10 PERGUNTAS, 10 RESPOSTAS, 10 AMIGOS!
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Eu visto por mim, em 1965 |
Uma das mais recentes amigas virtuais, mas que na realidade existe e a amizade também, Soledade Martinho Costa, escritora e jornalista, do blogue SARRABAL, incluiu-me num grupo de 10 pessoas, editoras de blogues, para responder a 10 perguntas sobre litera(lei)tura, dando continuidade a uma «corrente literária», a que vou responder, agradecendo a distinção e temendo pela desilusão.
No final, deixo o mesmo convite/desafio a mais 10 bloguistas, que se não responderem verão a sua alma a arder no inferno do nosso descontentamento…
E cá vai!
1 – Existe um livro que relerias várias vezes?
Apesar de não ser capaz de repetir seja o que for (livros nunca), mas cumprindo a regra, fiz a exceção para todos os livros de Fernando Pessoa, sobretudo Alberto Caeiro, que li na juventude, reli como adulto, releio amiúde e que me serviu de manual para a vida.
2 – Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
Todos os que tentava ler antes de adormecer, simplesmente porque adormecia antes…
3 – Se escolhesses um livro para ler no resto da tua vida, qual seria?
“Educação de Portugal”, de Agostinho da Silva, da Ulmeiro.
4 – Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
O “Livro de S. Cipriano”, porque mesmo não acreditando em bruxedos, que os há, há!
5 – Que livro leste cuja «cena final» jamais conseguiste esquecer?
Nenhum e explico-me.
Primeiro, porque quando já tarde na vida encontrei a ideia de Mário Quintana, que diz que “A imaginação é a memória que enlouqueceu.” percebi de forma clara, que tudo que absorvemos fica registado no nosso “disco duro” e tudo vai emergindo à medida das nossas necessidades, seja no dia a dia, seja nas atividades criativas que cada um de nós exerça.
Segundo, porque a cena final é a parte mais fácil de encontrar (e eu até leio os jornais e revista de trás para a frente), mas toda a riqueza de um livro está entre a primeira e a última letra e os melhores registos (que sublinho) estão sempre nos entre tantos…
E por isso, a gente pode esquecer o final, mas a memória “guarda” o essencial…
6 – Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual o tipo de leitura?
Eu sou do tempo dos primeiros livros de BD (“coboiadas”) e nesses tempos era-me “proibido” ler o que não fosse da escola e como bom escorpião foi o meu primeiro fruto proibido experimentado (à noite, debaixo dos cobertores) e foi por aí que cheguei ao paraíso da litera(lei)tura…
7 – Qual o livro que achaste chato, mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?
“Todos os nomes” de José Saramago, porque tinha lido antes “As memórias do Convento”, que era do José Saramago…
8 – Indica alguns dos teus livros preferidos.
Não tenho livros preferidos (passe a contradição com algo que disse antes, ou vou dizer a seguir) porque todos me foram necessários, dentro do critério das circunstâncias e prefiro elencar os temas.
O meu percurso académico (Primária, Seminário, Colégio particular, Liceu e Belas-Artes do Porto) e a idade estratificam-me num tempo em que as humanidades ganhavam às ciências e à matemática (graças a Deus!) e fui levado a ler todos os clássicos nacionais e estrangeiros da altura (e não vou enumerá-los). Quando me vi livre das obrigações, por devoção embrenhei-me na leitura de poesia, desde a Idade Média até à atualidade, até chegar a Fernando Pessoa. Feita a descoberta, fiz o mesmo raciocínio do Califa Omar, que ao mandar queimar, pela 4ª vez a Biblioteca de Alexandria, disse: “O que está nela e também no Corão, não precisa ser conservado; o que está nela e não está no Corão, não serve para nada”… E só muito mais tarde voltei a outros poetas, todos os nacionais e muitos brasileiros, subconscientemente em defesa da minha “pátria”, mas conscientemente porque acho a poesia em português a mais “poética”…
Por razões de ordem profissional, tive que estudar toda a vida (sem que ninguém me lembrasse, como agora, mas por outras razões) e desde livros técnicos a outros de áreas complementares, que passaram pela arte, história de arte, arquitetura, urbanismo, filosofia, estética, demografia, psicologia, sociologia, comunicação social, economia, educação, pedagogia, didática, humor e (algo sobre todas as áreas, das ciências exatas às sociais, tipo formação “renascentista”)…
Claro que li muita literatura, embora o romance não seja o meu prato preferido, porque sou lento a lê-los (já só compro livros se o tamanho for reduzido, no que aconselho os escritores) e porque as histórias de vidas reais que conheço já me bastam para lhes acrescentar mais preocupações virtuais… E prefiro nomear apenas o escritor preferido do momento, o Mia Couto, que transforma qualquer estória em poesia.
9 – Que livros estás a ler?
“Jesusalém” do Mia Couto, “o remorso de baltazar serapião”, de valter hugo mãe e “NOVAS CRÓNICAS DA BOCA DO INFERNO”, de Ricardo Araújo Pereira.
10 – Indica 10 amigos para responderem a este inquérito.
Aqui ficam os nomes dos amigos e dos respectivos blogues.