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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Os factos, a oratória, a praxis e a incoerência

O Tau - Símbolo do Discípulo Missionário Franciscano
No dia 30 de Outubro, em Paris, realizou-se o colóquio «Combater a Pobreza e a Exclusão» inserido nas primeiras Jornadas Sociais da Comunidade Portuguesa, no âmbito de um projecto da SCMP para o Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social, com a colaboração da Embaixada e do Consulado-geral de Portugal em Paris e do Consulado de Lyon e ainda da Coordenação das Colectividades Portuguesas de França (CCPF).
“bolsas de pobreza e exclusão social”, na comunidade portuguesa em França afirmou Aníbal de Almeida, Provedor da Santa Casa de Paris (SCMP) e sociólogo durante o colóquio na capital francesa, declarando que um obstáculo no combate à pobreza é “a propensão de muitos desses portugueses para ocultar as dificuldades com que encontram confrontados”. Os serviços sociais franceses “queixam-se de tal comportamento e, quando esses casos acabam por ser assinalados, o tratamento social torna-se mais difícil”, acrescentou o sociólogo, que foi um dos oradores no colóquio.
As estatísticas e os dados empíricos de quem trabalha com a comunidade, acrescentou Aníbal de Almeida, “temperam a imagem de emigração de sucesso” associada aos portugueses em França. Os portugueses gozam “de uma imagem positiva invulgar, (são) considerados trabalhadores arrojados, com uma capacidade de poupança invulgar, bem integrados, com uma taxa de actividade igual ou superior à média nacional e inferior relativamente ao desemprego, que recorrem raramente aos dispositivos de ajuda social e que vivem tranquilos”, resumiu Aníbal de Almeida.
O padre franciscano e antigo provedor da Misericórdia de Lisboa, Vítor Melícias defendeu que “o direito à fraternidade tem hoje dignidade constitucional” e explicou que o combate à pobreza apenas poderá ser feito num quadro de “humanismo de vocação solidária” e, citando Santo António, “um dos maiores economistas da Idade Média”, com uma “economia de frugalidade”.
Eduardo Ferro Rodrigues, embaixador de Portugal junto da OCDE salientou na sua intervenção, que “a grande recessão mundial não foi provocada pelos excessos despesistas dos estados em matéria social” mas por um desequilíbrio das contas públicas provocado “pela especulação financeira e imobiliária”. Referiu também que “os próximos anos vão ser muito difíceis” para a economia mundial mas que, mesmo num cenário em que a prioridade é o equilíbrio das contas públicas, os estados não devem perder de vista as metas de coesão social fixadas no início da década.
Especialistas franceses convidados para o colóquio referiram que os dados disponíveis apontam para uma “estabilização da pobreza em França mas, ao mesmo tempo, um agravamento das dificuldades e da exclusão nos extremos etários da pirâmide demográfica”.
Os factos, a oratória e a praxis:
Há pobreza envergonhada na comunidade portuguesa em França, o que não foge ao que se passa na Europa,
As estatísticas escondem a pobreza escondida, o mesmo se passando em Portugal, o que nos leva a deduzir que é um comportamento típico da “dignidade” do português;
Vítor Melícias resolve o problema com solidariedade e frugalidade, como os franciscanos, mas os cidadãos portugueses, nem são todos católicos e muito menos fizeram votos de pobreza;
O antigo provedor da Misericórdia de Lisboa, que conhece bem os meandros da política e que trata por tu muitos políticos da alta-roda, deveria pregar a justiça na terra para os pobres e garantir o céu para os ricos que, apenas, não fossem gananciosos;
Ferro Rodrigues disse que a crise não foi provocada pelos excessos despesistas dos Estados em matéria social e deveria ter dito que foi provocada pelos excessos despesistas dos Estados, pela especulação bolsista e por estratégias fraudulentas da Banca;
O ex-Secretário-geral do PS deveria ter dito que quem faz a despesa é que tem que pagar a factura e que isto não é socialismo, nem social-democracia, nem 3ª via, nem NADA. É um roubo!
E anda esta gente a pregar contra a pobreza, desculpando a riqueza ilícita e pregando o povo na cruz

2 comentários:

  1. Por er esatdo no coloquio, o Embaixador ferro Rodrigues farout-se de dizer que a crise foi provocada pela banca... E o pe Victor Melicias disse precisamente que as cisas não se resolcem só com frugalidade e solidariedade...
    Enfim, comentamos ou que não ouvimos ou o que ouvimos por interpostas pessoas... E a proposito das Misercordias disse que esta na sua genese ajudar não so quem é catolico... Mas enfim, penso que isso não lhe interessa saber

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  2. Caro Sr. Manuel Antero
    Para quem não esteve no colóquio, como eu, tenho que me basear nas notícias que nos chegam, que são públicas e feitas por quem tem competências para entender e registar o que é dito.
    Se o sr. que lá esteve diz que os intervenientes que estiveram no colóquio disseram o contrário, fica aqui o registo. Mas...
    O Embaixador Ferro Rodrigues, não podia ter dito o contrário do que diz a notícia, com o pormenor de ter dito que não foi por despesas sociais que a crise chegou, como é lógico e circunstancial. O que a notícia diz que ele disse, é a cassete deste PS e como ele é PS...
    Quanto ao Pe. Vítor Melícias, também não é religiosamente incorrecto e é plausível o que vem registado na notícia. O que eu comento, é que isto não é nem passa por qualquer religião, mas por Direitos de cidadania e são meras questões políticas.
    E sei que as instituições católicas não perguntam a religião a quem ajudam, até porque tebho formação católica, estudei no seminário, não sou praticante, pertenço a uma ONG internacional de apoio aos mais pobres e pode ter a certeza de que me interessa saber tudo sobre o que diz respeito ao próximo, não por motivação política ou religiosa, mas porque acho que todos nós temos direito ao mínimo de dignidade, simplesmente por andarmos na terra, no mesmo tempo. Se eu fosse indiferente, não perderia o meu tempo a denunciar estas aldrabices politiqueiras, em que os mais ricos roubam aos mais pobres e nos querem convencer que tem que ser assim.
    Obrigado por ter dispensado o seu tempo com o que escrevo e espero, sinceramente, que os problemas dos portugueses em França sejam resolvidos, com acção e não com Colóquios de pessoas comprometidas com o sistema.
    Um abraço

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