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quarta-feira, 30 de maio de 2012

“Take away” este projeto, mas peça apoio ao Governo!

O "bichinho" da solidariedade sempre esteve presente na vida de Joana Castella e Cristina Botton. E, em 2012, as duas amigas juntaram esforços no combate à pobreza envergonhada. Uma boa rede de contactos e um plano bem montado, com o apoio de empresas, da junta de freguesia da Pampilheira e da Câmara de Cascais foram a base do arranque do projecto "Cozinha com Alma", um "take away" solidário. Começaram em Fevereiro, num espaço provisório, e já distribuem 100 refeições diárias, das quais 20 são da bolsa social.
"Pusemos 20 pessoas a pensar neste conceito, fomos desde logo muito bem orientadas e falámos com empresas que nos ajudaram", conta Joana Castella. A co-fundadora da "Cozinha com Alma" confessa que nem tudo foi fácil. Mas "fomos à Fundação EDP e eles financiaram logo 50% do projecto, disseram que era um projecto sem espinhas, o que nos deu uma grande motivação". No entanto, dos 80.000 euros necessários para arrancar, apenas conseguiram 60.000, por isso a única alternativa "foi cortar, cortar", admitiu Cristina Botton.
Qualquer pessoa pode ter um cartão "Cozinha com Alma". O público em geral pode carregar com 50, 100 e 150 euros o cartão e com ele adquirir desde a sopa à sobremesa, pronto-a-comer ou congelado desde 3 euros até 20 euros. As receitas geradas ajudam a contribuir para a bolsa social, que permite vender refeições solidárias. Já os membros da "bolsa social pagam sempre um valor simbólico pela refeição, por uma questão de dignidade, carregam no início do mês consoante as possibilidades", explicou Joana Castella. Neste caso, as refeições por pessoa podem custar desde 0,5 até 1,5 euros, consoante o escalão. "Esta bolsa social tem a duração de 6 meses, é como se fosse um balão de oxigénio, depois é reavaliada a situação e em casos excepcionais prolongamos até um ano e depois passa para outra família", explicou Joana.
No 4º mês de actividade esperam "atingir o ‘break even’". "Para isso precisamos chegar às 180 refeições e disponibilizar 100 refeições para a bolsa social", detalhou Cristina.
Com 28 voluntários durante a semana na cozinha e 22 na loja, a "Cozinha com Alma" está aberta de segunda a sábado. Em breve na loja definitiva, Cristina e Joana esperam no final do ano começar a definir o que poderá ser o "franchising" deste projecto social.
Ainda bem que o empreendedorismo e a “inovação” podem estar ao serviço da comunidade, para fazer aquilo que o Estado tem a obrigação de fazer e não faz, ou melhor, é o próprio Estado que gera os problemas a que é preciso dar respostas imediatas e limitadas no tempo, para que a pobreza e o assistencialismo não se institucionalizem…
Ainda bem que há pessoas, que por vontade própria, dedicam o seu tempo e as suas vidas ao serviço de outras pessoas, com o mesmo direito a uma vida minimamente digna, a começar pela subsistência, mas que tem que ir para além dessa necessidade animal…
Ainda bem que o sucesso deste projeto foi a resultante da vontade, de parcerias e de missões que se cruzaram…
Mas se tudo resultou, de tal modo que se pretende “vender esta ideia” através do "franchising", não se percebe por que não é o próprio Estado a semear o processo, com outros parceiros que não sejam as Misericórdias, já que a “coisa” parece funcionar, em vez de deixar o apoio à sua implementação a certas Fundações, que nem sempre são o melhor exemplo de consciência social.
Não é a Alma que impulsiona apenas uma Cozinha solidária, é também a Alma que impulsiona (ou devia impulsionar) toda a prática política, sobretudo quando é necessário empreendedorismo e inovação, sobretudo pela parte dos governos, para taparem os buracos que eles próprios cavaram e continuarão a cavar, com “empreendedorismo” e “inovação”…
Sr. ministro da Segurança Social, aqui tem uma receita (temporária) para a “sopa dos pobres”, que é seguramente social.
COMPRE JÁ!
E por que não nomear estas pessoas para coordenarem o projeto a nível nacional?

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