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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Amigos, amigos, promessa cumprida!

Amigos de Peniche - A história da expressão
"Amigo de Peniche", um doce típico da cidade de Peniche
Em 31 de Janeiro de 1580, faleceu em Almeirim, sem deixar descendência, o décimo – sétimo rei de Portugal, Cardeal D. Henrique.
Na crise de sucessão, que se seguiu, apresentavam-se como pretendentes três netos de D. Manuel I: Filipe II, rei de Espanha, D. Catarina de Bragança e D. António, Prior do Crato.
Filipe tinha a força das armas em seu favor -  um exército espanhol, comandado pelo Duque de Alba, invadiu o Alentejo, e Filipe foi proclamado rei de Portugal, com o título de Filipe I.
D. António, porém, não o reconheceu, e pediu o auxílio de Isabel Tudor, rainha de Inglaterra.  Em 16 de Maio de 1589, uma armada inglesa, constituída por 170 navios, fez desembarcar em Peniche cerca de 20 mil homens, comandados pelo general John Norris.
Os ingleses tomaram a praça de Peniche, enquanto a esquadra que os trouxera rumou a Cascais, sob o comando do almirante Francis Drake.
Os Antonistas, partidários do Prior do Crato, receberam com muitas esperanças a notícia do desembarque dos seus amigos ingleses, em Peniche.
O exército invasor, constituído principalmente por mercenários, a quem havia sido prometido que seriam recebidos de braços abertos, em Lisboa, e não teriam necessidade de lutar, avançaram para a capital, ao mesmo tempo que devastavam e roubavam as povoações por onde passavam – Atouguia, Lourinhã, Torres Vedras, Loures… até que chegaram a Lisboa e acamparam nos altos do Monte Olivete.
Pouco depois, com grande surpresa dos ingleses, os canhões do Castelo de S. Jorge, por ordem de D. Gabriel Niño, começaram a despejar metralha sobre eles.
O acampamento foi, por isso, mudado várias vezes para outros lugares, até que, depois de um breve recontro com os castelhanos, as tropas inglesas acabaram por se abrigar em Cascais, na mesma esquadra que os tinha trazido para Peniche.
Os partidários de D. António, Prior do Crato, viram assim esvair-se todas as esperanças que tinham depositado nos seus AMIGOS DE PENICHE.
Aqui está a explicação porque se aplica esta expressão a “amigos” traiçoeiros, falsos ou hipócritas.
Nem Peniche nem os seus naturais têm que ver com essa ideia de falsidade.
Texto do blogue História das Palavras
No dia 18 passado intitulei um artigo da autoria de Boaventura Sousa Santos sobre a intervenção do FMI e do BCE: Os “Amigos de Peniche”, que nos querem ajudar(?) e que deu origem a um comentário de um penichense, que transcrevo:
"Mais de 400 anos depois, continuam os naturais e Amigos de Peniche a ver o seu nome injustamente manchado por falcatruas com origem em países do Norte da Europa.
Faz bem o autor do post em divulgar a desmontagem destas artimanhas financeiras, mas já agora deixe Peniche fora da contenda e desmonte também a verdade histórica que está na origem da injusta expressão que tão ligeiramente utilizou.
Pode fazê-lo, por exemplo, no fim da faixa lateral deste blogue: Amigos de Peniche
Um orgulhoso Amigo de Peniche."
Como me comprometi a publicar aqui a história da expressão, aqui fica o prometido, com um texto mais curto, mas elucidativo.
Nota – a utilização, por mim, da expressão, está contextualizada com a história da expressão.
Cumprimentos a todos os penichenses, sem preconceitos.
Foto


Post com link no Vlogue do Ângelo Ochôa: IAVEMARIA

4 comentários:

  1. Somente brilhante, caro Miguel Loureiro, este seu post!
    Pela concisão, pertinácia e erudição simples.
    Digo-lhe francamente que gostei. E o felicito.
    Ochôa

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  2. Ângelo Ochôa
    Os elogios serão para o autor da história da expressão, que sintetizou muito bem uma história mais longa e erudita.
    Quanto aos penichenses, já todos sabemos que não têm nada de diferente dos outros portugueses.
    De todo o modo, obrigado, pela visita e pelo comentário

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  3. Caro Miguel Loureiro,
    Também me rendo à forma esclarecida com que correspondeu ao repto lançado na salvaguarda da reputação dos actuais Amigos de Peniche, face ao injusto imbróglio histórico.
    E ainda bem, pois que com tal postura e muitas outras que encontro neste interessante blogue, ainda se arrisca a granjear por aqui algumas amizades...
    Por isso mesmo este apetecível género de contra-facção passará a contar com a nossa habitual fidelidade em link directo nos "Amigos de Peniche".
    Obrigado e Cumprimentos.

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  4. jp
    Não era minha intenção beneficiar desta troca de mimos, mas como eu sou "poveirinho pela graça de Deus" e sei do apego que tenho à terrinha, onde tenho raízes, percebo perfeitamente a "indignação.
    Que a relação seja eterna, enquanto dure.
    Só não sei se é "penicheiros" ou "penichenses", mas penso que ambos estão certos.
    Abraço!

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