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sábado, 30 de outubro de 2010

Ecos de nada e garantia de um futuro bem amargo

Após o acordo sobre o Orçamento de Estado alcançado entre o Governo e o PSD sucedem-se as reacções dos vários quadrantes políticos.
Para António Saraiva "o importante são as metas de chegada"
O presidente da CIP considerou que o mais importante no acordo foi a definição de "uma linha de partida", pedindo agora "metas de chegada" para o reequilíbrio das contas públicas e o crescimento do país, dizendo ter visto com "agrado" o entendimento a que se chegou, sobretudo pelos sinais de confiança que dá aos mercados. O presidente da CIP considerou ainda que se não forem dadas "condições às empresas para criarem riqueza", não será possível reduzir o desemprego e reequilibrar as contas públicas. 
Miguel Beleza considera que falta de acordo "seria um péssimo sinal"
"Era muito arriscado não ter. Em circunstâncias normais, se calhar, não era nada por aí além, mas nas actuais, de facto, não convém de todo transmitir a ideia de que não há um rumo da política económica no país", concluiu.
Bloco de Esquerda quer saber onde o Governo vai cortar mais 500 milhões
"Percebemos hoje que vão haver novos cortes", salientou a deputada Ana Drago, considerando que "tudo indica que esses 500 milhões vão de novo recair em cortes nas prestações sociais, nos apoios sociais aos mais pobres, aos pensionistas, aos trabalhadores, uma nova angariação de receitas àqueles que já têm sustentado a crise do país nos últimos anos".
A deputada adiantou que, na discussão na especialidade, o Bloco vai insistir em "políticas alternativas que permitem reduzir o défice e cortar naquilo que são as despesas não necessárias do Estado". Realçou que "Uma das medidas é a questão dos benefícios fiscais das grandes empresas, nomeadamente as empresas que apresentam lucro acima dos 75 milhões de euros, que são abrangidas exactamente por estes benefícios fiscais", acrescentando que o corte estabelecido pelo Bloco "permitiria angariar cerca de mil milhões de euros". O BE pensa ainda propor um conjunto de cortes, "nomeadamente nos serviços de consultadorias", por considerar que o Governo "não precisa de gastar 600 ou 700 milhões de euros em consultadorias externas".
"Prevaleceu o bom senso e evitou-se crise de regime", diz Ferro Rodrigues
Além da crise financeira que aconteceria em caso de ruptura de negociações, "também do lado político ficaríamos numa situação que não era uma crise política igual a tantas outras", declarou o embaixador de Portugal junto da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE).
O embaixador junto da OCDE recordou que "estamos numa fase pré eleitoral em termos da Presidência da República e o chefe de estado já não tem neste momento todos os seus poderes".
Quanto ao Governo de José Sócrates, "sairia totalmente enfraquecido ou mesmo demitido porque o PM assim o tinha dito em caso de o OE não passar".
Carlos César satisfeito com acordo que dará "alívio importante" a Portugal
O dirigente nacional do PS, Carlos César, advertiu, que "de pouco valerá um OE agora para ser boicotado futuramente nos seus decretos de execução na Assembleia da República, ou, pior ainda, interrompido ao fim de poucos meses pelo derrube do Governo logo que ocorram as eleições presidenciais" e defendeu ser necessário "um acordo de estabilidade governativa para todo o ano de 2011 e, preferencialmente, para a legislatura".
Para Carlos César, "com este tacticismo para extrair benefícios partidários, o PSD conseguiu com certeza mais votos, mas à custa do país e do agravamento dos ataques especulativos a Portugal", podendo colocar em causa o objectivo de fixar o défice em 4,6% no final do próximo ano.
Francisco Lopes diz que acordo entre Governo e PSD com "patrocínio" de Cavaco "contribui" para "afundamento" de Portugal
"O orçamento, na base do qual houve o acordo entre o PS e o PSD com o patrocínio do actual Presidente da República, é contrário àquilo que o país precisa e contribui para agravar as injustiças sociais, com uma grande brutalidade, para a recessão económica e para o afundamento do país", disse Francisco Lopes.
