Os protestos intensificaram-se na Europa frente às medidas de austeridade adoptadas depois da crise da dívida, com destaque para as dezenas de milhares de manifestantes que tomaram as ruas de Bruxelas e uma greve geral na Espanha.
Na capital da União Europeia, 56.000 pessoas, segundo a polícia, mais de 100.000, segundo os sindicatos, protestaram ao som de vuvuzelas e de fogos de artifício para dizer "não à austeridade".
Nenhum incidente tinha sido registado até o final da tarde, mas a polícia de Bruxelas efectuou 218 detenções preventivas, principalmente de pessoas por posse de objectos perigosos.
Os manifestantes eram provenientes principalmente da Bélgica e da França, mas também da Polónia, da Eslováquia e da Alemanha.
"Não se pode acrescentar à crise financeira uma crise social sem precedentes em que os assalariados pagarão o preço", denunciou o Secretário-geral do Sindicato francês CGT, Bernard Thibault.
Depois da crise da dívida, a maior parte dos governos aplica medidas de contenção de gastos e reformas difíceis, como as das aposentadorias, para reduzir seus déficits.
Essas medidas "terão um efeito desastroso sobre as pessoas e sobre a economia", disse John Monks, Secretário-geral da Confederação Europeia dos Sindicatos (CES), que organizou a manifestação. "Os trabalhadores estão nas ruas hoje com uma mensagem clara para os líderes da Europa: ainda é tempo de não optar pela austeridade."
A Comissão Europeia apresentou justamente nessa quarta-feira medidas para punir os países europeus que deixam as suas finanças muito relaxadas.
"As propostas que estamos prestes a apresentar são as melhores para a defesa dos próprios trabalhadores. As políticas sociais não podem pagar os juros da dívida", ressaltou o seu Presidente, Barroso.
Na Espanha, houve uma greve geral para protestar contra uma reforma do mercado do trabalho que facilita as demissões.
Um dos dois principais sindicatos do país, o UGT, assegurou que a greve tinha uma adesão "de mais de 70%" e era seguida por mais de 10.000.000 de trabalhadores no país. Mas o Governo comemorou a "absoluta normalidade" da actividade económica.
Em Varsóvia, capital da Polónia, dezenas de milhares de pessoas também participaram de manifestações, 4.000 em Bor, na Sérvia, 1.000 em Riga, capital da Letónia, e algumas centenas em Haia (Holanda), em Atenas e em Chipre.
Em Portugal, milhares de pessoas, percorreram as ruas de Lisboa e da Cidade do Porto contra a política de austeridade do governo socialista.
Na Irlanda, um homem de 41 anos foi preso depois que um caminhão-betoneira exibindo a frase "Toxic Bank Anglo" bateu no portão do Parlamento, em referência ao banco Anglo Irish Bank, resgatado com recursos públicos.
Os sindicatos não querem parar por aqui. Na França, onde o Governo apresentou nesta quarta-feira um projecto de orçamento que prevê uma redução sem precedentes dos gastos sociais com o objectivo de reduzir o défice, já convocaram uma manifestação para sábado contra uma impopular reforma das aposentadorias.
Perante o saque dos especuladores sobre os países soberanos, que fazem reféns os cidadãos europeus e que assistem ao conflito de interesses políticos/financeiros dos seus representantes, o futuro, apesar de todas as estratégias e tácticas, terá, mais dia, menos dia, a resposta natural, de instabilidade social, com as consequências sociológica e historicamente comprovadas.
A mesma água terá que passar novamente debaixo da mesma ponte.
Já cansa fazermos todos de “homens-estátua”!
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