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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Eis uma razão para não ficarmos calados. Bloguemos!

 “As pessoas escrevem a partir de uma necessidade de comunicação e de comunhão com os outros, para denunciar aquilo que machuca e compartilhar o que traz alegria. As pessoas escrevem contra a sua própria solidão e a solidão dos demais porque supõem que a literatura transmite conhecimentos, age sobre a linguagem e a conduta de quem a recebe, e ajuda-nos a conhecermo-nos melhor, para nos salvarmos juntos. Na realidade, a gente escreve para as pessoas com cuja sorte ou má sorte se sente identificado: os que comem mal, os que dormem pouco, os rebeldes e humilhados desta terra; que em geral nem sabem ler” (Eduardo Galeano, In: Vozes e crônicas. São Paulo: Global/Versus, 1978)
Nei Alberto Pies
A 14ª Jornada Nacional de Literatura, que aconteceu em Passo Fundo, RS, é um evento grandioso, de relevância cultural e literária, que corrobora com a convicção de que as palavras só adquirem sentido quando colocadas em movimento. A Jornada Nacional de Literatura e a Jornadinha fazem parte de um enorme esforço de um grupo de pessoas que, pelas suas crenças e ideários, reafirmam o papel da literatura no nosso momento histórico.
Na condição de participante/espectador deste grande evento literário gostaria de referir a necessidade que temos de justificar a importância e o uso das palavras. Vivemos num momento histórico em que tudo parece ser passível de coisificação e preço, inclusive as obras da criação humana. Perdemos a noção do conceito de valor, atributo que só poderia ser conferido a quem cria e transforma o mundo e a humanidade: o próprio ser humano. E a literatura, por ser obra da criação humana, não tem preço, mas tem valor. Por isso mesmo ela deveria ser um produto cultural disponível e acessível a todos, independentemente de sua condição social, económica ou cultural. Deveria ser amplamente divulgada e apreciada como parte da nossa constituição de sujeitos sociais, da nossa cidadania e da nossa democracia.
Eduardo Galeano, no seu texto “Em defesa da palavra”, profetiza que a escrita não possui razões para se justificar solitariamente. A escrita, na sua visão “só pode ser útil quando coincide de alguma maneira com a necessidade coletiva de conquista de identidade”. Dito de outra forma, o escritor afirma o seu desejo de ajudar muitas pessoas a tomarem consciência do que são. Ele está a falar da função social que a literatura exerce sobre a vida de uma comunidade, a vida de uma nação. “Que bela tarefa a de anunciar o mundo dos justos e dos livres! Que função mais digna, essa de dizer não ao sistema da fome e das cadeias – visíveis ou invisíveis!”
As palavras morrem se não as colocarmos em movimento. E não serão os mais modernos meios de comunicação e entretenimento que tornarão mais disponíveis as obras literárias, criando a tão almejada cultura da leitura. As palavras escritas, contadas e recontadas, sobreviverão se formos capazes de viver o espírito literário da criação, da imaginação e da projeção de um mundo mais humanizado, mais solidário, mais cheio de alegria e mais vazio de tristeza e decepção. A literatura anuncia um mundo novo, criando ferramentas e habilidades capazes de nos fazer mudar a realidade que, de tão nua e crua, que parece nem sempre permitir a busca de soluções.
Por mais individualizados e egocêntricos que possamos ser, desejamos participar dos movimentos desencadeados pela arte e pela criação humanas. Seja nas relações interpessoais, nos eventos culturais, nos grupos sociais dos quais fazemos parte, estamos sempre a arrumar formas e jeitos de comunicarmos, de fazer as palavras circularem sentidos e impressões da nossa vida individual ou coletiva. Mesmo quando esta busca é individual, o processo envolve os outros, como no relato que segue: “Triste, tuitou "Sinto-me só!”. Setenta milhões retuitaram e novecentos mil responderam "Eu também!" (Cem toques cravados, Edson Rossatto)
Dá para pensar num mundo sem a literatura? Dá para ser feliz sem brincar com as palavras? Se não dá, deixemo-nos contagiar pelos movimentos que emergem da vida e das nossas palavras.

Contramaré… 11 fev.

As associações de transportes espanholas deram hoje o prazo de um mês a Portugal para que crie uma zona transfronteiriça livre de portagens num raio de 130 quilómetros, ameaçando com ações de protesto caso a reivindicação não seja atendida e acusam Portugal de violar as diretivas da UE e o Tratado de Valência de cooperação bilateral ao não criar uma zona transfronteiriça livre de portagens num raio de 130 quilómetros.

Não vá em “pieguices”, nem em vigarices. Mas vá!

