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sábado, 23 de junho de 2012

E pronto! Tudo pior do que antes e pior no futuro…

Dilma Rousseff: "A Terra tem recursos limitados!"
A Europa: "... nós também"
O acordo de 53 páginas, fechado pelos governos de 191 países, "é a definição da economia dos próximos 20 ou 30 anos: como resolveremos a economia, as prioridades sociais e ambientais", disse Correa do Lago, negociador do Brasil e líder dos acordos, como país anfitrião.
"Os líderes do mundo reuniram-se para dizer que a prioridade máxima do mundo é a erradicação da pobreza, e a segunda prioridade é uma mudança dos padrões de consumo e produção que sejam viáveis para um mundo que terá 9 bilhões de habitantes em 2050", afirmou.
"Os instrumentos para essa mudança radical na economia serão os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável", lançados no documento e que são destinados a tornar obrigatórias a partir de 2015 as metas ambientais e sociais para todos os países, declarou.
Governos de cerca de 190 países, entre os quais chefes de Estado e de governo de aproximadamente 100 nações, aprovaram um acordo que encaminha o mundo para uma “economia verde” respeitadora do meio ambiente e que contribua para a luta contra a pobreza, num documento qualificado por ambientalistas e ONGs como pouco ambicioso e longe das necessidades do planeta.
Correa do Lago mostrou, no entanto, as manchetes que destacaram a falta de ambição após o encerramento da Eco92, hoje considerada um marco na história do desenvolvimento sustentável.
A declaração final da Cúpula dos Povos, apresentada pelos movimentos sociais e ambientais que compõem o evento paralelo à Rio+20, faz duras críticas ao documento elaborado pelos governos na conferência mundial do meio ambiente.
De acordo com os manifestantes, o evento mostrou um retrocesso em relação à Eco-92. "Há 20 anos, o Fórum Global denunciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam com a privatização e o neoliberalismo. Hoje afirmamos que, além de confirmar a nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos", afirma o documento da Cúpula. "A Rio +20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global."
Com a ausência de importantes chefes de Estado, os representantes de movimentos populares criticaram o modo como foi elaborado o texto final. "As instituições financeiras multilaterais, as coligações ao serviço do sistema financeiro, como o G-8 e G-20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta, e promoveram os interesses das corporações na conferência oficial", diz o documento, que se posiciona contra o desenvolvimento do conceito de economia verde.
Mesmo assim, os organizadores comemoraram o balanço do evento paralelo no Aterro do Flamengo. "Estamos satisfeitos com a nossa participação, pois cumprimos o nosso papel de fazer um contraponto a este evento mundial. A nossa previsão era de que não haveria avanço e isso confirmou-se quando nos reunimos com o secretário-geral da ONU, que respondeu de forma genérica e pouco contundente, dizendo que o documento da Rio+20 deveria ser considerado um primeiro passo", afirma um dos responsáveis pela organização da Cúpula dos Povos.
Para uns o copo ficou meio vazio e para outros está vazio de todo…
Já bastava a negritude do presente para esperarmos por um ambiente mais negro para uns, porque para outros os copos ficarão cada vez mais cheios!

Ecos da blogosfera - 23 jun.

Contramaré… 23 jun.

Entre os impostos indiretos, destaca-se o IVA (que representa quase metade do total da receita fiscal), e cuja receita caiu 2,8% em relação ao ano anterior. Além do IVA, outros impostos sobre o consumo voltaram a registar quebras significativas - reflexo de uma redução do consumo, especialmente de bens duradouros. Esta quebra era já esperada, mas está a ultrapassar as expetativas do Governo.

Filantropia ou misantropia?

