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sábado, 6 de agosto de 2011

Contramarés sem contrapé… 6 Ago.

Berlusconi e Sarkozy antecipam cimeira dos ministros das Finanças do G7
Sílvio Berlusconi, anunciou que "com o Presidente francês Sarkozy", foi tomada a decisão "de antecipar uma cimeira de ministros das Finanças do G7", sublinhando que contactou líderes da UE, da Alemanha e de Espanha.
Um porta-voz do Governo alemão referiu que Angela Merkel manteve conversações com Sarkozy, com Berlusconi e o britânico David Cameron.

Uma cornada na (in)consciência dos “estripadores”…

Mais de 29.000 crianças morreram de fome  na Somália nos últimos 3 meses, em sequência da pior crise humanitária  no Corno de África, explicou a responsável  da Agência Americana de Ajuda ao Desenvolvimento, que sublinhou que na Somália, "3,2 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária imediata".
"Trata-se da pior crise humanitária dos últimos 20 anos", salientou  a responsável, secundada pelo senador democrata Chris Coons, que afirmou que aquela "afeta a nutrição de 12 milhões de pessoas  na Somália, Etiópia, Quénia, Djibouti e outros" países.
Desde que me conheço, que a fome em África é motivo de apelos à consciência dos cidadãos de todo o mundo, motivo para missões de todos os tipos e proveniências, fonte de fotos impressionantes sobre a “nossa” desumanidade, mote para poemas de adolescentes empenhados e o Corno de África sempre foi mais saliente nesta tragédia humana.
E vem agora falar da pior crise humanitária  dos últimos 20 anos, quando eu tenho um bocado mais do que 20…
Crise humanitária? Mas isso tem a ver com uma crise na efetiva garantia dos direitos humanos, sobretudo no que diz respeito à privação de necessidades básicas como moradia e alimentação, que neste continente é quase endémica, não por culpa da população, que não tem meios de sair dela e porque desde sempre os remorsos de alguns países os levaram a darem-lhes farinha, em vez de os ensinarem a plantar…
E só agora e nesta zona, são 12.000.000 de pessoas a sofrer e a morrer, de fome, quando mais de 50% dos alimentos gerados e colhidos em todo o mundo são destruídos, para manutenção do preço alto dos alimentos.
A crise humanitária está na consciência dos governantes países mais ricos, que gostam mais do ouro negro do continente, do que das pessoas africanas. E veja-se:
O delegado do governo alemão para os assuntos africanos, Gunter Nooke, acusou a China de co-responsabilidade na fome no Corno de África, "porque muitos investidores chineses compram terras e retiram aos pequenos agricultores a base de existência" e deu o exemplo da Etiópia, onde grandes superfícies de terra foram compradas por investidores estrangeiros ou vendidas ao Estado chinês. "Isso pode ser muita interessante para algumas elites africanas, mas para grande parte da população seria melhor que os governos locais se preocupassem em criar estruturas de produção agrícolas", disse o político democrata-cristão.
Para combater a fome em África, é necessário ir além da pequena produção agrícola e criar, por exemplo, sistemas de irrigação e de armazenamento modernos, o que é caro, reconheceu.
A chanceler alemã Angela Merkel visitou três países africanos - Quénia, Angola e Nigéria - e o combate à fome também foi abordado nas conversações com os respectivos governos, mas a intenção de exportar corvetas para Angola, sobressaiu.
O predomínio da China em África levou a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, a advertir já para um "novo colonialismo chinês", centrado na apropriação dos recursos naturais.
E agora vem os alemães dizerem que os chineses…
E vem a Sra. Merkel dizer que falou da fome em África da fome em África, enquanto tenta vender corvetas (submarinos é difícil) em África…
E vem a Sra. Hillary Clinton chamar colonizadores aos chineses…
E a China continua impávida e serena a iniciar práticas já velhas dos que agora a contestam…
Tá-se mesmo a ver que anda aqui política!
E de repente ficou todo o mundo com a consciência em lágrimas, ao ver as “lágrimas” que nem conseguem fazer verter…
Claro que como diz o alemão e qualquer inculto era capaz de adivinhar, para combater a fome em África, é necessário ir além da pequena produção agrícola e criar sistemas de irrigação e de armazenamento modernos. Mas diz ele que é caro. Porra!
E a vida humana terá preço e será mais barata?
E as ajudas cíclicas, quase sempre arrebanhadas pelos caciques abastados desses países, não ficam mais caras?
E o lucro do petróleo extraído desse continente não chega para matar a fome dos seus donos?
Vá lá, Senhores da massa, devolvam em géneros à população o que levaram em matéria prima desses países, mas só os que a levaram, não todos os cidadãos do mundo a que apelam agora à consciência… Quem comeu a carne, que devolva pelo menos uns ossitos para uma sopa de pedra…
Afinal, os Objetivos do Milénio, eram para os pobres, porque os ricos já os atingiram há muito... 

Ecos da blogosfera – 6 Ago.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Contramarés sem contrapé… 5 Ago.

Ninguém vai compreender quaisquer atrasos adicionais no estabelecimento das novas regras para o FEEF e a sua possível intervenção no mercado secundário, disse Olli Rehn, o comissário europeu dos Assuntos Económicos e Monetários, que lamentou que o acordo do Conselho Europeu de 21 de julho ainda não esteja em vigor.