1. Vivemos num país com 2,7 milhões de pobres subsistindo com menos de 434 euros por mês, apesar de 1.200.000 destes pobres estarem a trabalhar!
A percentagem de pobreza (25,3%) é das mais elevadas da Europa (média 23%), sendo que mais de um milhão de idosos e pensionistas recebe entre 200 e 300 euros/mês.
Mas temos mais de 200 dias de Sol por ano, e ainda nos queixamos, somos uns piegas!
2. Sobrevivemos numa economia que registou mais de 4.500 falências em 2011 e, num escasso mês decorrido em 2012, já se registaram mais 597!
Este cortejo enorme de desgraça para empresários e trabalhadores, é a receita da “troika” de “MerkozyCoelho” para a modernização e a competitividade da economia. Não percebem pieguinhas?
3. O desemprego cresce dramaticamente estando de facto muito próximo de 1.000.000 de desempregados (mais de 13% da população activa!), com perspectiva de continuar a aumentar dada a recessão da economia.
Deste milhão mais de metade não recebe subsídio de desemprego, e os que recebem vão levar um corte, porque vivem “à grande” e ainda se queixam que não arranjam novo emprego. Piegas!
4. A economia portuguesa estará em recessão só durante mais 2 anos, garante o ministro da Economia, Álvaro Pereira (ministro ou “meio-nistro”?). Pelo que vemos do mesmo tipo de medidas aplicadas na Grécia, só por um milagre da Senhora de Fátima! (será finalmente o 4º segredo?).
Mas nós não somos como os gregos que não são piegas!
5. As pequenas e médias empresas estiolam com a falta de crédito da Banca, ou com os seus juros altíssimos, embora vá buscar dinheiro ao BCE a 1%!
Os Estaleiros de Viana agonizam, a Cerâmica de Valadares está estrangulada, mais umas centenas de postos de trabalho em risco!…
Mas a agenda ideológica dos neoliberais (PSD/CDS com o essencial apoio do PS), segue a filosofia da concentração capitalista: Deitam-se as empresas ao mar e quem souber nadar que se salve! E não vale a pena “piegar”!
6.Cortado o filão dos empréstimos altamente rentáveis para o “betão armado” (um dos maiores responsáveis da crise!) a Banca está em apuros, mas para aí não faltarão os fundos de recapitalização! Como não faltaram para as vigarices do BPN!
Curiosamente a Banca continua a especular com os milhares de casas que as famílias deixaram de pagar, revendendo os andares abaixo do valor de mercado e processando os insolventes em tribunal, para os obrigar a pagar o resto das prestações (ou os seus fiadores!). Ganham a “dois carrinhos”! Os bancos não têm razão para pieguices!
7. Depois dos cortes nos vencimentos, apoucamento de pensões, abaixamento de subsídios, aumento da energia, dos transportes, dos géneros, da subida dos impostos, da carga fiscal, das rendas da casa, etc., os portugueses ainda se armaram em piegas!… Então tomem lá o corte de dias de férias, de feriados e, suprema luminária, o corte do dia de Carnaval!
Portugueses, deixem-se de pieguices!
Queriam brincar ao Carnaval mascarados de foliões – piegas?!… Já bastam os membros do Governo que vão trabalhar no dia de Entrudo disfarçados de “trapalhões”! Decerto para prepararem a 4ª feira de Cinzas, que este ano se comemora no Sábado dia 11 de Fevereiro, no Terreiro do Paço (Terreiro do Povo!), às 15 horas, com um imponente cortejo – protesto (a sério!), que vai fazer o enterro do dito!
Armando Teixeira

Um sussurro gritante! "Agradecemos muito"…

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, disse ao seu homólogo português estar disposto a flexibilizar o acordo de Portugal com a troika. Vítor Gaspar agradeceu.
A conversa, em voz baixa e quando os dois julgavam não estar a ser ouvidos, decorreu nesta quinta-feira, em Bruxelas, durante a reunião dos ministros das finanças europeus e foi captada por uma câmara da TVI.

Transcrição da conversa na íntegra
Wolfgang Schäuble: Se no final precisarmos de fazer um ajustamento ao programa [português], depois de tomadas as grandes decisões sobre a Grécia... Isso é essencial. Mas depois, se for necessário um ajustamento do programa português, estaremos preparados.
Vítor Gaspar: Agradecemos muito.
Wolfgang Schäuble: De nada. Desde que... É que os membros do Parlamento alemão e a opinião pública na Alemanha não acreditam que as nossas decisões são sérias, porque não acreditam nas nossas decisões sobre a Grécia.
Vítor Gaspar: Nós fizemos progressos muito substanciais no quadro europeu.
Wolfgang Schäuble: Sim, vocês fizeram progressos.
Vítor Gaspar: Sim, fizemos. E agora precisamos de trabalhar... hoje.
Ao contrário do muito que se tem dito sobre estes “Apanhados”, que vai da discrepância entre o que o Governo (PM e MF) nos diz sobre a inevitabilidade do cumprimento do memorando e o que se passa nos bastidores, assim como da necessidade de acrescentar austeridade, de motu proprio, à austeridade rescrita pela troika, o que levou, por exemplo ao corte de 2 meses de salários, dos Funcionários Públicos e pensionistas e muito menos a subserviência do nosso competente Gaspar, que agradece a deferência, etc…
O que ressalta escandalosamente deste sussurro é a gritante evidência de que QUEM MANDA NA TROIKA, QUE MANDA EM NÓS, É O MINISTRO DA FINANÇAS ALEMÃO, que não tem nada a ver com o FMI, não pertence à Comissão Europeia e muito menos ao BCE (embora a maioria dos administradores seja alemães).
Ora, se o Sr. Schäuble não tem poder sobre as instituições representadas na troika, como é que garante um ajustamento (desaceleração) ao memorando e que estão preparados? Logicamente se depreende que a troika obedece ao Sr. Wolfgang, independentemente da situação económica e financeira dos países onde vasculham as contas, o que permite ainda concluir, que é só por isso, que os colossais buracos vão aparecendo à luz do dia, sem que os funcionários troikianos os vejam…
Afinal a competência, também passa pela subserviência!
Atualização à 10H15:

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Ecos da blogosfera - 10 fev.