A coisa parece decidida: Berlim vai impor a sua visão política e a sua ordem económica à UE. Não é fácil, escreve o Gazeta Wyborcza, porque o seu modelo social está em declínio e o país não está mais bem preparado do que os outros para a união política.
Muitos mitos foram crescendo em torno da política europeia da Alemanha, mitos que não permitem abarcar totalmente a gravidade da situação atual. Pelo menos dois exigem uma explicação.
O primeiro mito diz que a Alemanha – o maior beneficiário da moeda única e a maior economia da Europa – renunciou à solidariedade com o resto do continente e virou-lhe as costas. Na realidade, sem o apoio da Alemanha, a zona euro teria caído há muito tempo. Nos últimos três anos, Berlim concedeu mais de 200 mil milhões de euros em empréstimos e garantias de crédito a Estados-membros da conturbada zona euro.
O segundo mito diz que – apesar da crise – a Alemanha está hoje tão bem que perdeu o interesse na Europa e procura parceiros em países como a China ou o Brasil. É certo que foi o comércio com aqueles países que levou ao crescimento da Alemanha no primeiro trimestre de 2012, apesar da deterioração das condições de mercado. Mas as exportações alemãs continuam dependentes da zona euro, que representa 40% das transações (contra apenas 6% com a China). O colapso do euro e a agitação social e política que previsivelmente se seguiria em pelo menos algumas das economias da moeda única afetaria muito mais a Alemanha do que diversos outros países.
Fim da simbiose
As fontes do problema alemão da Europa – ou do problema europeu da Alemanha – residem noutro lado e são mais determinantes. Em primeiro lugar, a atual crise atingiu duramente a Alemanha. Não em termos económicos, mas em termos políticos e morais. Longe de anunciar o início de uma "Europa alemã", significa realmente o seu fim.
O sistema de moeda comum foi baseado no modelo alemão e o Banco Central Europeu é uma cópia do Bundesbank. A falência desta "Europa de Maastricht" destrói efetivamente dois pressupostos cruciais para a política da Alemanha – que as soluções alemãs são as melhores para a Europa e que o modelo económico alemão progride em simbiose com a integração europeia.
Antes de a crise começar, ambos faziam sentido. A Alemanha apoiou uma integração cada vez mais estreita, servindo de motor à formação do mercado comum e da moeda única – e isso beneficiou a Europa. Mas foi também um pré-requisito para a prosperidade do pós-guerra da Alemanha, que se baseou na reconstrução da reputação internacional do país e no desenvolvimento de uma economia orientada para a exportação. Nas últimas duas décadas, a Alemanha habituou-se a pensar que o que era bom para a Alemanha também o era para a Europa. Hoje, essa simbiose acabou.
Remédio para a crise
Para salvar a Europa, os alemães não precisam apenas de abrir os cordões à bolsa, mas também de abandonar os seus conceitos a respeito da Europa e da economia, considerados como garantia de sucesso da Alemanha nas décadas do pós-guerra. Isso significa um grande desafio político e intelectual.
O princípio inabalável de que cada país é responsável pelas suas próprias dívidas está hoje posto de lado. O BCE tem desempenhado um papel fundamental na recuperação da economia de vários países da falência, contrariando o dogma alemão de que a manutenção da estabilidade monetária é a única função da instituição.
É um paradoxo que a Alemanha precise de se reinventar num momento em que o seu modelo tem mais êxito que nunca, com a economia em crescimento e o desemprego mais baixo de sempre. Mudar de rumo nestas circunstâncias requer uma grande dose de coragem e determinação, que Merkel não tem.
A fraqueza do gigante
O segundo motivo, pouco conhecido, para o presente dilema europeu da Alemanha tem a ver com a sua própria situação socioeconómica. Os benefícios do sucesso económico da Alemanha da última década têm tido uma distribuição muito desigual. A desigualdade económica tem crescido mais rapidamente do que no resto do mundo industrializado.
Durante a fase de crescimento, a competitividade das exportações da Alemanha deveu-se precisamente, em grande parte, a valores de mão de obra, ou seja, baixos salários. Quem antes estava desempregado beneficiou realmente com a criação de novos empregos. Mas a qualidade da maioria desses empregos está muito longe do confortável epíteto de "capitalismo do Reno". A Alemanha detém a maior quantidade de contratos de trabalho “descartáveis” da Europa.
A isso somam-se elevadas dívidas de muitos municípios, que, forçados a introduzir medidas de austeridade drásticas, fecham serviços públicos, piscinas, centros culturais e de saúde. Paradoxalmente, a erosão do modelo social alemão acelerou-se a partir do lançamento do euro e do resultante “boom” económico.
Enquanto a Europa vê a Alemanha como uma potência económica que domina todo o continente, os alemães – apesar da prosperidade – assistem a uma crise do modelo de Estado social e de crescimento do bem-estar a que se tinham habituado a seguir à guerra.
Défice democrático
O terceiro problema da Alemanha em relação à Europa tem a ver com democracia. A recusa dos alemães em aceitar a criação de “eurobonds” (títulos europeus de dívida) ou outras soluções mais radicais prende-se com o facto de considerarem que tal transferência de prerrogativas para a UE iria obrigar a alterações na sua constituição. O Tribunal Constitucional de Karlsruhe assim o defendeu em tempos, definindo os limites possíveis para a integração.
A UE tem hoje um problema real de democracia. Um dos aspetos é a tecnocracia, que, como aponta Ivan Krastev na edição mais recente de Polityczny Przegląd ("Comentário político"), significa que, na Itália ou Grécia, "os eleitores podem mudar governos, mas não a política económica".
A outra face deste problema é a falta de vontade política por parte das sociedades (não apenas da alemã) em delegar mais poderes à UE. Talvez a Europa só possa ser salva com um grande passo na direção de uma união política, mas é precisamente a isso que a opinião pública dos Estados-membros se opõe.
O economista norte-americano Raghuran Rajan escreveu há algum tempo que os políticos são incapazes de responder a perigos de escala desconhecida. É uma boa explicação para a posição de Angela Merkel. Até agora, a política alemã concentrou-se em minorar danos e tentar preservar ao máximo a "Europa alemã".
Nos últimos tempos, a chanceler Merkel vem mencionando a necessidade de criar uma união política, perspetiva que os dirigentes da UE irão discutir na cimeira do final deste mês. Não é Berlim, mas Paris, que se pode revelar o maior obstáculo a esse processo. O dilema "colapso da UE ou união política" tornou-se muito real. Talvez a maior falha de Merkel tenha sido a sua incapacidade para preparar o público para ambos os cenários.
MERKEL/HOLLANDE - Entre o narcisismo e a histeria
Ao oferecer 100 mil milhões de euros em garantias à Espanha para resgatar o sistema bancário do país, a chanceler Angela Merkel "esqueceu os seus princípios por momentos". Deixou também no ar a ideia de que os gregos iriam ser igualmente beneficiados. Mas, como realça a Newsweek Polska, isso ainda não significa uma reversão da política de austeridade e de cortes no orçamento:
A Alemanha tornou-se um gigante narcisista – muito orgulhoso do seu êxito... A chanceler parece estar a dizer a todos na UE: ‘Sejam como nós’. Este narcisismo não seria tão trágico se não se tivesse dado o render da guarda em França. Ao invés de procurar novas soluções, o novo Presidente francês está apenas interessado em dizer mal de Berlim. Vem exigindo histericamente que Merkel – sem quaisquer condições à partida – assine um enorme programa de ‘eurobonds’, que os alemães não terão capacidade de cobrir. Esta é a fotografia da liderança da UE cinco minutos antes do desastre. O narcisismo alemão está no comando. E a histeria francesa continua a fazer exigências irrealistas, porque é a única coisa de que é capaz.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

E a jornalista (mentirosa) safou-se! Que sorte!

O ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, afirmou estar tranquilo em relação ao relatório da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) acerca do caso das alegadas pressões sobre uma jornalista do Público.
Pode ser confusão minha, mas esta notícia parece ser anterior à decisão da ERC, quando se já conhecia o relatório (fuga de informação?), mesmo antes da decisão sobre o mesmo. Por isso poder-se-á pensar que quando Relvas disse o que disse já sabia, como todos nós, o que constava nos papéis e daí a sua tranquilidade…
Carlos Magno, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), disse que considera que “houve uma pressão inaceitável, não houve uma pressão ilícita” do ministro Miguel Relvas ao ‘Público’ e aos seus jornalistas e acrescentou ainda que se sente “muito honrado por ter feito uma deliberação que defende o poder editorial”.
Sobre a votação, que contou com os votos contra de Arons de Carvalho e Rui Gomes, vogais da ERC cujos nomes para o regulador foram sugeridos pelo PS, Magno não fez comentários. A deliberação, que foi aprovada com o voto do presidente da ERC e das vogais Raquel Alexandra e Luísa Roseira, sugeridas pelo PSD para a entidade, ilibou Miguel Relvas de pressões ilícitas, ao dar como “não provado” que o ministro tenha ameaçado promover um blackout informativo de todo o Governo em relação ao Público e que o ministro tenha ameaçado divulgar na internet um dado da vida privada da jornalista Maria José Oliveira.
Para começar, o que me parece inaceitável, e devia ser ilícito, é que um órgão formado por membros indigitados por dois partidos e de um dos quais o “arguido” era o chefe, “julgue” os seus comportamentos, por mera incompatibilidade. E a coisa torna-se evidente, quando dois desses membros afetos ao PS votam contra o relatório e os dois do PSD votam a favor. Num à parte, é curioso que o jornalista tenha registado o silêncio do Presidente da ERC sobre o sentido de voto dos do PS e não tenha registado nada sobre o sentido de voto dos do PSD…
Quanto ao Presidente, como é cooptado, não se sabe se tem partido, ou se algum partido o tem, mas não se percebe quando se diz muito honrado por “ter feito” uma deliberação, porque as deliberações não se fazem, tomam-se, individualmente e em consciência. Mas deixemos para lá!
O que deixa fumo no ar, é dizer-se que determinado comportamento seja inaceitável e acabe por ser aceite por não ser ilícito. Já sabemos que há conceitos jurídicos que não dominamos, mas como a ERC não é nenhum tribunal, as suas interpretações deviam basear-se na ÉTICA e aí cheira-me que há contradição.
Contradição, mesmo, está na ilibação do ministro, sem qualquer “condenação” da jornalista e da redação do jornal, porque se não ficaram provadas as ameaças daquele, alguém mentiu, impunemente… Parece uma daquelas decisões judiciais sobre corrupção, em que há corruptor sem corrupto ou vice versa…
Então num país de direito, uma pessoa (uma jornalista) inventa inverdades sobre um MINISTRO, ainda por cima ADJUNTO e com muitos mais títulos e nem uma repreensão por escrito apanha? Nem é obrigada a pedir desculpas ao Sr. ministro, que até teve a educação de o fazer à chefe de redação do jornal, voluntariamente, só pelo tom estridente com que lhe falou?
Afinal já chegamos à Madeira!
O ministro Miguel Relvas “está tranquilo como sempre esteve” e considera que a deliberação da ERC “fala por si”, adiantou fonte do gabinete do ministro dos Assuntos Parlamentares.
Pode ser confusão minha, mas esta notícia parece ser posterior à decisão da ERC e por isso já se poderá pensar que Relvas estivesse mesmo tranquilo…
Só não se percebe que o gabinete do ministro dissesse que considerava que a deliberação da ERC sobre Relvas falava por si… Pelo ministro? A língua portuguesa é mesmo traiçoeira…
E viva a peluda!

Ecos da blogosfera - 22 jun.

Algumas verdades (óbvias) que não podiam ser ditas…

Ao criticar a utilização da crise económica como uma "desculpa" para não se investir na proteção ambiental, o presidente equatoriano Rafael Correa disse que as nações ricas precisam mudar o foco das suas ações. "Não devemos pensar em salvar o sistema financeiro, e sim o meio ambiente. Todos aqui sabem o diagnóstico para o problema, a questão é política. Quem polui, quem degrada, não faz esforço para mudar", disse durante o plenário com os chefes de Estado na Rio+20.
"Imagine se existisse uma selva amazónica nos países ricos e nós, os pobres, consumíssemos os seus recursos. Com certeza eles já teriam exigido compensações", disse ao defender que o conceito da Eco92 de responsabilidades comuns, mas diferenciadas, precisa ser efetivamente cumprido. "Eles poluem mais, degredam mais, mas a conta cai sempre sobre os pobres", afirmou ao arrancar aplausos na plateia.
Ao lembrar o discurso de uma adolescente canadiana - A menina que calou o mundo - na abertura do evento, Correa criticou a ausência de líderes das principais nações ricas. "No grupo dos 20 mais ricos, 80% não veio a esta conferência. Para eles não é importante e continuará a não ser enquanto não se mudar as relações de poder". O equatoriano disse ainda que espera que ocorra uma "sensibilização" dos governantes. "A esperança é que esses próprios cidadãos do norte, que vivem em função do capital, percebam essa necessidade. Os indignados do mundo ainda têm esperança numa nova forma de poder".
Aproveitou também para criticar o documento final da Rio+20, que não contemplou a criação de uma declaração universal do direito da natureza, como defendia o Equador. "Pela nossa iniciativa, teríamos um tribunal internacional que obrigasse todos a cumprir os direitos da natureza. Seria uma enorme mudança para o bem-estar do planeta", destacou.
O presidente mostrou um gráfico para exemplificar a diferença no percentual de emissões de CO2 de nações pobres como o Equador, de ricas como os Estados Unidos. "Com o excesso de consumo dos ricos, quem sofre são os pobres. Esta é uma das maiores injustiças do planeta", completou.
Sobre a Rio+20
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Até amanhã, ocorre o Segmento de Alto Nível da Rio+20, com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron.

Contramaré… 22 jun.

O ministro explicou que o comportamento das receitas fiscais "não é positivo" e que “os valores estão abaixo do esperado". Em concreto, referiu-se às receitas do IRC que registaram "uma evolução menos favorável do que se esperava em resultado dos menores lucros das empresas neste contexto de recessão prolongada". Gaspar também não disse se conta adoptar novas medidas de austeridade para assegurar o cumprimento dos compromissos europeus.

A História revisitada para o BEM ou para o MAL?

