(per)Seguidores

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O CONTRADITÓRIO, na visão de Líderes Católicos

Perante a falência dos actuais modelos económicos, que tem como principal reflexo o flagelo da pobreza, a Doutrina Social da Igreja procura oferecer pontos de referência claros, apelando à preservação do capital humano, fomentando o desenvolvimento integral da pessoa, trabalhando para a valorização do bem comum.
Estas ideias ficaram bem vincadas numa conferência sobre “Doutrina Social da Igreja, livre iniciativa e pobreza”, organizada pelo Acton Institute, em colaboração com o Instituto de Estudos Políticos, da Universidade Católica Portuguesa (IEP – UCP).
O evento contou com a participação de D. Filippo Santoro, bispo brasileiro que, no seu país, integra a Comissão Episcopal para a Doutrina; João Carlos Espada, director do IEP – UCP; Raul Diniz, professor de Comportamento Humano na Organização, Ética e Doutrina Social da Igreja; e o padre João Seabra, presidente da Associação Portuguesa para a Educação, Cultura e Formação.
Durante a sua intervenção, D. Filippo Santoro sublinhou que a mais-valia da mensagem eclesial, nos dias de hoje, está na consciência de que “o desenvolvimento económico vai para lá do material, tendo implicações relacionadas com a pessoa humana, ao nível cultural, social e espiritual”. Olhando para a realidade mais recente do seu país, o prelado brasileiro destacou o facto de “em 8 anos, mais de 24 milhões de pessoas saíram da pobreza absoluta, e 31 milhões passaram para a classe média”.
Raul Diniz deteve-se mais no papel desempenhado pelas empresas, num mercado actual “onde a ética não domina o âmago das decisões negociais”. De acordo com o professor, as empresas podem ser, hoje em dia, “uma solução para o desemprego, para o crescimento dos mercados e florescimento da economia”. No entanto, para que isso aconteça, “não pode haver uma ética para a empresa e outra para a pessoa individual” criticou. O docente referiu-se ao princípio da subsidiariedade, uma das noções centrais da Doutrina Social da Igreja, e um aspecto fundamental na luta contra a pobreza e exclusão social.
O padre João Seabra deu como exemplo da aplicação do princípio da subsidiariedade a região italiana da Lombardia, onde o Estado, para além de “apostar na educação, abre portas à liberdade de investimento, levando a que a economia local seja suportada por pequenas e médias empresas, que se auto-sustentam”. Este é um dos exemplos em que a realidade socioeconómica se cruza com os valores defendidos pela Doutrina Social da Igreja, daí resultando o bem comum. No entanto, conclui o padre João Seabra, “a Igreja não tem soluções milagrosas, apenas procura colocar o coração de cada pessoa numa posição justa, para resolver o problema humano”.
Do que foi dito, regista-se uma visão comum sobre Economia, que é defendida, com propriedade, por Joseph Stiligtz e que sucintamente se sintetiza:
O desenvolvimento económico vai para lá do material, tendo implicações relacionadas com a pessoa humana, ao nível cultural, social e espiritual;
Não pode haver uma ética para a empresa e outra para a pessoa individual;
O Estado, para além de apostar na educação, deve abrir portas à liberdade de investimento, levando a que a economia local seja suportada por pequenas e médias empresas, que se auto-sustentem;
A Igreja não tem soluções milagrosas, apenas procura colocar o coração de cada pessoa numa posição justa, para resolver o problema humano.
Esperemos que os resultados não sejam reduzidos a um sermão aos peixes (gordos), que regra geral até são muito católicos, mas só ao Domingo, mais ou menos como os Fariseus.
Assim, o céu está longe, para os pobres (aqui) e para os ricos (na eternidade).

2 comentários:

  1. Subscrevo a necessidade de mudar de paradigma que este já está a esgotar.

    ResponderEliminar
  2. Anabala
    Toda a gente fora do sistema pensa o mesmo. É preciso mudar os sistema e os pilares do mesmo.

    ResponderEliminar