Para os agiotas o Gólgota é um destino turístico…

“Via Sacra”, atribuída a Manoel da Costa Athaíde
O Arcebispo ortodoxo de Atenas e de toda a Grécia, Sua Beatitude Jerónimos, numa carta ao Primeiro-Ministro Papademos descreve assim a situação: “O nosso coração e a nossa alma estão perturbados com aquilo que está a ocorrer e continua a acontecer no nosso país. Homens honrados perdem o trabalho de uma hora para a outra e também a sua casa. O fenómeno dos sem-abrigo e dos pobres está a assumir dimensões impressionantes. Os desempregados aumentam aos milhares todos os dias”.
O Arcebispo fala dos “contínuos cortes dos salários e dos novos impostos que estão a tornar-se insuportáveis”. Denuncia mesmo o aumento de casos de suicídio de pessoas que chegam a esta decisão por causa do “drama das suas famílias e por pena dos seus filhos”. E acrescenta: “A paciência sem precedentes dos gregos está a esgotar-se, o medo pode causar raiva e o perigo de uma revolta social não pode ser ignorado nem por quem manda nem por aqueles que aplicam as normas. Nestes momentos difíceis e, sem dúvida alguma, decisivos, todos devemos estar conscientes do facto de que a insegurança, o desespero e a depressão entraram nas casas de todos os gregos”.
O que preocupa o Primaz da Igreja ortodoxa é que “o drama do nosso país não acaba aqui e pode assumir dimensões imprevisíveis”. A partir disto, a carta faz uma série de denúncias: a primeira, dirige-se contra os “compromissos que não resolvem o problema, mas que atrasam só e de maneira provisória a morte anunciada da nossa economia”.
A segunda denúncia é contra a hipoteca colocada sobre “a nossa soberania nacional”, bem como sobre a “riqueza que temos e podemos ter sobre as nossas terras e sobre os nossos mares. Os gregos, cansados, desesperados e ansiosos pedem-nos respostas responsáveis, sinceras e que convençam. Pedem que lhes seja garantido um futuro. Pedem para saber para onde está a ir o País e que finalmente se possa colocar um ponto final nesta tragédia”. Por outras palavras, a Grécia espera “ver renascer a esperança”.
Todas as Igrejas cristãs sabem que para se ganhar o céu é preciso percorrer, em vida, os caminhos que levam ao Gólgota e conhecem os limites desse preço. Por isso, não é à toa, ou por simples caridade, que os mais altos responsáveis eclesiásticos, de vez em quando, se insurgem e denunciam os sacrifícios excessivos que os governantes terrenos (pouco ou muito católicos) impões aos seus semelhantes, sem que tenham qualquer legitimidade “divina” para irem tão longe.
E é fácil entender a indignação do Arcebispo ortodoxo da Grécia, quando vem retratar a realidade social no território em que serve, em que milhares de homens honrados vão para o desemprego da noite para o dia, perdem as suas casas, aumenta o número dos sem-abrigo e dos pobres, tudo devido aos contínuos cortes dos salários e de novos impostos, o que resulta num crescendo de suicídios, fruto da insegurança, do desespero e da depressão coletiva.
E por isso, lembra a quem manda e a quem aplica as normas, que esgotada a paciência, perdido o medo e com a emersão da raiva, a revolta social assumirá com dimensões imprevisíveis, mas sabendo também que a resposta virá pela força, através dos também espoliados polícias, filhos dos pais espoliados.
Mas vai mais longe, entrando em terrenos da política pura e dura, quando, também ele comprova que as medidas de austeridade impostas não resolvem nenhum problema, só atrasam a morte anunciada da economia grega, enquanto a soberania nacional é hipotecada e ameaçado o direito de propriedade das suas terras e dos seus mares.
Ainda consciente da situação incompreensível pede aos responsáveis que lhes dêem respostas responsáveis, sinceras E QUE CONVENÇAM, coisa que nunca terá.
E já em desespero de causa, só pede um ponto final neste calvário, na esperança de ver renascer a ESPERANÇA… Mas é preciso muita fé, coisa que os agiotas não tem, por serem todos uns Iscariotes e só são capazes de fazer a caridadezinha…
Que Deus (não) lhes perdoe, porque ELES (não) sabem o que fazem!
 Por cá: Injustiças podem levar à queda do Governo, diz bispo das Forças Armadas

Contramaré… 10 fev.

A ASAE deteve, nos últimos 8 meses, 3 pessoas e apreendeu 100.000 euros de produtos de origem portuguesa falsificados, cerca de um mês depois dos industriais e produtores de lacticínios terem apresentado queixa contra o Continente e o Pingo Doce por estarem a vender leite abaixo do preço de custo. O presidente da ASAE adiantou que está preocupado com as falsificações surgidas nos últimos tempos nos produtos de origem portuguesa que estão à venda e que são apresentados como nacionais, mas na realidade não o são.

Os governantes são os únicos que veem o invisível!