“Sistema do cordão”, ou mais um nó no contribuinte?

Uma taxa especial sobre a circulação de carros nos centros das cidades, como já acontece em Londres e Estocolmo, "é uma coisa que poderemos eventualmente estudar", admitiu o ministro da Economia, medida pela qual a Comissão Europeia e vários especialistas na matéria nutrem bastante simpatia.
Segundo os estudos, a medida é "positiva" do ponto de vista ambiental, melhora a qualidade de vida no centro das cidades e já é uma fonte de receita adicional para as autarquias poderem financiar uma maior qualidade e/ou quantidade da oferta de meios públicos de transporte.
Dizem, que “o Estado somos nós”. E disso ninguém tem dúvidas, para o bem e para o mal. Mas se o Estado somos nós, o que o Estado tem é nosso e o que é nosso estando pago, ninguém nos pode obrigar a pagar mais do que uma vez. O raciocínio básico (desculpem a ignorância) serve para contrariar muitas das medidas tomadas por vários governos, desde há anos, mas cada vez mais o silêncio dos inocentes vai dando força aos abusos e aberrações de algumas ideias que se querem implementar, com base em falácias mal elaboradas.
A última inovação da caça ao níquel, para o governo retirar verbas aos municípios e levar os cidadãos a contribuírem com uma esmolinha que preencha os “buracos” dos orçamentos municipais (para já Lisboa e Porto) é um taxa especial sobre a circulação de carros nos centros das cidades, com o que a Comissão Europeia simpatiza e vários ESPECIALISTAS(?) na matéria também. Não passaram mais de meia dúzia de anos, que se começou a falar nessa taxa para Londres e Nova York e já há especialistas na matéria, sem se desconfiar onde fizeram essa especialização e de que tem vivido no exercício dessa profissão. Mas a falácia da autoridade, não funciona sempre.
E para se dar mais força à falácia, até se refere a existência de ESTUDOS (embora o ministro tenha sido colhido de surpresa e respondido à queima roupa), que provam que a medida é positiva e disso ninguém tem dúvidas, só depende de se saber em quê e se é a solução mais eficaz conforme os objectivos.
Do ponto de vista ambiental, é claro que melhora a QUALIDADE DE VIDA DAS CIDADES, mas a qualidade de vida não se resume à qualidade do ar e talvez (talvez!) seja prioritário criar melhores condições para a QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS das cidades, que passou ao lado dos especialistas, ou não há especialistas dessas coisas, porque só há 2 sociólogos que de vez em quando dizem alguma coisa que se lhes pede…
Que é uma fonte de receita adicional para as autarquias, temos dúvidas quanto ao adicional, mas temos a certeza de que é uma fonte de mais receitas. Só que, as autarquias tem que emagrecer os “donativos” do governo e não há nada como o alterne para sacar muito e rápido…
Para financiarem uma maior qualidade e/ou quantidade da oferta de meios públicos de transporte? Estão a gozar connosco! Então não foi no dia 1 deste mês que se aumentou o custo dos transportes públicos, que deram origem a Protestos contra o aumento brutal? E este aumento não é contra a preferência do transporte público em favor do particular e por isso a favor da redução da qualidade de vida nos centros das cidades? E os veículos elétricos não seriam mais eficazes na prossecução da qualidade do ar?
À primeira impressão, parece que os tais estudos não estão completos, ou que os especialistas ainda não fizeram estágio (não remunerado) em nenhuma das 40 cidades (podiam enumerá-las, não podiam?) e andamos para aqui a enganarmo-nos uns aos outros, uns a pensarem que os outros são burros e toca de meter carga em cima dos outros.
Engraçado, é que há gente que entende de imediato estas “inovações”, estes conceitos pacóvios e qualquer dia ainda nos cobram para entrarmos nas nossas casas…
Mas também há exceções e ainda por cima um autarca de Lisboa, uma das cidades “beneficiadas” com a benesse, raciocínios que não comento, por serem evidentes demais e estar de acordo com tudo o que expõe. Ora leiam:
O vereador da mobilidade e transportes da câmara de Lisboa disse que “deve existir algum equívoco” do Governo, a propósito da possibilidade de vir a ser estudada uma taxa especial à entrada de viaturas no centro das cidades.
De acordo com o vereador, Nunes da Silva, “as portagens já existem”, referindo-se ao facto de todas as vias de acesso à capital com excepção do IC 19 já serem portajadas.
Nunes da Silva explicou que “essas portagens foram estabelecidas como forma de amortizar o investimento privado” e “não reflectem uma política de transportes, mais favorável ao transporte colectivo”.
Sobre a possibilidade da taxa, o vereador disse que deve haver um “equívoco”, porque “quem tem competência exclusiva” para definir esse tipo de cobrança “não é o Governo, mas as câmaras”.
O responsável pela mobilidade em Lisboa declarou ainda que a câmara municipal “tem um sistema muito mais eficaz para controlar o acesso ao centro da cidade, que é a política tarifária de estacionamento”.
Nunes da Silva referiu ainda que as auto-estradas, vias rápidas e pontes “construídas há mais tempo, têm portagens mais baratas, e as mais recentes têm portagens mais caras”, dando “origem a verdadeiras aberrações do ponto de vista da política de transportes”. A título de exemplo, o vereador referiu também que “a zona com maior poder de compra” - o corredor de Oeiras Cascais - tem “portagens mais baratas”, e as “zonas construídas mais recentemente, como a ponte Vasco da Gama tem uma portagem mais cara”.
Se o Governo quer definir uma política de portagens para regular o tráfego e favorecer a utilização de transportes colectivos nas cidades, “o que tem de fazer é definir uma política de portagens em função da procura”, defendeu o vereador.
E só Lisboa e Porto merecem respirar o ar mais puro? Ou há discriminação, ou é um balão de ensaio!
O Governo rejeita estar a estudar o pagamento de uma taxa para entrar nas cidades. “Não estamos a estudar neste momento. É uma questão que não se coloca neste momento”, afirmou o ministro da Economia.

