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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

E agora? Vamos “blogar” sem teclar?

“O guardador de rebanhos”, Fernando Pessoa
Investigadores norte-americanos descobriram que escrever manualmente ajuda a decorar conceitos e a aprender com mais facilidade fórmulas e símbolos. Os médicos portugueses encontram muitas vantagens na dactilografia, mas continuam a defender o abandono do uso dos computadores.
Escrever à mão, seja cartas, relatórios ou mesmo trabalhos da escola, está cada vez mais em desuso. E nas salas de aulas os cadernos deixaram quase de fazer parte da decoração, e são cada vez mais substituídos pelos computadores.
No entanto, um novo estudo indica que a escrita manual é fundamental para decorar conceitos, aprender uma língua ou manter o cérebro activo.
Graças a testes e imagens recolhidas através de ressonâncias magnéticas, investigadores da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, concluíram que escrever à mão traz muitas vantagens, uma vez que são estimuladas e activadas mais conexões cerebrais, o que favorece a aprendizagem de fórmulas e também de símbolos.
"Quando escrevemos à mão, a palavra que imprimimos no papel está memorizada como um todo, como símbolos, sai como uma unidade única de significação", explica o neurologista Alexandre Castro Caldas. "Quando utilizamos o computador, o cérebro processa letra a letra, com base numa memória visual dos caracteres que se quer teclar. Na base está o acto de soletrar, um processo mais lento."
Para o Director do Instituto de Ciências da Saúde, da Universidade Católica Portuguesa, é preciso desenvolver o processo da escrita à mão quando se é criança, porque ele favorece a elasticidade do cérebro, o que vai permitir desenvolver outras capacidades cognitivas como decorar ou exprimir pensamentos de forma mais clara.
"A escrita à mão é uma habilidade que deriva da arte de traduzir ideias e palavras numa linguagem gráfica legível", define também o neuropsicólogo e Presidente do Instituto da Inteligência, Nelson Lima.
O neuropsicológo João Anacleto, do Instituto do Cérebro, não podia estar mais de acordo. "Através da escrita manuscrita existe tendência a uma maior concentração, e consequentemente facilidade de interiorização da informação. Inclusive para a realização dos testes, que são manuscritos", defende.
Nelson Lima assina por baixo: "A escrita à mão é geralmente mais lenta e exige uma maior concentração, o que permite uma mais demorada, ainda que curtíssima, elaboração mental para transformar ideias e palavras em linguagem escrita." E dá como exemplo os escritores que "preferem criar as suas obras usando primeiro a escrita à mão, talvez porque lhes dá uma maior liberdade criativa e expressiva".
Embora Nelson Lima encontre vantagens da escrita manuscrita, defende que o processamento de texto no computador também é importante. "A aplicação de um não anula o interesse prático, expressivo e intelectual do outro", defende o especialista.
"A escrita à mão é uma competência que se consegue graças à ligação do cérebro com a mão dominante e como consequência de um acto consciente e voluntário", começa por explicar. "Nos teclados, as letras já lá estão, e apenas precisam que os dedos as construam através de uma espécie de jogo digital que, nos mais experientes, é algo quase automático."
Tudo certo, porque tem lógica e cada um fala por si. O mesmo se passa com o desenho, em que a relação entre as ordens do cérebro e a obediência da mão, o computador retira não só toda a sensibilidade, como não permite a utilização da Inteligência Espacial e complica a pré-visão do objecto.
Mas estamos condenados ao computador e à consequente falta de harmonia, criatividade e sensibilidade.
E que vamos fazer, senão fazer?

3 comentários:

  1. Já quase não consigo escrever à mão e era completamente contra a net. Mudam-se os tempos...Desenganem-se os cientista, que o Sócrates é que manda!

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  2. Ibel
    Agora é só "magalhar", mas que o resultado do estudo é correcto, é!

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