Para evitar o risco de sair da zona euro, Atenas consentiu novas medidas de austeridade, mesmo em cima de uma reunião do Eurogrupo. Uma alternativa que os políticos locais não souberam evitar, lastima To Vima.
Nos momentos dramáticos que vivemos, desde a tarde de ontem [8 de fevereiro] até à madrugada de hoje, a Grécia não conseguiu, como se esperava, quebrar o ímpeto da chantagem imposta pelos credores.
O resultado essencial parece ser um "sim a tudo", exceto à descida das pensões. Nesse ponto, os credores parecem dar algum tempo para se encontrarem medidas equivalentes. Na prática, o ultimato da troika foi finalmente aceite.
A Grécia bateu-se pelas pensões e, no presente caos, isso tem valor. Mas o caos está instalado: a recessão acrescida das novas medidas não foi contabilizada.
Com as receitas de janeiro muito abaixo do esperado, os objetivos financeiros [de redução do défice] não foram cumpridos, mas minaram a tolerância social, a paz social e o desenvolvimento.
A nossa presença na moeda única continua, no entanto, tão ameaçada como antes, se não mais. Nada está garantido, simplesmente porque tudo o que vai chegar não vai servir esse propósito de permanência na zona euro, antes vai servir exclusivamente para pagar o serviço da dívida.
E é esse o calcanhar de Aquiles destas negociações. Assim, na realidade, a Grécia esmorece: após as assinaturas dos dirigentes partidários a favor da austeridade, se tudo for aprovado no parlamento, a nossa soberania nacional vai perder o seu significado.
Como entre as duas grandes guerras
Podem infligir-nos qualquer política e a evolução política, qualquer que seja, levar-nos-á a becos sem saída, com uma explosão de competitividade. Não na economia grega, mas entre a sociedade e a sua representação política, entre a recessão e a esperança de recuperação que, neste momento, está a morrer. O país parece caminhar para um período semelhante ao dos anos entre as duas grandes guerras, o que reduz a esperança de "ver a luz ao fundo do túnel".
Sem conseguir promover, apesar da retórica, o objetivo nacional fundamental: manter o nosso lugar na moeda única, que se presume vai voltar a ser questionado, visto que as restrições vão aumentar em vez de diminuir.
Permanecer, aconteça o que acontecer ao euro, para não destruir a sociedade: seria a única coisa que os nossos dirigentes deviam ter negociado. E foi a única coisa que o ministro das Finanças não mencionou ao partir para a reunião do Eurogrupo [9 de fevereiro].
"Vou para Bruxelas na esperança de realizar a reunião do Eurogrupo e que se tome uma decisão positiva para o novo programa [de auxílio financeiro]. A sobrevivência do país nos próximos anos depende desse financiamento e da redução ou não da dívida. Disso depende o país continuar na zona euro e até mesmo na Europa.” Mas é o único a dizer isso. E a realidade manifesta o contrário.
NEGOCIAÇÕES - Acordo de última hora e apelo à greve
Os partidos que apoiam o primeiro-ministro Lucas Papademos chegaram rapidamente, e sem grande debate, a um acordo sobre as novas medidas de austeridade exigidas pela troika (UE–BCE-FMI) para aprovar um segundo plano de ajuda, revela o Financial Times. Com um valor de 130 mil milhões de euros, este plano pretende evitar o incumprimento de pagamento de Atenas. A luz verde foi dada poucas horas antes de uma reunião crucial dos ministros das Finanças dos países da zona euro, em Bruxelas, que deviam precisamente examinar o plano grego. Este último foi considerado injusto pelos principais sindicatos, que lançaram um apelo à greve de dois dias, a partir de 10 de fevereiro.

Ecos da blogosfera - 9 fev.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Há sempre justificações para qualquer “milagre”!

O vice-representante chinês na ONU expôs na 50ª Conferência da Comissão para Desenvolvimento Social da ONU três sugestões para a redução da pobreza: criar um ambiente internacional favorável à eliminação de pobreza; integrar a redução da pobreza ao plano nacional de desenvolvimento económico e social e reforçar cooperação internacional nessa área.
No discurso, disse que os países devem manter a paz e estabilidade do mundo e promover um desenvolvimento económico equilibrado, de benefício geral e win-win. Devem em especial respeitar o caminho e modelo de desenvolvimento definido de acordo com a realidade dos próprios países e garantir oportunidade igual para todos os povos. No contexto de crise financeira, os governos devem ampliar os empregos, melhorar a previdência social e proteger pessoas vulneráveis para manter os frutos já alcançados na redução da pobreza.
Sendo a nação mais populosa do mundo, a China esforça-se para contribuir para o empreendimento global na eliminação da pobreza, tornando-se o primeiro país em desenvolvimento que realizou a meta do Milénio nessa área. Entretanto, existem ainda 128.000.000 de pessoas que vivem em nível inferior à linha da pobreza e por isso, há muito trabalho por fazer nesta direção.
É no mínimo estranho, que seja a China a estar preocupada com a redução da pobreza, com receitas bem definidas e que teoricamente estão bem desenhadas, sobretudo quando diz que no contexto de crises financeiras, os governos devem ampliar os empregos, melhorar a previdência social e proteger pessoas vulneráveis, extamente o contrário do que dizem os nossos “desenhadores” dos planos de “crescimento”…
Para quem está de fora do discurso e sente na pele a tal crise financeira, tem que concluir que também a China, ou sobretudo ela, ou através dela, é que a crise se instalou na Europa e EUA, pela concorrência do custo de mão de obra, ausência de direitos dos trabalhadores, desrespeito pelos Direitos Humanos, o que tudo junto deu origem à deslocalização de muitas das maiores empresas ocidentais, o que resultou no aumentou do desemprego em massa por estas bandas e ao empobrecimento das famílias e dos próprios Estados.
Para quem sabe que na Europa, em 2009, havia 115.000.000 de pessoas no limiar da pobreza e constata que na China, muitíssimo mais populosa há “apenas” 128.000.000, deve ter em conta os diferentes métodos utilizados para tal classificação…
O governo chinês tenciona aumentar anualmente o salário mínimo "pelo menos 13% até 2015", acima da média de 12,5% registada nos últimos 5 anos, disse a imprensa oficial.
Instituído na década de 1990, o valor do salário mínimo chinês varia de região para região: Shenzhen, uma zona económica especial adjacente a Hong Kong, tem o mais alto - 1.500 yuan (180 euros) - enquanto em Chongqing, o mais populoso município do país, com cerca de 30.000.000 de habitantes, é de apenas 870 yuan (104 euros).
O plano divulgado pelo governo chinês preconiza também que em 2015 o salário mínimo seja equivalente a 40% dos respetivos salários médios, proporção que em algumas regiões se situa hoje entre 20% e 30%.
E apesar dos “grandes” avanços da China durante os últimos 5 anos no que respeita aos salários e ao salário mínimo, retenham-se os números fornecidos, sempre esquecidos pelos analistas na justificação do milagre económico chinês: 180 euros/mês na região de Shenzhen e 104 euros/mês em Chongqing.
Se tivermos em conta que o salário mínimo na Espanha é de 748 euros/mês. Que na Grécia é de 600 euros/mês (dados do atual PM, embora se diga que é muito superior…) e que em Portugal é de 485 euros/mês, é fácil entender a “concorrência” desleal entre estas economias e a melhor justificação para a redução do preço do trabalho imposta pelos governos dos países do sul…
Esperemos que em 2015 os salários não estejam igualados, por baixo (pelos dos chineses), até porque os preços dos produtos na China são muito mais baixos do que pelo ocidente… Mas o que se pensava impensável, tem tudo para acontecer…
O investimento chinês na União Europeia quase duplicou em 2011, somando 3,22 mil milhões de euros, segundo estatísticas oficiais.
“As companhias chinesas encaram como uma boa oportunidade a compra de património na Europa devido aos problemas da dívida (soberana europeia), que causaram um abrandamento da economia e um alto desemprego”, disse o chefe do departamento de Assuntos Europeus do Ministério chinês do Comércio.
Pelas contas do Ministério, o investimento chinês nos países da União Europeia aumentou 94,1% em 2011, enquanto no conjunto do investimento da China fora do país o aumento foi de apenas 1,8%.
E à custa dos salários baixos e do domínio estatal da economia da China, o negócio (deles) vai de vento em popa, criando excedentes, que permite ir “comprando” a Europa a preços de feira, o que nos coarta qualquer hipótese de emergir da crise, entalados ainda por cima com os planos “salvadores” da troika.
Resumindo, estamos entalados entre duas paredes, ou melhor, entre uma Muralha e um Muro…