Ecos da blogosfera – 5 Ago.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Contramarés sem contrapé… 4 Ago.

A agência chinesa de 'rating' Dagong baixou hoje a notação dos EUA, de A+ para A, com perspectivas negativas sobre a dívida norte-americana, que prevê que ultrapasse o PIB do país no final de 2012, "Em resultado, a solvência dos EUA vai continuar a cair, a dívida a aumentar, o que desencadeará uma inevitável e grave crise da dívida soberana", estima.
A francesa Fitch e as norte-americanas Moody´s e Standard & Poor´s mantêm a nota dos EUA de AAA.

Encher chouriços, não é Serviço Público! É junk…

O ministro dos Assuntos Parlamentares considera que a reestruturação da RTP "não é impeditiva" da sua privatização, referindo que "temos de ter um serviço público de televisão, é verdade, mas a valores aceitáveis".
O ministro dos Assuntos Parlamentares afirmou, que o processo de privatização da RTP está no programa do Governo e sem apontar datas para a sua concretização, disse: "Este Governo tem uma legislatura de quatro anos, não estamos a pensar na próxima legislatura."
O ministro da Comunicação Social fez questão de referir os resultados "muito agradáveis" da empresa no primeiro semestre de 2011.
Miguel Relvas assegurou ainda que, até final de Outubro, o Governo terá pronto um novo modelo de serviço público onde ficará definida a presença do Estado no sector dos media.
"Seria uma catástrofe", avisa Miguel Veiga. A proposta não é consensual no partido.
"Há quem não defenda a privatização da RTP. Poderia levar à catástrofe dos outros dois canais", afirma Miguel Veiga, referindo-se ao impacto desta medida na SIC e na TVI.
O histórico social-democrata assume que não concorda com Pedro Passos Coelho: "Aí tenho ideias firmes" e "a realidade do mercado" não é compatível com a proposta inscrita no programa do PSD. "Pura e simplesmente não vai haver privatização da RTP. Isso já todos nós percebemos. A fórmula que lá está adia para sempre a privatização", disse o ex-deputado Pacheco Pereira.
Miguel Relvas, para já, decidiu criar um grupo de trabalho para definir o conceito de serviço público.
Para o ex-secretário de Estado da Comunicação Social, Arons de Carvalho, “…a RTP, como todos os canais, custa 2,3 € por mês a cada português. Não tem um custo exagerado".
Em primeiro lugar, convém mesmo lembrar o ao ministro responsável pela Comunicação Social, que a RTP custa 2,3 € por mês a cada português e que por isso não é de graça e não sendo de graça, os pagantes tem direito a qualquer coisa que não seja uma desgraça.
Depois dde se procurar a qualidade do produto que somos obrigados a comprar, então pode-se falar de boas intenções e definições do "SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO", que devia ser estendido a todas as televisões, porque não podemos ter a janela aberta para nos atirarem com lixo para dentro de casa e das cabeças… Mas, pelo que ameaça MR, o governo vai inventar um novo modelo de serviço público, onde ficará definida a presença do Estado nos media.
E aqui é que não entendo o direito que o governo (o Estado) pensa que tem de intervir, quando não intervém nas coisas mais importantes e de direito dos cidadãos. Será que somos obrigados a comer com o que Miguel Relvas gosta? E o direito de escolha de tudo e mais alguma coisa tão apregoado pelos neoliberais (sem ofensa)? Hummmm…
Embora MR diga que a privatização da RTP está no programa do Governo, talvez fosse mais rigoroso que dissesse que estava no programa eleitoral do PSD, ou mais ainda, no programa da troika, embora sejam a mesma coisa. E se eu quero ver na TV o que me agrada e me desagrada que seja MR a defini-lo, mais desagradado fico se for um troikiano a impor-me e ainda por cima a obrigar o governo a vender o que é dos portugueses e mais ainda quando é reconhecido que os resultados da empresa são porreiros. Mas já sabemos que a privatização nos é imposta, porque dá resultados positivos, se não, vendia-se ao BIC.
No entanto, aparece outro Miguel, de apelido Veiga, fundador do PSD, a dizer que a privatização seria uma catástrofe, em defesa da SIC e da TVI, nitidamente contra a concorrência que os neoliberais (sem ofensa) pregam em todas as homilias…
Do mesmo partido, Pacheco Pereira vem dizer que o adiamento da privatização da RTP a adia para sempre (a privatização), sem se perceber se fica contente, ou triste…Afinal fica provado, que o PSD não é neoliberal (sem ofensa)!
O que importa sublinhar, é que Miguel Relvas, contra o que o seu chefe prometeu na campanha eleitoral (e nem vou certificar-me se consta do programa eleitoral do PSD, mas no da troika não está), é que em vez, ou antes de acabar com Institutos,
Fundações e Comissões, vai criar mais um Grupo de Trabalho para definir o conceito de serviço público, que deve ser formado por académicos independentes, criativos com funções nos departamentos dos ministérios e especialistas em TV, para não ter que começar com boys e com os lucros da RTP. Até podia ser o Conselho de Administração da CGD…
E por que não a ERC? 
Mas o que eu queria mesmo dizer, é que com os enlatados que estão a encher chouriças na RTP e com repetições de tantos programas em que alguns dos artistas até já morreram, até é fácil arranjar lucro, mas não é preciso pagar a nenhuma “comissão de inteligentes” para nos dizer que isto não é serviço público, é mesmo junk!
E devem ter cuidado com a estratégia, porque com as “reposições” há muita gente de idade, que está a perder a noção do tempo, a desconfiar que estão com Alzheimer e mais desacompanhas dos seus artistas preferidos, só de tanto insistirem com os mesmos…
Talvez fosse boa ideia, que o Grupo de Trabalho que vai estudar o Serviço Público de Televisão, estudasse também o impacto da TV na Saúde Pública dos utentes e sócios da RTP!

