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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Pois! Para tratar a doença, só indo às causas

Muitas das associações de combate à pobreza, no terreno, tratam, apenas, da privação, isto é, da fome, E onde fica o tratamento das causas da pobreza?
O presidente do Conselho Nacional Justiça e Paz defendeu que «a relação do ser humano com os bens da terra não é facultativa, é obrigatória». E por isso «a pobreza é um flagelo».
Os homens têm direitos que «são subordinados ao direito dos bens da terra», acrescentou na sessão do dia do voluntário missionário. Assim, os bens da terra são criados para servir os homens.
E os homens são, cada um por si, imagem de Deus, com a sua dignidade humana. O que releva que «também somos imagem de Deus nesse aspecto que é relacional», afirmou o sociólogo e estudioso do fenómeno da pobreza.
Um «flagelo» que quis explicitar às dezenas de voluntários missionários na plateia, apontando que o «individualismo» marca a cultura ocidental. E apesar de, na Europa terem sido efectuados muitos progressos, «continuamos com taxas de pobreza que não se justificam num país de primeiro mundo», salientou.
«A pobreza – defendeu – só é vencida quando o homem se tornar autónomo do ponto de vista financeiro, para satisfazer as suas necessidades básicas fundamentais». Para o responsável da Comissão Nacional de Justiça e Paz, o sucesso de um programa só se verifica se ele deixar de ser necessário. «Se dura muito o projecto, não está a ajudar as pessoas a recuperar a sua autonomia».
Para resolver o verdadeiro problema da pobreza importa ir às causas e não tratar, apenas, da privação de alimentos «e aqui é que tu podes fazer a diferença», interpelou.
O voluntariado não chega para acabar com nada de ruim (falo por militância activa), apenas serve para mitigar, pontual e circunstancialmente, num tempo limitado. Por isso, o melhor voluntariado é o voluntarismo para denunciar as causas e esperar que cada um interiorize e se mexa, atrás dos seus próprios direitos. Assim, talvez seja possível que cada um se liberte do pragmatismo reinante e da demagogia triunfante.
Para 2011, Ano Internacional do Voluntariado, vamos ver um lufa-lufa para todas as instituições recrutarem voluntários (e talvez seja necessário), para tapar os buracos de miséria, que alguém fez, contrariando a perspectiva de Bruto da Costa, sejam crentes ou não, mas servidores do capital.
E é isso que procuro fazer, nos dois lados, também com esta ponte.

2 comentários:

  1. Bela reflexão de Bruto da Costa,percorrida por uma dimensão humana tocante. A questão é que o mundo está a pecorrer um caminho de marcha-atrás.Vivemos numa «oligarquia» e já ninguém duvida disso.É óbvio que "Os homens têm direitos que «são subordinados ao direito dos bens da terra»,mas essa inquestionável verdade, consagrada na Declaração Universal dos Direitos Humanos, quase se esgota no papel.A pobreza alastra como ferida mortífera e vai atingir todos , com contornos mais ou menos agonistas. Mas é importante apelar, apelar, reagir, reagir. E esta ponte que aqui é feita, merece aplausos.

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  2. Ibel
    O Bruto da Costa,é um dos melhores sociólogos que temos e que melhor abordagem faz à pobreza e às Exclusões (título de um livrinho, em que explica tudo), é da área socialista, amigo de Mário Soares e o facto de ser católico, nem acrescenta, nem tira nada às análises que faz. Pena é que os Socialistas não lhe liguem nenhuma e prefiram as estocadas do António Barreto, que umas vezes acerta e quase sempre não.
    Mas como dizes, reagir é um bom remédio, trazendo à liça o princípio da causalidade, que impera em todas as culturas, sobretudo nas orientais e na ciência: as mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos. Daí que conhecendo e agindo nas causas, os efeitos são outros, o que não acontece em política, pelos falsos "pragmatismos"...

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