Os mimos entre os “aliados”
Para viabilizar o Orçamento do Estado 2011 foi firmado um “Acordo” no dia 29 de Outubro, entre este PS e este PSD, mas a discussão orçamental quase fez esquecer que houve um entendimento prévio e que a ameaça de crise política pode regressar a partir de Abril de 2011.
Primeiro foi o PM a pedir estabilidade ao PSD para a execução orçamental e a avisar: "Portugal não pode ficar refém de cálculos eleitorais e das tácticas partidárias, sejam de quem for!"
Mais tarde, Aguiar Branco, defendeu que José Sócrates "vai ter de passar pela vergonha de ser demitido, porque os portugueses e o País o vão considerar culpado". "É o seu défice. É sua dívida. É a sua culpa." O deputado defendeu que face à actual situação "o primeiro-ministro não tem direito de ir embora, pelo seu pé, quando quiser, culpando este e aquele". Aguiar Branco frisou que Sócrates "vai ser responsabilizado por tudo o que fez ou não fez nestes últimos anos"
Este facto deu origem a uma reacção pronta de Francisco Assis, líder parlamentar do PS, manifestando "profundo repúdio" pela intervenção e lembrou ao PSD que se fosse consequente com o seu discurso não votaria o Orçamento e abriria "de imediato uma crise política".
Luís Montenegro, deputado laranja lamentou: “O senhor primeiro-ministro está a fazer constantes provocações ao PSD. É pobre e mal agradecido”.
Miguel Macedo, Presidente do Grupo Parlamentar do PSD endureceu também o discurso: "Agora, o Governo tem o seu Orçamento, não tem álibis nem desculpas. Se por incompetência, incapacidade ou incúria falhar na execução do OE, a responsabilidade é exclusivamente sua."
O ministro Teixeira dos Santos, numa referência à negociação do PSD com o Governo sobre o OE acusou aquele de se “ter sentado à mesa com o Governo” e de “ter olhado para o menu e escolhido o melhor que havia”. “Não pediu a factura e quis sair sozinho do restaurante porque teve vergonha de ser apanhado em público ao lado do Governo e não quis ficar com uma fotografia pública”, acrescentou.
Na resposta, o deputado Pedro Duarte, do PSD, assinalou a “forma ingrata como o ministro das Finanças se dirige ao PSD” e que “elucidativa da falta de responsabilidade com que os senhores encaram o exercício das vossas funções”.
Mais mimos entre ex-aliados
Paulo Portas líder do CDS-PP criticou a "tese do PSD" de que "dá a mão ao país" votando "um péssimo Orçamento do Estado", com o PM a afirmar que também "não compreende" a posição dos sociais-democratas. "Estou de acordo consigo, só é compreensível à luz do cálculo eleitoral. Se estão convencidos que o OE é mau deviam votar contra", disse José Sócrates. "Não encontro coerência entre aqueles que fazem um acordo para viabilizar o OE e depois dizem que ele é mau e não querem partilhar com o governo nenhuma responsabilidade", acrescentou.
O silêncio dos culpados
A troca de palavras mais acesa foi entre José Sócrates e a deputada Heloísa Apolónia (os Verdes), que questionou várias vezes o primeiro-ministro sobre “quanto vai pagar a banca” em 2011. Ficou sem resposta e exigiu a Sócrates que se deixe de “blá blá” e comece a responder às perguntas dos deputados. No final, apenas arrancou que a nova tributação à banca terá um “impacto muito significativo”.
A mentira da eficácia deste Orçamento
No dia em que os juros da dívida soberana portuguesa voltaram a disparar, ultrapassando 6,3%, José Sócrates abandonou o Parlamento a queixar-se, uma vez mais, de um ataque especulativo e mostrando pouca vontade de assumir "culpas".
O eco da tragicomédia
Entretanto, Cavaco Silva lamentou: "Vejo com muita apreensão o desprestígio da classe política e a impaciência com que os cidadãos assistem a alguns debates".
Feita a minuta da “acta” do 1º dia do Debate sobre o Orçamento, depois de um acordo prévio, o que se pode concluir?
1 – Na área da especulação, este ou outro OE tanto faz como tanto fez;
2 – A discussão do OE não teve (tem) nada de planeamento econónico-financeiro, mas um debate político, feito de promessas, traições e contradições, esquecendo o povo a quem se destina o documento e as respectivas medidas;
3 – A qualidade das intervenções, aproximou-se mais da “Revista à Portuguesa” do que de uma “Tragicomédia”, com silêncios comprometedores;
4 – Não há culpados no Parlamento, pelo que culpado é o Povo que elegeu esta gente;
5 – O Presidente da República devia estar mais preocupado com a incompetência desta classe política e muitíssimo preocupado com a impaciência com que os cidadãos esperam por soluções político-económicas, que amenizem o dia-a-dia.
Tudo o mais é “conversa da treta” e o baixar-se muito perante os Mercados Financeiros, só tem o resultado que os mais maliciosos já conhecem o resultado...
Miguel Loureiro:
ResponderEliminarHá séculos que estão bem uns para os outros (os ricos que nos (des)governam).
Eles bem, e nós que nos contentemos com o pão-nosso de cada dia, enquanto o sol for nascendo «nulo» nos «dias vãos» a «aquecer mãos» a quem «não entra na alma»...
in
http://portugaldospequeninos.blogspot.com/2010/11/inevitabilidade.html
Ochôa
-- e parabéns por seu aniversáio, escorpião!
Ângelo Ochoa
ResponderEliminarPois! E foi aprovado, com mais educação e com a mesma insensibilidade e despudor.
Depois da tragicomédia, gosto mesmo é do Cavaco "Vejo com muita apreensão o desprestígio da classe política e a impaciência com que os cidadãos assistem a alguns debates".Devia estar a pensar no Dias Loureiro...
ResponderEliminarIbel
ResponderEliminarPelos vistos, o Dias Loureiro não assiste aos debates, só anda inquieto, por andar por aí sem poiso...