Ecos da blogosfera – 4 Ago.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Contramarés sem contrapé… 3 Ago.

O Governo insiste na intenção de privatizar as empresas públicas de comunicação social e vai avançar com a criação de um grupo de trabalho para estudar a privatização da agência Lusa e do grupo RTP. Miguel Relvas espera ter em outubro os primeiros resultados deste grupo de trabalho a nomear nos próximos dias.

Eu (re)visto por mim…

10 PERGUNTAS, 10 RESPOSTAS, 10 AMIGOS!
Eu visto por mim, em 1965
Uma das mais recentes amigas virtuais, mas que na realidade existe e a amizade também, Soledade Martinho Costa, escritora e jornalista, do blogue SARRABAL, incluiu-me num grupo de 10 pessoas, editoras de blogues, para responder a 10 perguntas sobre litera(lei)tura, dando continuidade a uma «corrente literária», a que vou responder, agradecendo a distinção e temendo pela desilusão.
No final, deixo o mesmo convite/desafio a mais 10 bloguistas, que se não responderem verão a sua alma a arder no inferno do nosso descontentamento…
E cá vai!
1 – Existe um livro que relerias várias vezes?
Apesar de não ser capaz de repetir seja o que for (livros nunca), mas cumprindo a regra, fiz a exceção para todos os livros de Fernando Pessoa, sobretudo Alberto Caeiro, que li na juventude, reli como adulto, releio amiúde e que me serviu de manual para a vida.
2 – Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
Todos os que tentava ler antes de adormecer, simplesmente porque adormecia antes…
3 – Se escolhesses um livro para ler no resto da tua vida, qual seria?
“Educação de Portugal”, de Agostinho da Silva, da Ulmeiro.
4 – Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
O “Livro de S. Cipriano”, porque mesmo não acreditando em bruxedos, que os há, há!
5 – Que livro leste cuja «cena final» jamais conseguiste esquecer?
Nenhum e explico-me.
Primeiro, porque quando já tarde na vida encontrei a ideia de Mário Quintana, que diz que “A imaginação é a memória que enlouqueceu.” percebi de forma clara, que tudo que absorvemos fica registado no nosso “disco duro” e tudo vai emergindo à medida das nossas necessidades, seja no dia a dia, seja nas atividades criativas que cada um de nós exerça.
Segundo, porque a cena final é a parte mais fácil de encontrar (e eu até leio os jornais e revista de trás para a frente), mas toda a riqueza de um livro está entre a primeira e a última letra e os melhores registos (que sublinho) estão sempre nos entre tantos…
E por isso, a gente pode esquecer o final, mas a memória “guarda” o essencial…
6 – Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual o tipo de leitura?
Eu sou do tempo dos primeiros livros de BD (“coboiadas”) e nesses tempos era-me “proibido” ler o que não fosse da escola e como bom escorpião foi o meu primeiro fruto proibido experimentado (à noite, debaixo dos cobertores) e foi por aí que cheguei ao paraíso da litera(lei)tura…
7 – Qual o livro que achaste chato, mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?
“Todos os nomes” de José Saramago, porque tinha lido antes “As memórias do Convento”, que era do José Saramago…
8 – Indica alguns dos teus livros preferidos.
Não tenho livros preferidos (passe a contradição com algo que disse antes, ou vou dizer a seguir) porque todos me foram necessários, dentro do critério das circunstâncias e prefiro elencar os temas.
O meu percurso académico (Primária, Seminário, Colégio particular, Liceu e Belas-Artes do Porto) e a idade estratificam-me num tempo em que as humanidades ganhavam às ciências e à matemática (graças a Deus!) e fui levado a ler todos os clássicos nacionais e estrangeiros da altura (e não vou enumerá-los). Quando me vi livre das obrigações, por devoção embrenhei-me na leitura de poesia, desde a Idade Média até à atualidade, até chegar a Fernando Pessoa. Feita a descoberta, fiz o mesmo raciocínio do Califa Omar, que ao mandar queimar, pela 4ª vez a Biblioteca de Alexandria, disse: “O que está nela e também no Corão, não precisa ser conservado; o que está nela e não está no Corão, não serve para nada”… E só muito mais tarde voltei a outros poetas, todos os nacionais e muitos brasileiros, subconscientemente em defesa da minha “pátria”, mas conscientemente porque acho a poesia em português a mais “poética”…
Por razões de ordem profissional, tive que estudar toda a vida (sem que ninguém me lembrasse, como agora, mas por outras razões) e desde livros técnicos a outros de áreas complementares, que passaram pela arte, história de arte, arquitetura, urbanismo, filosofia, estética, demografia, psicologia, sociologia, comunicação social, economia, educação, pedagogia, didática, humor e (algo sobre todas as áreas, das ciências exatas às sociais, tipo formação “renascentista”)…
Claro que li muita literatura, embora o romance não seja o meu prato preferido, porque sou lento a lê-los (já só compro livros se o tamanho for reduzido, no que aconselho os escritores) e porque as histórias de vidas reais que conheço já me bastam para lhes acrescentar mais preocupações virtuais… E prefiro nomear apenas o escritor preferido do momento, o Mia Couto, que transforma qualquer estória em poesia.
9 – Que livros estás a ler?
“Jesusalém” do Mia Couto, “o remorso de baltazar serapião”, de valter hugo mãe e “NOVAS CRÓNICAS DA BOCA DO INFERNO”, de Ricardo Araújo Pereira.
10 – Indica 10 amigos para responderem a este inquérito.
Aqui ficam os nomes dos amigos e dos respectivos blogues.
Luís Costa, do DaNação; Ramiro Marques, do ProfBlog; Octávio Gonçalves, do Octávio V. Gonçalves; Emiliana Silva, do Em@ a PRETO E BRANCO OU A CORES; Anabela Magalhães, do Anabela Magalhães; Andy, do Lua; Nuno Marçal, do o papalagui; Reitor, do DA REITORIA; Marise von, do Filosofar é preciso!!! e Elenáro do Desvarios de um louco.