Contramaré… 9 fev.

"Queremos um apoio militar. Precisamos de material", declarou um comandante do Exército sírio livre (ASL) que se identificou apenas como Mohammed e que alega que conta com 40.000 combatentes, alguns dos quais desertores do Exército do regime. "Os efetivos, nós temos, falta-nos só armas, não estamos a pedir tropas", declarou perante cerca de 50 pessoas, entre as quais jornalistas, reunidas em Washington, para assistir, pela Internet, à conferência dos rebeldes sírios.

Nem lapsos nem gafes, mensagens premeditadas!

Ao mencionarem, como o fez no início desta semana a comissária Neelie Kroes, a saída da Grécia da zona euro, os líderes europeus parecem querer preparar o terreno para tal eventualidade. E isto enquanto Atenas ainda negoceia com os credores privados a re-estruturação da sua dívida.
Neelie Kroes, bem entendido, foi chamada à ordem, a 7 de fevereiro, pelos seus colegas da Comissão Europeia. A linha oficial de Bruxelas defende e continuará a defender que é preciso manter a Grécia a bordo, custe o que custar – e com um novo empréstimo de emergência de 130 mil milhões de euros. Porque, se cair uma única pedra, todo o edifício do euro se desmoronará. Nesse caso, o custo ultrapassaria largamente o da ajuda de emergência aos gregos.
O facto de a comissária para a Agenda Digital não ter tido em conta, na entrevista [que deu na véspera] ao Volkskrant, esta teoria financeira dos dominós, não foi nem um lapso nem uma gafe. As suas palavras fazem parte de uma tendência que começou a desenhar-se no outono passado.
Os tabus europeus
Consiste em fazer cair os tabus europeus, de maneira a que os espíritos vão amadurecendo para deixarem cair os gregos e os seus problemas, se for necessário.
O primeiro tabu que diz respeito ao euro – denegrir os políticos gregos – foi posto em causa no passado mês de setembro pelos diplomatas da UE.
A exasperação contida durante meses pelo facto das promessas de cortes de despesas, que Atenas esquece mais depressa do que aplica, levou os diplomatas a fazerem críticas ácidas.
Estamos fartos dos adiamentos desses cretinos gregos”, disse um deles. Um outro classificou [a gestão da crise] como um “verdadeiro escândalo”, um terceiro já nessa altura especulava sobre uma falência da Grécia: “Não podemos continuar a puxar. Há uma altura em que o capitão diz: ‘Todos aos salva-vidas. É preciso abandonar o navio’”.
O segundo tabu – um país pode ser excluído da zona euro – desapareceu no início de novembro graças à chanceler alemã Angela Merkel e ao Presidente francês Nicolas Sarkozy.
Quando o primeiro-ministro grego os encolerizou ao anunciar um referendo sobre o corte de despesas, “Merkozy” fez perceber que a questão era apenas uma e só uma: a Grécia fica ou sai da zona euro? Afinal, era possível sair.
Nesse mesmo mês, os presidentes europeus, Herman Van Rompuy e José Manuel Durão Barroso, puseram fim ao terceiro tabu. Num discurso emotivo perante o Parlamento Europeu, ambos preveniram que a sobrevivência do euro seria completamente posta em causa se os líderes da UE não interviessem rapidamente.
Todos estão preparados para a saída da Grécia
Nas últimas semanas, foi a vez de fazer cair o tabu número quatro: um país da zona euro pode entrar em bancarrota. Uma vez mais, Merkel e Sarkozy, mas também o ministro holandês das Finanças, Jan Kees De Jager, declararam que Atenas podia esquecer o empréstimo de emergência de 130 mil milhões de euros se não satisfizesse as exigências de corte de despesas impostas pelos doadores (a UE e o FMI).
E, sem esse dinheiro, a Grécia vai falir, acrescentou, como ameaça adicional, o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker. E eis que a comissária Kroes faz cair o quinto e último tabu que, de facto, é mais um dogma: a zona euro desaba se a Grécia voltar ao dracma. “Isso não é de todo verdade”, declarou Kroes.
Neste mesmo contexto, há que sublinhar que a comissária europeia grega Maria Damanaki (encarregada das Pescas), já no passado fim de semana afirmava que Bruxelas já tinha prontos os planos para a saída da Grécia da zona euro. Coisa que foi desmentida pela Comissão. O que Merkel, Sarkozy, Kroes e os diplomatas da UE estão a fazer é permitir a discussão sobre a saída da Grécia da zona euro.
O primeiro-ministro [holandês] Mark Rutte e o ministro das Finanças Jan Kees De Jager reconhecem, desde terça-feira [7 de fevereiro] que tal hipótese é possível. Não que seja concretizada esta semana – as extremamente penosas negociações que se desenrolam em Atenas entre os doadores de fundos e o Governo grego acabarão, muito provavelmente, num acordo que será fechado nos próximos dias.
Mas todas as partes envolvidas sabem que dentro de três meses os doadores de fundos irão uma vez mais a Atenas para concluírem, novamente, que a Grécia, pela enésima vez, voltou a não cumprir as suas promessas. E, então, toda a gente estará preparada para a saída da Grécia. E ninguém poderá dizer que é uma surpresa.
CRISE GREGA - A saída da Grécia não é uma tragédia para a UE
Ao analisar um relatório recente do Citybank sobre a crise grega, o Dziennik Gazeta Prawna previne que o caos político e económico transformará a Grécia num Estado incumpridor.
O relatório estima que o risco de incumprimento de Atenas em relação à sua dívida soberana nos próximos 18 meses se situa nos 50 por cento e existem muitas indicações que permitem acreditar que “o abandono da zona euro poderá ser uma tragédia para os gregos, mas não para a UE”. Porquê?
Em primeiro lugar, com cada novo plano de resgate, os bancos europeus têm vindo a assumir cada vez mais dívida grega. Em caso de incumprimento os títulos gregos perderão todo o valor e as perdas para as instituições financeiras da UE serão limitadas.
Em segundo lugar, os mercados financeiros têm feito uma distinção clara entre os casos da Grécia e de Portugal, que são incapazes de sobreviver sem ajuda externa, e os da Irlanda, da Espanha e de Itália. [...] Neste caso, Bruxelas está numa posição muito mais forte para negociar com os gregos”. No entanto, as conversações chegaram a um impasse, o que leva um número cada vez maior de políticos a acreditar que um incumprimento por parte da Grécia e a sua saída da zona euro poderá ser um mal menor.

