A França viveu, na terça-feira, um novo dia de greves e manifestações maciças que transcorreram pacificamente para repudiar a reforma da aposentadoria, impulsionada pelo presidente Nicolas Sarkozy, que anunciou medidas para enfrentar a escassez de combustível.
Três milhões e meio de pessoas saíram às ruas segundo os sindicatos franceses, ou seja, o mesmo número de 12 de Outubro. O ministério do Interior deu números três vezes menores, indicando que nesta terça-feira se mobilizaram 1,1 milhão de manifestantes nas 266 marchas convocadas em todo o país.
A greve das 12 refinarias da França e o bloqueio de alguns depósitos de combustível - 20 dos 210, segundo o governo - deixaram sem combustível 4.000 dos 12.500 postos de gasolina do país, segundo o ministro da Energia.
71% dos franceses segundo o instituto CSA apoiou o dia de greves e protestos de terça-feira que se estendeu a jovens.
Uma dezena das 83 universidades do país está bloqueada, segundo a União Nacional de Estudantes da França (UNEF).
A greve afectou o tráfego aéreo com o cancelamento de 50% dos voos no aeroporto parisiense de Orly e de 30% nos aeroportos de Roissy Charles de Gaulle e do interior.
O tráfego ferroviário foi afectado, assim como a circulação em vários pontos do país, onde os camionistas fizeram "operações tartarugas" e grupos de manifestantes bloquearam o acesso a fábricas, indústrias, depósitos de combustível e aeroportos.
Com vários graus de adesão, a greve foi acompanhada nos correios, telecomunicações, educações, creches, rádios públicas e até colectores de lixo e transportadores de valores de algumas cidades.
Por ordem do presidente francês foram desbloqueados, na madrugada de terça para quarta feira, três depósitos de combustível. Não há, nesses casos, registo de violência. Mas os confrontos vão-se multiplicando. Os 3,5 milhões de manifestantes que ontem se manifestaram em mais de 200 localidades pedem agora "Sarkozy para a reforma".
Manifestações de massa e violências incontroladas
Segundo o director da segurança pública no departamento do Rhone, Albert Doutre, assistiu-se ontem em Lyon a "verdadeiras cenas de guerrilha urbana", isto é, segundo explicou à imprensa, "cenas de pilhagem, cenas extremamente violentas de incêndio de veículos, de veículos virados, de vandalismos, de destruições sistemáticas".
Cerca de 400 escolas secundárias estão entretanto total ou parcialmente paralisadas. Os estudantes marcaram para amanhã uma nova jornada de luta. A entrada em cena da nova geração de grevistas tem sido comentada como um factor de radicalização e de imprevisibilidade do movimento.
Mantendo o mesmo ímpeto, os franceses resistem e insistem na defesa dos direitos dos mais velhos se reformarem, enquanto os jovens percebem que o aumento da idade de Reforma se traduz no adiamento da entrada no mundo do trabalho da sua geração.
Entretanto, começa a “violência gratuita” e “incontrolada”, uma táctica normalmente com origem em infiltrados, para justificar a entrada em cena da polícia, que curiosamente só usa a violência, com a justificativa de garantir a segurança dos cidadãos, que não querem essa segurança, mas a Segurança Social.
Direito à Greve? Sim, claro, mas desde que não traga prejuízos ao Estado e às Empresas e se reduza a prejuízos salariais apenas para os contestadores.
Direito à Greve?
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