos bancos norte-americanos. É por isso que Michel Barnier acredita que as supervisões e responsabilização do sistema bancário são essenciais para proteger os poupadores europeus.

Contramarés sem contrapé… 28 nov.

O FMI preparou um plano de ajuda até 600 mil milhões de euros para a Itália caso a crise da dívida deste país se agrave, que permitirá à Itália encetar reformas económicas destinadas a incentivar o crescimento, a uma taxa entre os 4% e 6%, bem inferior à taxa obtida por este país nos mercados internacionais para colocar obrigações da dívida, a 2 e 5 anos, e que atinge os 7%.

Dois pequenos exemplos de gente GRANDE…

Um multimilionário chinês associado ao Governo de Pequim revelou que as autoridades islandesas recusaram a sua oferta de compra de parte da ilha.
"A recusa reflete o ambiente injusto e de meio pequeno que enfrenta o investimento das empresas privadas e do exterior", disse Huang Nubo, o empresário que pretendia adquirir 300 quilómetros quadrados da Islândia para desenvolver um projeto de ecoturismo.
Huang Nubo, que antes de entrar no mundo empresarial era funcionário público, previa gastar 6 mil milhões de euros na compra de parte da Islândia, que segundo analistas locais daria acesso à segunda potência mundial (China) a recursos naturais e a uma zona estratégica no transporte marítimo.
Enquanto a Irlanda faz o balanço do ano que se seguiu ao salvamento da UE e do FMI, todos os domingos, os habitantes de Ballyhea realizam um protesto silencioso contra aqueles que mergulharam o país na recessão.
As marchas são pequenas, isoladas, talvez mesmo inúteis – mas estamos a atravessar um período histórico em que os países mais pequenos são oprimidos e estão assustados, enquanto as grandes forças lutam para proteger a sua riqueza. Os pequenos atos de resistência têm a ver não só com luta mas, também, com dignidade, moralidade, princípios – e com manter a chama viva.
A Islândia vem nos habituando, que apesar das dificuldades económicas em que os quiseram encurralar, resiste da forma mais óbvia, rejeitando, obviamente, as soluções imediatistas, por razões de dignidade e de manutenção da sua soberania.
Depois dos 2 referendos em que se negaram a pagar as dívidas da Banca, mais uma nega numa outra estratégia de “invasão” externa, no caso da China, mesmo precisando do dinheirinho para fazer frente à outra estratégia (de quem?) da “anexação” financeira.
Dois apontamentos:
Até na China um Funcionário Público tem chances de progredir social e economicamente.
A inevitabilidade é uma treta! A dignidade, a moralidade e os princípios são valores que não tem cotação na bolsa…