“Devido a teorias erradas, a atenção excessiva às políticas de austeridade levou ao desemprego em flecha, a quebras significativas no sistema democrático e, em última análise, à catástrofe do Nazismo”. A descrição sucinta das políticas seguidas pela Alemanha nos anos 30 foi ontem feita por um austríaco, Ewald Nowotny, membro do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE). “Temos de evitar os erros cometidos nessa década e lembrarmo-nos que esta é uma questão subjacente aos tempos que vivemos”, apelou o dirigente do BCE.
Em 1932, o Partido Nazi conseguiu duplicar a sua votação, depois de 2 anos de uma forte política de austeridade levada a cabo por Heinrich Bruening. O então chanceler aumentou taxas e impostos, cortou nos apoios estatais, promoveu cortes salariais, tendo, para tudo isto, passado ao largo das competências do parlamento, para o que recebeu ajuda do presidente, através de decretos. A ideia era subir as exportações e ajudar o país a pagar as indemnizações da Primeira Guerra Mundial, estabelecidas pelos acordos de Versalhes.
Este não é o primeiro aviso do género. No final do ano passado, o chanceler Helmut Schmidt dizia-se preocupado com o facto de a Alemanha estar a esticar a corda da austeridade dentro da zona euro, comparando as medidas agora tomadas com a política seguida nos anos 30 por Bruening, durante a República de Weimar, que qualificou de “desastrosa”.
GRANDE DEPRESSÃO
Nowotny explicou ainda que a determinação em evitar os erros cometidos nos anos 30 esteve várias vezes presente nas discussões entre os representantes dos bancos centrais quando a crise rebentou.
E recordou também o facto de que o presidente da Reserva Federal norte-americana, Ben S. Bernanke, beneficiou a sua intervenção na crise com o facto de ser um especialista do período da Grande Depressão, causado pelo crash bolsista de Nova Iorque em 1929. “Isto deu-lhe a capacidade de ter um feeling mais apurado que muitos de nós acerca dos perigos que toda esta crise encerrava”.
O membro do BCE explicou que a Europa “esteve muito próxima de derreter em termos financeiros e foi só através dos múltiplos esforços do Banco Central Europeu que se conseguiu evitar uma enorme catástrofe”.
Sobre o euro, Nowotny afirmou que “o euro continua a funcionar em pleno” e que, na sua convicção, “vai continuar a funcionar por um longo e indefinido período de tempo”.
Faltam acrescentar, pelo menos, as medidas “redentoras” dos “Boys de Chicago” durante a ditadura de Pinochet, exatamente as mesmas aplicadas nos países já intervencionados e propostas pelo FMI para a Espanha e seguramente para a Itália, embora estes dois últimos países estejam a ser tratados como iguais, mas mais iguais do que os outros…
Vamos a ver se a História se repete, embora digam que não!
E se as mesmas causas tiverem os mesmos efeitos como é seguro?

quinta-feira, 21 de junho de 2012

+ “despedimentos” - subsídios = “direitos adquiridos”

A recente subida do desemprego valida as opções políticas do Governo, revela o estudo do Executivo.
O Governo garantiu que as novas regras do subsídio de desemprego iriam manter os direitos adquiridos, mas ainda assim houve quem preferisse despedir ou ser despedido antes da entrada em vigor da nova legislação, para assegurar um subsídio de desemprego mais elevado.
Esta é uma das conclusões do relatório "A evolução recente do desemprego", que o Governo divulgou. "O efeito antecipação face às alterações anunciadas no valor do subsídio de desemprego poderá explicar parcialmente o aumento da taxa de desemprego", refere o documento disponibilizado pelo Ministério da Economia e Emprego. "A evidência disponível para o período entre o 3º trimestre de 2011 e o 1º trimestre de 2012 parece apontar para este facto", diz o estudo. Isto porque, "o peso dos novos beneficiários de subsídio no total dos novos desempregados aumentou de 50% para 56%", "o número total de contratos terminados por mútuo acordo entre o empregados e o trabalhador aumentou para o dobro" e, por fim, "o peso dos novos subsidiados com a duração de prestação de desemprego mais elevada (igual ou superior a 540 dias) aumentou de 30% para 40%".
As novas regras do subsídio de desemprego, que entraram em vigor a 1 de Abril, prevêem que quem pediu o subsídio depois daquela data tem direito no máximo a um apoio de 1.048 euros. Quem pedisse o subsídio, por exemplo em Março, tinha um tecto de subsídio mais alto, de 1.257,66 euros. Além disso, o corte adicional no subsídio 6 meses depois de o começar a receber não se aplica a quem solicitou o apoio antes das novas regras. Nos restantes aspectos da lei - como a duração do subsídio de desemprego -, o Governo assegurou a manutenção dos direitos adquiridos. 
Blá, blá, blá, números para aqui, números para acolá, mas o que sobressai do estudo do Executivo é que realmente estão a conseguir os objetivos ocultos que pretendiam.
Diziam e dizem que o embaratecimento dos despedimentos por mútuo acordo ou não, garantia os direitos adquiridos dos trabalhadores e administradores (que também trabalham) e não enganaram ninguém, porque ninguém ficou impedido de se despedir e de ser despedido…
Diziam e dizem que o embaratecimento dos despedimentos dos trabalhadores e administradores (que também trabalham) por mútuo acordo ou não, era um método eficaz para a competitividade, o que ficou provado pelo encerramento contínuo de empresas e sem que os estrangeiros viessem (ou venham) a investir em Portugal…
Diziam e dizem que o embaratecimento dos despedimentos dos trabalhadores e administradores (que também trabalham) por mútuo acordo ou não, ajudaria a reduzir as taxas do desemprego, mas o que se notou, mesmo antes de a medida entrar em vigor, foi o contrário e (des)controladamente…
Como se verifica, o efeito conseguido com o embaratecimento dos despedimentos dos trabalhadores e administradores (que também trabalham), por mútuo acordo ou não, mais a redução dos subsídios de desemprego, foi a aceleração dos despedimentos por mútuo acordo ou não, que beneficiando os empregadores e minimizando os estragos dos (des)empregados, serviu que nem uma luva a quem prefere um passarinho na mão…
Resumindo e concluindo: quanto mais despedimentos por mútuo acordo menor a taxa de desemprego (sucesso!), quanto menos desempregados menos subsídios (sucesso!), quanto menor o subsídio de desemprego mais poupança (sucesso), quanto mais nos enganarem menos infelizes andaremos (sucesso), só que a realidade não é feita de números, nem de blá, blá, blá e as pessoas é que sofrem com o que se lhes tira ou não dá… Insucesso!
Sucesso para o governo (bom aluno), insucesso para os cidadãos (os bombos da festa), que ainda por cá estão (a estragar as estatísticas)…
Quod erat demonstrandum!

Ecos da blogosfera - 21 jun.

Vamos brincar ao Ambiente? Sem compromissos!