Ecos da blogosfera - 8 fev.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Quem parte, não reparte e açambarca deixa coisa parca

As exportações alemãs aumentaram 11,4% em 2011, na comparação homóloga com o ano anterior, perfazendo 11,06 biliões (milhões de milhões) de euros, anunciou hoje o Instituto Federal de Estatística.
Em dezembro, no entanto, as vendas alemãs ao estrangeiro caíram 4,3% em relação ao mês anterior, o que corresponde ao maior recuo na comparação em cadeia desde janeiro de 2009, em plena crise económica e financeira internacional, quando as exportações germânicas sofreram uma baixa de 6,5%.
Quanto às importações, atingiram um novo recorde em 2011, subindo 13,2%, o que corresponde a 902 mil milhões de euros.
Pois! As exportações aumentarem na Alemanha e “paradoxalmente” as importações também aumentaram, o que nos deixa confusos, porque até parece que tiveram um saldo negativo se não lermos bem os números que nos são fornecidos…
Mas…
Se lermos a notícia mais devagar, vamos reparar que o aumento das exportações referentes ao ano de 2011, o montante final vem em biliões, que se traduzem em milhões de milhões (1012), o que em números tem este aspeto: 11.060.000.000.000 de euros. Entretanto sobre as importações, o número do valor global terá o aspeto: 902.000.000.000 de euros. Ou seja, o aumento das exportações é exponencialmente maior do que o das importações. E isto para dizer, basicamente, que se as exportações alemãs aumentaram tanto, devem ter diminuído na mesma proporção nos outros países e não foi na China, mas na “União”.
Se tivermos em conta o número de falências de empresas e as taxas crescentes do desemprego nos países com dificuldades económicas e financeiras, que leva à diminuição da produção de bens (não a produtividade) fácil é perceber, pelo “princípio dos vasos comunicantes”, que esses países (onde nos incluímos) são obrigados a comprar a quem produz (os unionistas alemães)! E talvez esteja aí o “milagre” da economia alemã, que acabando com a concorrência nos países em que a mão de obra até é mais barata (um paradoxo), acabam por ficar sozinhos no mercado e com um futuro risonho (sem graça para os espremidos).
Talvez por isso, só agora é que tantas inteligências concluíram que é preciso (hipocritamente) ajudar as economias dos países em baixa, para que haja um “efetivo” crescimento, mas devagar, devagarinho… Até porque é preciso que os outros ganhem algum dinheiro para lhes poder pagar os produtos importados.
Moral da história, quem parte, não reparte e açambarca, deixa os outros com as calças na mão e com coisa parca…
Assim também eu!

Contramaré… 8 fev.

