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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

E venham-nos com RANKINGS a ver se pega!

Restrições orçamentais vão contribuir para agravar as formas mais agudas de pobreza e a privação entre as crianças e jovens
Num universo de 1.500.000 de alunos inscritos no ensino básico e secundário, 25% são muito carenciados e beneficiam de acção social escolar, mostra um estudo do Conselho Nacional de Educação (CNE).
Segundo o relatório da CNE sobre o estado da Educação em Portugal, 43% dos alunos matriculados do 1º ao 12º ano beneficia de apoio social escolar: ou seja, 645.000 jovens vêm dos meios mais pobres da sociedade portuguesa, caindo, por isso, nos escalões A e B dos apoios escolares, os dois mais generosos. Destes, mais de metade (cerca de 374.000 alunos) estão classificados como sendo os mais pobres de todos (escalão A).
Apesar das crescentes dificuldades em que vivem estas pessoas, o governo já decidiu avançar com um corte brutal nos apoios sociais e no orçamento da Educação. Serão estes os mais penalizados pelos cortes previstos no plano de austeridade do governo, caso a proposta de Orçamento do Estado de 2011 (OE/2011) seja aprovada. Este corte valerá cerca de 1.700.000.000 e estão incluídas a redução do abono de família, o corte para metade das bolsas de estudo, várias medidas que visam reduzir a acção social; do lado da Educação surge o corte das despesas de funcionamento das escolas (básicas e secundárias).
Por seu lado, o Instituto Nacional de Estatística (INE) mostra que as formas mais agudas de pobreza e de privação estão de novo a agravar-se, sobretudo, entre as crianças e jovens. Os especialistas mostram-se muito preocupados com o facto de tudo isto contribuir para agravar a pobreza dos mais jovens e, por arrasto, prejudicar as suas qualificações, remetendo uma vasta camada da população ao insucesso escolar, aos empregos mal pagos ou ao desemprego recorrente. A somar a isto estão as más condições da economia que, nos próximos anos, dificilmente crescerá bem e criará muitos empregos.
Um estudo da Associação EPIS - Empresários pela Inclusão Social - que tem acompanhado 6.000 alunos carenciados do 3º ciclo - concluiu que há cada vez mais adolescentes a irem para as aulas sem nada no estômago e que a carência alimentar é o principal factor de insucesso ou abandono escolar. "A percentagem passou de 8% em 2008/2009 para 12% em 2009/2010", conta o presidente António Pires de Lima.
Para o Presidente da Associação de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Adalmiro Botelho da Fonseca, "o sucesso escolar não depende apenas de respostas pedagógicas: as dificuldades económicas contribuem para o insucesso. Se não travarmos a pobreza nas escolas, estaremos a trabalhar para que no futuro os nossos adultos continuem a ter menos habilitações."
Em quase todas as notícias sobre o tema o retrato feito da Pobreza, refere-se a 2008, embora este apresente dados de 2009, mas nós estamos em 2010 e no pico mais baixo, economicamente falando.
Isto significa que devíamos estar preocupados com o passado próximo, mas temos que estar mais preocupados com o presente e ainda mais com o futuro.
E significa também que todas as balelas com que nos andarem a matraquear sobre insucesso e abandono escolar, avaliação e formação de professores, mais o desprestígio da classe, eram apenas premissas, de uma situação social de causalidades e indignas (as balelas e as receitas) de gente que sofre para aprender e de gente que sofre para contrariar o fado dos pobrezinhos, trabalhando duro e com dignidade. Mas o rosário ainda vai num terço e por muito que a “madre” fale sorrindo, a penitência há-de igual para os mesmos.
Finalmente que vem alguém, várias entidades, dizer de viva voz a calamidade social, que derrota todos os rankings que nos querem impingir para valorizar o Ensino Privado, quando os alunos e professores do Ensino Público é que estão em 1º lugar, se as más condições de uns e o esforço de outros for levado em consideração, como factor correctivo ou corrector de tanta desigualdade.

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