Responsáveis das três principais organizações patronais (AEP, AIP e CIP) dizem que é “impensável continuar a corrigir o desequilíbrio orçamental pelo lado das receitas”. E alertam que a não aprovação do Orçamento trará "graves implicações" para o país.
A sustentabilidade das finanças públicas passa “fundamentalmente, pela reforma do papel do Estado e, consequentemente, por uma reforma profunda de toda a Administração Pública e do Sector Empresarial do Estado, incluindo empresas públicas, regionais e municipais”.
Esta Crise e este OE têm trazido à tona, algumas forças do Poderio, nacionais e internacionais, com uma desfaçatez que raia o insulto ao Poder Político e o Regime Democrático.
Centrando-me apenas nos produtores directos da riqueza de um Estado, que são os assalariados e os empreendedores, uns que trabalham e acrescentam mais-valia ao produzido e outros que criam condições económico-financeiras e logísticas para a produção e os produtores, recebendo em troca as mais-valias, lógico é que o Estado, corporizado no Governo regule as relações entre ambos e moralize os direitos e deveres de cada um.
Pois bem, vêm agora os representantes das organizações patronais exigir condições do OE para benefício próprio, esquecendo-se de quem lhes multiplica o investido. E mais, vêm “sugerir” que o Estado se reforme e que reforme toda a Administração Pública e do Sector Empresarial do Estado, como se fossem eles os mandões cá do sítio (e até parecem) a ditar as leis aos representantes dos cidadãos nacionais, como se a Democracia fosse uma Oligarquia (e cada vez mais o parece).
Se estas posições aparecem descaradamente postas em letra de imprensa, é sinal de que se sentem com força para as fazer, pensando no actual Governo, ou num outro num futuro próximo. É aquela treta do “Menos Estado, Melhor Estado”, que quer para o Privado aquilo que é Público e que sendo Público é nosso, porque somos todos os que pagamos impostos, temos direitos e direito a um Estado de Direito.
E porque quem levou o Estado a este estado foi sobretudo a dívida privada (como disse Jorge Sampaio no penúltimo “Prós e Prós”), se as obrigações do Estado passassem para o Sector Privado, ia ser bonito, como já várias experiências o demonstraram, em décadas passadas e em países concretos.
Assim sendo, os portugueses é que deviam exigir a reforma das Administrações e do Sector Empresarial Privado, através de uma regulamentação apropriada, de uma fiscalização exigente, de uma formação específica e da distribuição justa das mais-valias.
Eu sei que não percebo nada destas coisas, mas eles percebem?
Vê-se, a começar pela Banca!
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