A chanceler alemã deu a Madeira como um mau exemplo da aplicação dos fundos estruturais europeus, sublinhando que naquela região autónoma estas verbas "serviram para construir túneis e autoestradas, mas não para aumentar a competitividade".

Um jornal “Europa” pode ter papel histórico na União?

Um facto excepcional, que acaba de ocorrer na área do jornalismo, poderá ser um evento histórico de excepcional importância, podendo concretizar-se como uma contribuição de grande relevância para a construção efetiva de uma União Europeia. A busca deste objetivo tem apresentado avanços e retrocessos, como ocorreu com a tentativa de aprovação do projeto de uma Constituição da Europa que, por não refletir as aspirações populares, não sensibilizou a maioria dos europeus e acabou sendo rejeitado em consulta formal aos povos interessados.
Dalmo de Abreu Dallari - jurista e professor emérito pela USP
Outra iniciativa buscando a unificação europeia foi a criação da moeda única, o euro, que, sem dúvida, facilitou enormemente o intercâmbio entre os europeus, assim como entre estes e os demais povos do mundo, mas que ainda sofre restrições muito sérias, como a recusa da Inglaterra em adotar o euro como substituto de sua moeda tradicional. A par disso, os factos mais recentes demonstraram que a busca de integração a partir do fator económico é extremamente difícil, por vários motivos, entre os quais estão os desníveis económicos e a poderosa, e praticamente inevitável, influência de fatores políticos e sociais internos de cada país nas atividades económico-financeiras e, por decorrência, no curso da moeda circulante.
Uma nova tentativa de busca da unificação europeia acaba de ser posta em prática por intermédio do jornalismo. No dia 26 de janeiro último, foi publicado em seis países europeus, anexado a jornais de grande circulação em cada um desses países, um suplemento denominado “Europa”. Um dado inovador e surpreendente é que, embora publicado no idioma local de cada um, em todos eles o conteúdo do suplemento, incluindo informações, comentários, entrevistas e depoimentos, era exatamente o mesmo.
O objetivo é buscar a integração a partir do conhecimento generalizado e simultâneo do que vem ocorrendo nas diferentes regiões e em diversas áreas de atividade, por todos os europeus. Deste modo, todos poderão conhecer e formar opinião sobre temas básicos que afetam a vida dos povos, esperando-se que, a partir daí, se desenvolva uma cultura comum a todos.
Do movimento à dúvida
Na primeira edição, agora publicada, foi exposto o plano de organização do jornal, compreendendo várias secções, dedicadas a diferentes perspectivas das atividades sociais. Nesse número inaugural, a primeira página foi utilizada para exposição dos objetivos da publicação do suplemento “Europa”, sintetizados num editorial assinado por uma jornalista francesa, Sylvie Kaufmann, do jornal Le Monde.
Depois de observar que a palavra “Europa” está hoje associada à ideia de crise, diz o editorial que, com ou sem crise, a Europa existe e está na cabeça de todos os europeus, nas suas vidas, na sua história, na sua cultura e na sua economia. E assinala que, curiosamente, não existe um jornal europeu para contar às pessoas comuns essa vida comum, essa “política interna de vinte e sete” – que é o número de países integrantes da União Europeia.
Então, num grupo de seis, para começar mais modestamente, decidiu-se criar o suplemento comum “Europa”, a fim de cruzar os olhares e contar juntos o que une os europeus. Associaram-se nessa empreitada os jornais Le Monde, da França, The Guardian, da Inglaterra, El País, da Espanha, Süddeustsche Zeitung, da Alemanha, La Stampa, da Itália, e Gazeta Wyborcza, da Polónia, para realizar um número autenticamente europeu, com um sumário comum.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ecos da blogosfera - 7 fev.