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que esperava que a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, tivesse um rascunho de documento final mais ambicioso. Acredita, no entanto, que ainda é possível que os chefes de Estado e de Governo que participam do evento “desempenhem o seu papel de cidadãos globais e analisem as questões de maneira mais integrada e abrangente”.
“As negociações foram muito difíceis e lentas devido às ideias conflituantes, aos anseios e interesses próprios de cada país. Mas esse não é um fim, é apenas o início de muitos processos que estão para vir. São os líderes mundiais que podem decidir, eles são quem tem vontade política e precisam ir além dos interesses nacionais e de grupos específicos”, afirmou. “A minha mensagem para os líderes globais é clara: o desenvolvimento sustentável chegou para ficar. Os nossos recursos são escassos e o tempo está a acabar. A natureza não negocia com os seres humanos”, enfatizou.
O documento “O futuro que queremos”, acordado na Rio+20 e que será sancionado por chefes de Estado e ministros, reafirma princípios e compromissos já existentes, mas traz novidades na rota para o desenvolvimento sustentável. Principais pontos:
Economia verde
O documento classifica a economia verde como “um importante instrumento” para o desenvolvimento sustentável, mas que não deve ser “um conjunto rígido de regras”.
Financiamento
O texto reconhece a “necessidade de uma significativa mobilização de recursos” para que os países em desenvolvimento possam crescer de forma sustentável. Mas não se diz de onde vem o dinheiro, nem quanto, nem quando.
Instituições
Será criado um fórum ministerial para o desenvolvimento sustentável, integrado no já existente Conselho Económico e Social das Nações Unidas. O Programa das Nações Unidas para o Ambiente não será transformado numa agência de facto da ONU, mas terá competências reforçadas, participação de todos os países e financiamento estável.
Objectivos do desenvolvimento sustentável
Serão discutidos através de um processo intergovernamental a ser agora lançado. Todas as referências a prazos, temas e metas concretas foram eliminadas do documento final.
Oceanos
Há algumas novidades nas pescas e na poluição, como a necessidade de controlo da captura acidental de peixes e do lixo no mar. Também ficou determinado que, dentro de 3 anos, será tomada uma decisão sobre um eventual novo instrumento internacional para o uso sustentável dos recursos no alto mar.
Água
O direito humano à água e ao saneamento, que já tinha sido reconhecido mas apenas por maioria dos membros da ONU, foi agora sancionado por todos os países.
Padrões de consumo
Foi adoptado um programa a 10 anos destinado a promover padrões de produção e consumo sustentáveis, que a ONU já tentara aprovar, sem sucesso, noutro fórum.

Contramaré… 21 jun.

O poder de compra dos portugueses recuou em 2011 para níveis piores do que em 2008 (78%), ano em que a crise rebentou. É agora apenas 77% do europeu, o mesmo é dizer que o rendimento por habitante está cerca de 25% abaixo da média europeia, segundo os dados provisórios divulgados pelo Eurostat.

Cuidado que o jornal é de esquerda! Só diz burrices…

Numa altura em que grande parte dos políticos, a começar por Angela Merkel, e a imprensa insistem que o mundo inteiro quer apenas o seu dinheiro, vem sendo tempo de os alemães perceberem que este discurso não só é falso como também perigoso. Para a Europa e para a democracia, avisa o diretor do semanário de esquerda Der Freitag.
Um condutor engana-se na via e entra na autoestrada em contramão. O aviso é feito na rádio. “Um condutor em contramão?”, diz o interessado, “digam antes centenas!”. Esse condutor é Angela Merkel. É a Alemanha conduzida por Angela Merkel. Estamos em contramão em matéria de política e de economia e estamos orgulhosos. Deixamo-nos iludir com o facto de toda a gente querer o “nosso” dinheiro. Não só é falso como o que está em causa é muito mais do que o nosso dinheiro.
Angela Merkel trabalha num projeto perigoso: enfraquecer o compromisso europeu dos alemães. Tenta fazer-nos querer que a Europa consiste apenas naquilo que a Alemanha quer ou não quer aceitar, conforme lhe interessa ou não, a curto prazo. Assim, a Europa torna-se res publica amissa, “a coisa pública abandonada”. É algo que já conhecemos e que sabemos onde termina. A Europa é como a república de Weimar. E quando o povo alemão desertou de Weimar, foi a democracia que expirou.
Todos os discursos em torno do “nosso dinheiro” – que o mundo nos inveja – constituem uma argumentação nauseabunda. A chanceler não o diz literalmente, deixa essa tarefa aos seus batedores do diário popular Bild. Nem uma nem outro se preocupam verdadeiramente com a Europa. Os seus corações e os seus pensamentos são atlanticistas. E, no entanto, a América perdeu a sua supremacia e deixou de ser um parceiro fiável. A chanceler e o tabloide cometem um grave erro ao enterrarem a ideia fundamental do pós-guerra segundo a qual a potência média que é a Alemanha não tem futuro fora da comunidade europeia de destinos. Comportam-se como se pudéssemos escolher entre a via alemã e a via europeia. Mas a via alemã não existe. O que fará Angela Merkel quando o euro tiver desaparecido, tal como o espaço Schengen e o acervo comunitário fruto de 60 anos de integração europeia? Vira-se para a China?
Mesmo antes da chegada ao poder de Hitler, [o escritor e historiador antinazi] Sebastian Haffner escrevia: “não há outra maneira de o dizer, muitos alemães sentem-se resgatados e libertos da democracia”. Que sentimento retirar da Europa se o euro desaparecesse e, com ele, a União Europeia? Libertação? É tempo de, enfim, os alemães perceberem a atual crise tal como ela é.
Uma chanceler que não gosta da Europa
Mas tenhamos calma. Ninguém, na Alemanha, quer verdadeiramente que os alemães paguem as dívidas da Europa. A época do padrão-ouro – onde a compensação dos pagamentos entre os bancos centrais se decidia em Fort Knox [onde estão guardadas as reservas de ouro dos Estados Unidos] e em que os lingotes transitavam de uma caixa-forte para outra – acabou. Uma união de bancos e a emissão de euro-obrigações deverão fazer a Alemanha entrar num sistema de garantias recíprocas. É a única maneira de evitar a rutura da Europa.
Sob o ponto de vista da história, é triste ver que à cabeça desta crise está uma chanceler que não gosta da Europa. Mesmo nestes momentos que, em boa consciência, classificamos como históricos é necessário reconhecer as realidades políticas. Mas só para as alterarmos melhor. É, por isso, útil perguntar o que teria acontecido noutras circunstâncias. “A pergunta: o que teria acontecido se tal e tal coisa não se tivesse produzido” é quase unanimemente rejeitada e, no entanto, “é justamente aí que está a questão essencial”, escreveu Nietzsche. Chamamos voluntariamente a História quando se trata de avaliar as grandes instituições (Estados, impérios…), no entanto, nos momentos decisivos, é o indivíduo que está no centro da história. Se Frederico III não tivesse morrido de cancro na laringe apenas com 99 dias de reinado e se Bismarck tivesse ficado mais tempo a seu lado, teria sido possível evitar a Primeira Guerra Mundial?
Podemos supor que, logo desde o início da crise, um chanceler social-democrata não se teria portado como Angela Merkel, a grande hesitante. E podemos esperar que um novo chanceler – ou uma nova chanceler – se comportará de forma diferente após as próximas eleições. Pequeno indício: a social-democrata Hannelore Kraft destronou Angela Merkel enquanto responsável política preferida dos alemães. A Europa poderá chegar rapidamente ao fim dos seus sofrimentos.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

