No final de uma palestra promovida pelo Rotary Club de Coimbra/Olivais sobre "Desenvolvimento Regional de Cidadania", o antigo Ministro (PS) disse ser necessário fazer uma distinção entre direitos fundamentais e direitos sociais e económicos.
"Vamos à Constituição e vemos que o cidadão português tem todos os direitos e mais alguns. Tem direito à saúde e educação de graça, à habitação", disse António Barreto, considerando que estes direitos "não são compatíveis" com o actual estado das finanças públicas.
O sociólogo acrescentou que gosta de "distinguir entre os direitos que devem ser absolutamente invioláveis – direito à privacidade, à integridade humana individual, direito à boa reputação, de voto, de expressão, de circulação – e os outros, que são interessantes, importantes, mas não são do mesmo nível de inviolabilidade como são os outros".
Segundo o antigo governante, doutorado em Sociologia pela Universidade de Genebra, "o terrorismo, a insegurança económica e a cupidez dos muitos ricos" são ameaças para as sociedades contemporâneas no que toca à diminuição de direitos dos cidadãos.
Ponto-prévio: O que aqui é noticiado, é off the record, após uma palestra em Rotary, que se fosse dito dentro da palestra, teria dado origem ao contraditório, à contestação, ou pior se eu estivesse presente.
É complicado contrariar um Doutorado em Sociologia pela Universidade de Genebra (a falácia da autoridade), mas os “actos falhados” trazem à tona as contradições de qualquer intelectual, quanto mais não seja, por informação em demasia.
E será intelectualmente correcto, distinguir DIREITOS, entre os que não custam dinheiro e sabem bem aos que o têm e os que custam dinheiro e castigam os que o não têm. A Declaração dos Direitos Humanos foi alterada? Pode-se discordar, mas não se pode esquecer.
António Barreto, satisfaz-se com o ”direito à privacidade, à integridade humana individual, direito à boa reputação, de voto, de expressão, de circulação”, seguramente porque não lhe fazem falta o ”direito à saúde e educação de graça, à habitação”, ou seja, não são fundamentais, mas para quem não tem o direito à saúde e educação de graça e à habitação, ou seja, para quem tem a barriga vazia, está desempregado e com família para sustentar, para que lhe serve o direito à privacidade, à integridade humana individual, direito à boa reputação, de voto, de expressão, de circulação? Isso alimenta a alma, mas não o corpo!
Este pensamento vigente e cada vez mais emergentes, das políticas pragmáticas (sempre a aviar), trazidas a público por Doutorados e Políticos, são um vírus para o raciocínio livre e a consciência social, que deve prevalecer em todo o cidadão, até por solidariedade pelos cidadãos que não têm voz (ontem fez anos da Manifestação da Maioria Silenciosa).
Convém ainda sublinhar a contradição, quando diz que a Constituição promete tudo e depois dizer que não é urgente mexer na Constituição.
Felizmente que a última conclusão o redime, quando diz que “…a cupidez dos muitos ricos” são ameaças para as sociedades contemporâneas no que toca à diminuição de direitos dos cidadãos.
Afinal HÁ DIREITOS, mas por razões manipuladas e manipuladoras se tenta extorquir alguns desses DIREITOS, com a anuência de quem, como sociólogo, devia ter uma reacção absolutamente contrária. A Sociologia não tem partidos, nem ideologias. Há um livrinho do Doutorado em Sociologia, Boaventura de Sousa Santos (com mais currículo e reconhecimento internacional), chamado “Um discurso sobre as Ciências”, das Edições Afrontamento, que “prova” que as Ciências Sociais são mais rigorosas do que as Ciências Exactas. Não diria tanto, mas sobre o tema da palestra, não diria tão pouco e tão desconcertante. E para não falar de outro livrinho de outro Doutorado em Sociologia, Bruto da Costa, intitulado "Exclusões", que vê o mundo de outro modo.
Em vez do Pragmatismo, pensemos e aceitemos as Causalidades, porque a eliminação dos Direitos Fundamentais, sociologicamente redundam em perigo para os outros direitos, que António Barreto acha intocáveis…
"É complicado contrariar um Doutorado em Sociologia pela Universidade de Genebra (a falácia da autoridade)"
ResponderEliminarPor estas e por outras é que eu não dou muito crédito ao grau académico das pessoas. Aliás, cada vez me convenço que quanto maior o grau, mais intelectualmente embrutecido se fica. Perde-se a simplicidade das coisas e tenta-se explicar o que é simples com retórica e termos científicos que nada dizem.
É tipo o problema dos economistas que reduzem tudo a números e estatísticas e fazem disso resultados em si mesmos.
Penso que um dia destes falarei disto lá no meu canto...
Um abraço Miguel!
Sem comentários!
ResponderEliminarÉ triste ver o António Barreto dizer barbaridades destas.
É claro que as coisas não caem do céu, mas há que escolher entre o que é necessário e bom e o desperdício imenso que os políticos fazem em nome Estado.
Elisabete
ResponderEliminarPor estas e por outros (sociólogos) é que para mim o António é Barrete... e ainda por cima vai ser reconhecido por um clube rotário, movimento a que eu pertenço e que só tem preocupações sociais.
Está tudo desnorteado...