Ecos da blogosfera – 3 Ago.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Contramarés sem contrapé… 2 Ago.

O Executivo "está absolutamente determinado a trabalhar - e muito bem - nesse cumprimento", reiterou Salgado.
Sobre a venda do BPN, com a escolha da proposta do angolano BIC, Ricardo Salgado recusou considerar que a venda por €40 milhões tenha sido um "mau negócio".

Este país é um COLOSSO! Está tudo GROSSO…

O ministério das Finanças anunciou no domingo, que a proposta apresentada pelo banco BIC, que compra o BPN por 40 milhões de euros, assegura a integração de um mínimo de 750 dos atuais 1.580 colaboradores do banco.
Ou seja, prescindiu de uma proposta de 100 milhões a favor de outra de 40 milhões (perdendo diretamente 60%) e despedirá 830 (enquanto a NEI não despediria nenhum funcionário).
Deveriam ser 60%, mas dado o exagero, não há imagens...
O PSD e o CDS vão pedir uma audição parlamentar urgente da secretária de Estado do Tesouro sobre o negócio da venda do BPN ao BIC, disse esta terça-feira o líder parlamentar social-democrata, Luís Montenegro.
O PSD e o CDS querem conhecer os contornos do negócio porque "é preciso esclarecer, fundamentar e explicar bem as decisões do Governo, sejam elas quais forem", alegou Luís Montenegro.
O deputado acrescentou ainda que o facto dos dois partidos serem quem suporta "politicamente o Governo, não os exime de ser os primeiros a promover esse esclarecimento".
Perante as duas variáveis apontadas acima (deixando outras em suspenso, embora também tenham gerado suspeições) parece uma atitude politicamente ética, de uma autonomia moral e de uma independência partidária tão inabitual, que nem a comentaremos com a habitual jocosidade, antes saudámo-la, sem prescindir de posições diferentes, se nos sentirmos enganados e esta atitude valente não passar de uma manobra de circo, só com palhaços pobres.
Para já, parabéns!
O presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários afirmou hoje que tem suspeitas de que tenha havido "interesses exógenos" que possam estar por trás da venda do BPN ao Banco BIC podem estar relacionados com "a natureza da administração da própria Caixa Geral de Depósitos e a forma atabalhoada como foi composta".
Os “interesses exógenos”, devem ser traduzidos pelos tais lobbies e apoios políticos espalhados e espelhados nos media, que o SNQTB quer insinuar que sejam endógenos à natureza da administração da CGD, num trabalho de rede de interesses políticos e financeiros, que começa a dar frutos (de alguns maduros) e por coincidência foram logo escolher mais um ex ministro do PSD.
Pogga, tgamaram a apaguente seguiedade!
Para pior era difícil, mas até se consegue o impensável!
O sindicato dos bancários quer contribuir para a resolução do problema dos trabalhadores que não ficarem no BPN após a conclusão da venda ao BIC, estando a preparar uma reunião de urgência com o Governo.
Pelo anunciado do acordo, para os trabalhadores a despedir e tirando a depressaozinha colateral, está tudo resolvido! Paga o Estado, que somos todos nós (menos 10% da população) as indemnizações a que tem direito e só devem preocupar-se com a rapidez da solução, antes que venham as novas condições de despedimento, porque então seria encomendar-lhes o funeral…  
“Não aceitamos que, vendido o BPN por um valor tão baixo que não cobre sequer o custo dos edifícios, equipamentos e redes informáticas de que o adquirente [BIC] vai tomar posse, não tenha este sido obrigado a manter todos os postos de trabalho”, afirmou a direção do Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Financeira.
O SINTAF não se apercebeu que este ano as promoções (saldos) começaram mais cedo e até 70%, por causa do clima estar a esfriar… Se parecer que estou a brincar, basta ter em conta os 60% de redução na venda do BPN (tendo em conta a proposta do NEI), e pelos vistos bonificada com os edifícios, equipamentos e redes informáticas, que são coisas que valem dinheiro e ajudam a consegui-lo enquanto as pessoas só dão despesa. Também queriam que levassem as balconistas?
Há que se a habituarem ao pragmatismo e à social democracia moderna, porque o socialismo moderno e pragmático deixou raízes, ou tentáculos, que até baniram o neoliberalismo da história da economia...