G20: Quando a pimenta vira refresco…

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou estar "animado" com a abordagem da Europa à crise, mas confessou que gostaria que o G20 tivesse prestado mais atenção à questão da dívida norte-americana.
O presidente russo salientou que "se pode esperar que a situação mude para melhor, apesar de as causas institucionais para a crise ainda estarem aí".
Vladimir Putin lamentou, no entanto, a falta de clareza sobre o futuro do dólar norte-americano. "Se mantivermos [metade das reservas] em dólares e títulos dos EUA, gostaríamos de saber o que vai acontecer com o dólar depois das presidenciais norte-americanas", realçou.
Ao apontar que a dívida dos EUA ascende a "15 biliões de dólares", Putin questionou: "O que vai acontecer à principal moeda de reserva do mundo? Para o que é que nos devemos preparar?", apontando que "estas são as questões que deveriam ter estado no centro das atenções do G20". Putin acusou anteriormente os EUA de serem "parasitas" da economia mundial devido à sua elevada dívida.
"Gostava de sublinhar que o G20 toma decisões que afetam todos os países do mundo. E não tem o direito de ter apenas em consideração as suas próprias posições e interesses", concluiu o presidente russo.
O presidente norte-americano, Barack Obama, saudou as medidas anticrise adotadas pelos líderes europeus e o sentido de urgência com que procuram resolver o problema da dívida.
Obama realçou que os problemas económicos na Europa não serão resolvidos pelo G20 ou pelos Estados Unidos, mas pelas nações europeias. Ao manifestar a confiança na capacidade de a Europa ultrapassar a crise, o presidente norte-americano constatou também a dificuldade de se alcançar consenso na zona euro para conseguir tal feito. "Tenho grande simpatia pelos meus amigos europeus, porque eles não têm de lidar com um Congresso, mas com 17, se falarmos na zona euro, eles têm de trabalhar toda a política para conseguir implementar algo e os mercados são muito mais impacientes", constatou.
Obama disse ter encorajado a Europa a definir "até onde quer chegar, elevando a integração e resolvendo as pressões financeiras dos países", ao realçar a sua confiança de que "nas próximas semanas a Europa conseguirá pintar esse quadro".
É importante que a eurolândia reveja a política orçamental e faça um esforço maior nas políticas de crescimento económico e de criação de emprego, como defendem diferentes líderes europeus preocupados com as consequências da forte austeridade.
Os países do G20 reafirmam ainda a sua determinação de lutar contra o proteccionismo “sob todas as formas” e comprometem-se a favorecer a criação de emprego, através de uma acção coordenada, a que chamam “Plano de acção de Los Cabos para o crescimento e o emprego”.
“No caso de a situação económica se deteriorar ainda mais, os países que dispõem de margem de manobra orçamental suficiente estão preparados para coordenar e adotar medidas orçamentais apropriadas para apoiar a procura interna”, acrescenta o documento.
Putin está animado com a abordagem (termo relacionado com a pirataria) à crise do Euro (do outro foram eliminados), embora reconheça que o problema é sistémico, mas como todos os governantes, tem esperança, enquanto outros tem fé e todos pratiquem a caridadezinha assistencialista…
Por outro lado, diz-se mais preocupado com o futuro do dólar americano e com a dívida astronómica americana, o que o leva a classificar os EUA como parasitas (que blasfémia!) da economia mundial…
Finalmente, sublinha que o G20, que devia ter uma macrovisão da economia, só puxa a brasa para as suas sardinhas, que o robalo está caro e raro…
Venha a eles o nosso reino… E estamos conversados!
Obama também ficou satisfeito com as medidas anticrise (que aumentam a crise) adotadas pelos líderes (a Grande Líder) europeus e, pasme-se, com a urgência (adiando de Cimeira em Cimeira) em resolver a dívida… E a dos EUA só preocupa Putin?
Como o Presidente russo disse, Obama diz de outra forma, que não é o G20, nem os EUA que nos salvarão (ao menos que não atrapalhem), até porque nos 20 estão alguns países na bicha dos resgates e muitos deles com altas dívidas, que por isso não podem ajudar quem os ajudou…
Restou-nos apenas o encorajamento do Presidente americano para dar-mos um passo em frente e a sua confiança de que nas próximas semanas o quadro estará borrado (Christine Lagarde tinha falado em meses)…
Venha a eles o nosso reino… E estamos conversados!
Contrariando em parte o que os dois Presidentes tinham manifestado, os países do G20 também estão contra a austeridade (embora tivessem elogiado as medidas) sem crescimento (são mais lentos do que os líderes da UE) e até prometem um PLANO para o CRESCIMENTO e o EMPREGO, mas dinheirinho só se o vírus entrar nas suas economias e no sistema financeiro mundial…
Venha a eles o nosso reino… E estamos conversados!
Mas de qualquer modo, obrigadinhos, porque sem eles não haveria crise!

Ecos da blogosfera - 20 jun.

“Chamar os bois pelos nomes” e pôr-lhes um cabresto!