OPOSIÇÃO precisa-se! SEGURA! A bem das pessoas…

António José Seguro comunicou aos membros da Comissão Nacional do PS a sua discordância em relação a "alguns pontos do memorando" assinado com a troika. O atual secretário-geral dos socialistas sublinhou o facto de não ter sido ele quem "negociou" ou "assinou" o programa de assistência. Garante por outro lado que o PS "vai honrar os compromissos" e prosseguir a prática de uma "oposição responsável e construtiva".
Pois! E então em que ficamos?
O PS recusou hoje qualquer "alinhamento" com a receita de austeridade do Governo e reiterou o seu compromisso "com os objetivos do crescimento económico e emprego", garantindo que respeitará o memorando da troika.
Claro! O memorando da troika é da troika, o programa do governo é do governo, a austeridade do governo é maior do que a austeridade da troika e a omissão de “objetivos do crescimento económico e emprego” da troika também é omissão de “objetivos do crescimento económico e emprego” do governo… Logo!
O primeiro-ministro disse não estar preocupado com eventuais divergências do líder do PS relativamente a alguns pontos do memorando de entendimento, afirmando que António José Seguro se tem comportado "de forma alinhada" e revelado "sentido de responsabilidade".
Nota-se, que o chefe da OPOSIÇÃO alinha com o chefe do GOVERNO, sem se perceber qual o sentido de responsabilidade de um e de outro, mas o futuro próximo ha de mensurá-lo…
O secretário-geral do Partido Socialista voltou a criticar o primeiro-ministro. Além de lamentar o fim da tolerância de ponto no Carnaval, Seguro acusou o Governo de ter baixado os braços e de só se mexer para... nomear os ‘boys’.
Dito assim, parecem faits divers, mas não se fazem guerras sem sargentos lateiros, nem se constroem pirâmides sem escravos…
António José Seguro tem uma tarefa ingrata. Herdou uma bancada cheia de deputados escolhidos por José Sócrates, que Marques Mendes baptizou de “tralha socrática”, e tem ainda por cima de fazer oposição a um programa de Governo PSD/CDS que o próprio PS negociou com a ‘troika’.
Obrigado a fazer a quadratura do círculo, António José Seguro é forçado a multiplicar-se por vários personagens, na tentativa de sobreviver politicamente dentro e fora do partido.
O primeiro desses personagens, chamemo-lo de António, tem um perfil mais responsável e um sentido de Estado mais apurado. É aquele que, segundo as palavras do próprio António, quer fazer uma "oposição honesta, responsável e séria". O António é amigo pessoal de Relvas, dá-se bem com Passos e os socráticos não o suportam. Quer alterar as regras de adesão de militantes para erradicar os "sindicatos de voto" e o "caciquismo". O António é homem para convidar Carrilho para o laboratório de ideias e não ter medo de sarilhos no partido. Absteve-se no Orçamento do Estado e é candidato às eleições legislativas de 2015.
O segundo desses personagens, chamemo-lo de José, sonha com São Bento, mas está apenas a concorrer a eventuais eleições no Congresso do PS em Setembro de 2013. Não se importa de esticar a corda para agradar a meia dúzia de deputados não alinhados, mesmo que isso lhe custe perder a credibilidade política. E tem pesadelos com os fantasmas do António, o Costa, e do José, o Sócrates.
O terceiro desses personagens, chamemo-lo de Seguro, é o mais inseguro de todos. É aquele que quer agradar a gregos e a troianos. É aquele que discorda do Orçamento, mas não arrisca pedir a sua fiscalização sucessiva. O Seguro é capaz de, no mesmo diploma que previa o corte dos subsídios de férias e de Natal, abster-se e votar contra. O Seguro é capaz de ir buscar o conciliador Zorrinho à ala socrática para chefiar a bancada, mas, talvez por medo, deixa figuras de peso do PS sem assento nos órgãos do partido. O Seguro é aquele que este fim-de-semana veio dizer que vai honrar o memorando, para na frase seguinte dizer “Eh pá, mas não privatizem as redes”.
Mas sejamos justos. António José Seguro foi um dos primeiros a pedir mais tempo para a consolidação orçamental, uma ideia que começa a ganhar adeptos entre os economistas; pôs o dedo na ferida quando pediu uma linha de financiamento do BEI para as PME; e foi um dos que nunca desistiu de bater nas teclas do crescimento e emprego, ainda antes de a moda ter pegado.
Mas o País precisa de mais António e menos Seguro, para continuar a ter uma oposição responsável, e uma dose de José o quanto baste para não perder (ainda mais) o partido.
Pedro Sousa Carvalho, Subdirector do Jornal Económico

Contramaré… 7 fev.

A União Europeia manterá a sua legislação que obriga as companhias aéreas a pagarem uma taxa às emissões de poluentes, chamada de taxa do carbono (CO2). Com este imposto, introduzido a 1 de janeiro, os europeus querem obrigar todas as companhias aéreas a comprar o equivalente a 15% das suas emissões de CO2, para lutar contra o aquecimento global.
Mais de 20 países, entre eles Índia, Rússia, China e Estados Unidos, opõem-se a esta medida.

Onde param alguns portugueses que debandaram?

O número de trabalhadores estrangeiros no Brasil cresceu 57% no ano passado, chegando a 1.510.000 em dezembro, segundo o Ministério da Justiça.
O crescente fluxo migratório de países latino-americanos tem sido acompanhado por uma mudança significativa no perfil dos trabalhadores que vêm para o Brasil. 
Os imigrantes dos países vizinhos em geral têm baixa escolaridade e pouca qualificação.
O Brasil está no radar de novos imigrantes em busca de oportunidades de emprego formal e qualificado. Depois da explosão da crise financeira em 2008 que gerou uma forte recessão na economia norte-americana e abalou os mercados da zona do euro, o Brasil tem-se destacado como uma economia emergente de estabilidade face à onda de desemprego e desaceleração em países do chamado primeiro mundo.
Depois de 2008, o Brasil passou a ser um país de atração não só de investimentos mas também de técnicos, especialistas, consultores, gerentes e empresários, sendo visto como uma “ilha de prosperidade”, enquanto na Europa o cenário de desemprego evidencia a dificuldade de recuperação económica desses países.
O número de estrangeiros regulares no país aumentou em 50% de dezembro de 2009 para julho de 2011 – de 961 mil para 1,46 milhão, segundo dados do Ministério da Justiça.
Os maiores aumentos absolutos de estrangeiros regulares no país são de nacionalidades como: portuguesa (de 276.000 para 328.000, de 2009 para julho de 2011); espanhola (de 58.000 para 80.000); boliviana (de 35.000 para 50 mil); chinesa (de 28.000 para 35.000); e paraguaia (de 11.000 para 17.000).
Dos europeus, grande parte é proveniente do Reino Unido e de países nórdicos como Noruega, Holanda, e também Alemanha. Mas o ano de 2011 foi marcado pela vinda de profissionais espanhóis e portugueses, fugindo da crise que assola esses países aumentando o cenário de desemprego de muitos profissionais qualificados disponíveis nesses mercados.
Maior qualificação
Um fenómeno interessante tem chamado a atenção das autoridades de imigração: o nível de qualificação, que dobrou o número de mestres e doutores que desembarcam no Brasil.
A concorrência é grande
Apesar de o mercado brasileiro estar aquecido com oportunidades para estrangeiros, muitos que buscam emprego aqui tem enfrentado dificuldades. Primeiro, a língua, e depois, a concorrência.