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domingo, 24 de outubro de 2010

“Mais cego que quem não vê é quem não quer ver”

O primeiro-ministro, que se proclama defensor do Estado Social, é o mesmo que vai cortar o Abono de Família a 383.000 crianças e reduzir a prestação extra a quase 1.000.000.
E, no decreto publicado ontem em Diário da República, o Governo ainda tem a ousadia de dizer que esta medida tem o objectivo de reduzir a despesa pública "mantendo um adequado nível de protecção social". Se tirar o abono a um casal com um filho em que cada um dos pais tenha um rendimento bruto de 630 euros é manter o nível de protecção social, está tudo dito. Estas pessoas que levam para casa pouco mais de 500 euros/mês, porque ao salário bruto tem de ser descontada a taxa de 11% para a Segurança Social, arriscam-se também no próximo ano a sofrer um agravamento do IRS.
Estes cortes cegos no apoio às crianças acontecem num País cada vez mais envelhecido, onde faltam por ano 40.000 bebés para manter a normal substituição de gerações. Mas há uma razão para este défice demográfico: como mostram as estatísticas, ter filhos aumenta o risco de pobreza. Os novos cortes agravam esse risco.
Está tudo dito e não são precisos mais comentários.
Fossem todas as notícias filtradas pela consciência social dos jornalistas…

4 comentários:

  1. Miguel Loureiro:
    Não estaremos a pregar no deserto?
    Como pode governar-nos quem nunca governou casa própria com 500 euros por mês?
    Mais triste do que a pobreza dos pobres, embora aparentemente indolor, é a pobreza dos ricos.
    Ochôa

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  2. Ângelo Ochoa
    Nos "desertos" pregaram quase todos os grandes líderes religiosos e fizeram vingar algumas ideias. Calar é que não leva ninguém a lado nenhum, a não ser à depressão (colectiva).
    Apesar de considerar mais triste a pobreza dos ridos (pobres de espírito) eles lá vão cantando e rindo e os pobres de tudo, lá vão amargando...
    E a telenovela do OE continua e no fim vão casar todos...

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  3. Dostei do texto: directo, pragmático,acutilante. Vou imprimir.

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  4. Ibel
    Quando os jornalistas deixam de ser reprodutores de factos e se põem a pensar, a notícia vira retrato e é mais fácil ver a realidade. Mas como os jornais pertencem a empresas, que por sua vez estão dependentes da Bolsa, ou da publicidade do Governo, nem todos se podem dar ao luxo de ter uma opinião circunstanciada. Pelos vistos, este pode.

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