O candidato presidencial defendeu que "Portugal precisa de um outro orçamento e de um outro rumo, que responda à necessidade de por Portugal a produzir, a criar emprego com direitos, a distribuir a riqueza com justiça, a apostar na valorização dos salários e das pensões, dos serviços públicos, afirmando a soberania e os interesses nacionais".
Comunistas classificam acordo entre Governo e PSD de "farsa"
A Comissão Política Nacional do Partido Comunista Português (PCP) classificou de "farsa" o entendimento entre o Governo e os sociais-democratas e apela aos trabalhadores para "protestos e manifestações de desagrado".
O membro da comissão política, Jorge Cordeiro, afirmou à agência Lusa que "para lá teatralização que tem já uma dimensão de farsa", se "esconde uma profunda identificação entre o PS e o PSD, no roubo de salários e congelamento de pensões", reforçando que "existem outros meios e outras políticas" que levam a um "crescimento económico sem prejudicar as famílias e o povo", acrescentou.
O PCP apela, mais uma vez, aos "trabalhadores e ao povo que protestem no dia 6", nas contestações dos trabalhadores da função pública, e que "participem na greve geral de dia 24, que serão momentos de convergência no protesto e na indignação"..
Nogueira Leite diz que será "muito difícil" Portugal "escapar à vinda do FMI"
"Acho muito difícil escapar à vinda do FMI", afirmou António Nogueira Leite, conselheiro nacional do PSD. "Este orçamento é o princípio do que aí vem", disse, prevendo "dificuldades" acrescidas para os portugueses, que não se esgotarão nas medidas de austeridade preconizadas para 2011, admitindo que vão ser necessários "cortes mais severos".
"Estamos escravos da zona euro", reagiu o vice-presidente do PSD, e a situação económica e financeira do país não permite equacionar o abandono da zona euro, considerando que tal opção provocaria ainda "maior pobreza". De resto, sublinhou, "ninguém propõe isso, nem o Bloco de Esquerda".
Marques Mendes elogia "coragem e sentido de responsabilidade" de Passos Coelho
"O mais fácil neste momento era votar contra e dizer não. O PSD e o Dr. Pedro Passos Coelho tiveram a coragem de não ceder à facilidade, não ir pelo lado mais simples e mais fácil, mas sim pelo lado daquilo que é a segurança e o sentido de Estado", afirmou Marques Mendes, e insistiu que "viabilizar o orçamento "não é concordar com ele", frisando que "continua a ser mau, mas se não fosse viabilizado pelo PSD a situação seria muito pior, era passar do mau ao péssimo".
Luís Marques Mendes manifestou-se também satisfeito por o Governo ter tido "bom senso depois da arrogância dos últimos dias".
Jerónimo de Sousa diz que acordo já era certo e que conflito nas negociações foi "encenação"
O secretário-geral do PCP afirmou que o acordo entre Governo e PSD para viabilizar o Orçamento do Estado para 2011 não é novidade e que o conflito em torno da negociação serviu para "encenar divergências" que não existem.
"Tanta resma de papel que se gastou, quilómetros de fita de filmagens nas coberturas televisivas e nas rádios, tanto drama, tanto duelo de cuspo que travaram para fazer aquilo que nós todos já sabíamos: têm a mesma política, vai haver acordo de certeza", disse Jerónimo de Sousa.
Paulo Portas critica "demasiado folclore" em torno do acordo entre PS e PSD
Na sua opinião, este Orçamento "nem é bom, nem é sequer razoável", porque pode levar o país "a uma recessão, não contraria o endividamento, não cria condições para gerar emprego, atira a carga fiscal para um nível de espoliação das famílias, sacrifica muito mais as PME do que as empresas públicas". "Nesse sentido, não puxa a economia para cima, e Portugal precisava disso", defendeu.
Neste âmbito, considera que no debate na especialidade será possível "contribuir para finanças públicas melhores, mas ser menos injusto".

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