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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A Crise é que é um problema para o Voluntariado

O I Congresso Português de Voluntariado, que decorreu em Lisboa nos dias 4 e 5, destacou-se pela ideia de um especialista em ética e antropologia social que acredita que a solução para a crise financeira está em acções de voluntariado. Os mais de 500 mil voluntários que existem em Portugal são vistos como uma salvação para a actual situação do país.
Segundo Angel Gadino, no contexto da actual crise económico-financeira internacional, só o voluntariado pode mudar e solucionar alguns problemas.  "Depois da queda da sociedade do bem-estar durante os anos 1980, tentamos ver que o voluntariado e a sociedade civil têm nas suas mãos a solução para os problemas não só económicos, mas também sociais", defendeu durante o congresso.
Em todo o mundo, o número de voluntários é cada vez maior e a presença destes no terceiro mundo, sobretudo nos países em vias de desenvolvimento, pode querer dizer “que a mudança social deve vir por aí e há uma consciência de âmbito internacional de que a solução dos problemas não vem dos poderes”, afirmou Angel.
O Coordenador do Congresso promovido pela Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV) garantiu que o voluntariado não está em crise, mas sim enfrentando novos desafios. "O que está em crise é esta nossa sociedade com todas as circunstâncias sociais e económicas que são muito complicadas e muito complexas e o voluntariado vem permitir nalgumas circunstâncias encontrar tábuas de salvação", defendeu.
Para quem não esteve no congresso e se limita à notícia, não pode tomar outra posição, que não seja a do Coordenador, porquanto a do especialista em ética e Antropologia Social, muito haveria a dizer, mas vou ser sucinto.
Se o especialista acredita que a solução para a crise financeira está em acções de voluntariado, tem que confessar que é uma questão de Fé, um Dogma, que não precisa de comprovação.
Mas quando diz que só o voluntariado pode mudar e solucionar alguns problemas, não só económicos, mas também sociais, tem que se lhe pedir a prova de tal afirmação e sobretudo perguntar-lhe: COMO?
No momento actual, já há voluntários, que não estando a trabalhar, se dedicam aos outros, quando muitos deles também precisam e isto vai aumentar exponencialmente, não só entre os jovens, mas também nas idades mais adultas, fruto do desemprego. E como é que os menos pobres vão passar uma vida a ajudar os mais pobres, enquanto os mais ricos continuam a criar as condições de injustiça, pobreza e usurpação de direitos? Só porque concluiu que a solução dos problemas não vem dos poderes? MAS TEM QUE VIR!
Estou à vontade para falar porque sou “voluntário”, incentivo ao voluntariado, mas, com os limites que a razão e a cidadania nos impõem.
Não esquecendo que a Sociedade Civil/Terceiro Sector, é um dos tentáculos que o Neoliberalismo gerou, em que o 1º Sector é o Estado e o 2º é o Mercado e em que o 1º cede direitos dos cidadãos ao 2º, que se transformam em lucros, era o que faltava que fossem os espoliados a resolver os problemas, sendo a solução para este regabofe social…
Ser voluntário, é ter consciência de que todos temos direitos e que, excepcionalmente, estamos prontos para minimizar as faltas dos que precisam, num determinado período de tempo.
Ser voluntário não é ser missionário, é expor-se publicamente e assim denunciar as falhas do Poder e do Poderio.
O que é preciso é formar os Voluntários para o conhecimento dos Direitos da Cidadania, para, em paralelo ao trabalho, exigirem o cumprimento desses direitos, quer pelo Estado, quer pelo Mercado, corporizado nas Empresas.
Se este fosse o papel dos Voluntários, já não seria necessário o voluntariado.

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