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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Igreja Católica exige soluções, ao mais alto nível

"É preciso apontar um novo equilíbrio entre agricultura, indústria e serviços para que o desenvolvimento seja sustentável e a ninguém falte o pão, o trabalho, o ar, a água e todos os recursos que sejam considerados bens universais."
Foi com estas palavras que Bento XVI defendeu ontem a necessidade de "reformas profundas" na Economia Mundial e apelou à criação de um novo modelo de desenvolvimento económico e ao "relançamento da agricultura".
"A crise financeira que o mundo está a viver, e da qual se falou na cimeira do G20, deve ser olhada com seriedade". "Parece-me boa altura para que se volte a valorizar a agricultura, não em sentido nostálgico, mas como recurso indispensável para o futuro."
O Papa afirmou que muitos jovens, mesmo com cursos universitários, escolheram dedicar-se à agricultura para responder a necessidades pessoais e familiares, "mostrando uma sensibilidade concreta para o bem comum".
O Papa não poupou críticas à "tentação" dos países mais ricos de "recorrer a alianças vantajosas que podem ter graves consequências para os Estados mais pobres" e mostrou o seu desagrado perante "o consumo insustentável" que se verifica em muitos países e que "resulta em danos para o ambiente e para os mais desfavorecidos".
Num apelo directo aos estados que integram o G20 e que na passada quinta e sexta-feira estiveram reunidos em Seul, Bento XVI pediu soluções "sustentáveis, renováveis e justas".
Para Bento XVI, a crise económica mundial é um "sintoma agudo" de uma doença que provém "de um desequilibro entre a riqueza e a pobreza, o escândalo que é a fome, os problemas ambientais e o desemprego".
Durante a homilia, o Papa aproveitou ainda para demonstrar a sua preocupação com a população haitiana, que desde o terramoto de 12 de Janeiro se esforça por resgatar dos escombros a cidade de Porto Príncipe.
De acordo com os últimos números oficiais disponibilizados, a epidemia de cólera que está a afectar a região já fez 917 vítimas mortais e obrigou à hospitalização de mais de 14 mil pessoas.
Na sexta-feira a ONU lançou um apelo para a criação de um fundo de emergência de 120.000.000 € que permita fazer face à situação. A organização alerta para o facto de a epidemia de cólera no Haiti poder afectar um total de 200.000 pessoas.
Quer se goste, ou não do actual Papa, quer seja católico, ou não, o rol de factos apontados, as diversas causas descritas e os efeitos denunciados, são argumentos que qualquer pessoa intelectualmente aberta e partidária-idiógicamente (des)comprometida entende que há razões muito fortes, para ninguém ficar indiferente perante o ruir de um Sistema, que só funciona na cabeça de académicos e interessados na desregulamentação que nos consome os dias e as vidas. A REALIDADE mostra-nos outro filme.
É intrigante que outras confissões religiosas mantenham o silêncio perante estes desastres sociais que alastram pelos países mais pobres, mas cada doutrina localiza o céu e o inferno onde lhe apetece,
Sobre o Haiti, que para além de ser a vergonha maior da comunidade internacional, pela falta de resposta a um problema local e fácil (a sociedade haitiana não será das mais exigentes), não se sabe onde anda o dinheiro angariado mundialmente, porque não se vê a sua aplicação. Acresce, que a morosidade da solução já deu origem a epidemias, que continuarão a surgir, se as coisas continuarem como até agora.
A novela do Katrina traz-nos à lembrança a indiferença dos que podem e devem fazer o que é humanitariamente um direito dos que precisam…
Quem não é capaz de encontrar soluções para o Haiti, como vai as encontrar para o Mundo?

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