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domingo, 26 de setembro de 2010

Falam, falam, falam, mas não dizem nada

O Plano Tecnológico atingiu várias metas, mas há outras que não está a cumprir. O programa, uma bandeira de Sócrates, está encalhado num ponto crítico da competitividade do país
Os primeiros sinais surgiram há cerca de um ano, agora a tendência acentuou-se: Portugal nunca teve tantos recursos humanos e tão qualificados nas ciências e engenharias, mas a economia nacional não parece estar a ganhar com isso, antes pelo contrário, os resultados são de perda, a avaliar pelos últimos dados oficiais. Por exemplo, apesar de ter mais profissionais nestas áreas, o país exporta menos alta tecnologia e não consegue criar mais empresas de grande intensidade tecnológica e de conhecimento.
As explicações variam muito:
Carlos Zorrinho, Secretário de Estado da Energia e Inovação e que mantém a coordenação do Plano Tecnológico, diz que "Estamos a mudar o perfil das nossas exportações de alta tecnologia. Embora quantitativamente estejam em quebra, qualitativamente estão auto-sustentadas. A maior parte são start-ups portuguesas. Deixaram de ser gigantes facilmente deslocalizáveis"
O mérito de pôr o país a falar de tecnologia, mas a ausência de sucessos claros na economia.
Francisco Veloso, professor nas universidades de Carnegie Mellon (EUA) e Católica, investigador em inovação e empreendedorismo
“…A principal limitação é ter-se tornado, ao longo do tempo, uma infindável lista de medidas, com tanta coisa lá dentro que acaba por não se perceber o que é o plano. Ainda estamos muito aquém nos indicadores mais duros, o que faz que a nossa posição relativa face à EU-27 neste domínio esteja abaixo do que se esperaria. A nossa base de partida era tão baixa que ainda continuamos muito baixo…”
Jaime Quesado, ex-gestor do Programa Operacional para a Sociedade do Conhecimento (POSC)
"No PT, perdeu-se um pouco do controlo político do mesmo. Não há hoje uma verdadeira tutela política da área tecnológica. Gastaram-se quase 800 milhões de euros em 10 anos de políticas públicas para a sociedade da informação. Há hoje um número interessante de PME tecnológicas que se desenvolveram muito à custa do esforço feito..."
Norberto Pires, presidente do Parque de Ciência e Tecnologia de Coimbra, professor da Universidade de Coimbra
"Globalmente, o Plano Tecnológico é um flop. Os resultados têm de se medir na economia, na criação de emprego, de empresas, na forma como as universidades se relacionam com o mundo e a sociedade, e isso pouco mudou. Nesta conjuntura de crise, agora é que se vai ver se a aposta no ensino superior foi para melhorar as estatísticas - o que temo - ou se foi estruturada. Estamos em queda nos rankings europeus ou então continuamos a não aparecer nos rankings das melhores universidades do mundo. O Plano Tecnológico não tem um objectivo final a longo prazo e, apesar de ter suscitado um movimento meritório, não chega. A “Agenda Digital” diz que vamos avançar na velocidade da rede. Isto diz zero aos portugueses."
Sobre o Plano Tecnológico, uns gaguejaram, mas Norberto Pires disse tudo.
Sobre o impacto das TIC na mão-de-obra, nem falaram.
Sobre a valorização académica (tão apregoada) e no não retorno em trabalho, só o título.
FLOP!

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