Algum dia, alguém tem que dar o pontapé-de-saída

Cantona apela à revolução

Uma entrevista ao ex-futebolista inspira na Internet um movimento contra os abusos dos Bancos

Eric Cantona, o ex-avançado francês do Manchester United, mitificado por aficcionados de futebol, Directores de cinema e amantes da natureza vulcânica em geral, tornou-se um guru dos movimentos anti-sistema.

O jornal britânico The Guardian tem vindo a acompanhar os efeitos que teve uma entrevista a Cantona num jornal regional de Nantes, o Presse Ocean , que inclui um vídeo postado no Youtube. Nela, o antigo futebolista, de 46 anos, explica como a miséria no mundo actual lhe dá volta às tripas, e que passou o tempo das revoluções violentas contra o capitalismo ("Acabou isso de matar pessoas"). Em troca, apresenta uma alternativa que lhe parece mais eficaz: ir ao banco e retirar-se todo o dinheiro. "Assim vão ver como ouvem o que dizemos", explica descansando num sofá. A mensagem é muito mais clara do que quando, numa conferência de imprensa soltou aquela frase que o catapultou para o limbo dos filósofos contemporâneos: “Quando as gaivotas perseguem um barco, é porque alguém vai a atirar sardinhas para o mar”.

As palavras do astro, tiveram um impacto difícil de prever. Um movimento chamado StopBanque propôs que o rastilho de Cantona se concretize numa acção organizada no próximo dia 7 de Dezembro. Nesse dia, todos os europeus que simpatizem com os propósitos revolucionários de Cantona deverão ir ao banco para retirar todo o dinheiro das suas contas. Segundo os organizadores do movimento (uma guionista e um actor francês que já têm um perfil no Facebook sobre o tema), 14.000 pessoas já se comprometeram a participar da experiência reivindicativa. A lenda de Cantona, um mito de rebeldia dentro e fora dos campos de futebol, adquire uma nova e inesperada dimensão.

Pode ser que pegue e ia ser bonito, tanto mais que é uma forma pacífica de contestação dos tempos modernos.

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