Défice/Dívida ou Crescimento Económico, é a questão!

Discute-se muito a redução do défice e da dívida. Mas, para resolver a crise portuguesa, esses não são os pontos essenciais.
O fundamental é o crescimento económico. O maior problema do nosso país na última década foi a ausência de crescimento da economia. Se não formos capazes de crescer, espera-nos um de dois futuros: prosperidade com dívidas ou pobreza sem dívidas. A primeira só seria possível se encontrássemos alguém (leia-se, "Europa") que pagasse as nossas dívidas. Duvido que seja possível. Resta-nos, assim, ou pobreza ou crescimento que permita prosperidade. O Governo precisa de responder, urgentemente, à seguinte questão: o que pensa fazer para que a economia portuguesa possa crescer, de um modo consistente, entre 2 a 3% (no mínimo) ao ano? Os portugueses precisam de saber que as "reformas", a prazo, vão criar um país mais rico e não mais pobre. Até agora não o sabem. E se o Governo não o explicar, ninguém o fará.
Vamos sabendo, aqui e ali, que o crescimento depende de um aumento de produtividade, de mais investimento externo e de mais exportações. Olhando para as exportações, o caso do Chile, uma economia sensivelmente da dimensão da portuguesa, é muito interessante. Neste momento, as exportações constituem sensivelmente 45% do PIB do país, o que tem ajudado a economia chilena a crescer à média de cerca de 5% ao ano desde 2004. Qual é a estratégia portuguesa para aumentar as exportações para cerca de 40% do PIB? Em que sectores e em que mercados se deve apostar? O país necessita que o Governo apresente uma estratégia de desenvolvimento económico. Deveria apresentar um documento, que explique o modo como a economia pode começar a crescer de um modo sustentado.
A reformulação das funções do Estado será indispensável. A crise demonstrou o fracasso do Estado empresarial. As empresas públicas estão endividadas ou falidas, prejudicando a economia do país. Mais uma vez, vale a pena olhar para o exemplo chileno. Na primeira década deste século, o país foi governado por socialistas moderados e pragmáticos, que seguiram programas para acabarem com o Estado empresarial e melhorarem o Estado regulador. Estas reformas contribuíram para o crescimento da economia. Como resultado, a pobreza diminuiu para cerca de 12% dos chilenos (em meados da década de 1980, a pobreza afectava cerca 45% da população). Durante a mesma década, o reforço do Estado empresarial na Venezuela, sob a liderança de Chavez, condenou 40% dos venezuelanos à pobreza, apesar do aumento do preço do petróleo.
Do exemplo do Chile, retiram-se duas conclusões óbvias: é a iniciativa privada, e não os investimentos públicos, que promove a criação de riqueza; e o crescimento económico é a melhor política social. Além disso, a redução do peso do Estado na vida económica não significa o enfraquecimento do Estado social. Pelo contrário, a eficácia das políticas sociais beneficiará se o Estado não desperdiçar recursos em actividades empresariais. O Governo português deverá prestar uma atenção especial às questões sociais, especialmente ao desemprego e à pobreza. As reformas perdem legitimidade se não se proteger os mais desfavorecidos e as vítimas imediatas das mudanças forçadas, especialmente porque não são responsáveis pelos abusos que foram feitos nas últimas décadas. O Governo tem que apresentar, urgentemente, um programa social de apoio aos pobres e aos desempregados, onde também deve participar o sector privado.
Por fim, há cuidados e disputas que não se podem evitar. O que se passou com a Caixa Geral de Depósitos não se pode repetir. As percepções, e não as intenções, são o que contam. E, neste caso, foram péssimas para a imagem do Governo. Em tempos de austeridade, os comportamentos de quem exerce o poder têm que estar acima de qualquer suspeita, sobretudo quando vem aí uma vaga de privatizações.
A manutenção da "paz social" é igualmente indispensável. Mas a "paz social" tem que estar subordinada à legitimidade democrática. Não pode servir para anular mandatos políticos legitimados por actos eleitorais, nem para preservar privilégios de regime que prejudicam a maioria dos portugueses. E todos sabemos que quando se chega ao poder há a tentação para se olhar para a "paz do regime" com uma perspectiva diferente da que se seguia na oposição. Este Governo tem que mostrar aos portugueses que vivemos numa democracia parlamentar e não num regime "corporativo-sindicalista". 
João Marques de Almeida, Professor universitário

Ecos da blogosfera – 2 Ago.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Contramarés sem contrapé… 1 Ago.