O modo como os grandes media trataram dois acontecimentos das últimas semanas - o Foro Económico Mundial de Davos e o Foro Social Temático de Porto Alegre - é revelador dos interesses que controlam hoje em dia a opinião pública mundial.
Boaventura de Sousa Santos
O primeiro mereceu atenção, apesar de nada de novo se discutir nele: as análises gastas sobre a crise europeia e a mesma insistência em ruminar sobre os sintomas da crise, ocultando as suas verdadeiras causas.
O segundo foi totalmente omitido, apesar de nele se terem discutido os problemas que mais decisivamente condicionam o nosso futuro: as mudanças climáticas, o acesso à água, a qualidade e a quantidade dos alimentos disponíveis ante as pragas da fome e da subnutrição, a justiça ambiental, os bens comuns da humanidade e a validade dos conhecimentos populares, não-eurocêntricos, na busca da justiça ambiental. Esta selectividade mediática mostra bem os riscos que corremos quando a opinião pública se reduz à opinião que se publica.
O Foro de Porto Alegre visou discutir a Rio+20, ou seja, a Conferência da ONU sobre o desenvolvimento sustentável que se realiza no próximo mês de Junho no Rio de Janeiro, 20 anos depois da primeira Conferência da ONU sobre o tema, também realizada no Rio, uma conferência pioneira no alertar para os problemas ambientais que enfrentamos e para as novas dimensões da injustiça social que eles acarretam. Os debates tiveram duas vertentes principais. Por um lado, a análise crítica dos últimos 20 anos e o modo como ela se reflecte nos documentos preparatórios da Conferência; por outro, a discussão de propostas que vão ser apresentadas na Cúpula dos Povos, a conferência das organizações da sociedade civil que se realiza paralelamente à conferência intergovernamental da ONU. Vejamos cada uma delas.
Rio+20: As críticas
Há 20 anos, a ONU teve um papel importante em alertar para os perigos que a vida humana e não humana corre se o mito do crescimento económico infinito continuar a dominar as políticas económicas e se o consumismo irresponsável não for controlado: o planeta é finito, os ciclos vitais de reposição dos recursos naturais estão a ser destruídos e a natureza “vingar-se-á” sob a forma de mudanças climáticas que em breve serão irreversíveis e afectarão de modo especial as populações mais pobres, acrescentando assim novas dimensões de injustiça social às muitas que já existem. Os Estados pareceram tomar nota destes alertas e muitas promessas foram feitas, sob a forma de convenções e protocolos. As multinacionais, grandes agentes da degradação ambiental, pareceram ter ficado em guarda. 

Contramaré… 20 jun.

Se fosse só na Grécia…

“Isto, nós sabemos. Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Todas as coisas estão ligadas.” - Carta do chefe Seattle
O impacto devastador da austeridade na população grega é um aviso de que a História não é uma subida interminável em direção ao progresso e ao iluminismo. As civilizações também podem colapsar, avisa Boris Johnson.
É uma das trágicas ilusões da raça humana acreditar que estamos na inevitabilidade do progresso. Olhamos à nossa volta e parece que vemos uma afirmação gloriosa de que a nossa espécie implacável de homo se está a tornar mais sapiens. Vemos barras de gelado da Snickers e bebés in vitro e dispositivos eletrónicos belíssimos nos quais conseguimos pintar com a ponta do dedo e – c’um raio – malas com rodas! Pensem bem: conseguimos pôr um homem na lua uns 35 anos antes de aparecerem as malas de rodinhas; e no entanto elas aqui estão. Substituíram completamente o velho tipo de malas, com uma pega que se usava para as arrastar ofegantes ao longo das plataformas.
Não são fantásticas? A vida parece impossível sem elas e não tardará a serem igualadas por muitos outros progressos – cura do acne, carros elétricos, malas elétricas – com os quais iremos fortalecer a nossa superstição de que a História é um roquete de sentido único, com um infindável click click click em direção ao nirvana da irmandade do mercado liberal democrático entre os homens. Não é isto que a História nos ensina, que a Humanidade está empenhada numa implacável ascensão?
Pelo contrário: a História diz-nos que a maré pode mudar de repente e inexplicavelmente e que as coisas podem mergulhar nas trevas e na miséria e na violência extrema. Os romanos deram-nos estradas e aquedutos e o vidro e os sanitários e todos os outros benefícios famosamente enunciados pelos Monty Python; de facto, talvez estivessem à beira de descobrir a malinhas de rodas quando entraram em declínio e desapareceram no século V d.C..
Independentemente da interpretação que se faça, tratou-se de uma catástrofe para a raça humana. Na Grã-Bretanha, o povo já não sabia ler nem escrever. A esperança de vida passou para os 32 anos e a população decresceu. O próprio gado era só pele e osso. Foi esquecido o segredo do hipocausto e os guardadores de porcos levados pelas frieiras construíram cabanas promíscuas nas ruínas das villas, espetando paus nos mosaicos. Na outrora animada cidade romana de Londres (por exemplo) não há vestígios de habitação humana, exceto uma misteriosa terra negra que talvez seja a relíquia de um lume, ou de um qualquer sistema primitivo de agricultura.
Prolongada humilhação política e económica
Passaram centenas de anos até que a população atingisse o nível dos romanos. Se pensarmos que este desastre não poderá acontecer outra vez, estamos a ser arrogantes e estamos a esquecer as lições do passado mais recente. Esqueçam os templos vazios dos Astecas, ou dos Incas, ou as reprováveis estruturas em colmeia da civilização perdida do Grande Zimbabué. Vejamos a nossa era: o destino dos judeus europeus, massacrados na geração dos nossos pais e avós, em obediência às ordens transtornadas de um governo eleito num dos mais civilizados países do planeta; ou a linha do horizonte das modernas cidades alemãs e choremos aqueles edifícios medievais reduzidos a cinzas num incontrolável ciclo de vingança. Sim, sempre que há retrocesso, o retrocesso pode ser rápido. Tecnologia, liberdade, democracia, conforto – pode ir tudo por água abaixo. Por mais complacentes que possamos ser, nas palavras do poeta Geoffrey Hill, “a tragédia tem-nos debaixo de olho”. Não há sítio onde isso seja mais evidente do que na Grécia de hoje.
Todos os dias nos chegam notícias frescas de horrores: de famílias burguesas, outrora orgulhosas, na fila do pão, de pessoas em agonia porque o governo ficou sem dinheiro para pagar os tratamentos do cancro. As pensões foram cortadas, os padrões de vida caíram, o desemprego aumenta e a taxa de suicídio é agora a mais elevada da UE – depois de ter sido uma das mais baixas.
Não há dúvida de que estamos a ver uma nação inteira a passar por uma prolongada humilhação política e económica e, independentemente do resultado das últimas eleições parecemos estar determinados a piorar as coisas. Não existe um plano para a Grécia sair do euro, pelo menos que eu saiba. Nenhum líder europeu se atreve a sugerir tal coisa, visto que isso seria profanar a religião da União-Cada-Vez-Mais-Unida. Em vez disso, preparamo-nos para sermos coniventes com um plano para criar uma União Fiscal que (se fizer algum sentido) significaria o desmantelamento dos fundamentos da democracia ocidental.
Separação ordenada da zona euro
Este conceito da História de avançar em frente – a ideia de um progresso político e económico inexorável – é um conceito realmente moderno. Nos tempos antigos, era comum falar-se de épocas douradas perdidas, ou de virtudes republicanas esquecidas, ou do idílio que antecedeu o pecado original. Só há umas centenas de anos é que as pessoas passaram a ter uma interpretação “Whig” e, perante isso, pode ser-lhes perdoado todo o otimismo. Assistimos à emancipação da mulher, à extensão do franchise a todos os seres humanos adultos, à aceitação de que não deve haver regime fiscal sem representatividade e à aceitação geral de que as pessoas devem ter democraticamente direito a determinar o seu próprio destino.
E agora vejam o que está a ser proposto na Grécia. Para o euro se manter unido com pastilha elástica, estamos dispostos a massacrar a democracia precisamente no sítio onde ela nasceu. Para que serve que um eleitor grego vote a favor de um programa económico se esse programa for decidido em Bruxelas ou – na realidade – na Alemanha? Que significado tem a liberdade grega, a liberdade pela qual Byron lutou, se a Grécia ficar remetida a uma espécie de dependência otomana com a Sublime Porta baseada agora em Berlim?
Não vai dar resultado. Se as coisas continuarem como estão, vai haver mais infelicidade, mais ressentimento e uma possibilidade acrescida de que a carrinha das espetadas vá toda pelo ar. Um dia, a Grécia vai ser livre outra vez – no sentido em que continuo a pensar que é marginalmente mais viável que, aqueles que tomarem Atenas a seu cargo, vão acabar por encontrar uma maneira de restaurar a competitividade através da desvalorização, e deixando o euro – pela simples razão de que a confiança dos mercados no Estado-membro grego é como estoirar um saco de arroz de papel – difícil de reparar.
Sem uma resolução, sem clareza, receio bem que o sofrimento continue. O melhor caminho em frente seria a separação ordenada da zona euro numa velha zona euro e numa nova zona euro para a periferia. Com a hesitação todos os meses, adiamos a perspetiva de uma recuperação global ao passo que a solução aprovada – uma união política e fiscal – irá condenar o Continente a uma Idade Média democrática.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Com truques e bónus a minoria venceu absolutamente!

