Falar no papel que Macau tem na aproximação aos países lusófonos está na moda. Os líderes das províncias ou municípios chineses que Fernando Chui Sai On tem visitado destacam essa missão, o Chefe do Executivo também, sem esquecer o próprio presidente chinês, Hu Jintao, e o primeiro-ministro, Wen Jiabao.
A China tem um plano para os seus interesses em África e no Brasil. A mais recente decisão é a eventual entrada do Banco Comercial e Industrial da China (ICBC) no capital do Banco Comercial Português (BCP).
A China precisa de dar corpo aos milhões e milhões que investe anualmente em África, nomeadamente em Angola. O BCP, através das parcerias que tem nos países de língua portuguesa, pode ajudar a China a acentuar a sua presença. A experiência e conhecimento daqueles mercados do maior banco privado português, pode ser muito útil a Pequim.
A China precisa de dar corpo aos milhões e milhões que investe anualmente em África, nomeadamente em Angola. O BCP, através das parcerias que tem nos países de língua portuguesa, pode ajudar a China a acentuar a sua presença. A experiência e conhecimento daqueles mercados do maior banco privado português, pode ser muito útil a Pequim.
É de uma forte e bem delineada estratégia que Macau necessita, para também tirar partido da sua ligação histórica com Portugal e os países de expressão portuguesa. A lusofonia em Macau não pode ficar apenas pelo que faz o Fórum ou pela realização da Festa da Lusofonia. O intercâmbio e a cooperação entre instituições académicas, a realização de iniciativas culturais que divulguem Macau em África e no Brasil e vice-versa, a criação de uma linha de crédito que ajude os empresários de um lado e de outro a fazer negócios. Estes e outros projectos ajudarão a consubstanciar a lusofonia. Fernando Chui Sai On deve ir mais longe e criar uma estrutura que trate destas coisas. Não se trata de substituir o Fórum, mas de pensar mais longe, de ter maior visão e ambição. E encontrar complementaridades, que contribuirão para reforçar a utilidade de Macau na grande nação chinesa.
Gilberto Lopes
Sem querer contrariar esta visão da Lusofonia, estou tentado em chamar a atenção para a moda de Macau ser a plataforma desta comunidade cultural, com o objectivo declarado e visível, de utilizar um território, um conceito e muita gente, apenas numa perspectiva comercial, económica e financeira, com proveito, quase exclusivo para a China.
Ou Macau, como plataforma, recebe e distribui as diferentes culturas aglutinadas numa língua, em benefício de todos os países lusófonos, ou passa a ser um monopólio univectorial, que acabará por morrer, por empobrecimento dos objectivos.
A lusofonia, ou é uma ideia multicultural, ou não tem nada de cultura, nem sequer de aculturação.
A festa, é cultura, a economia também pode ser, se for para todos.
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