Pendentes como frutos ou moluscos
Da intersecção convexa das colunas
Alongam-se volume adivinhado
Nos véus retensos que os desenham soltos.
Os fustes se articulam de joelhos
Ancas artelhos metatarso e dedos.
E no de se mover arquitectura
Desnudo o templo se promete ampliado
E penetrante e ardente quando a vida
Que é suco em fruto endurecer de sangue.
Humedecidas no seu friso oculto
A tanta imagem prometida. E só
Os dorsos das estátuas se não findam.
De uma cintura opostamente os globos
Se erguem metades lado a lado rijos.
Lisos na curva os que de baixo avançam
E pontiagudos no seu eixo os outros
Que acima opostamente se arredondam
E em curva se diluem suaves
Na curvatura larga que irradia
De um ponto refundado até uma linha
Em que outra curva enegrecida avança.
Sob esta – aonde se bifurca o fuste –
Em lábios se abre vertical um friso
Internamente prolongado para
O duro eixo do templo receber
Que a horizontal cariátide sustenta.
Na noite cavernosa a que se aponta
E em que mergulha e se desliza e volta
Quanto se move do que as partes une
De oscilações o templo e o seu suporte –
Trementes superfícies e rebordos
Se roçam se estrangulam se recravam
Até que imóveis o edifício jorra
Adentro de si mesmo um fecho líquido
Selando a abóbada nocturna e quente
Da cripta profunda. Ou não selando.
Dentro se funde ou não se funde um ovo
Com desse líquido o pequeno acaso.
No campo se separam em pedaços
Colunas arcos tímpanos e frisos.
Jorge de Sena
Simplesmente fabuloso, Miguel!
ResponderEliminarAgradeço-te a partilha.
Bjs
Miguel
ResponderEliminarMuito obrigada por esta dupla beleza conjugada:primeiro o jorge, depois esta «cena» artística de sensualidada, numa insinuada volúpia fulgurante
Miguel,
ResponderEliminar...que tão belo post!
o poema de Jorge de Sena, e a dança... ah fabuloso.
Obrigado pelos "obrigadas", mas até eu já precisava de qualquer coisa mais picante, porque isto de ser do "Contra" não dá grande prazer, mas tem que ser...
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