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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sem confissão, não há perdão, nem penitência…

A Igreja Católica portuguesa ergue a voz contra "jogos político-partidários pouco transparentes" e, em jeito de repto de resistência ao acordo que PS-PSD viabilizaram para o Orçamento do Estado, pede aos portugueses para não pactuarem com "consensos políticos mínimos". Numa posição muito dura, e sem se referir directamente à negociação e aprovação do OE, os bispos fazem a sua leitura do actual momento político, apelando para que o actual Governo socialista ajude os mais desfavorecidos. A pergunta do presidente da Conferência Episcopal, D. Jorge Ortiga, resume a posição da hierarquia: "Sem o testemunho nem os exemplos das lideranças, como se poderá pedir sacrifícios às pessoas?"
"Pela missão que nos cumpre anunciar, não podemos deixar de evidenciar a nossa perplexidade pela falta de verdade nos centros de decisão da gestão pública, pela ausência de vontade de solucionar os desafios actuais e pela ânsia obsessiva do lucro que conduz à desumanização da vida.", posição frontal dos bispos portugueses a questionar a conduta dos políticos.
O apelo ao Governo foi directo: "Passando a sociedade portuguesa por particulares momentos de crise e estando em processo de efectivação duras medidas de austeridade, apelamos às instâncias governativas para que as classes mais desfavorecidas sejam menos penalizadas e mais ajudadas". E, a essa postura dos responsáveis políticos, a voz de D. Jorge Ortiga ouve-se com firmeza contra a "inverdade frequentemente resultante de querelas pessoais e de jogos político-partidários pouco transparentes, que aprisionam os líderes aos interesses instalados nas estruturas público-privadas".
O arcebispo exorta à "humanização da vida pública" porque o "sentido de responsabilidade pública e de participação na vida democrática exigirá líderes com propostas novas e sérias que visem promover a equidade e a coesão da sociedade portuguesa". E sublinha: "A verdade é um imperativo colocado a todos, é um acto de honestidade, sobretudo ao nível dos centros de decisão dos diversos cargos."
Com uma dureza diplomática, é salutar ler estas posições da Igreja Católica portuguesa, pela voz dos seus mais altos responsáveis, esperando que a vergonha da reprimenda obrigue os políticos a confessarem os seus pecados (alguns mortais), não para serem perdoados, mas para sofrerem as penitências respectivas.
Só tem um problema, que é saber-se até onde vai a “religiosidade” dos nossos governantes e abstencionistas, para se prever a eficácia desta posição dos Bispos.
Cheira-me que são pouco católicos, talvez surdos e cegos, talvez insensíveis, talvez…
Valha-lhes Deus!

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