As eleições gregas deram vitória ao partido Nova Democracia, liderado por Antonio Samaras, mas sem maioria absoluta obtendo 29,66% dos votos, equivalentes a 129 (já com os 50 lugares de bónus) dos 300 lugares do parlamento grego.
Para formar um governo maioritário, uma coligação necessita de assegurar um mínimo de 151 lugares no parlamento.
O Nova Democracia poderá formar um governo de maioria com os socialistas do PASOK, que conseguiu 33 assentos.
Tanto o Nova Democracia como o PASOK subscrevem os termos do atual acordo com a troika.
O Syriza obteve 26,89% dos votos, equivalentes a 71. Do lado do "não" colocou-se também o partido Gregos Independentes, que também rejeita o plano europeu de resgate à Grécia.



Realmente! Aprender durante toda a vida, não só sobre os conceitos, mas sobre a posta em prática dos mesmos, que de tão absurda, às vezes, nos transporta para domínios étnicos!
E foi o que descobrimos (aprendemos), por sermos ignorantes, nesta “coisa” da democracia grega e as suas normas… Já não são só as grandes superfícies a oferecerem bónus em cartões, também na Grécia quem fica em 1º lugar tem direito a 50 lugares (limpinhos?) a mais para conseguir na roleta o que não conseguiu nas urnas, por vontade do povo. E agora se percebe por que, durante anos e anos, umas famílias e 2 partidos jogaram à democracia… Não é que o nosso método de Hondt não atire para o lixo milhares de votos de cidadãos conscientes, mas isto é demais para ser entendido.
E o resultado deste truque, visto claramente no gráfico, significa que com uma minoria de votos (41,94%) se transforma numa maioria absoluta de lugares no parlamento (161), milagre comparável à multiplicação dos pães e dos peixes, que só Cristo conseguiu, permitindo que esta governe com “legitimidade” sobre uma maioria absoluta de votos (45,82%), mas com minoria parlamentar (121 lugares)... Não está mal visto, mas mais uma vez são os cidadãos que se lixam e logicamente ficam lixados com tal desfecho, não se revendo representados.
Esperemos que, pelo menos, não se arroguem a publicitar que tem o mandato do povo para aceitar as regras de austeridade e o respetivo memorando, como fizeram cá, levando-nos a pensar que tinham mais de 80% de gente a favor da porrada e dos assaltos…
Mas mesmo com estas “vitórias” na secretaria, já se vai sabendo que afinal não apaziguaram os mercados, que são sociopatas e ninguém quer saber de lhes dar o tratamento adequado…
Não é para desanimar os otimistas, mas com regras tão “faz de conta” que estamos em democracia, a pós democracia já aí está há muito e nós é que somos lerdos…
Nem vou fazer as contas com as mesmas regras aplicadas às nossas eleições do ano passado, pois à primeira vista e de cabeça, o partido ganhador tinha obtido maioria absoluta e o coligado estaria hoje na oposição…
São as malhas com que as regras da "democracia" tece as redes com que nos apanham!
Só visto! Mas bem vistas as coisas, afinal não se aprende nada!