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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Para desenredar o que não tem destrinça

Social-Democracia: Concepção política saída do marxismo, também designada de "socialismo democrático". Afirmou-se em finais do século XIX. Defende uma concepção menos interventiva do Estado. Aceita a propriedade privada, apostando numa política centrada em reformas sociais caracterizadas por uma grande preocupação com as pessoas mais carentes ou desprotegidas e uma distribuição mais equitativa da riqueza gerada.
A social-democracia, como política gradualista de transformação social, surgiu quando, em finais do século XIX, alguns partidos que se reclamavam do ideário marxista abandonaram esta orientação política. Eduard Bernstein (1850-1932) foi um dos líderes e teóricos políticos que operou esta ruptura no Partido Social Democrata da Alemanha. Bernstein começou por ser um defensor acérrimo das ideias de Marx e Engels, mas após rigorosa análise à evolução das sociedades onde a economia capitalista estava mais desenvolvida, convenceu-se que as teses marxistas estavam erradas. A revolução estava longe de ser nelas uma inevitabilidade histórica, como afirmava Marx. Pelo contrário seria até improvável que ocorressem. A partir de 1897, Bernstein publica  um conjunto de artigos e livros onde refuta as teses marxistas
1. A progressiva miséria dos trabalhadores não se verifica nas economias capitalistas avançadas;
2. As classes médias estavam longe de se dissolverem no proletariado;
3. O aumento da produção em massa das economias capitalistas, acaba por gerar um aumento de produtos para serem consumidos pelos próprios trabalhadores, tornando-os desta forma beneficiários da riqueza dos capitalistas.
Em síntese, no capitalismo o seu estado mais desenvolvido, em vez de aumentar  a pobreza, gerava uma melhoria do bem-estar da população.
Assim sendo, os Partidos Sociais-Democratas em vez de contribuírem para o rápido colapso do capitalismo, através de uma revolução social, deveriam actuar no sentido do seu desenvolvimento, de forma a garantirem que a distribuição da riqueza gerada se fizesse em prol dos mais desfavorecidos. A Social-Democracia torna-se assim parte interessada no desenvolvimento do próprio capitalismo.
Centrados em políticas reformistas, os sociais-democratas entre as duas guerras mundiais (1914/18 e 1939/45), mostram-se de tal forma conciliadores com o sistema capitalista que acabam por contribuir para o avanço dos regimes totalitários. O caso do Partido Social-Democático da Alemanha foi um caso paradigmático desta atitude.
O grande avanço da Social-Democracia na Europa, ocorre só depois da II Guerra Mundial, quando os Partidos Socialistas aplicam com grande êxito os seus programas reformistas, em especial na Grã-Bretanha, Alemanha e nos países Escandinavos. O bem-estar alcançado pareceu de súbito confirmar as teses de Bernstein.
Nos princípios dos anos 70 era cada vez mais evidente que estes partidos haviam abandonado há muito a ideia de instaurarem um regime socialista. O dilema "revolução ou reforma" deixara de fazer sentido. O que os distinguia dos Partidos Liberais eram sobretudo as suas preocupações de natureza social, nomeadamente com a pobreza e a exclusão social.
Carlos Fontes

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