O presidente da Dagong afirma que o crescimento económico e das receitas não consegue acompanhar o crescimento do pagamento das dívidas.
A Dagong é a única agência da rating chinesa que não tem a Moody's, Fitch ou Standard&Poor's como parceira de negócio e diz que estas agências são muito influenciadas pelo poder político e usadas para proteger os interesses norte-americanos.

O BPN vendido legalmente na “Feira da Ladra”…

Feira da Ladra, no Campo de Santa Clara
O Estado, através da CGD, recebeu propostas do Banco BIC (com capitais angolanos), do Montepio e do Núcleo Estratégico de Investidores (NEI), formado por diversos empresários e houve uma quarta proposta, mas que ficou pelo caminho.
O Ministério das Finanças afirma que tomou a decisão de seleccionar a proposta do Banco BIC Português “com vista a negociar, em condições de exclusividade”, um acordo para a venda do BPN.
Estado perde 2,4 mil milhões de euros
A proposta de aquisição do Banco BIC passa por incorporar 750 trabalhadores dos actuais 1580, e pagar 40 milhões de euros pelo BPN.
As Finanças referem ainda que a recapitalização do BPN, a efectuar antes do fecho do negócio, "ascenderá a cerca de 550 milhões de euros". Assim, o total do custo do Estado com o BPN, descontado do preço de venda, ascende nesta data a cerca de 2,4 mil milhões de euros".
Parece que vai ser difícil sabermos ao certo quanto pagamos pela “nacionalização” do BPN, mesmo que nos digam que o Estado perdeu 2.400.000.000 de euros, que seria de 2.440.000.000 de euros, se não vendesse por 40.000.000, o que seria o fim do sistema financeiro. Bagatelas!
Embora anunciado há muito um montante de 400.000.000 de euros para recapitalização do BPN, falou-se depois em 500.000.000 de euros e agora foram 550.000.000… É o tal RIGOR de que nos querem convencer.
De salientar a preocupação social, quer do governo, quer do presidente do BIC, de despedirem apenas 830 funcionários, que serão compensados pelo governo (por nós), sem se saber se este montante já está somado ao prejuízo.
E por causa desta fraude, nunca é demais repetir, pagaram e continuarão a pagar os contribuintes de meia tigela, enquanto os vigaristas andam todos por aí, com o umbigo ao sol, em vez de estarem todos com tudo “à sombra”. E era tão fácil credibilizar a Justiça, só com este exemplo…
O Núcleo Estratégico de Investidores (NEI), uma das entidades que está na corrida à compra do Banco Português de Negócios (BPN), diz ter reforçado o valor da sua proposta na sexta-feira, para um montante que ultrapassa os 100 milhões de euros.
Segundo o responsável, José Fernandes, “Melhorámos a oferta de forma a ir ao encontro do interesse do Estado. O valor oferecido respeita integralmente o valor do banco. Fomos muito bem recebidos e sentimos que temos sido respeitados ao nível das negociações, mesmo não tendo lóbis, nem apoios políticos”, afirmou.
O porta-voz realçou que, ao contrário do que tem sido noticiado, o grupo que representa não quer fechar balcões, nem despedir funcionários.
Um dos concorrentes rejeitado vem dizer que os 100.000.000 de euros que ofereceu respeitam ao valor do banco, de onde se depreende que se podiam recuperar mais 60.000.000 de euros, mas também eram uma ninharia.
Estranho é o mesmo grupo excluído dizer que foram muito bem recebidos e respeitados (até mereciam champanhe!) mesmo não tendo lóbis, nem apoios políticos. Então nestas coisas também há lóbis e também há apoios políticos? Eles lá sabem e nós, agora, também…
Embora seja uma declaração de intenções de quem perdeu, diz o mesmo grupo que nem iam fechar balcões, nem despedir funcionários… Mas deve ser contrainformação…
A associação dos clientes do BPN está preocupada com a venda do Banco ao BIC e o seu porta-voz disse: "Ontem [domingo] ouvimos o presidente do BIC [Mira Amaral] dizer que os clientes estão salvaguardados, mas já ouvimos isso há dois anos por pessoas mais responsáveis porque estavam a governar o país", sublinhou António Henriques e acrescentou. "Ficamos na dúvida se os privados vão cumprir depois de o Estado não ter cumprido".
O responsável da associação de clientes questiona a razão pela qual o Governo aceitou a proposta do BIC, no valor de 40 milhões de euros, quando tinha uma proposta de 100 milhões, apresentada pelo NEI.
Não sendo cliente do BPN, quem o é ficou preocupado e com dúvidas sobre se os privados vão cumprir o que o Estado não cumpriu, que foi salvaguardar os clientes desse banco, mas pelo que diz tanta gente, os privados são gente de bem, o Estado é que não é sério, embora os nossos governantes o sejam. Haja fé e não procurem saber toda a verdade sobre o montante da venda, depois de um dos intervenientes ter falado em lóbis e apoios políticos.
Só não se percebe uma coisa. Se o negócio (tão barato) é bom para um banco existente, por que não era bom para a CGD, que ainda por cima já lá tinha metido um balúrdio?
Há que ter fé demais!

