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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Contra a “esquerda caviar” a “esquerda é só a aviar”?

No final de uma palestra promovida pelo Rotary Club de Coimbra/Olivais sobre "Desenvolvimento Regional de Cidadania", o antigo Ministro (PS) disse ser necessário fazer uma distinção entre direitos fundamentais e direitos sociais e económicos.
"Vamos à Constituição e vemos que o cidadão português tem todos os direitos e mais alguns. Tem direito à saúde e educação de graça, à habitação", disse António Barreto, considerando que estes direitos "não são compatíveis" com o actual estado das finanças públicas.
O sociólogo acrescentou que gosta de "distinguir entre os direitos que devem ser absolutamente invioláveis – direito à privacidade, à integridade humana individual, direito à boa reputação, de voto, de expressão, de circulação – e os outros, que são interessantes, importantes, mas não são do mesmo nível de inviolabilidade como são os outros".
Segundo o antigo governante, doutorado em Sociologia pela Universidade de Genebra, "o terrorismo, a insegurança económica e a cupidez dos muitos ricos" são ameaças para as sociedades contemporâneas no que toca à diminuição de direitos dos cidadãos.
Ponto-prévio: O que aqui é noticiado, é off the record, após uma palestra em Rotary, que se fosse dito dentro da palestra, teria dado origem ao contraditório, à contestação, ou pior se eu estivesse presente.  
É complicado contrariar um Doutorado em Sociologia pela Universidade de Genebra (a falácia da autoridade), mas os “actos falhados” trazem à tona as contradições de qualquer intelectual, quanto mais não seja, por informação em demasia.
E será intelectualmente correcto, distinguir DIREITOS, entre os que não custam dinheiro e sabem bem aos que o têm e os que custam dinheiro e castigam os que o não têm. A Declaração dos Direitos Humanos foi alterada? Pode-se discordar, mas não se pode esquecer.
António Barreto, satisfaz-se com o ”direito à privacidade, à integridade humana individual, direito à boa reputação, de voto, de expressão, de circulação”, seguramente porque não lhe fazem falta o ”direito à saúde e educação de graça, à habitação”, ou seja, não são fundamentais, mas para quem não tem o direito à saúde e educação de graça e à habitação, ou seja, para quem tem a barriga vazia, está desempregado e com família para sustentar, para que lhe serve o direito à privacidade, à integridade humana individual, direito à boa reputação, de voto, de expressão, de circulação? Isso alimenta a alma, mas não o corpo!
Este pensamento vigente e cada vez mais emergentes, das políticas pragmáticas (sempre a aviar), trazidas a público por Doutorados e Políticos, são um vírus para o raciocínio livre e a consciência social, que deve prevalecer em todo o cidadão, até por solidariedade pelos cidadãos que não têm voz (ontem fez anos da Manifestação da Maioria Silenciosa).
Convém ainda sublinhar a contradição, quando diz que a Constituição promete tudo e depois dizer que não é urgente mexer na Constituição.
Felizmente que a última conclusão o redime, quando diz que “…a cupidez dos muitos ricos” são ameaças para as sociedades contemporâneas no que toca à diminuição de direitos dos cidadãos.
Afinal HÁ DIREITOS, mas por razões manipuladas e manipuladoras se tenta extorquir alguns desses DIREITOS, com a anuência de quem, como sociólogo, devia ter uma reacção absolutamente contrária. A Sociologia não tem partidos, nem ideologias. Há um livrinho do Doutorado em Sociologia, Boaventura de Sousa Santos (com mais currículo e reconhecimento internacional), chamado “Um discurso sobre as Ciências”, das Edições Afrontamento, que “prova” que as Ciências Sociais são mais rigorosas do que as Ciências Exactas. Não diria tanto, mas sobre o tema da palestra, não diria tão pouco e tão desconcertante. E para não falar de outro livrinho de outro Doutorado em Sociologia, Bruto da Costa, intitulado "Exclusões", que vê o mundo de outro modo.
Em vez do Pragmatismo, pensemos e aceitemos as Causalidades, porque a eliminação dos Direitos Fundamentais, sociologicamente redundam em perigo para os outros direitos, que António Barreto acha intocáveis…

3 comentários:

  1. "É complicado contrariar um Doutorado em Sociologia pela Universidade de Genebra (a falácia da autoridade)"

    Por estas e por outras é que eu não dou muito crédito ao grau académico das pessoas. Aliás, cada vez me convenço que quanto maior o grau, mais intelectualmente embrutecido se fica. Perde-se a simplicidade das coisas e tenta-se explicar o que é simples com retórica e termos científicos que nada dizem.

    É tipo o problema dos economistas que reduzem tudo a números e estatísticas e fazem disso resultados em si mesmos.


    Penso que um dia destes falarei disto lá no meu canto...

    Um abraço Miguel!

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  2. Sem comentários!
    É triste ver o António Barreto dizer barbaridades destas.
    É claro que as coisas não caem do céu, mas há que escolher entre o que é necessário e bom e o desperdício imenso que os políticos fazem em nome Estado.

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  3. Elisabete
    Por estas e por outros (sociólogos) é que para mim o António é Barrete... e ainda por cima vai ser reconhecido por um clube rotário, movimento a que eu pertenço e que só tem preocupações sociais.
    Está tudo desnorteado...

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