Atualizado às 21H00

'Indignai-vos!' primeiro, mas depois 'Empenhai-vos!'…

Avaliação de excesso de oferta vai abranger privados e sector social. Lisboa, Porto e Coimbra podem estar na mira, diz associação.
Reestruturação das urgências
A medida anunciada pelo ministro da Saúde retoma a iniciativa levada a cabo por Correia de Campos em 2006, que previu o fecho de 15 urgências hospitalares e a criação de novas unidades. A maioria fechou mas o trabalho ficou incompleto e houve cedências em casos como o Hospital Curry Cabral, em Lisboa. Agora a rede vai passar por uma nova avaliação. Alguns serviços, onde houver "excesso de oferta", vão encerrar.
O objectivo é que até ao final do ano sejam avaliadas as necessidades a nível nacional, com o apoio de administradores e técnicos. Nesta avaliação estarão incluídos também os serviços prestados por privado e sector social, adiantou o ministro.
O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares disse, que o mais provável é que venham a encerrar serviços nos centros urbanos, sobretudo no Porto, em Lisboa e Coimbra. "É onde temos mais urgências e com o mesmo tipo de perfil." e sublinha que existe muito trabalho feito sobre urgências, que deverá ser aproveitado na nova avaliação.
A Administração Regional de Saúde do Norte publicou em 2009 um estudo sobre as necessidades futuras, que projectava que os episódios de urgência, em 2020, fossem inferiores 24,7% às de 2007.
Na realidade as urgências hospitalares diminuíram em todo o país à excepção de Lisboa e vale do Tejo. Na ARS Norte houve menos 3,7% urgências, no Centro menos 1,6% e no Alentejo menos 2,2%. O aumento em Lisboa anula praticamente a quebra a nível nacional: houve mais 3,8% de consultas. No balanço global, e sem os dados do Algarve, os hospitais públicos tiveram menos 9.414 consultas de urgência.
Para quem ainda não deu conta, quando alguém deste governo diz qualquer coisa, a começar pelo PM, convém não dar grande importância ao que dizem e ler apenas nas entrelinhas, que é onde estão as verdadeiras intenções e medidas a tomar. Por exemplo:
Em 2006 Correia de Campos tomou a iniciativa de fechar 15 urgências hospitalares, o que originou uma contestação generalizada de cidadãos apoiados por autarcas, que teve como fecho a demissão do ministro.
Para não correr o mesmo risco, o ministro atual quer apoiar-se nos pareceres de administradores e técnicos (médicos incluídos), nada de economistas, para dar um ar de “rigor na gestão” e assediar os próprios administradores (não se sabe se os do PS, ou os novos do PSD/CDS).
E para que não se pense que o fecho de urgências será no Público (podia-se pensar que era para poupar dinheiro ao Estado e transferir obrigações sociais para os Privados/Setor Social) a avaliação incluirá também os serviços prestados por Privados e Setor Social, para que se pense que o governo pode mandar fechar urgências desses setores, embora não se saiba como os obrigaria a tal.
Para o resto do país não ficar sobressaltado, diz-se que a “reestruturação” (leia-se encerramento) das urgências se vai restringir a Lisboa, Porto e Coimbra, que é onde há mais urgências (pudera! É onde se concentra mais gente), mas convém lembrar que no setor da saúde as Administrações são Regionais e não distritais, o que torna a área de intervenção muito maior do que a que é dita.
Quando se diz que há muito trabalho feito sobre urgências, que será aproveitado para a nova avaliação, deve-se concluir que há mesmo mais do que uma solução para o mesmo problema, que permite a quem manda escolher a que mais lhe convém, tanto mais que as condições sociais tem vindo a piorar e as razões de contestação em 2006, para além de se manterem até foram agravadas.
Finalmente e o mais sintomático, é que se diz que as urgências hospitalares diminuíram em todo o país à excepção de Lisboa e vale do Tejo (onde se quer encerrar urgências), em que houve um aumento de 3,8% e que essa redução, afinal, traduz-se em 3,7% na ARS Norte, 1,6% na ARS Centro e no Alentejo menos 2,2%, ou seja, pouco mais do que nada e não estão incluídos os números da ARS do Algarve.
E será que menos 9.414 pessoas nas urgências no país dá tanta despesa e merece tanto trabalho e muito mais sacrifícios para os utentes do SNS, que o governo e este ministro dizem que vão defender, em abono dos mais carenciados? Cheira-me que quem vai sofrer com a medida será o Condado Portucalense...
Sem querer ser incendiário, talvez se deva ter sempre em conta o que sabem e dizem os mais velhotes, que já resistiram a situações muito piores:
Os protestos populares "são úteis e necessários para lembrar aos governos que os cidadãos estão vigilantes", mas "a indignação não chega, é preciso canalizar a energia para ações concretas", diz Gilles Vanderpooten, co-autor do livro "Empenhai-vos!".
Depois de "Indignai-vos!" (ed. Objectiva), um pequeno livro de Stéphane Hessel que se tornou num sucesso de vendas, este resistente francês e Gilles Vanderpooten escreveram "Empenhai-vos!" (ed. Planeta), baseado em conversas entre os dois sobre o estado do mundo.
Vanderpooten explica a mudança de palavra de ordem: "O objetivo de 'Indignai-vos!' era abanar as consciências, o que conseguiu. Depois de estimuladas as consciências, é preciso colocá-las em marcha, daí o 'Empenhai-vos!'."